Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Raças de Jumentos – Parte 19

Mais algumas raças para vocês conhecerem…

  • Selvajem Sirio  / Hemippe

    imagen de Asno salvaje sirio (Equus hemionus hemippus) Animales Extintos

(Jumento no Zoo de Londres - 1872)

O Equus hemionus hemippus é mais uma sub-raça do jumento selvagem asiático. O jumento selvagem asiático também chamados de Hemión ou Onagro (palavras procedentes do grego que significam respectivamente asno médio e asno selvagem), são parecidos com os jumentos domésticos mas são mais robustos, de tamanho maior e possuem cabeças maiores que estes. Os Equus hemionus se diferenciam dos jumentos africanos por possuirem orelhas menores, e por não possuirem listras negras nos membros (caracteristica perdida também na maioria dos jumentos domesticos). A pelagem varia segundo a sub-espécie, oscilando entre o amarelado e o negro, sendo que o leonino é o mais frequente. Sua altura na cernelha é de cerca de 1,30m. São animais velozes, chegando a até 70 km/h em trajetos curtos, e também são bem resistentes, capazes de se mover pelo deserto a velocidades acima de 20km/h durante 120 minutos enquanto procuram por poças dágua novas para beber e se alimentar dos arbustos. Podem passar bastante tempo sem beber água, mas sua resistência é menor que a dos camelos, por essa razão esses jumentos só se encontram perto das fontes de água que utilizam e não as abandonam a menos que seja estritamente necessário.

 

Nos Séculos XV e XVI viajantes europeus fizeram referência a grandes rebanhos  do Equus hemionus hemippus (Selvagem Sírio). Até o século XVII era possivel encontra-lo em várias zonas do Oriente Próximo e Arábia, mas seus números declinaram rapidamente  no século seguinte, quando já estavam desaparecendo do deserto da Siria e já havia desaparecido do norte da Arábia. Em 1850 eram escassos nos desertos da Síria e Palestina, mas segundo o Inglês Canon Tristram eram comuns na Mesopotâmia, onde ainda se podia ve-los viajando em grande manadas brancas (a pelagem desses animais é clara) até as montanhas da Armênia. Seu último refúgio foi o sudeste de uma zona elevada da região vulcânica do Sul da Siria chamada Jabal ad Duruz. O último exemplar selvagem que se tem notícias foi caçado em 1927, quando procurava por água no oasia Al Ghams, perto do lago Azrak no norte da Arabia. No mesmo ano também morreu o último exemplar em cativeiro, que se encontrava no Zoo Schönbrunn, Viena, Austria. Mas segundo uma fonte um macho dessa raça chegou ao mesmo zoológico em 1911, vindo do deserto de Aleppo, Siria, e viveu até 1928.  Essa sub-raça foi domesticada (algo único nos jumentos Hemiones) durante um breve periodo na Sumeria  por volta de 2600 a. C., onde eram usados para puxar carros.


Media cerca de um metro na cernelha, e suas narinas eram grandes. Os machos possuiem uma pelagem avelã ou cinza claro rosado, com o passar do tempo sua pelagem ficava mais acinzentada, com um tom mais claro na cabeça, mais escuro nas coxas trazeiras e uma parte mais brilhante nos quadris. As nádegas, abdômen e parte interna das pernas eram esbranquiçadas. A ponta das orelhas era marrom, mas ao longo do tempo se tornavam também esbranquiçadas. Sua crina era castanha, e tinha uma franja da mesma cor que se estendia desde a juba até pluma da cauda. A área em volta das narinas era de um branco acinzentado.

 

A fêmea tinha a pelagem mais bege e avelã, com as nádegas e parte inferior de um branco purao A parte externa das pernas e a área das orelhas eram bege roseado. A altura era semelhante a dos machos.

Pouquíssimas fotos chegaram a atualidade. A foto acima é de um jumento sirio do Zoo de Londres, fotografado por Frederick York em 1872 . Existem exemplares disecados em alguns museus. No museu Britânico tem um exemplar da Mesopotâmia de 1852, e um exemplar recebido da Sociedade Zoológica de Londres em 1867.

 

  • Kulan

    image551_thumb

    O Equus hemionus kulan é mais uma sub-raça do jumento selvagem asiático. Sobrevive hoje em dia em alguns zoológicos e reservas protegidas do Turcomenistão. É provavelmente o Hemionus mais ameaçado de todos. Mede cerca de 127cm, tem pelagem escura, a  listra das costas é bem marcada e ampla, e a pelagem no inverno é bem grossa. Está sendo reintroduzido no Kasaquistão, Uzbekistão e Ucrania.

     

    • Kulan de Gobi / Chigetai

      Wild Ass

    O Equus hemionus luteus (Kulan de Gobi) e o Equus hemionus hemionus (Chigetai) são mais duas sub-raça do jumento selvagem asiático. São muitas vezes confundidos um com o outro, e alguns consideram que são a mesma sub-espécie. As duas estão presentes na Mongólia e são as que estão em melhor situação em números além do Kiang. Também estão presentes no norte da China e já existiram no Cazaquistão, antes de se tornarem extintos devido à caça. Sua população foi drasticamente reduzida durante os anos 90. Uma pesquisa de 1994-1997 estimava uma população de jumentos (Chigetai e Kulan de Gobi) entre 33 mil a 63 mil indivíduos em uma faixa contínua que abrangia todo o sul da Mongólia. Em 2003, um novo estudo encontrou apenas 20 mil exemplares distribuídos por uma área de 177.563 km ² no sul da Mongólia. Estimativas da população devem ser tomadas com cautela por causa da falta de protocolos de pesquisa. Apesar disso, na Mongólia, estas subespécies perderam cerca de 50% de sua escala anterior, nos últimos 70 anos.

     

  • quarta-feira, 29 de setembro de 2010

    Personalidade Histórica


    Padre Antônio Vieira - RRPP para salvar o Jumento da morte *
    Sebastião Breguêz / Turgay Amac

    Plus potest negare asinus quam provare philosophus
    Um jumento vivo é melhor que um filósofo morto

    O jumento, um animal bíblico que desde a Antigüidade, tem servido ao homem no transporte de cargas e passageiros, estava prestes a desaparecer do Brasil. Ele foi exterminado maciçamente no Nordeste brasileiro, que é uma região desértica e de muita pobreza, pelos grandes frigoríficos que utilizam sua carne para fazer salsicha e enlatados. Mas um trabalho inteligente de Comunicação, feito pelo padre Antônio Vieira, de Fortaleza (CE), evitou que o animal foi extinto no país.

    A população de jumentos, no Nordeste brasileiro, era de 17 milhões em 1964, passou para oito milhões em 1977, diminuiu para dois milhões em 1981 e agora está perto de um milhão.

    A idade de vida de um jumento no Brasil é de 15 anos, pois é utilizado em trabalhos penosos, com alimentação inadequada, que esgotam suas energias vitais, enquanto que, em outros paises como a Espanha, a Itália e o Egito, o jerigo chega a viver de 30 a 40 anos. O padre organizou um movimento de defesa do animal e lançou o livro "O JUMENTO, NOSSO IRMÃO" para chamar a atenção das autoridades. O livro, em quatro volumes, foi saudado pela BBC de Londres como "o mais completo estudo até agora publicado sobre o jumento" e foi traduzido para o inglês por William Teasdale, presidente da ong internacional SPANA que luta contra crueldades contra os animais, e publicado em Nova Iorque.

    Com isto, o padre podia conscientizar as pessoas da importância do jegue e consegiu criar um movimento cultural ao nível do Brasil, conhecido como "o ciclo do jumento". Surgiram as músicas, literatura de cordel ( um tipo de literatura popular muito usada pelas camadas pobres do Nordeste, mas de grande expressão literária), farto material na imprensa, poesias, estudos sociólogos e econômicos e até mesmo de zootecnia. Além de motivações variadas de artesanato, seriados de TV e até de festas folclóricas. No Ceará, o jumento é homenageado cada ano com um dia especial! O ponto culminante foi a criação do CLUBE MUNDIAL DO JUMENTO, reunindo jornalistas, professores universitários, intelectuais e cantores de renome, como o Luiz Gonzaga que dedicou uma canção inteira ao padre e jumento.

    Com todo este movimento, as autoridades brasileiras acionaram os Serviços de Defesa Sanitária para impedir a matança indiscriminada do amimal pelos grandes frigoríficos. Só estão permitindo a utilização de jumentos inválidos. Mas a brutalidade continua, a população de jumentos está diminuindo a cada dia. Chega-se até quebrar as pernas do animal para mostrar ao fiscal do governo que o jumento é inválido...

    Graças ao Padre Vieira, o jumento hoje é mais respeitado e ganhou até legislação trabalhista. Ele é talvez o único animal do mundo a ter horário definido por lei ! No Nordeste, em geral, o jegue não pode carregar cargas depois de 18 horas, ou seja, é proibido utilizar o animal para trabalhos noturnos. Também não pode trabalhar aos sábados depois de meio-dia. Se o proprietário infringe a lei, toma multa e pode ser até preso.

    O padre oferece cursos sobre o jumento que terminam em exames para obter um certificado. A entrega solene do diploma é acompanhado com as palavras: " Até ontem Vôce foi um BURRO, mas a partir de hoje será um JUMENTO " Afinal, o jumento é um dos símbolos fundamentais da cultura nordestina, o mesmo que o camelo é para o beduíno de deserto. A trabalho do Padre Vieira culminou com a criação do MUSEU DO JUMENTO, em Messejana, nos arredores de Fortaleza, onde ele mora. Já terminou o predio e está planejando organizar todo o acervo que tem sobre o jumento, como fotografias e artesanato , além de uma biblioteca especial com livros de todo o mundo. Claro é que o livro *Platero y Yo* não falta.

    O Padre Antônio Vieira foi indicado por dezenas de intelectuais para o Prêmio Nobel de Paz em 1997, e festejou recentemente os seus 80 anos anos. PARABÉNS !!!

