Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mais de 200 burros e mulas desfilam em Feira de Santana, na BA

 

Montadores exibiram a boa forma dos animais.
Estado concentra o maior rebanho de burros e mulas do Brasil.

Video:

http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/ruas-de-feira-de-santana-ba-sao-tomadas-por-burros-e-mulas/1831144/

Os burros e mulas tomaram as ruas de Feira de Santana, na Bahia, no fim de semana. Durante um encontro de muares, os criadores aproveitaram para desfilar com os animais para incentivar a criação no estado, que já concentra o maior rebanho do país.

Este foi o terceiro encontro de criadores de burros e mulas, animais também conhecidos como muares, que é o resultado do cruzamento da égua com o jegue. Os muares estão sendo muito valorizados no interior da Bahia. A criação, que não exige muitos recursos, é mais barata e os animais são bem mais resistentes do que os cavalos.

Os animais são domesticados, bonitos e muito bem tratados como o burro Nego Rico, nome que ganhou carinhosamente do dono, o criador Carlos Alberto Souza. Nego Rico vale mais de R$ 50 mil reais.

De acordo com o IBGE e a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, o estado concentra o maior rebanho de burros e mulas do Brasil, com 291 mil cabeças, o que representa quase 23% do rebanho nacional.

Mais de 200 burros e mulas desfilaram pelas ruas de Feira de Santana em 30 quilômetros de marcha que chamavam a atenção por onde passavam. Ao som da entoada, os montadores exibiram a boa forma dos animais e se divertiram durante desfile.

Fonte: Globo Rural 27/02/2012

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Andarilho - Tropeiros

 

Programa Andarilho, exibido na TV Cultura de Itabira, sobre o tropeirismo. As gravações foram realizadas durante a Festa do Museu do Tropeiro, em Ipoema - MG. O evento é uma das principais manifestações culturais da Estrada Real.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Sobre os Jumentos

 

Há consenso de que o ancestral mais provável do jumento doméstico (Equus asinus) é a subespécie Nubiana do jumento selvagem Africano, no entanto, a história da sua domesticação é pouco conhecida. Os primeiros restos mortais conhecidos do jumento domesticado são do quarto milênio AC encontrado um site em Ma'adi, Baixo Egito. A domesticação da única contribuição da África para as principais espécies da pecuária mundial veio muito tempo depois da domesticação de ovelhas, cabras e gado no Sudoeste da Ásia (oitavo e sétimo milênios AC). É provável que povos pecuáristas na Núbia, na área de distribuição do asno Nubiano selvagem, desenvolveram pela primeira vez o jumento doméstico como uma besta de carga. O jumento era para substituir o boi - que tinha a desvantagem de exigir um período de descanso para ruminar - como o animal de carga chefe. O jumento domado era facilmente conduzido por qualquer tipo de cabresto disponível e podem ser treinados para seguir uma rota por conta própria. Efeitos iniciais de domesticação do jumento foram o aumento da mobilidade dos povos pastorais e, talvez, o nomadismo de verdade, em que famílias inteiras em vez de apenas os homens podiam seguir seus rebanhos de pastagem em pastagem.

Jumentos eram vitais no desenvolvimento do comércio de longa distância através do deserto egípcio. Antes de as primeiras pirâmides serem levantadas, tropas dirigiram-se do baixo Wadi Hammamat do Vale do Nilo até o Mar Vermelho para negociar com a Arábia.

Jumentos eram mantidos em grandes rebanhos no Egito antigo. Nas tumbas da dinastia IV (ca. 2675-2565 AC) existem indicações que pessoas ricas e poderosas possuiam rebanhos com mais de mil cabeças. Além de seu uso como animal de carga, os jumentos foram empregados para pisar sementes na várzea fértil do Nilo e da debulha da colheita. Em outros lugares, as matrizes eram mantidas como animais leiteiros. Leite de jumenta possui mais açúcar e proteína do que o leite de vaca e era utilizado tanto como alimento, como na medicina, e como um cosmético para promover uma pele branca. Carne de jumento também fornecia alimento para várias pessoas.

O jumento foi dispersado fora do Vale do Nilo e, finalmente, atingiu todos os continentes habitáveis. Os jumentos estavam no sudoeste da Ásia no final do quarto milênio AC. Por volta de 1800 aC, o centro de criação de jumentos tinha se deslocado para a Mesopotâmia. Damasco, conhecida como a cidade dos jumentos com escrita cuneiforme e um centro de comércio de caravanas, tornou-se famoso pela sua raça de jumentos brancos grandes para montaria. Pelo menos três outras raças foram desenvolvidas na Síria: uma outra raça de sela, com uma marcha fácil e graciosa para as mulheres, e uma raça forte para arar. Na Arábia, o Muscat ou jumento Iêmen foi desenvolvido. Este jumento forte, de cor clara, ainda é usado em caravanas e também como um animal de sela.

No segundo milênio AC o jumento já havia sido levado para a Europa, provavelmente acompanhando a introdução da viticultura. Na mitologia grega o jumento está associado a Dionísio, deus do vinho da Síria. Os gregos trouxeram a videira e o jumento para suas colônias ao longo da costa norte do Mediterrâneo, incluindo as da Itália, França e Espanha. Romanos mais tarde continuaram a dispersão na Europa até os limites de seu império.

