Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Os dentes e a idade

 

A correta determinação da idade dos muares, equinos e asininos é importante para o estabelecimento de um manejo nutricional, reprodutivo e de trabalho adequado à cada fase de vida do animal. Um dos métodos mais comumente utilizados para a determinação da idade é a observação de seus dentes, entretanto, o exame da dentição não é o único meio de estimar a idade, o aspecto geral do animal, sua conformação, comportamento, presença de pêlos brancos, entre outros aspectos, dão indicações valiosas que devem ser con­sideradas. A estimativa da idade através da avaliação do desenvolvimento ósseo por exame radiográfico é também um método bastante preciso, porém, não é barato (Silva et al., 2003).

Os mamíferos domésticos têm uma dentição classi­ficada como heterodonte, ou seja, apresentam diversos tipos ou grupos de dentes - incisivos, caninos, pré-­­­molares e molares - cada um com características e fun­ções específicas. De maneira resumida, os dentes incisivos (pinças, médios e cantos) cortam, os caninos seguram e rasgam, e os pré-molares e molares esmagam e trituram os alimentos. Os mamí­feros domésticos são também difiodontes, ou seja, possuem duas dentições, sendo a 1ª decídua, temporária ou de leite e a 2ª dentição permanente ou definitiva. Na dentição definitiva os dentes incisivos e pré-molares temporários são substituídos por outros dentes com os mesmos nomes. Os caninos e os molares existem apenas na dentição definitiva (Silva et al., 2003).

Nos equinos, jumentos e muares a dentição definitiva pode diferir nos machos (40 a 44 dentes) e nas fêmeas (36 a 44 dentes) devido à presença dos dentes caninos que, geralmente, não existem nas fêmeas. Pode haver ainda uma variabilidade no número de pré-molares definitivo, devido à presença irregular do primeiro pré-molar vestigial, também conhecido como dente do lobo. Este dente pode ser encontrado nas duas arcadas, mas é mais frequente na arcada superior (Figura 1). No cavalo Puro Sangue Lusitano pode ocorrer o desenvolvimento de um molar a mais por arcada dentária (Omura, 1999).

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Figura 1 – Indicação do primeiro pré-molar vestigial: o dente de lobo.

O desgaste dos dentes pode ocorrer é devido a mecanismos de abrasão (desgaste resulta da ação de subs­tâncias abrasivas durante a mastigação), mecanis­mos de atrito entre os próprios dentes e mecanismos de erosão (desgaste resulta da ação química de certas substâncias). Naturalmente, os dois primeiros mecanis­mos são os mais importantes.

Os problemas mais comumente encontrados nos exames dentários são:

1 - Excesso de pontas de esmalte, podendo lesionar as bochechas e a língua, causando dificuldade mastigatória e desconforto com a embocadura;

2 - Má oclusão entre os dentes superiores e inferiores, que pode causar formações pontiagudas, como excesso de pontas de esmalte, bicos e ganchos e desnivelamento, como rampas e degraus nos dentes;

3 - Dente do lobo, que pode ferir as bochechas, a língua, e/ou entrar em choque com a embocadura, causando desconforto. Este dente pode ser reduzido ou extraído conforme sua posição e tamanho, levando em consideração a função do cavalo;

4 - Desordens de erupção, dentes decíduos (de leite) impactados são mais comuns do que se pensa, e necessitam de extração, pois podem causar distúrbios na erupção dos dentes permanentes e dor;

5 - Fraturas dentárias, que podem ser pequenas ou atingir quase toda a coroa do dente. Fraturas com fragmentos deslocados podem causar dor nas bochechas e na língua, promover exposição e eventual contaminação da polpa dentária com conseqüente infecção e formação de abscesso.

            O crescimento e desenvolvimento dos dentes pode ser dividido nos seguintes períodos:

  • 1º Período: Nascimento dos dentes de leite (forma elíptica dos incisivos).

  • 7 dias        –          Nascimento das pinças.
  • 30 dias      –          Nascimento dos médios.
  • 6 meses     –          Nascimento dos cantos

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  • 2º Período: Rasamento dos dentes de leite. Desaparecimento da cavidade dentária externa pelo desgaste e compressão dos dentes (incisivos ovalados).

  • 1 ano          –         Rasamento das pinças.
  • 1,5 anos     –         Rasamento dos médios.
  • 2 anos        –         Rasamento dos cantos.

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  • 3º Período: Troca dos dentes de leite pelos permanentes (mesa dentária elíptica).

  • 2,5 a 3 anos    –    Troca das pinças.
  • 3,5 a 4 anos    –    Troca dos médios.
  • 4,5 a 5 anos    –    Troca dos cantos.
  • 5 a 5,5 anos    –    Nascimento dos caninos nos machos

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  • 4º Período: Rasamento dos dentes definitivos (mesa dentária ovalada).
  • 6 anos        –         Rasamento das pinças.
  • 7 anos        –         Rasamento dos médios (presença da cauda de andorinha)
  • 8 anos        –         Rasamento dos cantos.
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  • 5º Período: Nivelamento dos dentes definitivos (mesa dentária arredondada).
  • 9 anos         –        Nivelamento das pinças.
  • 10 anos       –        Nivelamento dos médios.
  • 11 a 12 anos –      Nivelamento dos cantos.

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  • 6º Período: Triangulação (mesa dentária em forma de triângulo equilátero).

  • 13 anos       –        Triangulação das pinças.
  • 14 anos       –        Triangulação dos médios.
  • 15 a 16 anos –      Triangulação dos cantos.

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  • 7º Período: Biangulação (mesa dentária em forma de triângulo isósceles).

  • 17 anos       –        Biangulação das pinças.
  • 18 anos       –        Biangulação dos médios.
  • 19 anos         –      Biangulação dos cantos.

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O aparecimento da estrela dentária ocorre cerca de um ano após o rasamento dos dentes.

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A oclusão das mesas dentárias dos cantos não é perfeita, deixando a região posterior das mesas dentárias dos cantos superiores sem oposição aos inferiores e, logo, sem desgaste, o que promove o aparecimento da cauda de andorinha. Em geral, a cauda de andorinha não aprece em animais com menos de 7 anos, porém, não é um bom indicador da idade de um animal (Richardson, 1997).

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O sulco de Galvane (sulco de coloração escura na face vestibular dos cantos superiores) aparece junto ao bordo gengival por volta dos 10 anos, prolongando-se gradualmente até à fase oclusal, que atinge por volta dos 20 anos de idade. Nos animais mais velhos inicia-se o seu desaparecimento a partir do bordo gengival chegando a estar completamente ausente num animal muito velho (Richardson, 1997).

Em consequência da forma dos dentes incisivos e do seu desgaste, a aparência do perfil de oclusão das arca­das altera-se com o avançar da idade, desde quase ver­tical até mais horizontal (Figura)

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Texto Adaptado. Autoras: Paula Gomes Rodrigues e Maria Cláudia Martins Guerra Miranda

2 comentários:

  1. espetacular.gostei muito do artigo postado.
    obrigado por passar seu conhecimento para
    os menos esclarecido.tenha bom dias...

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