    POR GENTILEZA, se Você também quiser *parabenizar* o padre ou enviar artigo, imagem, miniatura do jumento ou obra de artesanato para *enriquecer* o MUSEU do JUMENTO, ou mesmo tornar-se membro do Clube Mundial do Jumento, receber o Diploma do Jumento, ou simplesmente fazer uma doação, favor escrever diretamente ao Padre Antônio Vieira Rua Maximinio Barreto, 326 Caixa Postal 4515 60864-720 Messejana-CE BRASIL
    Fone: (0055) 85 274 1873

    Sobre os livros de padre: VIEIRA, Antônio, Pe.: "O JUMENTO, NOSSO IRMÃO", 3a. ed. revista e melhorada. Fortaleza - Editora Gráfica BNB, 1992 Vol 1: História Vol 2: Sociologia Vol 3: Economia Vol 4: Folclore

    Fonte:  Jornal Brasileiro das Relações Públicas, Setembro /1999

    terça-feira, 28 de setembro de 2010

    Treinamento - Acalmando seu animal

    Para quem não fala inglês coloquei um resumo abaixo do video. Claro que treinar muares é mais complicado que treinar cavalos, mas a técnica é a mesma.

     

    Hoje nós vamos ver uma aluna acalmando um animal assustado, essa será a meta do dia, convencer um cavalo sem doma a ter menos medo e a ser mais gentil. Temos um animal novo aqui, ele é meio tímido, mas normal. O que a aluna vai fazer é tentar um “Join Up”, ele é um animal sem treino, essa manhã foi dificil conduzi-lo para traze-lo para esse local, precisa ser acalmado como qualquer animal novo que nunca recebeu treinamento. Ele é bem desconfiado e reticente em deixar ela tocar nele, claro que se for necessário eu (Monty Roberts falando) posso entrar e ajudar ela, distraindo o animal para que ela possa toca-lo. Quando ela conseguir toca-lo e acaricia-lo ele passará a ter alguma confiança nela. Veja o que acontece, ele está ali dizendo não para ela, mas se meu julgamento estiver certo, baseado em centenas de animais que já treinei, você verá uma transformação espetacular nesse animal.

     

    Muitas pessoas tentam forçar a aceitação do animal e nesses casos leva muito mais tempo do que quando você cria confiança. Se você tentar algo como se só tivesse quinze minutos para fazer, muito provavelmente, vai acabar levando o dia todo para conseguir, mas se você agir como se tivesse todo o tempo do mundo, pode ser que leve só quinze minutos.

     

    Se você acostumar seu animal de maneira gentil, antes de ter que fazer algo com ele, como colocar ferraduras, vai ser muito mais  fácil para ele aceitar, é tudo uma questão de treinamento.

     

    (Monty entra na arena) O que eu quero que ela faça agora é preparar o animal para quando ela chega perto. Primeiro quero que estique a corda e vá para ele de forma bem rápida logo em seguida, e quando ela chegar perto quero que afague-o de um lado e saia. É possivel ver que no primeiro toque ele estremece mas deixa ela chegar perto. Depois ela deve se afastar e voltar acariciando o outro lado.

     

    Existem vários objetos que podem ser usados para auxiliar nessa tarefa como podem ver.

    segunda-feira, 27 de setembro de 2010

    Curiosidade

    A palavra burro por estranho que pareça, não passa do nome de uma cor. Em Roma, este animal era chamado de asinum burrum¸ “asno de cor avermelhada, castanha”. Burrum designava essa cor, vindo do Grego pyr, “fogo”. Como é freqüente, uma das palavras da expressão deixou de ser usada e ficou apenas Burrum, que virou burro em nossos dias.

    domingo, 26 de setembro de 2010

    Idade de Castração de Burros

    Idade de Castração de Burros - Sugestão do Dr. Rivaldo Nunes da Costa

    Idade de Castração de Burros - Sugestão do Dr. Rivaldo Nunes da Costa

    Algum tempo atrás, cerca de 40 anos, os burros eram castrados na desmama ou após os três anos de idade, dependendo da região e costumes locais.

    Nos dias de hoje as fazendas são menores, os rebanhos cresceram e fica mais difícil manter burros inteiros depois de determinada idade. Isto leva os criadores a castrar seus animais muito cedo.

    Até os três anos de idade o animal está se beneficiando dos efeitos da Testosterona, que é um hormônio produzido nos testículos, que vai possibilitar um desenvolvimento maior de sua estrutura e caracterizar sexualmente o animal. Como exemplo disto um boi inteiro desenvolve melhor que um boi castrado, resiste mais à seca do que o castrado, ganha mais peso. E com o burro e o cavalo não é diferente.

    Os aspectos principais que verificamos para a decisão do criador são: o manejo do animal e aspectos ligados a aparência do animal. Alguns criadores não gostam que o burro engrosse o pescoço ou fique difícil para amansar. Atualmente os animais são manejados com freqüência e não há dificuldade de domá-los.

    Os burros devem ser mantidos em pasto separado de outros animais a partir de um ano e meio, as cercas podem ser eletrificadas com apenas um fio por dentro da cerca tradicional que eles respeitam ou juntá-los com cavalos de serviço.

    O ideal é castrar os animais depois de trinta meses, se o animal estiver pouco desenvolvido aguardar os trinta e seis meses.

    Em um trabalho de avaliação radiológica estaremos comparando animais castrados com inteiros, verificando a influência da idade de castração no fechamento das placas de crescimento epifisário.

     

    Autor:Dr. Rivaldo Nunes da Costa

    sábado, 25 de setembro de 2010

    Os animais estão falando - escute apenas

    (Monty Roberts)

    O momento de Join-up® é quando o animal esta disposto a trocar uma comunicação. Ele decidiu que você será o líder de seu rebanho de dois membros (você e ele). Esta é uma parceria de 50/50, significando o dar-se a atenção máxima e ambos estarão querendo também encontrar-se no meio do caminho.


    A seqüência da línguagem estará parecida com a pressão no redondel como é na vida selvagem. A única diferença é que o ser humano (predador) faz o papel da matriarca no rebanho. O instrutor mantém o animal que esta trabalhando afastado e o domina fixando com os olhos nos olhos, os movimentos dos ombros e o quadril são previamente definidos. O animal começa a ficar ligado nos movimentos sob esta pressão, depois seu instinto natural o fará fugir.  Em campo aberto ele iria se afastar uma distancia aproximada de 400 mt, até que tivesse como reavaliar a situação e então tentar se comunicar.


    Resumindo: Primeiro o instinto de sobrevivência o faz se manter ileso, para depois a eventual comunicação.


    Dentro do redondel a aplicação do momento de pressão que o homem faz, é amplificado pelo local fechado. Muito próximo do homem, o animal agora sem chances de fuga, tem que fazer a opção fuga, conversa, ou a defesa (atacar), normalmente a comunicação acontece e de forma muito rápida, entre 30 minutos e 90 minutos.
    Durante este tempo o animal mantém sua orelha em direção ao homem. Este gesto mostra o respeito, o animal está dizendo (que eu sei que você está ai). Eu estou dando atenção a você'. Este é geralmente o primeiro gesto, e os sinais seguintes podem variar em sua ordem.
    Respondendo à pressão, ele pode fechar o círculo, que significa, “eu gostaria de ir mais perto de você e você pode parar de me pressionar”.


    Quando faz movimentos da boca, parecendo mascar ou imitação de pastejar, ele está dizendo, `eu sou um herbívoro; Eu estou comendo aqui, e se eu estiver comendo, significa que eu não o temo, você não é ameaça para mim'. Este sinal pode também ser uma evolução de outros gestos mostrado por animais novos ao aproximar um animal mais velho. É um gesto muito submisso e permite que o animal mais novo sinalize seu tamanho pequeno e isso não deseja nenhum dano ao mais velho.


    O animal pode então deixar cair sua cabeça rente ao chão, e andando no circulo. Este é um gesto de submissão, neste momento pode ser feito o convite para contato no meio do redondel, “se nós o chamarmos neste momento para uma reunião para discutir esta situação, ele deixará você ser o chefe”. É este o momento do Join-up.

    sexta-feira, 24 de setembro de 2010

    Hábitos peculiares de comportamento dos Asininos e Muares 4

    Naturalidade: a essência da marcha de qualidade


    A marcha é um caractere funcional complexo, porque envolve em sua avaliação uma série de parâmetros, tais como: diagrama, comodidade, naturalidade, estilo, regularidade, desenvolvimento e, durante muitos anos, até mesmo a resistência do animal. Todos estes fatores podem ser afetados, positiva ou negativamente, pela qualidade da Equitação, embocadura, doma, treinamento, condicionamento físico e mental, aprumos, casqueamento, ferrageamento, estrutura muscular, angulações ósseas (em particular das espáduas, quartelas e pernas).


    O trote é um andamento de mecanismo genético homozigoto dominante. O sentido da dominância genética é do trote para a marcha batida, desta sobre a marcha picada e desta sobre a andadura, ou seja, os andamentos mais diagonalizados exercem uma nítida dominância sobre os andamentos mais lateralizados. De fato, a andadura é um andamento recessivo, o que atesta a sua origem mutante. Já a marcha picada tem uma base genética heterozigota, possuindo os genes da andadura, o que contra-indica a persistência dos acasalamentos entre indivíduos puros de marcha picada, o que leva ao aumento da lateralidade. Para a manutenção de uma marcha picada de boa qualidade no plantel, recomenda-se a utilização de indivíduos portadores de marcha intermediaria ou de centro.


    A marcha batida tem uma composição genética heterozigota, com sua dominância aumentando de acordo com o aumento da associação dos tempos de elevação, avanço e apoio dos bípedes diagonais em relação aos bípedes laterais. Os acasalamentos sucessivos entre indivíduos de marcha batida levam ao endurecimento da marcha, aproximando o plantel do trote, andamento que deve ser considerado mais indesejável do que andadura, pois esta ainda se enquadra como andamento marchado, e a base genética homozigota recessiva facilita a eliminação do plantel.


    Ao contrario, como o trote é geneticamente dominante, sua erradicação do plantel é bem mais difícil. Animais muito diagonalizados quase invariavelmente possuem um ou mais ancestrais trotadores até a terceira geração ascendente.
    Uma regra simples e objetiva, que norteia uma autentica seleção de marcha, é a de acasalar o bom com o bom de marcha. Extremos aumentam as variações do tipo de marcha. Outra regra é de animais naturalmente marchadores ao cabresto, ou livres, são sempre puros de marcha, o que não impede que apresentem o trote em momentos de excitação. Nestes casos, os deslocamentos de membros tornam-se elevados, o olhar brilha, as orelhas mantém-se firmes, a cabeça e a cauda elevem-se. Tudo isso comprova a complexidade genética da marcha natural, uma característica funcional governada por fatores genéticos múltiplos, altamente influenciados por condições do meio, as quais o exemplar Pêga é constantemente exposto. Em adição, cada um dos parâmetros de avaliação qualitativa da marcha apresenta uma herdabilidade diferente, sendo em média: estilo 50%; regularidade 15%; comodidade 40%; desenvolvimento 20%; resistência 10%; temperamento 40%; e o diagrama, que tem a herdabilidade variando de acordo com a modalidade de marcha, sendo, como já foi dito, as marchas diagonalizadas dominantes. O trote convencional é 100% dominante.


