Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Tipos de Marcha – Equitação e Diagramas

TIPOS DE MARCHA – EQUITAÇÃO E DIAGRAMAS
A.P.Toledo – Engenheiro, criador de cavalos marchadores, autor dos livros: Mecânica de Sustentação e Locomoção dos Eqüinos, A Locomoção dos Eqüídeos – O Livro da Marcha e Tecnologia Não Invasiva para a Análise da Locomoção dos Eqüídeos.
Coordenador do Analoc-E.

CONSIDERAÇÕES:
A opinião de equitadores experientes sobre as marchas é muito importante para fazermos uma comparação subjetiva e técnica entre os tipos principais de MARCHA TROTADA, BATIDA COMPLETA E PICADA. Desta forma, pedimos a opinião de cavaleiros experientes e estudiosos da locomoção dos eqüídeos sobre essas marchas e juntamos a subjetividade do equitador com os subsídios técnicosque explicam as diferenças entre cada tipo, por meio de diagramas de marcha fornecidos pelo sistema Analoc-E.
Acreditamos que a tecnologia da análise da locomoção e arte da equitação poderão trazer algum esclarecimento aos criadores, profissionais e estudantes da equideocultura sobrecomo sentir e explicar as marchas dos cavalos e  outros equídeos.

MARCHA TROTADA – É um andamento marchado em 2 tempos, com predominância de apoios diagonais, apoios triplos inferiores a 10%, apoios laterais inferiores a 5% e possibilidade de ocorrência de apoios monopedal ou quádruplo durante a passada.
(Obs.) os percentuais são sempre referentes ao tempo de duração de uma passada completa, que na marcha a 12 k/h é equivalente4 a 600ms (milésimo de segundo).

Ponto de vista do equitador:
1 – Dr. Lúcio Sérgio Andrade: na marcha trotada é inevitável que o cavaleiro sinta atritos verticais, porém de melhor comodidade em relação ao trote convencional. Em cavalgada, somente os bons equitadores conseguirão sentir conforto continuo, como acontece nas marchas picada equilibrada, marcha de centro e batida clássica (completa).
2 – Dr. Ricardo Wuekert: A marcha trotada proporciona para o cavaleiro a sensação de  deslocar-se em um veículo que rola sobre 2 cilindros de sessão transversal elíptica, paralelos entre si e transversais ao sentido do deslocamento. O assento do cavaleiro descreve uma linha ondulada, ao longo do eixo do deslocamento.
3 – Dr. Sérgio Lima Beck: marcha trotada, em 2 tempos, sem suspensão, acho que é a mais saborosa, pois os 2 tempos são fáceis de serem acompanhados pelo movimento ritmado da nossa coluna se não contraída.

COMENTÁRIOS:

1 – Observa-se que os dois apoios triplos do diagrama são muito pequenos e inferiores a 6%, com pequena prevalência do triplo com dois posteriores (P1, P2, M1) com duração de 3,4% contra  2,5% do triplo com anteriores (M1, M2, P1).
2 – A dissociação é mínima e não pode ser avaliada por qualquer observador a olho nú (1,7% para M1-P2 e 0,8% para M2-P1), que caracterizam um apoio diagonal sincronizado em 2 tempos. Assim, a marcha é incompleta, simétrica e com reações ásperas no plano vertical, como sugere o Handicap de 4,38.
3 – A ausência de apoios laterais e a ocorrência de apoios diagonais de 94% caracterizam uma marcha trotada, transicional para trote (CL=0).
4 – O Diapasão que representa a relação entre apoio e suspensão dos quatro cascos durante a passada é de 1,06, mostrando que o tempo total de apoio dos cascos é equivalente ao tempo de vôo ou suspensão.

MARCHA PICADA – É uma marcha completa de oito apoios em 4 tempos, com predominância de apoios laterais sobre os diagonais, apoios triplos superiores a 20% e ausência de apoios indesejáveis; tais como mono, duplo de anteriores ou posteriores e quádruplo.

Ponto de vista do equitador:
1 – Dr. Lúcio Sérgio Andrade – marcha picada equilibrada a comodidade será igual à da marcha completa intermediária ou de centro, sem atritos. Se for com excesso de lateralidade o assento oscilará lateralmente, em um grau tanto maior quanto maior for a lateralidade dos deslocamentos.
2 – Dr. Ricardo Wuekert - a marcha picada proporciona para o cavaleiro a sensação de deslocar-se em um veículo que tem 4 rodas elípticas, posicionadas entre si com defasagem angular em relação ao eixo vertical imaginário que passe pelos seus centros. Na marcha picada, o assento do cavaleiro descreve uma linha, aproximadamente, helicoidal alongada ao longo do eixo do deslocamento.
3 – Dr. Sérgio Lima Beck – A marcha picada equilibrada tende a ser muito agradável também, mas trata-se de uma sensação diferente da marcha de 2 tempos, pois nessa de 4 tempos a sensação é de passividade, apenas observando a paisagem passar, como deslizar num tobogam; já que os tempos são muitos (4) e não são passíveis de serem acompanhados por nenhum movimento voluntário e ritmado da coluna do cavaleiro.