Um navio de abastecimento para Cristóvão Colombo em sua segunda viagem trouxe os primeiros jumentos para o Novo Mundo em 1495. Quatro jumentos e duas jumentas estavam entre o estoque de gado entregues a Hispaniola. Eles produziram mulas para expedições dos conquistadores no continente americano. Dez anos após a conquista dos astecas, o primeiro carregamento de doze jumentas e três jumentos chegaram de Cuba para iniciar a reprodução de mulas no México. Mulas eram preferidas para animais de sela, enquanto os burros eram usados ​​como animais de carga ao longo das trilhas que vinculavam o império espanhol. Mulas, burros e bardotos foram utilizados nas minas de prata. Ao longo da fronteira cada posto avançado espanhol teve que produzir seu próprio suprimento de muares, e cada fazenda ou missão mantinha, pelo menos um jumento reprodutor.

O fluxo principal de jumentos para o oeste dos Estados Unidos provavelmente veio com as corridas do ouro do século XIX. Muitos dos garimpeiros eram mexicanos e o jumento era o seu animal de carga preferido. O prospector solitário e seu jumento se tornou um símbolo do Velho Oeste. No entanto, jumentos também foram importantes nas operações de mineração nos desertos. Eles carregavam água, madeira e máquinas para as minas; transportado carregamentos de minério de ferro e rocha para fora dos túneis da mina, e levavam sacos de minério para as usinas, onde outros jumentos rodavam as usinas necessárias ao minério.

O fim do boom da mineração coincidiu com a introdução da ferrovia no oeste americano. A época do jumento tinha chegado ao fim. Quando as minas foram fechadas e os garimpeiros foram embora, os animais perderam o valor e vários foram soltos. Tendo originalmente evoluido no deserto do Egito, estes animais resistentes tiveram poucos problemas nos desertos americanos. Populações de jumentos livres permanecem até hoje.

Jumentos hoje estão se tornando cada vez mais populares nos Estados Unidos e Canadá, como animais de recreação e companheiro. Eles são montados ou usados ​​para puxar carroças e ainda funcionam como animais de carga em aventuras selvagens. Em fazendas são utilizados para apartar bezerros. Um novo papel para o jumento está se desenvolvendo, alguns os estão usando como animal de guarda, defendendo rebanhos de ovelhas de cães e coiotes.

Fonte: International Museum of the Horse, Reproduzido de HORSES THROUGH TIME editado por Sandra L. Olsen

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Vantagens do uso da Mula como receptora

 

- As mulas são muito saudáveis e têm grande longevidade, podendo gestar crias por vários anos.

- Como as mulas de sela são menos utilizadas no verão, período de entresafra dos concursos de marcha e cavalgada, elas ficam disponíveis para a reprodução.

- A exigência nutricional das mulas é menor que da égua, possibilitando boa produção de leite mesmo em condições pouco favoráveis.

- A habilidade materna é muito boa, pois além da boa produção de leite possui um instinto materno forte, defendendo a cria dos perigos.

- As mulas respondem bem ao protocolo hormonal com progesterona

- A mula é versátil, podendo receber embrião equino, muar ou mesmo asinino

Fonte: Mula Parida

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Fertilidade dos Híbridos Eqüídeo

 

Não há nenhum registro da existência de machos, tanto Burros quanto Bardotos que tenham produzido espermatozóides férteis.

Existem por volta de 60 registros na literatura de nascimento de produtos de mulas nos últimos 200 anos, sendo que poucos em publicações científicas. Apenas nas duas ultimas décadas as ocorrências aumentaram e os casos tiveram comprovação por cariótipo.

Em 1920 na Texas A&M College, uma mula pariu com jumento um animal com fenótipo de mula e era estéril. Já quando coberta por cavalo, criou um animal idêntico a cavalo e fértil.


Em 1985 Ryder et al. confirmaram por cariotipagem o produto e a mula coberta por jumento em Nebraska U.S.A.

Em 1988 Rong et al. confirmou a cariotipagem tanto do produto de uma mula
quanto do de um bardoto na China.

Marc Henry et al (1995)., no Brasil, fez o cariótipo de várias crias de uma mula fértil, tanto produtos de cruzamento com jumento, quanto com cavalo. Os produtos com cavalo tinham o cariótipo de cavalo e os produtos com jumentos tinham o cariótipo desta espécie.

Chamdley em 1988, estudando os produtos de uma mula fértil na China descobriu que o cariótipo não era nem de cavalo, nem de mula e nem de jumento, e sim uma mistura.

Em 2003, cientistas fizeram o cariótipo de um produto de uma mula no Marrocos que também mostrou uma mistura dos cromossomos 75% jumento e 25% eqüino.

Fonte: Mula Parida

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

TROPEIRO VELHO

 

História do tropeiro velho que trazia boiada das bandas de Palmas no interior do Paraná para chegar a União da Vitória e dali cruzava o rio Iguaçu para chegar a Ponta Grossa lá pelo ano de 1940. Homenagem aos últimos Tropeiros Orlando De Lima "Nego Orlando" e seu parceiro Helmute Muller " Mirtinho".