    Condicionamento: métodos naturais e artificiais

    Métodos naturais: entendemos que o emprego de um manejo racional na criação com um condicionamento físico-nutricional adequado terá animais com bom desenvolvimento estrutural, ósseo e muscular e bons aprumos. Posteriormente aos 36 meses de idade com a aplicação da doma racional: cabresteamento e a doma de cima com adestramento adequado nas mais diversas funções em que o Muar-pêga se aplica. Com este aparato qualitativo, aliado a uma mão de obra profissionalizada tecnicamente capaz de empregar "métodos e técnicas naturais" de doma e adestramento, teremos um aumento significativo no quantitativo de Muares-pêga ao dispor do grande mercado consumidor que existe em todo território nacional.
    Métodos artificiais: como o maior número de Muares-pêga são produzidos sem critérios zootécnicos, ou seja, os acasalamentos sem priorizar a valorização do maior atributo funcional: a marcha, o que mais ocorre é que a produção de indivíduos superiores é cada vez menor. Em contrapartida, o que estamos produzindo em grande escala são Muares-pêga de baixa qualidade de andamento marchado natural. Neste contexto, surge a necessidade da artificializaçao, para que estes animais sem o "diagrama marchado natural" possam com o emprego de técnicas artificializadas, iludir aos aficcionados menos experientes, de que são "marchadores".
    Partindo deste principio, surgiram no âmbito do Muar-pêga várias crenças, dogmas e treinamentos especializados em tais procedimentos. Alguns destes procedimentos são nos arreamentos e utensílios (traias):
    Embocaduras: são usados verdadeiros instrumentos de tortura como embocadura, com a intenção de que se estes aparelhos possam promover uma ação de submissão, e a partir desta ação, tentar interferir na naturalidade do diagrama do Muar;
    Cabeçadas: cabrestos de couro trançados com argolas, que possuem na focinheira dos mesmos um dispositivo de que quando é puxado o cabo do cabresto este aperta e a focinheira do cabresto passa ter ação de fechador de boca. (o que é proibido pelo regulamento de marcha de Muares). Visando coibir o uso deste artifício a ABCJP proibiu o uso de cabrestos nos concursos de marcha de Muares (conforme art. 39 idem 4º do regulamento);
    Arreios/selas: posicionando os mesmos em cima da cernelha; uso em excesso de pelegos e baldranas, na tentativa de melhorar ou mascarar uma possível comodidade;
    Cauda: colocando no interior do "nó" da cauda objetos pesados na tentativa de inibir o rabejar (bater a cauda) durante os concursos de marcha. Amarrar a cauda com fio de nylon na barrigueira da sela, por entre as pernas dos Muares, a fim de impedir que o Muar levante a cauda;
    Ferrageamento: comum é prática de ferrageamento desbalanceado, ou seja, ferragear dos posteriores e deixar os anteriores sem ferraduras. Estes com o trabalho são estropiados provocando dor nos cascos dos anteriores, na tentativa de provocar uma dissociação no diagrama. Quando essa dor é intensa e está a ponto de provocar uma manqueira, o usual de ferragear os anteriores com ferraduras mais leves do que as dos posteriores. As ferraduras pesadas usadas nos posteriores devem engrossar na direção dos talões e ter mais ou menos dois centímetros que ultrapasse no comprimento dos talões. Ferraduras com rompão, não tem função e prejudicam os tendões nos membros;
    Utensílios nas quartelas: nos posteriores o uso de tamancos e correntes e uma prática usual. O uso de saia, ou seja, cordas ou tiras de couro e borracha atadas nas quartelas dos anteriores e posteriores, ou seja, no bípede lateral. São práticas adotadas nas tentativas do descompasso ou de proporcionar o movimento em lateral com os membros.
    Velocidade: é uma prática muito adotada nos concursos de marcha, pois imprimindo um ritmo maior de velocidade os Muares com diagrama mais diagonalizados proporcionam uma ilusão ótica de que estão dissociando, mas no regulamento de marcha de muares permite ao árbitro coibir esta conduta e se não for atendido poderá desclassificar o conjunto. Montando e reunindo estes animais o árbitro terá condição de uma melhor avaliação desses Muares.
    Por tudo que foi aqui mencionado e outras artificialidades que existem e não foram aqui mencionadas entre elas o doping. É que a naturalidade da marcha dissociada demonstrada no diagrama de movimentação de cada Muar-pêga deverá a todo custo ser preservada.

    Artigo de autoria de André Luiz Ferreira Silva, árbitro e membro do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Criadores do Jumento Pêga

    quinta-feira, 23 de setembro de 2010

    Curiosidade

    O nome Jegue, normalmente usado para descrever o pequeno jumento nordestino, também conhecido como Jerico,  vem do inglês Jackass.  No século XIX, um grande numero de ingleses construindo ferrovias no nordeste chamavam estes animais por "jack". Os nordestinos, demonstrando o tradicional jeitinho brasileiro, "traduziram" para jegue.

    Jackass (normalmente encurtado para Jack) era usado para descrever um jumento comum de serviço, esse nome foi formado por duas palavras (1) jack - aqui servindo apenas para indicar o sexo masculino do animal( Jack é apelido de John e serve para designar um homem qualquer, as fêmeas são Jennets ou Jennies); (2) ass, burro/jumento.

    quarta-feira, 22 de setembro de 2010

    O Padre e os Jericos

     

    Padre Antonio Vieira, homônimo do célebre orador e jesuíta português do século XVII, nasceu no Ceará em 1919 e ali faleceu, há cinco anos, deixando como principal legado um livro que se tornou clássico, O Jumento, Nosso Irmão, publicado pela Livraria Freitas Bastos em 1964. Esta obra é um hino de amor aos jericos, vítimas das injúrias, dos preconceitos e da injustiça humana.   Nasceu do inconformismo de Pe. Vieira em face da exploração servil e do extermínio dos jumentos, fato este que o levou, na época, a encaminhar carta aberta aos prefeitos cearenses, redigida em tom incisivo:

    “Senhores Prefeitos: Tenho uma cousa muito importante a pedir. Um favor para o meu e o seu amigo Jumento. Um direito justo e líquido. Entra semana, haja domingo ou feriado, é o mesmo rojão. A mesma cangalha mordendo-lhe o espinhaço descarnado, o mesmo chicote ou pedaço de pau moendo-lhe os ossos, a mesma fome mastigando-lhe as entranhas. (…) Se o Ceará teve a glória ímpar de ser pioneiro da Libertação dos escravos, poderá alcançar mais este troféu para as páginas de sua história.”

    Os editores desse raro livro, no texto de apresentação, lembraram que Pe. Vieira, a par de suas atividades eclesiásticas, era um homem de espírito irrequieto e revolucionário, exercendo habitualmente atividades de natureza literária e jornalística. Possuidor de vasta cultura humanística, o autor empenhou seus conhecimentos em prol da causa dos jumentos, tanto que seu livro mais conhecido foi todo ele dedicado aos animais: é uma verdadeira enciclopédia sobre o jerico, escrita ora com a suavidade de um Evangelho, ora com a inquietação de um libelo.

    Pelo sumário é possível ter uma ideia do conteúdo do livro: etimologia do vocábulo Jumento, expressões literárias, adagiário dos jericos, literatura, fábulas, antologia, folclore, história do jumento no Brasil, anedotário e variedades sobre esses animais. Há também um capítulo sobre a personalidade do jumento, considerado pelo autor como animal proletário. Outro capítulo versa sobre as origens mais remotas do Jumento. Depois há preciosas informações acerca do Jumento na economia, na ciência e na religião. Trata-se, enfim, do mais completo tratado já escrito no mundo sobre os jericos.

    Merecem transcrição alguns trechos do livro:

    “Não haveria para a humanidade melhor código de moral e de conduta social que o exemplo do jumento. É um santo no mundo dos animais. Suas virtudes são básicas. Valem pelo melhor tratado de ética política e social. Nas Conferências de Paz, tão celebremente fracassadas, em vez de eméritos juristas e renomados diplomatas que arrazoam direitos dos mais fortes ou dos Quatro Grandes, seria mais oportuno e proveitoso que se levasse um jumento. Na sua paciente e indiferente pachorra, na sua filosófica quietude, estaria pregando: – aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.”

    E prossegue o autor:

    “Mas o homem é superautossuficiente. Ostenta uma grandeza que desafia o próprio Deus. Cria leis. Formula códigos. Inventa sistemas filosóficos e teorias científicas. Fabrica credos religiosos e princípios políticos. E cada dia o mundo mais se afunda em ódios, em miséria, em incompreensões. Enquanto isso, no mundo dos jegues reina uma paz e quietude angelical. Não há invejas. Nem ciúmes, Nem ambições. Vivem felizes. Morrem de velhice. De estafa. De subnutrição, porque se esgotaram em servir ao mais desumano e ingrato dos animais.”

    No Brasil o destino dos escravos e dos jumentos era semelhante: vara, carga e trabalho. Basta ver a classificação dada a eles, do ponto de vista jurídico: bens semoventes. Importa observar, aliás, que a primeira lei vigente no Brasil Colônia – as Ordenações Manuelinas – possuía um dispositivo comum a ambos: “De como se podem enjeitar os escravos e bestas, por se acharem doentes e mancos”. Pe. Vieira lamentou, neste aspecto, que nossa legislação se traduzia pelo signo do desprezo e do abandono:

    “O escravo e o jumento tiveram no Brasil o mesmo destino: amassaram com seu suor e o seu sangue a argamassa da nacionalidade e cimentaram, com os seus ossos, os alicerces da economia. Açoitados e batidos, mutilados e desenhados. Um já teve o seu 13 de Maio. Mas o outro continua a expiar o triste fadário de animal maldito.”

    Pe. Vieira já não está aqui para interceder em favor dos jumentos. Se vivo estivesse, ergueria voz pelos jericos, que ainda são explorados aos milhares, abandonados nas estradas e exterminados também pelo poder público, práticas estas que ocorrem ao arrepio da lei. Apesar de tudo, o livro O Jumento, Nosso Irmão – já traduzido no estrangeiro – torna perene a mensagem compassiva de um homem que, já na velhice, recebeu a honrosa indicação para o Prêmio Nobel da Paz. Que a memória de nosso padre sertanejo seja resgatada, em favor dos animais que tanto amou e defendeu.

