É um acontecimento tão raro que os romanos tinham um ditado que dizia, "quando a mula der cria" que é o equivalente ao atual "quando o inferno congelar"
Larry Amos, fazendeiro de Colbran assiste enquanto o filhote faz carinho na mãe Kate, uma mula de 7 anos que deu a luz três meses atrás, ao filhote, que é considerado um milagre, e que ainda não tem nome. Testes genéticos confirmaram que o filhote é realmente de Kate. (Ed Kosmicki | Special para o The Post)
Colbran – Quando aconteceu no Marrocos cinco anos atrás, as pessoas que moravam por perto acharam que era um sinal do fim do mundo. Na Albania em 1994, pensaram que um filhote que tinha nascido de uma mula era o filho do diabo que tinha sido lançado na pequena vila.
Mas no rancho Grand Mesa, o um em um milhão, caso geneticamente impossível de uma mula dar a luz a um filhote dela mesma, apenas levantou um grande interesse da comunidade científica. E, claro, também dos curiosos, que estão aparecendo na pequena cidade de Colbran para ver e tirar fotos do filhote.
"Ninguém fugiu de medo até agora," riu Laura Amos, a dona do filhote, junto com seu marido, Larry.
O filhote está sendo considerado um milhagre porque as mulas supostamente não podem ter filhotes. Mulas são hibridas de duas espécies – da égua e do jumento – o que faz com que tenham um número ímpar de cromossomos. O cavalo tem 64 cromossomos e o jumento tem 62. A mule herdou 63. Um número par de cromossomos é necessário para se dividir em dois e reproduzir.
Mas esses números se tornaram irrelevantes em Abril quando os Amos acordaram com com o barulho que vinha do curral atrás da casa deles.
Correndo para o resgate
Eles viram que havia um filhote olhando por baixo de uma das suas mulas pretas favoritas, Kate. Eles correram para salvar o filhote dos burros que estavam tentando pisotear o pequeno, e das outras mulas que estavam tentando roubar ele.
Então os Amos começaram a se perguntar como que aquele filhote poderia existir, já que mulas são estéreis, um fenômeno primeiro descrito pelo fisósofo grego Aristoteles.
Os Amos, que tem cerca de 100 cavalos e mulas sabiam que o que eles estavam vendo era considerado sientificamente impossivel – hoje ou na grécia antiga. Eles começaram a pesquisar e descobriram que no último século foram registrados cerca de 50 casos de mulas dando cria. Apenas dois desses foram testados e provados geneticamente.
É um acontecimento tão raro que os romanos tinham um ditado que dizia, "cum mula peperit," que significa "quando a mula der cria" que é o equivalente ao atual "quando o inferno congelar".
Testes geneticos na University of Kentucky e na University of California em Davis confirmaram que Kate é sim uma mula, e que o filhote ainda sem nome é realmente dela. Com isso foram descartados alguns fatores que explicaram alguns nascimentos de filhotes que haviam sido atribuidos a mulas. Essas mulas haviam roubado o filhote, ou elasnão eram mulas realmente, eram jumentas ou éguas parecidas com mulas.
Agora os Amos estão esperando por um teste de cromossomos da University of California para determinar exatamente o que é o filhote que está crescendo no seu curral. Ele pode ter um pouco de cavalo e uma grande parte de jumento, ou ele pode ser em sua maior parte cavalo, com só um pouco dos genes do jumento.
"Ele se parece com um jumento agora, mas todos eles se parecem nessa idade," disse Larry Amos.
Descoberta Surpreendente
Dr. Oliver Ryder, sócio-diretor da divisão de Conservação e Pesquisa de Espécies em Extinção do Zoológico de San Diego, disse que a resposta de como Kate pode ter tido um filhote pode ser surpreendente. Existiam descobertas bem inesperadas – e ainda sem explicação – de quando uma mula deu a luz a dois filhotes em Nebraska em meados da década de 80. O caso teve grande repercussão local e uma grande investigação foi feita, incluindo o primeiro teste genético feito em um filhote de mula.
Ryder disse que os testes, no caso de Nebraska, mostrou que não havia nenhuma evidênciaa de que a mãe passou qualquer marcador genético do seu pai – um jumento que também era pai dos filhotes. O fenômeno é chamado "transmissão hemiclonal", que em termos simples significa que os genes da égua cancelaram os genes do macho como se eles nem sequer existissem.
Esse fenómeno tem sido observado em anfíbios, mas não em mamíferos.
"Não ocorreu recombinações. Não houve rearranjo. Olhamos marcadores em cada cromossomo", disse Ryder. "Este foi um achado extremamente inesperado."
Outro caso famoso, mas sem nenhuma documentação cientifica ocorreu em Texas A&M na década de 20. Uma mula pariu uma mulinha quando cruzou com um jumento e depois teve um potro quando cruzou com um cavalo.
Ryder diz ser "fascinado por este fenômeno" e está ansioso para aprender mais com o filhote dos Amos.
Assim como a publicação "Mules and More," que está fazendo um concurso para dar um nome ao filhote e que prometeu aos leitores dar novidades regurlamente sobre o assunto.
Os Amos ainda estão confusos. Eles não sabiam que ela estava grávida quando compraram ela e outras nove mulas de um criador em Pleasant Plains, Ark., no final do verão passado. Ela trabalhou como animal de carga por todo o inverno, e ninguém notou que ela estava grávida quando foi trazida de volta na primavera. Eles estavam todos gordos depois de um inverno com bastante comida boa.
Os Amos estão pensando em colocar Kate para cruzar novamente. Eles querem ver se o “milagre” vai acontecer uma segunda vez. Eles dizem que não tem nenhum medo de que o acontecimento vá trazer o fim do mundo.
Fonte: Nancy Lofholm, Denver Post 07/26/2007
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