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Na rota dos caminhos da estrada real e dos tropeiros

 

Resumo
De  tempos em tempos as sociedades elegem temas históricos e os pesquisadores os trazem à luz. Um destes temas atuais, que fervilha em publicações e interesses gerais, são os caminhos da Estrada Real e os tropeiros que trafegavam por ela. Quais eram as rotas da Estrada Real e quem eram os tropeiros? Para responder a essas questões, partiremos de uma explanação geral sobre o tema para chegar ao particular, foco central deste artigo, ou seja, o desenrolar destas atividades em Itabira.

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A História, diferente do que o senso comum costuma pregar, não é imutável, e sim  algo vivo, sempre pronto a revolver-se como o magma da terra que fende a crosta. A pesquisa histórica é o descortinar de um passado que não se aquieta, que se revolta com o silêncio e com o esquec imento  e anseia desvendar-se continuamente ao presente.


O nome Estrada Real era designado para denominar os caminhos de  propriedade da Coroa portuguesa no Brasil. De acordo com o historiador
Márcio Santos, durante longo tempo elas foram as únicas vias autorizadas de acesso à região das jazidas, para circulação de pessoas, mercadorias, ouro e diamantes. Constituía-se crime de lesa-majestade a abertura de novas rotas diferentes daquelas estipuladas e fiscalizadas pela coroa. Nelas, eram colocados postos de fiscalização e controle, denominados de registros, em locais estratégicos das estradas como desfiladeiros e às margens dos rios. Os registros eram de quatro tipos: Registros do Ouro, que fiscalizavam o transporte do metal e cobravam o quinto; Registros de Entradas, que cobravam pelo tráfego de pessoas, mercadorias e animais; Registros de Demarcação Diamantina, responsáveis pela cobrança dos direitos de entrada na zona diamantífera e pela repressão ao contrabando; e Contagens, que taxavam o trânsito de animais.

Muitas destas rotas utilizadas pela Coroa já existiam antes da chegada dos portugueses, pois eram caminhos indígenas que cortavam o “sertão” de leste a oeste, de norte a sul, no meio da mata virgem, possibilitando a locomoção   de um lugar a outro. Lembremos que o povoamento do Brasil aconteceu do litoral para o interior, misterioso e desconhecido, chamado de “sertão” pelos colonizadores. Os indígenas percorriam os caminhos do “sertão” através dessas trilhas abertas no meio da mata densa e foram algumas delas que deram origem à posterior Estrada Real.

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Eram três os caminhos principais da Estrada Real: o Caminho Velho ligava Minas Gerais à cidade de Parati, no Rio de Janeiro, passando pela província de São Paulo, o que atrasava bastante as viagens que podiam durar até três meses; o Caminho Novo ligava a região das minas diretamente à cidade do Rio de Janeiro e reduzia as viagens para até dez dias. Ao longo desse caminho – aberto no meio da mata por volta de 1700, por iniciativa de Artur de Sá e Menezes, governador da capitania do Rio de Janeiro – roças, pousos, ranchos e povoados foram formados como ponto de apoio para os tropeiros, mais tarde, cidades foram edificadas naquelas paragens; o terceiro caminho da Estrada Real era o Caminho dos Diamantes, que ligava a região de Mariana e Ouro Preto ao distrito Diamantino. É neste caminho que se encontra o distrito de Ipoema, pertencente a Itabira, além de outros municípios e distritos, tais como Bom  Jesus do Amparo, Senhora do Carmo, Itambé, Morro do Pilar, Conceição do Mato Dentro e Serro, culminando na cidade de Diamantina.


A Estrada Real foi utilizada, também, para povoamento das regiões mineradoras, principalmente de Minas Gerais, e tornou-se, após a exaustão dos metais preciosos, o tronco viário de circulação entre as províncias do centro-sul: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

No final do século XVII, por volta de 1695, nas proximidades do Rio das Velhas, onde hoje se situam os municípios de Sabará e Caeté, bandeirantes paulistas encontraram as primeiras jazidas significativas de ouro em território brasileiro. Durante os quarenta anos seguintes (1695 a 1735), grandes quantidades desse metal precioso podiam ser encontradas em abundância no solo da então principiante Capitania de Minas Gerais e, ainda, nas regiões da Bahia, Mato Grosso e Goiás.

O ouro provocou uma grande corrida migratória para aquelas localidades. De acordo com o historiador Bóris Fausto, durante os primeiros sessenta anos do século XVIII (1701 a 1761), chegaram para as regiões das minas cerca de 600 mil pessoas vindas de Portugal e das ilhas do atlântico. Entre eles, vinham desde pequenos proprietários, padres, comerciantes, até prostitutas e aventureiros. Deslocaram-se, também, para as regiões mineradoras, expressivas parcelas da população nordestina, que trabalhava nas fazendas  do açúcar, bem como um grande número de escravos africanos e indígenas.

 

Com a corrida do ouro para as regiões mineradoras houve necessidade de organizar a sociedade das minas. Em 1711, o governador de São Paulo e Minas elevou os acampamentos de Ribeirão do Carmo, Ouro Preto e Sabará à condição de Vila. Depois vieram Caeté, Pitangui, São João Del Rei, Itabira, entre outros. Ribeirão do Carmo foi a primeira vila a se transformar em cidade, em 1745, recebendo o nome de Mariana.