     

    Autor: Laerte Fernando Levai, 20 de fevereiro de 2009

    terça-feira, 21 de setembro de 2010

    Curiosidade

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    O jumento tem mais cérebro (mais volume) que um cavalo, o que seguramente faz com que seja mais inteligente que este.

    segunda-feira, 20 de setembro de 2010

    Hábitos peculiares de comportamento dos Asininos e Muares 3

    Exemplos de hábitos peculiares dos Muares


    A inteligência desenvolvida é uma característica dos muares. É um contra-senso nominar alguém que possa ser, um pouco menos inteligente como burro (Muar macho). Curiosa também é a denominação "mata-burro" (rampas em cimento, ferros ou madeira com vãos abertos para impedir a passagem de animais que substituem pequenas pontes nas divisas de pastagem ou propriedades). Não temos conhecimento de um só caso de Muar que tenha caído em um "mata-burro". Ao contrario, vários acidentes ocorrem com Eqüinos, Bovinos e pessoas.


    Os Muares são imbatíveis na eficiência com que se locomovem ao longo de trilhas estreitas, sinuosas, pedregosas, acidentadas e íngremes de nossa região de montanhas.


    A obediência e disciplina na lida com o gado aliada a uma movimentação equilibrada, estável, cadenciada, rítmica e ágil quando necessários são atributos qualitativos e inerentes do autentico Muar-pêga de sela. Sob quaisquer circunstâncias associadas ao perigo, o Muar, antes de tudo, é um animal prudente, sem demonstrar reações afoitas, típicas dos Eqüinos: carros, sons, pessoas, assustam menos aos Muares. Em uma cavalgada, é impressionante a regularidade de movimentação dos Muares.


    Um costume antigo é amarrar a cauda dos Muares com um "nó" dado a quase um palmo acima dos jarretes, antes de montar. É um costume do século passado, quando os Muares eram utilizados como principal meio de transporte. Com a cauda amarrada, o animal ao rabejar não sujava os muladeiros e amazonas. Uma crença antiga é que esquecendo o "nó" da cauda atado, soltando o animal para o pasto poderá ocorrer uma dor de barriga. Na doma, os Muares demonstram um notável potencial de treinabilidade. Ao contrario do que muitos pensam, são animais facilmente domados, desde que pelo método da doma racional, em contra partida, através do método da doma tradicional, rude, os muares oferecem maiores dificuldades. Algumas regras são simples e práticas:

    Montar não significa maltratar;
    Domar é amansar e não é cansar.

    A expressão, "Muar não amansa, acostuma", usada por pessoas com pouco conhecimento, do grande potencial de aprendizado e condicionamento dos Muares, pois devido ao alto grau de inteligência eles exigem muita capacidade de treinadores e domadores.


    Os Muares não se reproduzem, devido à incompatibilidade do número de cromossomos entre as espécies genitoras. Contudo, as Mulas manifestam regularmente sinais de cio, alterando o comportamento. Quem é do meio, principalmente dos concursos de marcha, sabe se uma mula manifestar cio antes ou durante uma prova ela altera seu comportamento interferindo negativamente na sua performace. Ocasionalmente, as Mulas podem gerar crias quando acasaladas, por Jumentos ou cavalos. Porém, essa é uma probabilidade muito pequena. Um fato curioso a este respeito é que as fêmeas Bardôtas apresentam maior fertilidade em relação às Mulas. Quanto ao Burro, apesar da esterilidade, manifestam a libido, sendo prática comum, e necessária, a castração para facilitar o manejo e o melhor desempenho nos serviços em geral, nas cavalgadas e nas competições, além da vantagem de adquirirem uma frente mais leve, porém desde que a castração tenha sido precoce, por volta de 12 meses de idade.


    Na equitação dos Muares algumas atitudes são inconfundíveis. Por exemplo, o animal que rabeja (oscila a cauda) durante um percurso de marcha, é um indicativo de que o Muar tem temperamento inquieto, ou que está sentindo dor. Quando o muar abana as orelhas ou abre a boca, pode ser um indicativo de um Muar que está com pouca resistência. O muar com a cauda mais cheia e longa com mais semelhanças com os Eqüinos e quase sempre um muar com bom temperamento de sela. O muar que espuma branco na boca é sinal que está aceitando bem sua embocadura. O Muar é um dos animais que mais estranham mudanças de hábitos. Um bom exemplo é a troca de muladeiros ou arreamento. Nas mãos de muladeiros inexperientes, aprende facilmente a empacar, "encostando" em determinados locais. O Muar tem um incrível senso de direção e de "malandragem". Gosta muito de acompanhar uma "madrinha", a quem defenda a tese que, os Muares acham que são Eqüinos por serem amamentados por éguas. Durante as cavalgadas e concursos de marcha noturnos os Muares tem atenção mais aguçada. Com essas observações podemos concluir o óbvio, que: "Muar-pêga é muito inteligente e que a denominação de Burro (como expressão alusiva a falta de inteligência) não se aplica ao Muar-pêga".

     

    Artigo de autoria de André Luiz Ferreira Silva, árbitro e membro do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Criadores do Jumento Pêga

    domingo, 19 de setembro de 2010

    Hábitos peculiares de comportamento dos Asininos e Muares 2

    Exemplos de hábitos peculiares no comportamento dos Asininos


    Teimosia, rusticidade;
    :: Manifestação do cio das Jumentas são semelhantes aos da égua, manifestando micção freqüente, eversão dos lábios da vulva, secreção vaginal, aceitação da aproximação dos machos e subseqüente rufiaçao A diferença é que a Jumenta em cio masca, com a cabeça erguida e o pescoço alongado como estivesse mascando chicletes;
    :: Devido ao tato mais reduzido na pele, os Asininos que são portadores de pêlos de comprimento e quantidade maior que nos Eqüinos, não agitam bem o corpo para secar, obrigando o criador as seguintes práticas no cuidado com os jumentos recém-nascidos:
    :: Atrasar a estação de monta (para que os produtos possam nascer fora do período chuvoso).
    :: Durante o período de chuvas, abrigar as Jumentas paridas;
    :: Manejando desta maneira o criador estará preventivamente cuidando dos produtos novos, para que possam crescer sem patologias e não ocorrer seqüelas, principalmente nos membros e não haver óbitos.

    O Jumento é de contenção mais difícil e teimosa. Precisa ser contido com argolão e um cabo longo, que possa propiciar segurança ao condutor;


    A rufiação em si é menos agressiva que nos Eqüinos. É mais demorada, a prática de permitir o sobe e desce do jumento estimula a libido e apressa a cópula. Dias frios e chuvosos prejudicam a libido. Existem jumentos que somente servem jumentas, denotando comportamento sexual frio e indiferente na presença de éguas. Em alguns casos, a presença de uma jumenta como isca estimula a ereção. O ideal é que o jumento aprenda a servir éguas desde jovem, no inicio de suas experiências sexuais. Uma prática corriqueira, adotada com o intuito de ensinar ao jumento a cobrir éguas, é solta - lo a partir de um ano de idade com uma potra da mesma faixa etária. Assim que a maturidade sexual vai se desenvolvendo, o jumento começa a cobrir a potra. Posteriormente, também poderá cobrir jumentas. Tecnicamente são chamados de "muladeiros" os jumentos destinados a cobrir éguas. Uma dificuldade freqüente é a tendência de maior porte da égua. Essa situação pode ser contornada procurando um terreno em declive ou a monta ser realizada em troco com dimensões especificas para esta prática. Uma prática comum para jumentos que servem tanto jumentas com éguas é subdividir a estação de monta em duas etapas onde, na primeira o jumento serve as éguas, e na segunda metade da estação, o jumento serve as jumentas. É interessante ressaltar é que o jumento tende a ser mais fértil do que o cavalo no acasalamento com éguas. Porém, como as jumentas são naturalmente menos férteis do que as éguas, a fertilidade declina quando serve as jumentas. Na jumenta, a gestação é mais longa em relação à da égua, tem duração de 12 meses. Portanto, em média, tem um mês a mais. Mas se a égua carregar no útero um feto híbrido, a gestação será intermediária, de 11 meses e meio. O mesmo tempo de gestação será observado quando for a jumenta que leva no ventre um produto híbrido, conhecido como bardôto (a). Este tem menos aceitação em relação aos Muares filhos de éguas. Primeiro devido ao menor porte e limitação de largura da bacia da jumenta. Segundo, porque apresenta menor rigor e agilidade em comparação aos Muares filhos de éguas, talvez porque sejam criados pelas jumentas, que tem movimentação lenta. Raros são os momentos em que observamos as jumentas galoparem, a não ser quando forçadas.


    Um entrave ao uso do cavalo para servir a jumenta é a rejeição mútua. Basta observar uma pastagem onde são mantidos rebanhos de Asininos e Eqüinos. Estes, raramente se misturam. Entretanto, se os potros desmamados são recriados juntos com jumentas, haverá maior facilidade futura para aceitarem as cobrições. Como o Bardôto, assemelha - se um pouco mais ao Eqüino, aconselha - se a utilização de um garanhão portador de beleza zootécnica. Na verdade a produção de bardôtos, pela carência que demonstram na capacidade de trabalho, limita - se aos objetivos das cavalgadas festivas, exposições, montarias de laser, charretes dentre outras atividades esportivas de esforço e agilidade moderadas. Uma outra hibridação já praticada com jumentos e cavalos foi com a zebra, originando os "zebróides", produtos que herdaram de formas variadas as listras escuras das zebras.


    Autor: André Luiz Ferreira Silva, árbitro e membro do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Criadores do Jumento Pêga

    sábado, 18 de setembro de 2010

    Os multiplos usos de ferraduras em marchadores

            

    Com frequencia, animais marchadores necessitam de algum tipo de ajuda mecânica para ser tornarem bons marchadores. Entretanto, esclareço que andamentos impostos não são geneticamente transmissíveis. Portanto, é imprescindivel que a marcha seja natural, o que implica em deslocamentos dissociados. O uso de ferraduras pode ser uma necessidade, em decorrencia da disponibilidade de terrenos duros e pedregosos para treinamento. Em outros casos, o uso de ferraduras tem a finalidade de corrigir defeitos na forma dos cascos, alterar a modalidade de andamento ou incrementar a performance.

