Segundo Lewis (2000) a alimentação representa, cerca de 70% dos custos de criação de eqüinos caracterizando um dos principais fatores para o sucesso da atividade, e as dietas para eqüinos devem ser elaboradas respeitando-se a fisiologia digestiva para se obter uma melhor eficiência alimentar e, deste modo, evitar desde transtornos gastrintestinais agudos a distúrbios digestivos crônicos. Portanto, é importante o estudo de métodos de processamento que possam melhorar o valor nutritivo dos alimentos fornecidos aos animais e desta maneira reduzir os custos da alimentação.
Desta forma, o objetivo deste resumo é reunir algumas informações relacionados a qualidade nutricional, produção, escolha e compra dos fenos utilizados na alimentação de eqüinos.
O valor nutritivo das plantas é afetado por fatores fisiológicos, morfológicos, ambientais e por diferenças entre espécies, sendo que, no caso das plantas forrageiras, o declínio do valor nutritivo associado ao aumento da idade, normalmente é explicado como o resultado da maturidade da planta e conseqüentemente aumento da lignificação das plantas, afetando principalmente a digestibilidade (Vilela, et al. 2005). Contudo, a digestibilidade de dietas completas pode ser influenciada principalmente em função das características intrínsecas dos alimentos utilizados, especialmente como composição química, a quantidade consumida, o tamanho de partícula, o teor em água, a quantidade de fibra, entre outros (NRC, 1989; Van Soest, 1994).
O propósito da fenação é obter uma forragem desidratada de alta qualidade, sendo que para produzir um feno de alta qualidade algumas condições são necessárias, primeiramente a forragem a ser cortada deve ser de boa qualidade e posteriormente a secagem deve ser feita com um mínimo de perda de nutrientes, que se consegue com uma secagem rápida que leva a planta à sua inatividade (Vilela, et al 1983).
Forrageiras, comumente utilizadas para produção de fenos, durante a fase de crescimento vegetativo, apresenta 75 a 85% de água (15 a 25% de matéria seca), e com o aumento da idade, durante a fase de floração apresenta cerca de 65 a 75% de água podendo chegar a teores de 55% de água, e o estágio de crescimento da planta é que determina o seu valor nutritivo. Plantas forrageiras durante o crescimento vegetativo apresentam alto valor nutritivo e à medida que passam do crescimento vegetativo para o reprodutivo (floração) este valor decresce acentuadamente, contudo cortar plantas muito jovem não é interessante, devido a baixa produção de matéria seca (Vilela, et al. 2005).
O processo de secagem começa quando a planta é cortada, portanto, secagem mais rápida, determinará menores perdas na respiração e conseqüentemente obtêm-se uma forragem conservada com valor nutritivo mais elevado. A composição química e o valor nutritivo de uma forragem em um determinado momento é o resultado dos fatores do meio (fertilidade e umidade do solo) e do potencial genético da planta forrageira. Os fatores genéticos determinam as espécies de plantas, os cultivares dentro das espécies, o tipo de crescimento e à resposta a determinados fatores do meio, como clima, solo, manejo, pragas e doenças e precipitação média (Vilela, et al 1983; Vilala, et al. 1997).
A planta forrageira durante o crescimento vegetativo tem uma alta proporção de folhas, com alto conteúdo de umidade, proteína, minerais, e baixo teor de fibras e lignina (substância presente na parede vegetal praticamente indigestível pelos herbívoros), ao passar do estágio de crescimento vegetativo para reprodutivo sofrem várias alterações como alongamento do caule, queda das folhas e aumento de produtos fotossintéticos e aumentam os constituintes fibrosos e tornam-se mais lignificados. A qualidade de uma planta forrageira é representada pela associação da composição bromatológica, da digestibilidade e do consumo voluntário, enquanto seu baixo valor nutritivo é determinado pelo reduzido teor de proteína bruta e mineral, pelo alto conteúdo de fibra e pela baixa digestibilidade (Cunha, 1991; Frape, 1992).
A variação da qualidade nutricional pode se apresentar da seguinte forma, em gramíneas (Tifton e Coast Cross), em função do estágio vegetativo de desenvolvimento da planta, apresenta variação entre matéria seca (de 25 para 35%), fibra bruta (de 21 para 35%), proteína bruta (de 13 para 5%), semelhantes variações são observadas nas leguminosas (Alfafa), redução em proteína de 32 para 13% e aumento na porcentagem de fibra bruta de 15 para 38%, de lignina de 5 para 8%, demonstrando assim a redução do valor nutritivo (Vilela, et al 1983).