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Itabira foi uma dessas primeiras vilas mineiras, surgidas com o boom da mineração aurífera, nos anos iniciais do século XVIII. A palavra Itabira é uma denominação indígena que significa Pedra (Ita) Aguda (bira). O início da povoação ocorreu no fundo do vale, por causa do ouro de aluvião que ali podia ser encontrado com facilidade. No pequeno povoado, em meio às primeiras habitações, foi construída, em 1775, uma capela devotada a Nossa Senhora do Rosário, no lugar denominado Penha. A capela, ainda hoje, encontra-se no mesmo local. Em 1833, o povoado de Itabira do Mato Dentro foi elevado à Vila e, em 1848, à categoria de cidade.

A Itabira dos primeiros tempos é descrita da seguinte forma pelo poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade :

“ ... a primeira Itabira, a Itabira do ouro, essa não tinha outra forma senão a que lhe traçavam, com a ponta do pé, os desbravadores sequiosos, na sua ‘exploração insensata e ruidosa das lavras’, de que fala Eschewege. As leis vinham de Vila Nova da Rainha, para onde ia o trabalho e o suor dos mineiros, convertidos em impostos; as bençãos e as proibições morais vinham de Santa Bárbara, onde a igreja assentara a sua freguesia. Na encosta áspera, os pretos vibravam a picareta, mergulhavam os pés na água escassa e barrenta”.

A atividade aurífera foi, por vários anos, o que movimentou a economia local. Em 1814, Eschwege apresentou uma relação estatística de todas as lavras de ouro dos distritos da Província mineira e, somente no povoado de Itabira do Mato Dentro, estavam cinco lavras, que empregavam um total de 283 escravos, com uma produção de 13.746 oitavas de ouro. Esse número representava 6% do total de ouro extraído em toda a Província mineira, em 1814. Entretanto, a partir daquele ano, pela própria natureza exaurível do ouro de aluvião, a extração foi aos poucos escasseando e outras atividades, como a fundição do ferro, passaram a coexistir com ela.

Grande parte do ouro e do diamante que saía da região das minas e  passava pela Estrada Real era transportado nos lombos dos muares, conduzidos por tropeiros. Esse foi um dos principais meios de transportes até o final do século XIX e primeiras décadas do século XX. Pela Estrada Real não atravessavam apenas metais precisos, durante o boom aurífero, mas toda sorte de alimentos, armas, pólvora, aguardente, ferramentas, roupas, remédios, correspondências, informações e produtos trazidos da Europa, carregados pelas tropas de muares, guiadas pelos tropeiros. Somente a partir da construção das estradas de ferro, na segunda metade do século XIX, os tropeiros começaram a perder a sua principal função.

De acordo com o pesquisador Júlio Manoel Domingues, “tropeiro” era comumente o nome aplicado aos próprios donos dos animais, quase sempre fazendeiros e criadores que, para enfrentar alguns meses de viagem  formavam uma comitiva de peões, com seus diversos escalões de atividades. Segundo esse autor, o chefe era um capataz responsável, o arrieiro, às vezes o próprio dono das mulas, que seguia atrás do culatreiro, montado em uma  besta muito bem arreada. Contava com a ajuda dos demais camaradas: os tocadores, ou tangedores, peões que lidavam diarimente com os animais e tocavam seus lotes de xucros ou arreados; e o madrinheiro, menino que seguia à frente do dianteiro, na mula da cabeçada, montando uma égua mansa, a madrinheira, guiando a tropa ao som dos cincerros nela pendurados. Quando chegavam  ao pouso, o madrinheiro era encarregado de armar a  trempe e preparar o café e a comida – feijão de tropeiro, pirão de mandioca, carne de porco, carne seca, toucinho, farinha de milho e alguma  carne fresca de caça. Nas estradas mineiras e de todo o Brasil, a caravana se arrastava, dias, semanas, meses seguidos, sob o poeirão que a tropa levantava na estrada.

Em Ipoema, distrito de Itabira ficava uma importante paragem da estrada real. Ali, era ponto de passagem e repouso dos tropeiros com destino ao Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina. O distrito Diamantino, como era conhecido, até o século XVIII foi o maior centro de extração de diamantes do país. Tropas de muares conduzidas por seus tropeiros passavam por Ipoema  levando alimentos, entre outros produtos, para a região do diamante e voltavam carregadas de metais preciosos levados até o Rio de Janeiro e, depois, para a Europa.

Inaugurado em 2002, o Museu do Tropeiro, situado neste distrito, reserva boas surpresas aos visitantes. Ali pode ser visto algumas vestimentas dos tropeiros, utensílios levados nas longas viagens, além de fotografias e apetrechos característicos usados nos animais que compunham as tropas, como arreios, esporas, guizos, entre outros. No total, são mais de 400 peças que compõem o acervo do Museu.

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O fotógrafo itabirano Brás Martins da Costa imortalizou com sua câmera um  grupo destes descontraídos viajantes, de passagem por Itabira, com seus longos bigodes, chapéus, montados nos respectivos animais.