    Na maioria dos haras, o serviço de ferreiro é desempenhado pelo próprio peão, que nem sempre foi devidamente qualificado. Além do mais, ferrar um animal de marcha nem sempre é o mesmo que ferrar um animal de trote. Nos marchadores, pequenas alterações na angulação dos cascos ( especialmente dos cascos anteriores ) e no peso das ferraduras, podem resultar em efeitos drásticos, às vezes desfavoráveis. Um tipo de ferrageamento indicado para um animal pode não surtir o mesmo efeito em outro. O segredo é preservar o maximo da naturalidade, principalmente como forma de prevenir as afecções.

    O ferrageamento é conduzido de acordo com a conformação de cada animal, no que diz respeito a forma dos cascos; eventual desbalanceamento e/ou desvio de aprumos; ângulo de inclinação das quartelas, ângulo de inclinação das espáduas; ângulo de inclinação das pernas e dos jarretes e eventuais deficiências na marcha.

    Para marchadores, nas modalidades marcha batida e marcha de centro, a angulação média de cascos anteriores é na faixa de 55 graus, sendo mais favoraveis as variações abaixo, até 52 graus, tendo em vista que em direção ao extremo superior há tendência ao endurecimento da marcha, pelo efeito da maior obliquidade das quartelas, que atuam como amortecedores. Nos cascos posteriores, para estas mesmas modalidades de marcha, a angulação sobe para a faixa dos 60 graus, em média. Os cascos posteriores exercem a função principal de impulsionar, e não de apoiar, como é o caso dos cascos anteriores, que nos marchadores exercem ação extra na tração.

    Para marchadores, na modalidade marcha picada com excesso de lateralidade, até o extremo da andadura desunida, os ângulos tendem a diminuirem, em torno de 50 a 52 graus nos anteriores e 55 graus nos posteriores, ou até menos, pois há uma prevalência de animais acurvilhados nestas modalidades de marcha.

    Correções na forma dos cascos:

    Os defeitos mais frequentes na forma dos cascos são os talões estreitos (contraídos), talões escorridos ( adiantados ), parede estreita (com mais frequencia na região do quartos), desbalanceamento médio lateral da pinça ou de todo o casco, casco encastelado ( talões excessivamente altos ), casco achinelado ( pinça excessivamente crescida ).

    Correções dos desvios de aprumos:

    Antigamente, o uso de meia ferradura para a correção de desvios de aprumos era pratica corriqueira. Apresenta a desvantagem de provocar desequilibrios na sustetanção e na locomoção, favorecendo o desenvolvimento de diversos tipos de afecções de membros. A técnica atual é o uso de ferraduras com parafusos nos talões. Gradativamente, aumenta-se a altura, alterando a regulagem de altura dos parafusos. São ferraduras indicadas para as correções de desvios mais acentuados, nos tipos joelhos cambaios e jarretes fechados, ambos prevalentes em raças de  marchadores.

    Correções no tipo de andamento:

    A correção da andadura desunida ( a convencional é quase que impossivel ) pode ser através do uso de ferraduras pesadas nos cascos anteriores e leves nos cascos posteriores, ou até mesmo não usar ferraduras nos cascos posteriores. Os cascos anteriores também são ferrados com grande crescimento das estruturas ( para aumentar ainda mais o peso em relação aos cascos posteriores, que são devidamente aparados para o ferrageamento ). Outra alternativa é manter os talões mais altos nos cascos anteriores. Um terceiro artificio é o uso de correntes nas quartelas, com proteção de couro, para evitar ferimentos. Todavia, neste terceiro recurso os resultados são imprevisíveis, pois há risco de provocar elevação excessiva dos membros anteriores, com desequiblibrio. Esta seria uma última tentativa, após as duas primeiras terem falhado.

    Muitos animais de andadura apresentam dificuldade para encartar e manter o galope, especialmente o galope reunido. O treinamento ao galope somente é iniciado após o sucesso na correção da andadura desunida. Raramente, o andamento ensinado será a marcha batida, mas sim uma marcha picada de melhor equilibrio entre apoios laterais e diagonais. De qualquer forma, ainda será uma marcha que proporciona melhor equilibrio de sustentação, relativamente à andadura desunida, o que favorece um pouco mais ao animal encartar o galope.

    A correção de uma marcha excessivamente diagonalizada é o contrário. Nos cascos anteriores, recomenda-se o uso de ferraduras leves, com angulação mais alta nos talões e pinça mais curta. E nos cascos posteriores ferraduras pesadas, com pinça mais longa e ângulo menor nos talões. A tração pode ser aumentada nas subidas de morros, em estradas de piso preferencialmente regular. As descidas também favorecem a dissociação dos bipedes diagonais. Ao contrário, no caso da correção de andamentos excessivamente lateralizados, as descidas não são favoraveis. Para estas situações, o passo é o andamento melhor indicado.

    Particularmente, adoto métodos naturais para correções de imperfeições em andamentos marchados. Caso estes métodos naturais não tenham sucesso, a ultima alternativa será o uso de ferraduras e/ou de correntes com proteção de couro, como forma de prevenir ferimentos.

    Uma prática cruel ja foi registrada em muares de marcha trotada (cruzamento do jumento Pêga, marchador de triplices apoios, com égua da raça Mangalarga, de marcha trotada ). Alguns muladeiros aparam os cascos de membros anteriores até o limite da sola, provocando dor, que por sua vez faz com que o animal marcha apalpando dos cascos anteriores. O desequilibrio na sustentação tende a provocar a dissociação entre bípedes diagonais.

    Ferraduras de alta performance:

    As ferraduras de alta performance ainda não são rotineiramente utilizadas para animais de marcha no Brasil. As tradicionais são as ferraduras de pinça quadrada, que exercem a função básica de proporcionar mais retidão aos deslocamentos, o que se reveste de especial importância nos julgamentos de morfologia, na etapa da avaliação dos apumos. Também servem para melhorar o estilo da marcha, além de eventuais ganhos na regularidade e desenvolvimento. Outros tipos de ferraduras de alta performance são as frisadas, que favorecem a melhor aderência, o que pode ser vantajoso em pistas escorregadias.  Os desenhos de frisos são variados.

    Independente de qual seja o andamento desejável, ferreiros nunca devem esquecer os princípios que fundamentam esta técnica especializada que é o ferrageamento. Alguns destes princípios:

    - As ferraduras devem estar em tamanho apropriado para os cascos, proporcionando suporte homogêneo ao redor dos quartos e talões;

    - Não pode haver sobras de ferraduras. Estas são como a continuação dos cascos;

    - Não se prepara o casco para a ferradura, mas sim o contrário;

    - O ângulo do casco não deve variar mais do que três graus em relação ao ângulo natural, sob pena de provocar afecções. Nestes casos, o animal precisa se acostumar com a mudança de angulação, que traz estresse imediato sobre os tendões. 

    Qualquer artifício tende a representar solução temporária. A solução permanente é selecionar bons marchadores, de cascaria saudavel e bem conformada, bem aprumados, de forte constituição óssea-muscular, submetidos a um manejo profissionalmente conduzido.

    Texto adaptado. Autor: Lúcio Sérgio de Andrade 

    sexta-feira, 17 de setembro de 2010

    Hábitos peculiares de comportamento dos Asininos e Muares 1

    Inicialmente salientamos a necessidade da importância do conhecimento dos cinco sentidos neurológicos que são: audição, visão, olfato, paladar e tato.


    Audição: É um sentido extremamente sensível e desenvolvimento nos muares. Prova disto é a facilidade e rapidez com que estes animais assimilam comandos vocais no processo da doma de sela e no desempenho dos serviços de tração. São condicionados com rapidez: a virar, parar, recuar, e caminhar com breves comandos de voz.
    Visão: Poderá ser binocular frontal, monocular lateral ou parcialmente para trás. No caso dos Muares de sela, é necessária a utilização combinada da visão binocular frontal e monocular lateral, devido ás condições variadas e acidentadas de terreno e topográficas. Geralmente, os Muares são mais atentos e perceptíveis em relação aos Jumentos. Se o Muar tem visão monocular lateral muito ativa, pode ser um indicativo de animal "passarinheiro" que se assusta e refuga com facilidade. Nesse caso, as orelhas têm grande mobilidade, podendo ainda ser um indicativo de animal de temperamento inquieto.
    Olfato: Esse não é um dos sentidos mais aguçados, tanto que, ambos, Asininos e Muares, ingerem a campo alimentos mais grosseiros em relação aqueles selecionados pelos Eqüinos no pastejo. Outros exemplos: entre os Eqüinos e Asininos podem ser citados: a égua é mais protetora em relação á sua cria do que a Jumenta, e utiliza mais intensamente seu olfato. E o garanhão tem o olfato mais aguçado na identificação do cio, inclusive com uma rufiaçao mais ativa.
    Paladar: Os Asininos e Muares são poucos seletivos na aceitação de alimentos, ingerindo alimentos com sabor doce, azedo, salgado. Tais como melaço, cenoura, mandioca, maniva (parte aérea da mandioca), capim picado em estado de fermentação, silagem, cevada, sal mineral dentre outros.
    Tato: Neste aspecto, também destacamos a extrema sensibilidade dos Muares, através dos seus cascos. Esse apurado sentido é aliado importante do cavaleiro diante de situações de perigo: atoleiros, rios, de correnteza, terreno escorregadio e etc. Nas quais a percepção do Muar reduz os riscos de acidentes. Ele sempre evita pisar em terrenos desconhecidos. De fato, quem cavalga á noite sente maior segurança no Muar. Já a sensibilidade do tato dos Jumentos é mais reduzida, particularmente na pele.

     

    Autor: André Luiz Ferreira Silva, árbitro

    terça-feira, 14 de setembro de 2010

    Protegendo o Rebanho com Jumentos de Guarda

    A mais recente utilização dos jumentos é como animais de guarda nos rebanhos de caprinos e ovinos. Sabe-se que os jumentos são incompatíveis com cães e lobos, os jumentos quando mantidos sozinhos com os ovinos trabalham muito bem como "guarda do rebanho". Quando digo solitário, quero dizer que não se pode manter dois jumentos na guarda do rebanho porque um fará companhia ao outro e eles esquecerão a guarda do rebanho. Como testar a incompatibilidade dos jumentos com os cães? Ponha os dois em um pequeno cercado e veja o que acontece, por medida humanitária forneça uma saída para a fuga do cachorro.

    Vantagens de utilizar o jumento para guardar o rebanho:
    • È melhor do que colocar veneno

    • Em certas condições eles fornecem cuidados 24h contra predadores e outros intrusos.
    • Custam menos para manter que outros animais de guarda
    • Jumentos são compatíveis com outros animais de rebanho e tem necessiades alimentares parecidas. Eles comem a campo, não requerem alimentação especial.

