A correta determinação da idade dos muares, equinos e asininos é importante para o estabelecimento de um manejo nutricional, reprodutivo e de trabalho adequado à cada fase de vida do animal. Um dos métodos mais comumente utilizados para a determinação da idade é a observação de seus dentes, entretanto, o exame da dentição não é o único meio de estimar a idade, o aspecto geral do animal, sua conformação, comportamento, presença de pêlos brancos, entre outros aspectos, dão indicações valiosas que devem ser consideradas. A estimativa da idade através da avaliação do desenvolvimento ósseo por exame radiográfico é também um método bastante preciso, porém, não é barato (Silva et al., 2003).
Os mamíferos domésticos têm uma dentição classificada como heterodonte, ou seja, apresentam diversos tipos ou grupos de dentes - incisivos, caninos, pré-molares e molares - cada um com características e funções específicas. De maneira resumida, os dentes incisivos (pinças, médios e cantos) cortam, os caninos seguram e rasgam, e os pré-molares e molares esmagam e trituram os alimentos. Os mamíferos domésticos são também difiodontes, ou seja, possuem duas dentições, sendo a 1ª decídua, temporária ou de leite e a 2ª dentição permanente ou definitiva. Na dentição definitiva os dentes incisivos e pré-molares temporários são substituídos por outros dentes com os mesmos nomes. Os caninos e os molares existem apenas na dentição definitiva (Silva et al., 2003).
Nos equinos, jumentos e muares a dentição definitiva pode diferir nos machos (40 a 44 dentes) e nas fêmeas (36 a 44 dentes) devido à presença dos dentes caninos que, geralmente, não existem nas fêmeas. Pode haver ainda uma variabilidade no número de pré-molares definitivo, devido à presença irregular do primeiro pré-molar vestigial, também conhecido como dente do lobo. Este dente pode ser encontrado nas duas arcadas, mas é mais frequente na arcada superior (Figura 1). No cavalo Puro Sangue Lusitano pode ocorrer o desenvolvimento de um molar a mais por arcada dentária (Omura, 1999).
Figura 1 – Indicação do primeiro pré-molar vestigial: o dente de lobo.
O desgaste dos dentes pode ocorrer é devido a mecanismos de abrasão (desgaste resulta da ação de substâncias abrasivas durante a mastigação), mecanismos de atrito entre os próprios dentes e mecanismos de erosão (desgaste resulta da ação química de certas substâncias). Naturalmente, os dois primeiros mecanismos são os mais importantes.
Os problemas mais comumente encontrados nos exames dentários são:
1 - Excesso de pontas de esmalte, podendo lesionar as bochechas e a língua, causando dificuldade mastigatória e desconforto com a embocadura;
2 - Má oclusão entre os dentes superiores e inferiores, que pode causar formações pontiagudas, como excesso de pontas de esmalte, bicos e ganchos e desnivelamento, como rampas e degraus nos dentes;
3 - Dente do lobo, que pode ferir as bochechas, a língua, e/ou entrar em choque com a embocadura, causando desconforto. Este dente pode ser reduzido ou extraído conforme sua posição e tamanho, levando em consideração a função do cavalo;
4 - Desordens de erupção, dentes decíduos (de leite) impactados são mais comuns do que se pensa, e necessitam de extração, pois podem causar distúrbios na erupção dos dentes permanentes e dor;
5 - Fraturas dentárias, que podem ser pequenas ou atingir quase toda a coroa do dente. Fraturas com fragmentos deslocados podem causar dor nas bochechas e na língua, promover exposição e eventual contaminação da polpa dentária com conseqüente infecção e formação de abscesso.
O crescimento e desenvolvimento dos dentes pode ser dividido nos seguintes períodos:
- 1º Período: Nascimento dos dentes de leite (forma elíptica dos incisivos).
- 7 dias – Nascimento das pinças.
- 30 dias – Nascimento dos médios.
- 6 meses – Nascimento dos cantos
- 2º Período: Rasamento dos dentes de leite. Desaparecimento da cavidade dentária externa pelo desgaste e compressão dos dentes (incisivos ovalados).
- 1 ano – Rasamento das pinças.
- 1,5 anos – Rasamento dos médios.
- 2 anos – Rasamento dos cantos.
- 3º Período: Troca dos dentes de leite pelos permanentes (mesa dentária elíptica).
- 2,5 a 3 anos – Troca das pinças.
- 3,5 a 4 anos – Troca dos médios.
- 4,5 a 5 anos – Troca dos cantos.
- 5 a 5,5 anos – Nascimento dos caninos nos machos
- 4º Período: Rasamento dos dentes definitivos (mesa dentária ovalada).
- 6 anos – Rasamento das pinças.
- 7 anos – Rasamento dos médios (presença da cauda de andorinha)
- 8 anos – Rasamento dos cantos.
- 5º Período: Nivelamento dos dentes definitivos (mesa dentária arredondada).
- 9 anos – Nivelamento das pinças.
- 10 anos – Nivelamento dos médios.
- 11 a 12 anos – Nivelamento dos cantos.
- 6º Período: Triangulação (mesa dentária em forma de triângulo equilátero).
- 13 anos – Triangulação das pinças.
- 14 anos – Triangulação dos médios.
- 15 a 16 anos – Triangulação dos cantos.
- 7º Período: Biangulação (mesa dentária em forma de triângulo isósceles).
- 17 anos – Biangulação das pinças.
- 18 anos – Biangulação dos médios.
- 19 anos – Biangulação dos cantos.
O aparecimento da estrela dentária ocorre cerca de um ano após o rasamento dos dentes.
A oclusão das mesas dentárias dos cantos não é perfeita, deixando a região posterior das mesas dentárias dos cantos superiores sem oposição aos inferiores e, logo, sem desgaste, o que promove o aparecimento da cauda de andorinha. Em geral, a cauda de andorinha não aprece em animais com menos de 7 anos, porém, não é um bom indicador da idade de um animal (Richardson, 1997).
O sulco de Galvane (sulco de coloração escura na face vestibular dos cantos superiores) aparece junto ao bordo gengival por volta dos 10 anos, prolongando-se gradualmente até à fase oclusal, que atinge por volta dos 20 anos de idade. Nos animais mais velhos inicia-se o seu desaparecimento a partir do bordo gengival chegando a estar completamente ausente num animal muito velho (Richardson, 1997).
Em consequência da forma dos dentes incisivos e do seu desgaste, a aparência do perfil de oclusão das arcadas altera-se com o avançar da idade, desde quase vertical até mais horizontal (Figura)
Texto Adaptado. Autoras: Paula Gomes Rodrigues e Maria Cláudia Martins Guerra Miranda
espetacular.gostei muito do artigo postado.
ResponderExcluirobrigado por passar seu conhecimento para
os menos esclarecido.tenha bom dias...
Muito bom
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