 

Os Tropeiros e a Fábrica de Tecidos da Gabiroba


Além do transporte dos metais preciosos as tropas de muares, guiadas pelos tropeiros, transportavam alimentos, armas, pólvora, aguardente, ferramentas, roupas, remédios, correspondências, informações e produtos trazidos da Europa. Esses homens realizavam, ainda, a comercialização de produtos para as fábricas de tecidos mineiras: primeiro, para levar a matéria-prima  (algodão) às fábricas e, depois, para a venda das mercadorias produzidas (tecidos), o que tornava as atividades de tropeiros e de “cometas” uma prática essencial.

Em 1876 foi instalada na zona rural do município de Itabira do Mato Dentro uma fábrica de tecidos de algodão, a Companhia União Itabirana, conhecida como Fábrica de Tecidos da Gabiroba. Esta fábrica utilizava-se da mão-de-obra dos tropeiros e cometas para o abastecimento de seus teares com o algodão e, posteriormente, para a venda dos tecidos manufaturados. O senhor Afonso Camilo, ex-diretor da Fábrica da Gabiroba, contou-nos em depoimento oral que eram contratados dois tipos de viajantes: os “cometas” e os tropeiros. Os “cometas” eram homens que iam de município em município negociando os produtos da fábrica de tecidos, também conhecidos como caixeiro-viajantes, enquanto os tropeiros realizavam o transporte da matéria-prima e dos produtos acabados.

A Cia. União Itabirana possuía, em sua estrutura física, inclusive, um rancho para alojamento dos tropeiros e mantinha uma tropa de burros e viajantes fixos a seu serviço. Sobre os tropeiros e cometas que atendiam a Cia. União Itabirana, Alvim ( 1980) observou:

“Uma tropa de burros, da própria Companhia, garantia o transporte do algodão e do seu produto acabado. Parte deste trabalho era locado a tropeiros autônomos, antes do surgimento dos caminhões. Raro era o dia em que o rancho não fervilhava de tropeiros, com os seus caldeirões de feijão fumegante, enriquecido com carne-seca e torresmos. (...) A azáfama começava cedo, como recrutamento da tropa nos pastos, raspagem e tratamento dos animais, com bornais de milho, enquanto se procedia ao balanceamento das cargas. A madrinha da tropa era adornada com tiras  de  pano coloridas, chamadas “bonecas”, presas ao cabresto, enfeitando a testa do animal. A madrinha abria o cortejo à frente da tropa, balançando os seus guizos”.

Uma tropa de burros ficava à disposição da fábrica de tecidos. A chegada e  a saída da tropa movimentava o núcleo fabril formado pela Cia. União Itabirana. Além da tropa fixa, havia necessidade, ainda, de contratação de tropeiros autônomos. Dessa forma, sempre havia uma tropa chegando e  outra saindo da fábrica de tecidos. No pátio interno acontecia o carregamento dos produtos acabados e o descarregamento do algodão.

A passagem dos tropeiros e dos cometas, no núcleo fabril, configurava momentos de descontração e longas conversas ao redor dos caldeirões fumegantes, de que fala Alvim (1980). Ao percorrerem os caminhos mineiros, esses homens adquiriam e levavam informações por onde passavam, transformando-se em interlocutores de uma rede de informações que atravessava as Minas Gerais e deixava o núcleo formado pela Cia. União Itabirana informado do que acontecia em outras localidades.

Os adornos com tiras de panos coloridas e os guizos colocados na “madrinha” das tropas, eram simbologias que faziam parte das práticas culturais do universo dos tropeiros e cometas. Eles contavam com alimentação típica, vestuário apropriado e um comportamento específico adaptado às longas viagens e ao tempo que permaneciam distantes dos lares, dormindo em alojamentos e locais desconhecidos.


O Relatório apresentado aos  acionistas da Cia. União Itabirana, em agosto de 1901, informava sobre a contratação de outro viajante para a fábrica de tecidos.


“Verificando-se que somente um empregado viajante era por demais insuficiente para promover a liquidação, tão avultada é, como verei dos annexos, deliberamos tomar mais um outro e contractamos o sr. José Caldeira da Fonseca, que se acha em exercício desde o dia 22 do   passado. O Sr. Emílio Ferreira Pinto tem exercido a nosso contente as suas funcções e ao mesmo mandamos abonar uma gratificação de 500$000”. 

Pelo relatório da diretoria, percebemos que a fábrica de tecidos possuía, em 1901, apenas um viajante, o senhor Emílio Ferreira Pinto, que recebeu na ocasião uma gratificação pelos bons serviços. Outro viajante teve de ser contratado, o senhor José Caldeira da Fonseca, devido à necessidade verificada na fábrica. Sobre os tropeiros não há qualquer referência, possivelmente, eram contratados como autônomos, conforme sugerido por Alvim.

O senhor José Caldeira da Fonseca foi fotografado por Brás Martins da Costa. Na fotografia que se segue, pode ser observado o viajante, organizando uma tropa de seis burros para mais uma de suas longas viagens pelas estradas mineiras.

Um dos animais já estava pronto para a partida: devidamente selado, com as mercadorias dentro de dois grandes baús de madeira, cobertos com uma espécie de couro de boi para que a chuva e o sol não danificassem os tecidos. Os outros cinco animais ainda estavam sendo preparados. O viajante, com longos bigodes e ar sisudo, também se portava como preparado para a partida. O uso de esporas, presas às botas, indica que a partida seria em breve. Trajava vestuário típico dos viajantes do período, com  chapéu, casaco de manga comprida, para proteger os braços das intempéries dos caminhos, e calças dentro das botas de cano longo, para proteger as pernas durante as viagens.