    Os jumentos provavelmente não protegem o rebanho deliberadamente. Muitos jumentos não gostam, e são agressivos com cachorros, raposas, etc, e por isso dão uma proteção indireta ao rebanho. Jumentos tem uma audição exemplar, um bom olfato e excelente visão. Eles usam esses sensores para detectar intrusos. Fazem zoada, perseguem, mordem e dão coices para se livrar de predadores.  Alguns jumentos também podem perseguir veados, ursos e outros animais estranhos, humanos e outros intrusos da mesma maneira. Jumentos não patrulham intencionalmente, mas investigam perturbações no rebanho.

     

    Eles tem mais sucesso em proteger o rebanho em locais planos e pequenos, onde o jumento possa ver tudo ou a maior parte do local de um lugar só. Além do comportamento agressivo, a presença de um animal maior perto dos pequenos pode inibir predadores. Para que um jumento tenha sucesso e seja consistente no trabalho de proteger o rebanho é preciso selecionar, treinar e ser realistico nas espectativas. Eles tem limitações fisicas, precisam ser saudáveis, razoavelmente amigáveis com humanos e fáceis de lidar.

     

    Nem todos os jumentos estão aptos a ser guardiões, caso um não funcione tente outro, vale a pena, mesmo que tenha que fazer tentativas com vários animais. Jumentos tem uma vida longa, um jumento de guarda vai oferecer proteção por muitos anos.  Use apenas fêmeas ou castrados, jumentos inteiros não devem ser usados a não ser que tenha sido criado junto com o rebanho, pois caso contrário pode atacar o próprio rebanho. Pela mesma razão jumentas em cio não devem ser utilizadas.

     

    Jumentos de guarda podem precisar de várias semanas para se adaptar ao rebanho. Não permita que ele ande com outros jumentos ou equinos, dessa forma ele passa a pensar que é parte do rebanho de caprinos, ovinos ou bovinos. De preferência deve ser usado um jumento nascido junto com o rebanho e a mão deve ser afastada depois do desmame para que ele cresça junto com este. Caso esse não seja o caso, antes de colocar o jumento junto com o rebanho deixe ele do outro lado da cerca onde está o rebanho por um tempo, isso dá ao jumento e ao rebanho tempo de se acostumarem um com o outro de forma segura. De uma semana a dez dias depois desse periodo de socialização leve o jumento para passear ao redor do rebanho para que eles possam se cheirar e se tocar.  Depois prenda o jumento em um cercado com o rebanho e alimente e cuide dele por cerca de uma semana. Até aí eles já devem ter aceitação um pelo outro. Deixe o jumento correr solto no cercado ou pasto e logo o rebanho vai estar indo atrás do jumento quando houver perigo. Alimente o jumento junto com o rebanho para que se sinta parte deste. Caso o rebanho seja alimentado em cochos, alimente o jumento em um cocho separado para que o rebanho coma sem problemas. Sempre alimente o jumento quando alimentar o rebanho.

    Deixe todos os cachorros longe dos jumentos, não teste o jumento provocando ele. Não permita que os cachorros da fazenda fiquem familiarizados com o jumento, não use cachorros para conduzir o rebanho perto do jumento. Se o jumento for agressivo com o rebanho ou tiver medo deste (ou vice-versa), remova ele imediatamente.

     

    Não se sabe o número máximo de animais que um jumento pode proteger, mas não deve ser usado para mais de 200. Jumentos não são muito úteis em áreas com vegetação cerrada, onde o rebanho pode se dispersar.


    Existe uma exceção para a regra de apenas um jumento por rebanho: jumentas com filhotes mamando. Nessas ocasiões elas  se tornam muito protetora e o jumentinho nascendo com o rebanho tem maiores possibilidades de se tornar um jumento de guarda também.

     

    Remova o jumento do convivio das fêmeas do rebanho prestes a parir, e só introduza os filhotes quando estes estiverem prontos para ir ao pasto.

    segunda-feira, 13 de setembro de 2010

    A Neurofisiologia da Marcha Batida


    Serão as marchas um salto evolutivo sobre o trote?

    As marchas são os andamentos intermediários do animal marchador, executados em quatro tempos, e que substitui o trote em algumas famílias de Equinos e Asininos. Elas representam um dos temas mais controvertidos do ‘mundo do cavalo’.

    Até a presente data, a maioria dos livros que trata dos andamentos ou andaduras descreve a marcha como sendo “artificial”, isto é, ensinada pelo homem. Entretanto, os modernos estudos da neurofisiologia do exercício nos ensinam que todos os movimentos de uma espécie animal foram incorporados através de mutações milenares e, por seleção natural, passaram a fazer parte do ‘elenco’ de movimentos daquele tipo de animal. animal, mas apenas aprender a utilizar os movimentos naturais que o animal possui (Rooney 1974).

    O mais antigo vestígio de animais marchadores foi descoberto na África pelo paleontólogo americano Dr. E. Renders. Os rastros fossilizados encontrados na lava vulcânica de Laetoli, na Tanzânia, tem cerca de 3,5 milhões de anos e pertencem ao Hipparion, uma espécie de eqüida tridáctilo, um dos ancestrais do moderno Equus caballus. Até a publicação dos estudos do Dr. Renders a ciência não sabia se as marchas eram de origem genética ou se eram andamentos artificiais, ensinados pelo homem (MacFadden 1992).

    No passado, com a descoberta de animais marchadores na Espanha alguns estudiosos propuseram a teoria de que, em sua origem, teria sido marchador e que através da sua evolução tivesse se tornado trotador. Entretanto, isto contraria as leis da evolução propostas por Darwin e outros cientistas que afirmam que a evolução biológica começa com formas primárias e através de mutações e da seleção natural transformam-se em espécies mais complexas. A marcha, executada em quatro tempos é, do ponto de vista da biomecânica, uma dinâmica mais complexa do que o trote, executado em apenas dois tempos. Portanto é mais razoável se supor que a marcha seja uma evolução sobre o trote do que o contrário.

    Eu, particularmente, acredito que algumas famílias, animais inicialmente trotadores, desenvolveram a capacidade de se movimentar com a segurança do passo e com a velocidade do trote ao se deslocarem por terrenos vulcânicos e lamacentos das eras eocena e miocena. As marchas, por serem andamentos executadas em quatro tempos, exigem complexidade neurofisiológica superior aos andamentos executados em dois tempos – o trote e a andadura.

    O resultado prático das marchas na dinâmica dos equinos e asininos é que nenhum outro tipo de animal avança com mais firmeza sobre qualquer terreno – seja ele duro ou escorregadio – com a segurança que este andamento quaternário oferece aos  marchadores. No seu deslocamento, a cada passada, este animal terá no mínimo um pé em contato com o solo, evitando assim os momentos de suspensão total típicos do trote. A marcha poderá atingir a velocidade de até 18km/hora sem perder a segurança do passo. Este fenômeno biomecânico deu aos marchadores uma vantagem evolutiva sobre os trotadores nas regiões supracitadas. As marchas são, sem dúvida, uma evolução sobre o trote e que ajudaram a dar longevidade filogenética. O próprio Dr. Renders concluiu que a marcha no animal moderno poderia substituir, com vantagem, o trote (Renders – The gait of Hipparion from fossil footprints in Laetoli, Tanzânia, publicado na revista Nature).

    Entre os marchadores existe um grande número de tipos de andamentos marchados e que na antigüidade foram amplamente explorados para a montaria. A habilidade neurofisiológica que dava grande estabilidade na locomoção do marchador dava também grande comodidade ao seu cavaleiro, uma vantagem no relacionamento simbiótico homem-animal. Sabemos que as cavalarias dos hunos, turcos e mongóis, as melhores do mundo, eram formadas essencialmente por cavalos marchadores. Até hoje os animais das estepes da Mongólia, os resíduos das cavalarias conquistadoras de Genghis Khan e seus sucessores, são na sua maioria animais de andamentos marchados. Hoje, com melhor compreensão da biomecânica podemos dividir os andamentos marchados em dois grupos principais: os andamentos conhecidos no Brasil como marcha picada e marcha batida. As demais modalidades são provavelmente variantes destes dois tipos, sendo algumas mais lateralizadas, à semelhança da picada, e outras mais diagonais, à semelhança da batida. Outras são apenas o aumento da velocidade do andamento original (nos Estados Unidos chamado de ‘rack’ e no Brasil conhecido por ‘guinilha’). Para o cavaleiro, a marcha picada e a marcha batida se apresentam muito úteis, mas com propostas diferentes. A marcha picada é mais ‘macia’ e desestabiliza menos o cavaleiro inexperiente ou débil. Este andamento não deve, entretanto, ser utilizado para uso esportivo – não por uma deficiência doanimal, mas do cavaleiro: o sistema nervoso humano não é capaz de se coordenar neurofisiologicamente com a velocidade do seu ritmo quaternário de toques eqüidistantes – 1, 2, 3, 4. O homem, por ser bípede, só tem facilidade de coordenação em dois tempos e a sua coordenação com a movimentação do animal é essencial nos esportes. O trote é em dois tempos e a marcha batida, apesar de ser em quatro tempos, tem os momentos das trocas de apoio bem perceptíveis. Por isso o uso da marcha picada e suas variantes são indicados apenas para as cavalgadas, passeios e romarias, que não exigem do usuário uma equitação de precisão.

    A marcha batida poderá se revelar o melhor andamento para a equitação clássica. Este deslocamento, também em quatro tempos, mas com os toques dos cascos soando de dois a dois — 1,2 /3,4 – é ótimo para a equitação esportiva. A marcha batida permite a total união neurofisiológica entre o animal e o cavaleiro dispensando o senta-levanta do trote. A marcha batida dá a posição correta ao cavaleiro na sela e permite ao conjunto executar todas as transições com mais comodidade para o cavaleiro e maior harmonia do conjunto. Com a nova compreensão da neurofisiologia da equitação não podemos deixar de vislumbrar a volta do animal de marcha batida para os esportes modernos como sendo a maior contribuição para a equitação clássica desde que Caprilli, há cem anos, inventou o “assento adiantado”. Acredito que as deficiências estruturais que a média dos animais de marcha ainda carrega por falta de uma seleção zootécnica mais rigorosa para a equitação avançada, poderão ser superadas, de modo endogâmico, através do cruzamento e seleção animais puros da raça que possuem as qualidades desejadas. Com os recursos da moderna zootecnia eqüina, em algumas gerações poderá se chegar ao animal de marcha batida com o padrão mundial de potência. No século 21 o animal de marcha batida, poderá se revelar a Ferrari dos animais modernos. E o Brasil, o maior criador de cavalos e jumentos de marcha do mundo, poderá se posicionar como o melhor produtor internacional deste tipo de animal.

    sábado, 11 de setembro de 2010

    Programa de Melhoramento Genético e Banco Genético da Raça Pêga

    Prezados criadores,

    A raça Pêga é muito jovem, e precisa ser conduzida com seriedade e respeito. Temos poucos animais e precisamos utilizá-los com critérios, respeitando as leis da Genética e suas qualidades e defeitos. Devemos evitar consangüinidade e utilização de animais que não vão acrescentar qualidades a sua descendência.

