Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

sábado, 19 de março de 2011

A LINGUAGEM DAS MÃOS

 

Conduzir um jumento ou muar é muito mais complexo do que muitas pessoas pensam. Trata-se de um conjunto de ações onde estão envolvidos diversos fatores como postura em sela, integração animal/cavaleiro, num relacionamento direto; um captando o que o outro quer dizer. Um dos fatores que compõem essa comunicação, e talvez uma das mais importantes, é a utilização das mãos. A boca do animal é uma das suas partes mais sensíveis. Em conjunto com a ajuda de pernas e assento, as mãos do cavaleiro indicam o caminho que o animal irá seguir, além de controlar a sua velocidade. Cabe às mãos do cavaleiro, pela ação das rédeas, a responsabilidade de transmitir com clareza e precisão essas instruções.

O que é preciso saber é que as rédeas não foram feitas para “segurar” o animal e sim para conduzi-lo. Por mais que um cavaleiro seja forte, não conseguirá brecar o animal, pois não se pode comparar a força dos dois. Conservar o contato com a boca do animal ou ceder as rédeas são tarefas para mãos hábeis e sensíveis. Empurrar ele sobre as mãos e não deixar que perca o contato com as rédeas ou mesmo larga-las para que trabalhe alegre ou ligeiro, são situações corretas, mas que podem se alterar dependendo do temperamento e do grau de ensino do animal. Dessa forma, somente as mãos sábias do cavaleiro é que farão com que ele perceba o instante de utilizar uma ou outra maneira, fazendo com que ele se torne descontraído, obediente e confiante.

Os antigos cavaleiros seguravam as rédeas na mão esquerda, ficando a direita livre para empunhar a lança ou qualquer outro instrumento de batalha. No entanto a equitação moderna exige que o animal seja conduzido com as duas mãos, para por a prova sua sensibilidade e concentração, independente do que se esteja praticando.

O movimento correto deve ser o dos cotovelos, mantendo sempre as rédeas com a mesma distância e no centro do animal. Deverá ser feita de forma gentil e cordial e quando possível longe de outros animais; essa regra é válida principalmente para os animais novos ou aqueles que necessitam de uma reeducação. A pressão deve ser feita somente após se sentir a “boca do cavalo” e a compressão das pernas, que irá provocar o início do movimento.

A parada deverá ser completa e seguida de um “auto” ou “ôah”. Na seguinte ordem; som, pressão de rédeas e relaxamento das mesmas. Pode parecer fácil, mas os fatores externos influenciam muito na concentração e na percepção do comando, por isso na medida em que o contato entre as partes for se estreitando, mais fatores e motivos que possam vir a chamar a atenção do animal deverão ser adicionados ao exercício diário, para que ele entenda que naquele momento não é hora de brincadeira nem desatenção.

Falar em parada, delicadeza de toque sem falar dos tipos de contato que os mecanismos de controle fazem na boca do animal é inútil seguir a diante. Esses mecanismos costumam ser divididos nos que fazem pressão sobre o palato (céu da boca), nos que se apóiam sobre a mesa (mandíbula) e nos que pressionam a língua e a barbela. Cada indivíduo se sensibiliza com um tipo de mecanismo, podendo evoluir ao longo do treinamento, de um mais agressivo para outro mais brando.

Tudo que se deseja é que o cavaleiro venha a se comunicar com o animal através de toques suaves, de tal forma que proporcionem a ele liberdade para concluir o movimento que foi induzido com o toque na rédea.

A continuidade do movimento poderá dar confiança às partes a desenvolverem os mesmos exercícios em uma velocidade maior, abandonando o passo e partindo para o trote ou galope. Na maioria dos casos o animal tentará acelerar o ritmo por conta própria, ação que também deve ser inibida com toques suaves e simétricos, seguidos de palavras ou frases proferidas em tom de voz contínuo e sereno. Um sinal de que o animal entendeu o “espírito da coisa” é a posição das orelhas e o relaxamento dos músculos do pescoço. As orelhas começam a não se manterem em posição de atenção por todo tempo, e isso, lentamente, provocará a inclinação da cabeça para baixo. Esse momento deverá ser bem explorado, pois representa o início da integração e a rendição de seus mais profundos desejos em prol do trabalho em conjunto.

O nervosismo do cavaleiro ou sua indecisão irá refletir nas respostas, levando o animal a não fazer exatamente aquilo que está sendo proposto. Isso quer dizer que a cumplicidade está intimamente ligada ao resultado final. Quanto mais íntimo ele nos permitir ser, mais equilíbrio devemos ter, pois ele estará atento a velocidade que impomos às mãos e ao modo que pretendemos que ele nos responda.

O animal é um indivíduo que se adapta bem ao condicionamento e as rotinas, mas não podemos ignorar a sua necessidade de descontração também. Esse procedimento, o da descontração, deve sempre que possível começar com o toque das mãos no seu corpo. O equipamento de montaria deve ser retirado com cadência e sempre na mesma ordem, de tal forma que o animal adquira o auto-controle e entenda que está sendo posto em liberdade, mas que esse processo não poderá ser feito à sua moda; disparando para porta de sua baia ou para a porteira de um piquete. Deve ser tranqüilo para que não cause dano às partes, e, quando pego no dia seguinte ele reaja a favor do seu dono, reiniciando o processo de cumplicidade da forma mais espontânea possível, fazendo da seqüência do treinamento um aprendizado onde as duas partes saem beneficiadas.

Texto adaptado. Fonte: Cavalo Completo 8/99

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