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Nas estradas transportando alimentos, algodão, tecidos, mensagens, entre outros, estes homens prestaram seus serviços até serem substituídos pelas locomotivas e, mais tarde, pelos caminhões. Resgatar estas memórias e conhecer estes atores sociais é como trazer para o presente um eco do passado.

Pelas trilhas e caminhos trafegavam os tropeiros, conduzindo as tropas de fazenda em fazenda, de vila em vila, de uma província a outra. Cada dia em uma local idade e, durante as noites, pousando em ranchos cobertos de sapé, enquanto os animais descansavam no potreiro. Alguns homens jogavam truco para passar o tempo, outros, saudosos, sopravam uma gaita ou de dilhavam uma viola, declamando as saudades de casa, das famílias e as agruras da vida tropeira, conforme mencionado por Júlio Domingues.

O vestuário, a alimentação, o linguajar e os hábitos desses homens constituíam parte significativa de uma cultura peculiar, que as sociedades atuais buscam conhecer. Alguns de nossos hábitos é herança do tropeirismo, entre eles o de consumir o conhecido “feijão-tropeiro”, feito com feijão, farinha de mandioca, toucinho, lingüiça e couve picadinha.

O viajante Saint-Hilaire observou que no silêncio das matas podia ser ouvido, constantemente, o eco das vozes dos tropeiros e o ruído dos guizos da madrinha da tropa. Se aguçarmos os ouvidos da nossa imaginação, podemos “ouvir” as vozes dos tangedores, dia após dia, entoando pelas estradas mineiras a lida: “ôoooa, Pintado!”, “eia, Ventania!”, “avante, Trovão!”, “vamo, Pensamento!”, “arre, Alazão!”, “levanta, Castanho!”.

Autora: Cristiane Maria Magalhães

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O CONDICIONAMENTO DE ÉGUAS PARA A REPRODUÇÃO

 

Da mesma forma que no caso dos garanhões, para o sucesso reprodutivo é, fundamental que as éguas estejam em um bom estado sanitário e nutricional. Mas o aspecto psicológico é menos crítico, e a obesidade é um fator mais .agravante para a fertilidade da fêmea. Quando mantidas estabuladas, a fertilidade tende a ser. baixa, tanto em decorrência da obesidade (falta de exercícios e excesso de concentrados energéticos) como da falta de estímulos externos (luminosidade) para a manifestação de cios ovulatórios.

O cio da égua tem uma duração média de 7 dias, com a ovulação ocorrendo em torno de 36 horas antes do término do cio. Os óvulos têm uma vida útil de 6 a 12 horas, em média, e os espermatozóides em torno de 48 horas. Logo, as cobrições podem ser efetuadas em dias alternados, no transcorrer do período de cio. Após 15 a 16 dias do término do cio, as éguas devem ser rufiadas novamente, para a detecção de uma eventual repetição de cio. Caso esta não ocorra, o diagnóstico da prenhes pode ser efetuado a partir do 250 dia, através da apalpação retal.

O Programa de Condicionamento reprodutivo das éguas matrizes deve ser conduzido de acordo com três categorias: éguas paridas, éguas falhadas e éguas virgens.

a) Éguas paridas - Durante a gestação (310 a 360 dias), a égua deve ser mantida em um pasto de boa qualidade forrageira, e suplementada com mistura mineral balanceada, evitando-se os exercícios orientados que exijam esforços extenuantes, os quais podem provocar a perda embrionária precoce, e abortos em estágios mais avançados da prenhes. As perdas embrionárias precoces são de incidência relativamente alta na espécie eqüina (em torno de 25%), e geralmente não são percebidas, podendo ocorrer uma reabsorção do embrião. As causas principais são: desequilíbrios hormonais e deficiências nutricionais. Após os 60 a 70 dias, o aborto normalmente já pode ser detectado. Um novo diagnóstico da prenhes, em torno dos 70 a 80 dias, é recomendável para se acompanhar a prenhes desde o seu início. Quando houver identificação de material abortado, deve-se enviá-lo para um laboratório, em uma tentativa de determinação da causa.

A partir dos últimos 4 meses do período da gestação, a égua deve ter acesso a uma ração concentrada que equilibre suas exigências nutricionais, visto que o feto passa pelo seu maior desenvolvimento neste período, retirando nutrientes do organismo materno. No terço final da gestação, as éguas devem ser mantidas em piquetes maternidade, separadas das demais categorias de animais, a fim de se evitar acidentes. Normalmente, elas adquirem neste período, um comportamento mais tranqüilo.