    Conversamos com alguns criadores e técnicos e tivemos apoio para iniciar um programa de preservação e melhoria da raça.
    Solicitamos aos criadores interessados que nos retornem o mais rápido possível, através de e-mail, telefone ou por escrito.

    O criador que tiver animais de qualidade, registrados ou controlados e quiser contribuir com o programa, deve disponibilizar um animal ou mais para que possamos avaliar e utilizá-los em cruzamentos com outros animais de outros criadores. Poderemos efetuar o transporte destes animais ou inseminar as jumentas.

    Os produtos serão de propriedade da Associação e dos criadores que participarem do programa. Estes produtos quando adultos serão utilizados em todos as fazendas que tiverem interesse, com critérios que serão estabelecidos. Alguns animais poderão ser vendidos, com preferência de compra dos participantes do projeto, para proporcionar renda a Associação e disseminar suas qualidades.

    Assim acreditamos que estaremos preservando a raça e aumentando as chances de obtermos animais melhoradores.

    Porque atualmente temos bons animais que devido às distâncias ou perfil dos criadores nunca serão utilizados por ninguém mais que seu proprietário, e este animal poderia contribuir muito para a raça.

    Quanto mais animais de qualidade existirem mais rápido a raça vai evoluir e alcançar uma média de animais superiores.

    Contamos com a compreensão e apoio dos criadores.

    Atenciosamente,

    A Diretoria

    Autor:ABCJPÊGA

    sexta-feira, 10 de setembro de 2010

    Porque a mula é infértil?

    No desenvolvimento das espécies, quando duas linhagens se distanciam no seu processo evolutivo, vão gradativamente se especializando e modificando seu genótipo por mutações e seleção natural, de tal forma que muitas vezes, um retorno a uma espécie comum torna-se impossível. Isto ocorreu com inúmeros animais, mas o caso do cavalo e do jumento é o que melhor ilustra este fato.

    As duas espécies saíram de um tronco comum e se mantiveram isoladas, sem misturar seus genes, desenvolvendo características diferentes de acordo com a seleção natural: O cavalo que vivia em grandes manadas nas pradarias, desenvolveu maior musculatura, cascos largos, temperamento explosivo, rapidez e agilidade para fugir dos predadores. Já o jumento, que teve durante muito tempo seu habitat em regiões desérticas, montanhosas e rochosas do norte da África e Oriente Médio, sofreu menor pressão de seleção natural para a fuga, tornando-se um animal mais observador e desconfiado.

    O desenvolvimento independente provocou o aparecimento de duas espécies diferentes: o cavalo com 64 cromossomos e o jumento com 62.                       

    O cruzamento entre estas duas espécies produz o Muar ou o Bardoto (2n=63),  ambos considerados híbridos.

    A primeira explicação da esterilidade do híbrido foi dada por Wodsedalek em 1916 que sugeriu como motivo da não produção de espermatozóides pelo macho, um bloqueio na meiose devido à incompatibilidade dos cromossomos dos pais. Em 1973, Taylor e Short demonstraram que um bloqueio parcial da meiose ocorria também na fêmea híbrida, provocando um baixíssimo estoque de oócitos ao nascimento.

                Entretanto, nos últimos 200 anos existem por volta de 60 registros de mulas  paridas em todo o mundo, sendo que apenas nas ultimas duas décadas houve confirmação pelo exame do cariótipo. Na maioria destes casos o produto das mulas tem cariótipo de Jumento, Cavalo ou Muar, dependendo do reprodutor usado e dos cromossomos presentes no ovócito. Henry e al. acompanharam vários partos de uma mula em Minas Gerais cruzadas tanto com cavalo quanto com jumento e as crias tinham o nº de cromossomos igual ao do reprodutor usado e eram férteis, portanto houve uma volta para uma das duas espécies originais Apenas em um caso na China com uma bardoto fêmea e outro mais recente em Marrocos de uma Mula parida, constatou-se um cariótipo intermediário, não sendo possível classificá-lo nem como Jumento, nem Mula e nem Cavalo. www.mulaparida.com

    Uso da Mula como receptora

    Como características externas, uma boa égua receptora deve possuir as duas tetas funcionais, bom porte, baixa exigência nutricional permanecendo sempre com aspecto de bem nutrida, pêlo liso e boa habilidade materna, (termo que inclui, além da produção de leite, cuidados com a cria como deixar mamar e ter bom instinto de proteção.). Além disto serem dóceis e de fácil manejo.

    Como histórico, devemos saber: costuma perder o embrião? Intervalo entre partos de um ano? Sempre desmama potros desenvolvidos?

    Ao exame ginecológico, deve possuir vulva em posição vertical e com bom fechamento, todo o sistema reprodutivo de tamanho normal, útero com tônus e cérvix fechada na fase progesterônica e cérvix aberta e presença de edema na fase estrogênica, alem de boa drenagem uterina: sem líquidos na luz uterina e nem cistos endometriais. Os ovários devem ser normais e de preferência ativos.

    Com estas premissas em vista, os veterinários Euler Andrés Ribeiro e Marcelo de Oliveira Mello, especialistas em reprodução eqüina radicados em Entre Rios de Minas, resolveram testar o uso de mulas como receptoras de embrião e criaram o projeto MULA PARIDA.

    Na estação de monta 2006 / 2007, cinco mulas foram usadas para o teste na fazenda Sta Edwiges em Lagoa Dourada, criatório tradicional de muares e jumentos da raça Pega.

    O trabalho consistiu em avaliar criteriosamente as receptoras, descartando as que não se enquadrassem no padrão exigido, inseminar as éguas, acompanhar a ovulação  e fazer a transferência do embrião no D8 para 5 “mulas de elite”. Devido à dificuldade de se sincronizar as ovulações das mulas com das doadoras, observado por Davies (1985) e Camillo (2003), foi optado por adaptar para as mulas, protocolo hormonal de progesterona. Segundo os trabalhos publicados em todo o mundo, até então toda tentativa de se usar protocolo de progesterona para manter gestação em mulas havia fracassado (Camillo 2003). No presente trabalho, foram transferidos um total de sete embriões para 5 mulas em 3 períodos de cio diferentes: três animais foram diagnosticadas como gestantes aos 14 dias e um animal perdeu o embrião logo após.

    O criatório de jumentos Pega da fazenda Santa Edwiges é um dos melhores do país, sendo o seu proprietário, Tarcísio Resende,  grande entusiasta do uso da tecnologia aplicada à agropecuária.

    Autor:ABCJPÊGA

    quinta-feira, 9 de setembro de 2010

    Raças de Jumentos – Parte 18

    Mais algumas raças para vocês conhecerem…
  • Selvagem da Anatólia

    O Equus hemionus anatoliensis é uma das sub-espécies do jumento selvagem asiático também chamados de Hemión ou Onagro (palavras procedentes do grego que significam respectivamente asno médio e asno selvagem), são parecidos com os jumentos domésticos mas são mais robustos, de tamanho maior e possuem cabeças maiores que estes. Os Equus hemionus se diferenciam dos jumentos africanos por possuirem orelhas menores, e por não possuirem listras negras nos membros (caracteristica perdida também na maioria dos jumentos domesticos). (As fotos abaixo são de Equus hemionus de diferentes sub-espécies)

    Equus hemionus kulan.JPGimage44_thumbIndischer Halbesel oder Khur

    A pelagem varia segundo a sub-espécie, oscilando entre o amarelado e o negro, sendo que o leonino é o mais frequente. Sua altura na cernelha é de cerca de 1,30m. São animais velozes, chegando a até 70 km/h em trajetos curtos, e também são bem resistentes, capazes de se mover pelo deserto a velocidades acima de 20km/h durante 120 minutos enquanto procuram por poças dágua novas para beber e se alimentar dos arbustos. Podem passar bastante tempo sem beber água, mas sua resistência é menor que a dos camelos, por essa razão esses jumentos só se encontram perto das fontes de água que utilizam e não as abandonam a menos que seja estritamente necessário.

     

    O Equus hemionus anatoliensis estava distribuido pela Asia Menor e zonas proximas, foi  a primeira sub-espécie a ser extinta por volta de 1700.

     

    • Onagro Persa

    O Equus hemionus onager é uma das sub-espécies do jumento selvagem asiático também chamados de Hemión ou Onagro. è a sub-espécie mais conhecida e melhor estudada. Até o século XIX se encontrava presente em quase toda a Pérsia Kazaquistão e inclusive em alguns locais da Rússia Europeia e Ucrânia, mas a sua distribuição se reduziu tanto que hoje só se encontra em áreas protegidas no noroeste do Irã e Uzbekistão. è caracterizada pela sua pelagem leonina e crinas curtas e escuras.

     

    • Selvajem Indio

    O Equus hemionus khur, chamado também de  khur ou ghorkar, é uma sub-especie do Equus hemionus de pelagem mais acinzentadoa que se encontra em estado crítico de extinção. Costumava ser encontrado por todo o Afeganistão e sudoeste Iraniano, hoje habita o Paquistão e  o noroeste da India, mas só se vê eles realmente na provincia de Gujarat no Rann of Kutch (onde existe um santuário para jumentos).

    image_thumb112

  • quarta-feira, 8 de setembro de 2010

    Mula ajudando no cuidado com bezerros

    Recebi esse video e tive que postar aqui. Os muares realmente tem 1001 utilidades!

    terça-feira, 7 de setembro de 2010

    Psicologia Básica para Muares II

    Agora que todos conhecem as regras podemos começar. O maior erro que as pessoas tendem a cometer em relação ao treinamento dos muares é não identificar os comportamentos menos favoráveis. Em outras palavras, sabem que o muar está fazendo algo que não é certo ou sabem que deu a resposta errada ao treinamento, mas não conseguem descobrir qual é a causa ou razão daquele comportamento.