COMENTÁRIOS:

1 – Observa-se que os apoios triplos no diagrama são bem equilibrados (equivalentes em duração) com predominância dos triplos com posteriores (P1, P2, M1 e P1, P2, M2) com duração de 23,1% contra  17,6% dos triplos com os anteriores.
2 – A dissociação equilibrada em ambos os bípedes diagonais (26,4% para M1-P2 e 26,4% para M2-P1) que proporcionam uma PERFEITA assimetria de 0,0%. O equilíbrio da marcha está garantido pela dissociação equivalente em ambos os lados do deslocamento, caracterizando uma verdadeira marcha simétrica e cômoda como sugere o ótimo Handicap de 10,3.
3 – A proporção entre apoios laterais e diagonais caracteriza uma marcha picada de alta qualidade, com os apoios laterais superiores em 56% aos apoios diagonais (CL=1,56).
4 – O Diapasão que representa a relação entre apoio e suspensão dos quatro cascos durante a passada é de 1,51, mostrando que o tempo total de apoio dos cascos é 51% superior ao tempo de suspensão.

MARCHA BATIDA COMPLETA – É uma marcha completa de 8 apoios em 4 tempos, com predominância de apoios diagonais sobre os apoios laterais; apoios triplos superiores a 20%, dissociação do bípede diagonal superior a 10%, com ausência de apoios indesejáveis tais como, mono, duplos de anteriores ou posteriores e quádruplo.
Ponto de vista do equitador:
1 – Dr. Lúcio Sérgio AndradeA marcha batida completa  tem discretos atritos verticais, sem afetar a comodidade em cavalgadas de media a longa distância, com a vantagem da maior amplitude de passadas em relação à marcha picada. 
2 – Dr. Ricardo Wuekert - A marcha batida proporciona para o cavaleiro a sensação de deslocar-se em um veículo onde os eixos teriam sessão transversal circular. Nesse caso, o assento do cavaleiro descreve uma linha reta ao longo do eixo do deslocamento.
3 – Dr. Sérgio Lima Beck - Na marcha batida completa, a sensação também é muito agradável, com uma passividade, devido aos 4 tempos, que não permitem acompanhamento voluntário ritmado da coluna do cavaleiro.

COMENTÁRIOS:
1 – Observa-se que os apoios triplos do diagrama são bem equilibrados (equivalentes em duração) com ligeira predominância dos triplos com dois posteriores (P1, P2, M1 e P1, P2, M2) com duração de 18,4% contra 17,5% dos triplos com os anteriores.
2 – A dissociação equilibrada em ambos os bípedes diagonais (20,4% para M1-P2 e 19,4% para M2-P1) que proporcionam uma excelente assimetria de 1,0%. O equilíbrio da marcha está garantido pela dissociação equivalente em ambos os lados do deslocamento, caracterizando uma verdadeira marcha simétrica e cômoda como sugere o Handicap, até agora inigualável, de 12,72.
3 – A proporção entre apoios laterais e diagonais caracterizando uma marcha batida de qualidade, com os apoios diagonais equivalentes ao dobro dos apoios laterais (CL=0,5).
4 – O Diapasão que representa a relação entre apoio e suspensão dos quatro cascos durante a passada é de 1,44, mostrando que o tempo total de apoio dos cascos é 44% superior ao tempo de suspensão.

CONCLUSÕES:
1 - As marchas completas de 8 apoios em 4 tempos podem ser batidas, nas quais prevalecem os tempos de apoios diagonais sobre os laterais; intermediárias ou de centro - que têm tempos de apoio diagonais equivalentes aos de apoios laterais, com CL variando entre 0,8 e 1,05; e picadas equilibradas, nas quais prevalecem os tempos de apoios laterais sobre os diagonais, com CL variando entre 1,05 até 5. O parâmetro handicap acima de 6,0 comprova a comodidade do deslocamento.
2 – As marchas completas são aquelas que têm 4 apoios triplos intercalados por apoios diagonais e laterais sucessivos. Elas têm dissociações nítidas dos bípedes diagonais, que possibilitam a ocorrência dos referidos apoios triplos proporcionais de anteriores e de posteriores, responsáveis pela comodidade e regularidade da marcha.
3 – A ocorrência de dissociação equivalente em ambos os bípedes diagonais garante a assimetria nula ou muito pequena (inferior a 5%), que proporciona na marcha, a ausência de movimentos parasitas e o correspondente atrito para o cavaleiro no plano médio-lateral.
4 – A morfologia e os impulsos cerebrais, aliados à saúde e ao preparo físico do animal, proporcionam rendimento e velocidades médias da marcha em cada raça. Todo indivíduo tem a sua velocidade ideal de deslocamento, durante a qual ele apresenta o seu maior desempenho e qualidade da marcha (handicap). No cavalo marchador a velocidade média está em torno de 12 k/h. Nas raças de maior porte como o Campolina, o Mangalarga e os muares cruzados com éguas da raça campolina, a velocidade média está em torno de 13 k/h.
(Ref.) – Analoc-E – 1990 – 2009.
5 – Observamos nas opiniões dos equitadores que o ponto comum entre eles é que:
5.1 - Nas marchas completas equilibradas, devido aos 4 tempos, o Centro de Gravidade (CG) do conjunto cavalo e cavaleiro têm deslocamento mínimo nos planos vertical e médiolateral, com sensação cômoda de avanço no plano anteroposterior. Essas marchas, portanto exigem menor grau de equitação do cavaleiro.
5.2 - Na marcha trotada em 2 tempos o CG do conjunto tem maior atrito nos planos vertical e anteroposterior, exigindo maior grau de equitação do cavaleiro.

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