A égua deve parir em boas condições físicas, a fim de suportar o "stress" da parturição e, posteriormente, o da lactação. Preferencialmente, o parto deve ser a campo, desde que existam condições climáticas favoráveis. Caso a égua esteja em boas condições físico-clínicas após o parto, e caso este tenha ocorrido normalmente, deve-se aproveitar o 1º cio pós-parto, o qual se manifesta entre os dias 79 e 149. Freqüentemente, quando a égua não é coberta neste 1º cio pós-parto, há uma tendência bastante elevada para a manifestação do cio subseqüente somente após o desmame da cria.

b) Éguas falhadas - Toda égua falhada deve ser considerada, e manejada, como uma égua problema, representando prejuízos econômicos para o criador. O motivo de estar entrando na estação de monta solteira, deve ser identificado e, para isto, recomenda-se uma avaliação reprodutiva completa nesta categoria de éguas, por volta de dois meses antes do início da estação de monta. O exame reprodutivo envolve a apalpação retal do aparelho genital feminino, procurando-se identificar sinais de infecção uterina e / ou distúrbios ovarianos; exame da vagina e da cérvix, através do espéculo vaginal; coleta de material para exame bacteriológico e avaliação do estado geral da égua. As principais causas de infertilidade na égua matriz são: cio prolongado, cio anovula­tório, cio silencioso, cio falso, anestro da lactação, anestro fisiológico, diestro prolongado (retenção do corpo lúteo), falhas de manejo, desequilíbrio nutricional, idade da égua, cistos ovarianos, conformação genital inadequada, abortos patogênicos, abortos espontâneos, endometrite.

Entre estas causas de infertilidade, a principal ainda é a deficiência nutricional. Uma égua que inicia a estação de monta sem estar no seu estado físico normal, tem maiores chances de se tomar uma égua problema, com dificuldades de ser enxertada ou de manter a prenhes. Todo criador será capaz de controlar a incidência destas anormalidades reprodutivas se:

  • Manter as éguas na condição física adequada ao longo do ano;
  • Concentrar as cobrições na devida estação de monta;
  • Trabalhar com éguas de temperamento normal;
  • Dispor de mão de obra eficiente e assistência técnica capacitada e . Selecionar para a característica fertilidade.

A seleção é essencial para o sucesso de quaisquer criatórios, desde que alicerçada em cinco parâmetros, a saber:

  • Conformação ideal para a respectiva raça;
  • Pedigree do indivíduo - conformação e performance atlética dos ancestrais até, no máximo, a terceira geração;
  • Performance atlética do indivíduo a selecionar;
  • Longevidade;
  • Histórico reprodutivo do indivíduo - relacionado com a sua capa­cidade reprodutiva e produtiva.

c) Éguas virgens - As potras de 1ª cobrição representam uma categoria difícil de ser manejada, visto que muitas delas demoram muito a demonstrar sinais de cio. Aquelas que não estão em com. petições eqüestres, normalmente entram em cio com mais facilidade. Entretanto, aquelas que vêm de treinamentos intensivos, e competições freqüentes, tendem a necessitar de um período de 30 a 60 dias para se re-integrarem ao novo sistema de criação, o extensivo. Estas potras podem ser manejadas em conjunto com as éguas falhadas. Caso a potra encontra-se muito nervosa e excitada, deve ser colocada em um piquete separado, com um ou mais animais de temperamento calmo. A mudança na dieta é um fator crítico, e deve ser gradual. Algumas potras estarão magras (Exs.: potras P.S.I. correndo com freqüência), enquanto outras poderão estar com excesso de peso (Ex. potras de competições envolvendo julgamento morfológico).

As potras devem ser colocadas em serviço reprodutivo a partir dos 30 meses de idade. Eventualmente, em raças mais precoces, como as exóticas, e havendo um bom desenvolvimento, esta idade poderá ser antecipada para os 24 meses. Para a formação de uma boa matriz, é essencial um Programa de manejo geral tecnificado, particularmente os programas nutricional, sanitário e de condicionamento físico.

O medo à proximidade do garanhão é típico nesta categoria de éguas. Portanto, para a identificação do cio, toma-se fundamental a utilização de um rufião de pouca agressividade sexual. A rufiação deve ser individual, e conduzida diariamente.

Fonte: Mundo Equino

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

CONDICIONAMENTO DE GARANHÕES PARA A REPRODUÇÃO

 

No Brasil, devido ao clima tropical, a estação de monta é mais flexível em relação aos países de clima temperado. Entretanto, mesmo com uma maior distribuição de cios ao longo do ano, é recomendável que o criador adote uma estação de monta. No Sul e Sudeste, de Setembro a Março. E nas demais regiões, de Setembro a Maio. Desta forma, o manejo geral do criatório torna-se mais fácil, pois a estação de monta concentra melhor os nascimentos, e o garanhão terá possibilidade de passar por um período de descanso reprodutivo. Além destes aspectos, sem uma estação de monta definida, nos garanhões que ainda estão na ativa, disputando competições, o desempenho reprodutivo será negativamente afetado, e vice-versa.

Basicamente, o condicionamento reprodutivo do garanhão deve visar a manutenção de sua saúde física e mental. Do ponto de vista físico, quaisquer de se equilíbrios nutricionais, doenças infecciosas, infestações verminóti­cas, ou injúrias diversas, podem provocar um declínio na fertilidade. E a falta de exercícios regulares provoca a obesidade, e torna os garanhões mais nervosos. A disponibilidade de piquetes para exercícios livres dispensa os exercícios orientados.