    Os equipamentos de treinamento são aplicados repentinamente, e para piorar o dono está frustrado, a mula sente isso e a ansiedade aumenta. Normalmente, um mal habito se desenvolve rapidamente como resultado e é seguido de uma ligação para o treinador.

     

    E se você recebesse um manual de instruções junto com o seu muar? Um livreto que explicasse todos os seus temperamentos e o como e os porques de todos os seus humores e comportamentos? Você se sentiria menos intimidado por ele, se você pudesse entende-lo claramente? Você teria mais confiança nos seus ensinamentos se possuisse esse conhecimento? Você é capaz  de agir e aplicar o que sabe quando necessário, e rapidamente fazer uma analise da situação em cada incidente de treinamento com uma mente aberta e objetiva? Você consegue ser criativo no treinamento para que você e o seu muar se mantenham interessados? Você se sentiria mais a vontade nas suas técnicas de treinamento se você soubesse como funcionam as mentes dos hibridos?

     

    Sim, existem regras que são preto e branco, quando se lida com muares. Os muares não se importam nem um pouco com o que você pensa, você sim, deve se importar e muito com o que o seu muar pensa. Perceba que não podemos mudar a maneira como pensam, o que podemos é ajustar suas atitudes, sendo mais inteligentes podemos pensar do seu modo.  Podemos apresentar nossos metodos para eles de uma maneira que eles gostem. Falar o que ele quer ouvir. Tudo isso porque sabemos que os muares aprendem mais quando ensinam a si mesmos, e não quando você e eu tentamos implementar algo ao seu mundo.

     

    Para obtermos sucesso, nós os treinadores, não temos escolha, temos que aprender a linguagem dos muares. Dessa forma podemos manter suas mentes frescas e dispostas. Não é o coração, mas a disposição que vai fazer com que você alcançe o seu objetivo. Temos de aprender a sua língua, para que possamos comunicar nossos desejos e obter respostas positivas e favoráveis no seu treinamento.

     

    Essa é a chave de um instrutor bem-sucedido. Mantenha a mente aberta, e crie situações em que ambos mula e
    cavaleiro saiam ganhando.

    segunda-feira, 6 de setembro de 2010

    Psicologia Básica para Muares I – As Regras

     

    Como um professor que tem que se identificar e entender seus alunos você deve desenvolver a habilidade de identificar problemas de comportamento para que possa se relacionar com o seu muar. A primeira coisa a ser feita é adotar algumas regras que não podem ser quebradas.


    1) Ninguém se machuca – nem você, nem seu muar. Por causa dessas regras, riscos e atalhos não serão tomados. Nunca!  
    2) Tenha um objetivo, ou propósito, em mente e tente atingi-lo. Nunca perca ele de vista, nem o comprometa.  
    3) Leia o máximo que puder, e não se fixe em uma coisa apenas. Aprenda as várias técnicas de montaria e nunca perca o interesse em aprender. O aprendizado deve ser um projeto de vida, e nunca aprenderemos tudo.
    4) Treine sua mula rapidamente e eficientemente. Porque rapidamente? Simples, os muares são animais que gostam de ir direto ao ponto, você pode aborece-lo caso prolongue o treinamento.

    5) Treine o muar com o menor número possivel de conflitos. mantenha os desentendimentos no nível mínimo.
    6) Aprenda as diferentes linguagens do muar, para que possa falar a lingua dele, dessa forma você reduz o número de conflitos.

    7) Dê ao muar mérito por sua inteligência. Mas mérito demais por causa do seu QI pode te trazer problemas tanto quanto não dar. 
    8) SEMPRE dê a punição na medida do crime quando for corrigir o seu muar. NUNCA puna mais do que o que deve e NUNCA perca a cabeça. Você pode se aborrecer, mas não perca o controle.  Quando a punição adequada for dada, esqueça e siga em frente. 
    9) Quando VOCÊ cometer um erro, perdoe a si mesmo e perdoe o seu muar, siga em frente e aprendam juntos.
    10) Recompense sua mula por bom comportamento com trabalhos amigáveis, acariciando seu pescoço e/ou dando prendas.
    11) Quando acontecerem problemas de comportamento, pare, observe e descubra o porque. Investigue, será que algum equipamento está causando dor ao muar? Será que está precisando de um tempo de descanso? Precisa de uma mudança na rotina? Você é o professor e é sua responsabilidade descobrir o que está incomodando o seu aluno.
    12) Respeite seu muar, e permita que ele seja ele mesmo. Isso mesmo, permita que ele seja um muar e aja como tal. Que seja único, corajoso, cauculador, inquisitivo, suspeito, independente, atlético, permita que ele seja essa criatura híbrida que ele é. Alterar o comportamento é uma coisa, mas mudar ele é outra coisa completamente diferente. 

    sábado, 4 de setembro de 2010

    Vicios do Adestramento

    Sem sombra de dúvidas, mais de 90% dos vícios de doma e treinamento são desenvolvidos pelo mal uso de embocaduras, em especial o bridão. E logo esta, considerada a embocadura de principiantes.

     

    O bridão exerce ação elevatória da cabeça, favorecendo um dos vícios mais comuns: o posicionamento excessivamente elevado da cabeça. O segundo vicio de ocorrência mais comum é o chamado “ponteiro”, aquele que lança seu focinho à frente, atitude provocada pela má flexão da nuca. O uso do bridão não favorece o desenvolvimento de uma boa flexão da nuca. Outros vícios decorrentes do uso do bridão são: abrir e fechar a boca, pendular a cabeça.

    sexta-feira, 3 de setembro de 2010

    Banho para cascos


    Nesse tempo seco é essencial que os cascos dos jumentos recebam hidratação. Felizmente, o melhor umidificador para cascos é de graça – água! Quando um jumento criado á campo vai beber água, ele passa algum tempo com os cascos submersos na água, enquanto bebe e se refresca, isso previne os cascos contra ressecamentos e os mantém elasticos e flexiveis. Cascos secos são como carros sem amortecedores, não absorvem o impacto. Cascos secos também dificultam a circulação sanguinea, o que pode levar a diversos problemas de casco.

    De acordos com Dr Hiltrud Strasser, no livro A Lifetime of Soundness, 10-15 minutos de imersão na água é suficiente para manter o casco saudável. Infelizmente, animais de cocheira bebem de recipientes acima do nível do solo, o que torna impossivel essa imersão. Portanto cabe ao proprietário prover uma solução para esse problema. Existem várias maneiras de se fazer isso, cito algumas sugestões abaixo (infelizmente tive que usar fotos de cavalos para demonstrar):

    • Construa uma banheira para os cascos

    A banheira acima é feita de concreto, simples e bem custo-eficiente. Pode ser feito um cocho para ração na frente para complementar e economizar tempo.

     

    • Converta uma baia de cobertura.

    Essa baia de cobertura foi facilmente transformada numa banheira para cascos usando tapetes de borracha e enchimentos de silicone.

     

    • Baldes e botas para o casco

    Utilizar baldes é uma maneira barata para molhar os patas do seu animal, mas só é recomendada para animais bem treinados. Botas para o casco é outra grande idéia, dessa forma fica preso a pata do seu animal. Outra ideia é usar camera de pneu, que pode ser cortada para vestir o casco e amarrado na pata.

    • Poças

    Porque consertar poças se elas podem ser benéficas ao seu animal? Contanto que elas sejam fundas o suficiente para cobrir todo o casco elas são uma ótima maneira de banhar os cascos. Uma solução mais permanente é cavar um buraco e revestir com plastico ou borracha, um pedaço velho de carpete pode ser usado para evitar que o animal escorregue.

    • Na trilha

    Para aqueles que possuem rio ou mar perto essa é uma maneira divertida de molhar os cascos do seu animal.

    quinta-feira, 2 de setembro de 2010

    TV Muares

    A TV Muares, programa de Helinho Lelis vai voltar ao ar apartir de 13 de setembro de segunda-feira a sexta-feira no Terraviva.

     

    Das 06:45h as 07:00h da manhã

    Transmissão Canal Terraviva via Parabolica e SKY 104 e pelo site www.tvterraviva.com.br

    A TV MUARES É A PRIMEIRA MÍDIA PERMANENTE DE ASININOS E MUARES NA TELEVISÃO BRASILEIRA FUNDADA NO ANO DE 2000 PELO SEU PROPRIETÁRIO HELINHO LELIS

    quarta-feira, 1 de setembro de 2010

    Raças de Jumentos – Parte 17

    Mais algumas raças para vocês conhecerem…
    • Grigio Siciliano (Cinza Siciliano)/ Ferrante

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    A origem do jumento Cinza da Sicília, também conhecido como ‘Ferrante’, é muito antiga. De acordo com Chicoli (1870) existiam duas raças de jumentos na Sicília, uma raça comum de trabalho, de tamanho pequeno e pelagem desigual com a parte de baixo do corpo branca; e a raça Pantelleria, utilizada para sela nos estabulos das pessoas de classe alta.  Mais tarde, Mascheroni (1927) levantou que existiam duas sub-raças, uma das proveniente das provincias do leste (similar à raça Apulian – Martina Franca) e outra das provincias do oeste (similar a raça Pantesco/Pantelleria), que foi descrito como de pelagem totalmente cinza, de tamanho pequeno, com proporções que não são tão elegantes ou perfeitas com as do jumento Pantelleria.


    Hoje existem por volta de cem exemplares desse jumento, muito rusticos, acostumados a viver livremente, dividindo a relva com outros animais selvagens.

     

    Mede estre 120-128 cm na cernelha. Os animais atuais são mais baixos que os encontrados em 1927 (132-135 cm).

     

  • Parlag / Parlagi / Parlagesel

    Parlag Donkey 
    O Parlag é um jumento Húngaro que chegou até lá através dos Celtas, mas os Romanos tiveram bastante influência na sua formação. Como muitos outros, esse jumento teve seu número reduzido por falta de utilidade no mundo moderno. Hoje sua linhagem é mantida por criadores que os criam como hobby na parte central da Hungria. 

  • Anatólio

    Pode ser encontrado por toda a Turquia, não só na Anatólia. Esse jumento pode ser visto com pelagem em tons variados de preto ou cinza. No momento não existe nenhum recurso de dados confiáveis para jumentos na Turquia. Não existe nenhum programa de conservação.

     

  • Karakacan

    Encontrado na Turquia. A palavra Karakacan é algumas vezes usada como gíria para jumento. De acordo com a literarura disponível os Nômades de Karakacan não utilizavam o jumento.

     

  • Merzifon

    Encontrado na Turquia. É uma raça indigena da região (Merzifon é um distrito rural da provincia de Amasya, na região do Mar Negro)