A gestação gemelar é a principal causa de aborto nas éguas (Merkt et al., 1982), é também responsável pelo aparecimento de endometrites crônicas. A presença de gêmeos ocorre em 93% dos casos devido a ovulações duplas (Ginther, 1987). Estas ovulações são influenciadas pela idade (éguas adultas tendem a apresentar maiores taxas de ovulações duplas) e raça (ovulações duplas são inexistentes em pôneis, de frequencia média em QM e Árabes e alta em raças pesadas, este fato estaria relacionado ao tamanho das éguas segundo Ginther (1986)).
Com a melhora nas técnicas e aparelhos de ultrassonografia, nos últimos 20 anos a incidência de abortos induzidos devido ao diagnóstico da gestação gemelar aumentou consideravelmente (Ball, 2000).
A gestação gemelar em equídeos é rara, a taxa de concepção de gêmeos dizigóticos em éguas PSI foi de 2% em 2.673 casos observados. A ocorrência natural de gêmeos idênticos é impossibilitada pela inabilidade geral da égua em levar dois conceptos a termo. Esta característica decorre principalmente da competição entre as placentas pelo contato com o endométrio materno, resultando em insuficiência placentária para ambos os conceptos. A perspectiva é que o feto em desvantagem morra durante a segunda metade da gestação, dando início ao abortamento de ambos.
Gêmeos de diferentes tamanhos (idade) geralmente fixam-se no mesmo corno, enquanto que gêmeos iguais (idade) têm a mesma chance de se fixar tanto no mesmo corno quanto em cornos contralaterais. A fixação lado a lado dos embriões faz com que ambas as vesículas mantenham contato das membranas fetais entre si em detrimento do contato com o endométrio. Isto reduz a passagem de nutrientes para os embriões e, consequentemente, aumenta as chances de reduções espontâneas de um ou dos dois embriões (Ginther, 1986).
Antes dos 40 dias de gestação a maior parte das gestações gemelares são espontaneamente reduzidas, entretanto, após os 40 dias é imprescindível que se tome providencias para a prevenção dos problemas causados pela gestação gemelar, como: crescimento retardado de ambos os fetos, distocia, baixa viabilidade de ambos os embriões, e menor fertilidade em das éguas que abortaram fetos gêmeos prematuros, além da baixa viabilidade e performance atlética dos potros que conseguiram nascer.
Os métodos mais utilizados para a prática do aborto ainda nos primeiros meses de gestação são: privação alimentar severa, punção das vesículas embrionárias com auxílio de ultrassom, trauma manual, injeção de substâncias no feto capazes de causar sua morte e conseqüente aborto (KCl, procaína penincilina G). Fetos de gestações avançadas podem ser removidos cirurgicamente.
Autora: Paula Gomes Rodrigues
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