Do ponto de vista psicológico, o garanhão deve ser condicionado para cobrir a égua dentro das normas corretas de condução da monta, evitan­do-se acidentes e a ocorrência de distúrbios ejaculatórios. Nas primeiras experiências sexuais, o operador deve utilizar uma égua mansa, com sinais evidentes de cio, bem receptiva ao garanhão. A paciência do operador é essencial no processo da educação do garanhão jovem, visando o desenvolvimento de sua ­ habilidade para servir as éguas. Nos momentos corretos, as punições devem ser aplicadas, predominantemente vocais, em associação aos contatos suaves na boca do garanhão, através do cabo do cabresto. Cada garanhão possui a sua individualidade própria, exibindo determinados tipos de comportamento. Garanhões nervosos, e com maus hábitos reprodutivos, geralmente são produtos de um manejo deficiente. O responsável pelo manejo reprodutivo deve ser um indivíduo de confiança, e competente. Um bom garanhão é extremamente valioso, e não pode ficar relegado a cuidados inexperientes.

Geralmente, há uma tendência evidente para o criador associar baixos índices de fertilidade com as éguas; quando o problema pode ser originário do garanhão. Há uns três a dois meses antes do início dos serviços reprodutivos, o garanhão deve passar por uma avaliação reprodutiva completa, objetivando o diagnóstico de eventuais causas de sub-fertilidade, estabelecer um tratamento em tempo hábil. Este exame reprodutivo do garanhão envolve:

  • Conformação: Todos os defeitos físicos de conformação, considerados herdáveis, deverão ser analisados antes de se introduzir um novo garanhão no rebanho. Os principais defeitos são: cegueira, total ou parcial; prognatismo; pescoço invertido; dorso-lombo demasiadamente selado, lordose ou espinha de carpa; desvios totais de aprumos. estes últimos, quando localizados no trem posterior poderão, inclusive, afetar a habilidade do garanhão servir a égua.
  • Injúrias: Os cascos deverão ser examinados com base no tamanho, ­formato e a presença de anormalidades diversas (Exs.: brocas, doença do osso navicular, etc.). A seguir todo o membro deverá ser analisado detalhadamente, para a identificação de quaisquer lesões. Na presença de injúrias, a dor impedirá que o animal desempenhe o ato da cópula normalmente. Os testículos e o pênis também deverão ser observados para verificar possíveis presenças de lesões.
  • Órgãos genitais: Os testículos deverão ser apalpados externamente para a medida do seu tamanho, visto que há uma correlação positiva entre o tamanho testicular e a produção de espermatozóides. Irregularidades como a hipoplasia, monorquidismo e criptorqui­dismo são motivos primários de descarte do indivíduo. Se um veterinário experiente encontra-se avaliável, recomenda-se o exame aos órgãos genitais através da apalpação retal.
  • Temperamento: Garanhões que apresentam vícios indicativos de temperamento indócil herdado, deverão ser eliminados do processo reprodutivo, devido às dificuldades de manejo, além dos riscos de injúrias nas éguas e/ou tratadores. É importante distinguir os vícios herdados daqueles adquiridos, visto que estes últimos não serão transmitidos para a progênie,e poderão ser cor­rigidos com a educação metódica.
  • Avaliação do sêmen: este é o último estágio do exame reprodutivo pré-estação de monta, envolvendo o exame fisiológico e bacteriológico da amostra seminal. Juntamente com o modo pelo qual o garanhão executa a monta, este parâmetro compreende o exame de fertilidade propriamente dito. A libido deve ser vigorosa, resultando na ereção imediata do pênis, na presença da égua em cio. A qualidade seminal é determinada pelo volume do ejaculado, concentração espermática, motilidade e morfologia. Torna-se oportuno lembrar que a fertilidade aparente de um garanhão, pode ser marcadamente influenciada pelos tipos de éguas que ele serve. Caso sejam "éguas problemas", sua fertilidade será mascarada. Se é um número grande de éguas, todas em excelente estado clínico-fisiológico, mas o operador não conduz correta­mente o manejo reprodutivo, a fertilidade do garanhão também será mascarada. Uma outra situação, é um garanhão que tem pou­cas éguas / estação de monta, ficando difícil estimar o verdadeiro potencial reprodutivo deste garanhão, mesmo que ele enxerte estas poucas éguas.      ­

As causas mais comuns de infertilidade nos garanhões são: as falhas de manejo, as deficiências nutricionais, higiene e ~idade inadequadas, distúrbios ejaculatórios, indiferença sexual, anormalidades espermáticas, infecções genitais, anormalidades testiculares e o sobre-uso na reprodução. Com relação a este último aspecto, um cavalo jovem, entre 2,5 a 4,0 anos de idade, pode cobrir até 20 éguas na estação de monta com, no máximo, 1,0 salto / dia. Já um cavalo adulto, acima de 4,0 anos de idade, pode servir 40 éguas na estação de monta com, no máximo, uma média de 1,5 saltos / dia durante a semana. Finalmente, do ponto de vista psicológico, é importante lembrar que um certo grau. de agressividade deve ser mantido no garanhão, mas sem representar perigo para a égua ou o operador. Alguns garanhões ~o perturbados com o barulho, e outros podem não gostar de algumas éguas ou mesmo do operador, adquirindo hábitos indesejáveis de morder e escoicear.

Fonte: Mundo Equino

domingo, 5 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Neneco Fucks A História de Um Tropeiro

 

Este documentário relata a história da viagem para o estado de São Paulo de Manoel Almeida Fucks como tropeiro, relembrando todos os costumes da época.