Ouro!... O grito ecoa pelo Brasil e chega até o Rio Grande do Sul. Entram em cena os homens que abrem caminhos, levam mulas para a mineração e tiram a economia sulina do isolamento.
A primeira mina foi descoberta em 1694, na serra do Sabará, Minas Gerais. Foi o começo. Em breve, o ouro se torna a principal riqueza do Brasil, capaz de produzir mudanças mesmo nos recantos mais remotos, como era até então o extremo Sul, que pela primeira vez, vai se ligar diretamente à economia colonial brasileira. Nesse ato da primitiva história do Sul, a figura do tropeiro que transporta cavalos e mulas para os Estados centrais vai então desempenhar o papel principal.
Os efeitos serão ainda maiores porque a descoberta de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso cessa ao mesmo tempo em que a indústria açucareira do Nordeste enfrenta dificuldades diante da concorrência das plantações holandesas nas Antilhas.
A corrida do ouro, atrai aventureiros e provoca um rápido e desordenado crescimento da população das zonas de mineração em regiões de difícil acesso e distantes do litoral.
A febre do ouro leva à proibição de que se façam plantações ou criação de animais para que não haja desvio de mão de obra das minerações; um escravo garimpando ouro era mais lucrativo do que trabalhando na lavoura.
A proibição provoca crises de abastecimento. Nesse momento, quando a atividade mineradora reclamava suprimentos de animais de corte e tração, ganham importância os rebanhos do sul. A partir de agora, o Sul se ligará como economia central de exportação.
Neste período, o comercio de mulas para as zonas de mineração torna-se um negócio tão rendoso que até os jesuítas entraram nele, inicialmente comprando os animais para revender aos tropeiros, depois mantendo suas próprias criações. No início, eles traziam mulas de Santa Fé (hoje província Argentina), e o contrabando foi tão intenso que o rei da Espanha decidiu controlar as saídas, instituindo um permeio (licença) para o trânsito das tropas.
Abrem-se novos caminhos. Bartolomeu Pais de Abreu, sesmeiro dos Campos Gerais de Curitiba, propõe a abertura de uma estrada que ligue os campos do extremo Sul diretamente aos centros de distribuição de animais , em São Paulo.
O governador de São Paulo, aceita a idéia encarregando o Sargento-mor Francisco de Souza Faria de fazer a abertura do caminho, a região onde hoje esta Laguna-Sc, não quer a nova estrada, que iria concorrer com seu porto, somente em 11 de fevereiro de 1728, Souza Faria parte com 98 homens brancos, numerosos índios e escravos. Começa abrindo picadas na mata em direção aos Campos de Cima da Serra, à altura do Morro dos Conventos, margem esquerda do rio Araranguá, 90 k ao sul de Laguna.
Após 2 anos Farias alcança sua primeira meta e depara com campos admiráveis e neles imensidade de gado. Ele havia descoberto o que se chamaria de "vacaria dos Pinhais ". Estava aberto o "Caminho dos Conventos"- a primeira estrada a ligar o Sul ao resto do Brasil.
Para encurtar caminho, Cristóvão Pereira de Abreu, o mais famoso tropeiro desse período contratador de couros, mercador de gado e cavalos, aperfeiçoa a rota de Souza Faria. Acompanhado de 60 homens, constrói mais de 300 pontes para encurtar o trajeto, que agora pode ser feito em apenas 30 dias (Laguna - Vacaria - Lages). Em fevereiro de 1733 chega a Vacaria dos Pinhais, de onde retorna com três mil mulas e cavalos. Está inaugurado o grande ciclo do tropeirismo. A estrada dos Tropeiros, a grande estrada boiadeira do Brasil Colônia, foi durante dois séculos o grande canal de fornecimento dos meios de transportes mais utilizado no Brasil - os cavalos e os muares, Laguna foi marginalizada por essas novas rotas, a vila de Laguna entra então decadência, dando lugar assim ao novo ciclo e dezenas de novas cidades serão fundadas ao longo do Real Caminho do Viamão.
O local onde hoje esta a Pousada Cainã, a 50 km de Curitiba, a região tem seu acesso bloqueado por acidentes naturais, escarpas, lageados, capões, furnas naturais e cacimbas de água cristalina faziam o pouso obrigatório de tropas. Por ser também um local seguro contra assaltos praticados por aventureiros e índios.
Texto retirado do Livro "CAMINHOS DO SUL" - Autor Nilo Brum
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