Apesar dos consideráveis avanços na reprodução equina durante os últimos 20 anos, a morte embrionária precoce (MEP) permanece pouco compreendida e representa uma importante causa de perdas econômicas na criação de cavalos (Morris e Allen, 2002).
A morte embrionária precoce em éguas é definida, apesar de não haver um consenso na literatura, como a perda gestacional que ocorre da fertilização até os 40 dias de gestação, o que corresponde ao momento de transição do estágio embrionário para o estágio fetal de desenvolvimento do concepto (Ginther, 1992). A perda gestacional que ocorre a partir dos 40 dias é definida então como morte fetal ou aborto.
O diagnóstico de perda embrionária precoce e o reconhecimento dos fatores que contribuem para sua ocorrência tomaram grande impulso com o uso da ultrassonografia. Utilizando-se a palpação transretal, as incidências estimadas de morte embrionária e perda fetal precoce em éguas variam de 7% a 16%. (Bain, 1969; Merkt e Gunzel, 1979). Através de exame ultrasonográfico, realizado entre 11 e 50 dias de gestação, variou entre 5% e 24% (Chevalier e Palmer, 1982; Ginther et al., 1985; Woods et al., 1987).
O diagnóstico de MEP é feito por palpação transretal e exames ultrassonográficos seriados, quando verifica-se a ausência da vesícula embrionária, após, pelo menos, uma identificação positiva ou, em alguns casos, quando se observam alterações da morfologia da mesma, tais como redução do seu diâmetro, irregularidades do contorno e ausência de batimentos cardíacos do embrião a partir de 25 dias (Chevalier e Palmer, 1982; Ginther et al., 1985). Outros indicativos são a presença de líquido uterino, a mobilidade prolongada da vesícula e o crescimento lento da mesma.
Morte embrionária antes de 20 dias de gestação pode ocorrer sem que essas anormalidades sejam observadas (Ginther et al., 1985). O diagnóstico ultrassonográfico é realizado geralmente a partir dos 11 dias de gestação. Para o estudo das perdas no período anterior aos 11 dias, utilizam-se técnicas de reprodução assistida como a transferência de embriões, transferência de oócitos e o cultivo embrionário in vitro (Ball et al., 1987).
Estudos têm mostrado de 5 a 30% de incidência de morte embrionária precoce em éguas. Vários fatores são apontados como responsáveis pela ocorrência da MEP, como gestação gemelar; nutrição desbalanceada; ingestão de plantas estrogênicas e efeito do fotoperíodo; uso de monta natural ou inseminação artificial; lactação e “cio do potro”; endometrites e outras infecções do sistema genital; anormalidades cromossômicas e deficiências hormonais; hormônios esteróides; falha no reconhecimento materno da gestação e secreção insuficiente de gonadotrofina coriônica equina (eCG); fatores imunológicos; e ainda uma alta incidência relacionada à individualidade do garanhão.
Os fatores que podem contribuir para a ocorrência de morte embrionária na égua são classificados como intrínsecos, extrínsecos e embrionários. Fatores intrínsecos incluem doença endometrial, deficiência de progesterona, idade materna, categoria reprodutiva da égua, e o momento da inseminação/cobertura em relação à ovulação. Os fatores extrínsecos incluem estresse, nutrição inadequada, estação/clima, individualidade do garanhão e/ou processamento e manipulação do sêmen, bem como a manipulação para técnicas de reprodução assistida. Finalmente, os fatores embrionários estão relacionados com anormalidades cromossômicas e outras características inerentes ao embrião (Ball, 1988).
Fonte: OuroFino Agronegócios
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