O grande João Francisco Diniz Junqueira (1934) dizia que “O Melhoramento de qualquer raça deve ser pela seleção e não pelo cruzamento”. Na verdade em parte esta frase é verdadeira, porém em tempos mais modernos onde as ferramentas da engenharia genética estão mais amplamente difundidas e os conhecimentos sobre transmissibilidades de caracteres mais desvendados, não faz muito sentido ignorá-los e partir simplesmente para a seleção massal.
O cruzamento dirigido e bem estudado faz muita diferença na rapidez e no sucesso de uma boa criação de animais melhorados. Além dos já tradicionais métodos de pontuação e análise visual dos animais, deve-se considerar muito bem a correlação de seus pedigrees. Não é nova a técnica, e muitos falam em consangüinidade controlada ou cruzamentos de parentes como benéficos ao melhoramento há décadas. Na verdade o que se está fazendo inconscientemente não é só um cruzamento de parentes, mas um retro-cruzamento com indivíduos parentais de maior destaque ou sucesso.
O melhoramento genético de plantas já é conduzido assim há séculos e para alguns parece incompreensível que alguns ainda apostem na loteria do “choque de sangue” para criar animais de primeira linha. Além deste, outro fator pouco estudado ou levado em consideração na hora de se planejar os cruzamentos é a herdabilidade ou heritabilidade dos caracteres envolvidos na seleção. Diversos artigos mostram que certos caracteres morfológicos ou de desempenho são mais facilmente expressados na progênie do que outros. Por exemplo: Altura de cernelha ou altura de garupa. Já outros são de difícil “transmissão” ou mensuração excetuando fatores ambientais. Ex: perímetro de canela e aprumos.
Portanto é muito mais econômico investir em um reprodutor que tenha boas características de alta herdabilidade do que em reprodutores com problemas nessas partes e qualidades dificilmente transmissíveis.
Nas conduções de seleções de animais por cor, também abundante ainda a miscelânea de conceitos e teorias que se conta entre os criadores. A genética das cores, se não totalmente desvendada, já é bastante conhecida. Testes de homozigoze em cavalos pampa já são rotina entre grandes criadores e muitos são os artigos sobre as combinações gênicas relacionadas as diversas pelagens dos animais. Mesmo assim ainda vejo criadores afirmando que esta ou aquela égua alazã é mais propensa a dar esta ou aquela cor. Bom, a alazã é uma cor homozigota e que implica em não expressão de nenhuma outra, portanto fica inteiramente a cargo do reprodutor e do acaso, imprimir qualquer pelagem diversa na cria. Além disso, falta planejamento na criação de animais que vão sendo cruzados quase ao acaso sem nenhuma preocupação em fazer um teste estatístico de suas progênies. Enfim, faltam planejamento e apoio técnico de um melhorador.
Texto adaptado. Fonte: Mangalarga Patriota
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