A produção de matéria seca cresce com a idade da planta enquanto, o valor nutritivo decresce quando a planta passa da fase de crescimento vegetativo para reprodutivo. Cortes no início da fase de crescimento vegetativo trariam como desvantagens, menor rendimento forrageiro e ainda alto teor de umidade da forrageira, porém cortes durante a fase de crescimento reprodutivo teriam como desvantagens, maior lignificação das células e menor digestibilidade da proteína e energia. A época ideal de corte das plantas para produção de feno, seria aquela em que a forrageira estaria proporcionando melhor relação entre aspecto qualitativo e quantitativo (maior produção de matéria seca em relação com melhor perfil nutricional da forrageira), sendo que o intervalo entre cortes não pode ser definida em termos de crescimento ou de datas pré-fixadas, mas sim em períodos de descanso da cultura, condições locais do meio, aspectos econômicos. Convém, portanto enfatizar que a qualidade da forragem à época do corte é de importância primária na qualidade do feno (Resende, et al 1999; Vilela, et al 2005).
O horário do dia escolhido para realização do corte da forragem também afeta o conteúdo de umidade do material a ser fenado. A porcentagem de matéria seca é alta durante o dia (entre meio dia e 15 horas) e é menor durante a noite e pela manhã, ou seja apresentando um maior teor de umidade na planta (Resende, et al 1999).
Outra dica interessante é quanto a escolha do dia a ser realizado o corte das plantas, deve-se optar por dias que apresentem previsão de tempo bom (sem precipitação pluviométrica), pois muitas vezes o material cortado pode levar mais de um dia para estar em ponto de enfardamento. Como já comentado um feno de boa qualidade deve ser desidratado o mais rapidamente possível, e desta forma o material que recebe uma carga de chuva após o corte tende a ficar com aspecto visual ruim e perder qualidade nutricional.
O processo de secagem começa quando a planta é cortada assim partes da planta diferem quanto a resposta à perda de água sendo que as folhas de leguminosas secam mais rápido do que o caule e isto contribui para a queda das mesmas e perdas subseqüentes da parte mais nutritiva (Vilela, et al 1983).
Desta forma, o uso de bons equipamentos contribui para redução do custo de mão de obra e para melhorar a qualidade do produto, assim para uma secagem mais rápida, o material deve ser distendido e espalhado, evitando o aparecimento de montes ou leiras, mesmo que estas sejam espalhadas e frouxas. Quanto maiores forem as leiras, tanto mais lento será o processo de secagem. No entanto, o feno segue mais rapidamente estando espalhado, não é aconselhável curá-lo totalmente dessa forma, pois se realizando a cura total desse modo, as folhas se tornam secas e quebradiças muito antes que as hastes estejam suficientemente secas. No caso de leguminosas, haverá grande perda de folhas ao ser manipulado.
Segundo Vilela, et al (1983) para preparar um feno de qualidade algumas dicas seguem: primeira, deve-se ceifar (cortar) pela manhã, bem cedo, pois não há necessidade de retardar o corte por causa do orvalho. As forrageiras ceifadas logo cedo, embora úmidas pelo orvalho apresentam-se mais secas à tarde do que as ceifadas em horas mais avançadas do dia; segundo; remover o material quantas vezes necessárias (mínimo de duas passagens); terceira deixar a forragem espalhada por algumas horas, até que ela fique parcialmente curada; quarta dica ceifar apenas a quantidade que se puder manejar convenientemente, sob as condições comuns de tempo; quinta antes que haja perigo de desprendimento das folhas, a forragem deve ser amontoada, em pequenas leiras, frouxas, de preferência, com um ancinho de descarga lateral; sexta caso o tempo esteja propício à fenação, a cura deverá prosseguir nessas leiras (lembrando que as leiras devem ser removidas durante o dia), sendo o feno daí enfardado.
Para o enfardamento do feno deve se optar por recolher o material a ser enfardado das próprias leiras com a enfardadeira, e é necessário que a umidade do mesmo esteja entre 20 e 22%.
Da mesma forma que destacamos a importância de se produzir um bom feno (escolha de espécie forrageira, escolha do período e dia de corte, processo de secagem e enfardamento), o armazenamento deste material produzido é de extrema importância e alguns cuidados devem ser tomados, como: conservar e guardar em lugar abrigado da chuva, em local seco e arejado, a uma altura de aproximadamente 10 cm do solo, de tal forma a possibilitar ventilação evitando o aparecimento de umidade.
Tabela 1. Apresenta composição química média dos principais tipos de fenos utilizados na alimentação de eqüinos.
Fonte: VALADARES FILHO, S.C.
1. Matéria seca; 2. Proteína bruta; 3. Extrato etéreo (gordura); 4. Matéria mineral; 5. Carboidratos totais (carboidratos estruturais + carboidratos solúveis).
Desta forma, podemos concluir que conhecendo alguns aspectos relacionados à produção de fenos, pode nos auxiliar na escolha e compra deste tipo de material. A produção de feno abrange muitos mais aspectos que os citados neste resumo, e diversos pesquisadores têm buscado cada vez mais informações a respeito do assunto.
Autoras: Leonir Bueno Ribeiro e Paula Konieczniak
Fonte: http://www.cavaloscrioulos.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário