Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

terça-feira, 13 de setembro de 2011

DESCOMPLICANDO O USO DA CONSANGUINIDADE

A consanguinidade é um método de seleção, que tem como finalidade fixar caractetisticas desejáveis no plantel, sendo definida como sendo o grau de parentesco entre animais que têm ancestrais em comum.

Todavia, muito se comenta quanto aos riscos da prática subjetiva da consanguinidade, sem embasamento zootécnico. De fato, os resultados tanto poderão ser positivos, com base na fixação de caracteres desejáveis, de acôrdo com o programa seletivo, como também resultados negativos, com base na exteriorização de defeitos.

Geralmente, os defeitos manifestam-se em estado de homozigose recessiva. Como a consanguinidade favorece o emparelhamento de genes semelhantes, o resultado tambem poderá ser o emparelhamento dos genes recessivos.

O quanto um filhote é consanguíneo é determinado pela medida do Índice de consaguinidade (I.C.), o qual pode ser calculado através da seguinte formula:

. ........................ (NP + NM)
I.C. = soma de (½) (np+nm) x (½)

NP - numero de gerações paternas, entre o pai do animal até o ancestral comum

NM – numero de gerações maternas, entre a mãe do animal até o ancestral comum que serviu de referência para o calculo do NP

O Índice de Consanguinidade (I.C.) amentará no caso de ser identificado na genealogia mais de um ancestral em comum. Neste caso, os cálculos do NP e NM devem ser feitos em separado para cada ancestral em comum, e o I.C. será o somatório.

Os acasalamentos consanguineos frequentemente praticados estão relacionados na tabela abaixo:

TIPO DE ACASALAMENTO

image

Como pode ser notado pela análise da tabela anterior, o Índice de Consanguinidade geralmente será metade do grau de parentesco, exceto nos casos de haver no pedigree mais de um ancestral em comum.
Vejamos como exemplo o parentesco entre pai e filha que é de 50%, porque a filha recebe 50% da bagagem genética do pai e 50% da bagagem genética da mãe. Porém, o I.C. será de 25%. Este mesmo exemplo é ilustrado na árvore genealógica abaixo e aplicando a fórmula de cálculo do I.C.
                D
        B
                C
A
                E
          C
                 F

NP = 1  
NM = 0 
             (1 + 0)
I.C. =   ½             X   ( ½ )
I.C. = ¼ = 25%

image

Os riscos da consanguinidade não podem ser 100% evitados, mas podem ser minimizados, através de um programa de acasalamento zootecnicamente analisado. O mérito genético dos ancestrais deve ser considerado como um todo – morfologia, marcha, docilidade, treinabilidade, fertilidade.

Em paralelo, o grau de parentesco dos animais envolvidos no processo reprodutivo também deve ser avaliado, tendo como objetivo evitar a prática de consanguidade estreita.

Em casos de plantéis consanguineos, o método de seleção deve ser o oposto, ou seja, com base na heterose, pelo menos em uma ou duas gerações sucessivas.

Infelizmente, devido ao mal uso da consanguinidade, um numero significativo de selecionadores não alcançam resultados satisfatórios no melhoramento das proles anuais.

Autor: Lúcio Sérgio de Andrade

Fonte: Equicenter Publicações

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Livro: La grande histoire du mulet

 image

La grande histoire du mulet (A grande história da mula)

1899: um século atrás, foi a primeira edição impressa de um livro em louvor da mula.

Indice (traduzido)

Capítulo 1 - As qualidades da mula

Seção 1 - A mula na vida ordinária
Seção 2 – A mula da montanha

Seção 3 - A mula que atravessa rios e mar
Seção 4 - Antecedentes e velocidade
Seção 5 - Coragem
Seção 6 - Sobriedade

Capítulo 2 - A verdade sobre os alegados defeitos da mula

Seção 1 – Sociabilidade excessiva
Seção 2 - Teimosia
Seção 3 - Malicia
Seção 4 - Rétivité
Seção 5 – Vaidade

Capítulo 3 - As duas únicas falhas na mula

Capítulo 4 - A injustiça dos homens para com a mula

Capítulo 5 - A mula do exército francês

Seção 1 - Passagem dos Alpes por Napoleão 1
Seção 2 - A conquista da Argélia
Seção 3 - A conquista de Madagascar

Nota histórica – a mula através dos tempos

sábado, 10 de setembro de 2011

PROTOCOLO VETNIL PARA CLAUDICAÇÕES

 

Caros amigos,

Aqui no blog, temos recebido com muita frequência solicitações referentes a diversos tipos de claudicações (ou seja, manqueiras). Já que este é um assunto de interesse geral, gostaria de convidá-los a lerem o texto abaixo, que tem orientações genéricas sobre prevenção e tratamento de alguns dos tipos mais comuns de problemas do aparelho locomotor que podem afetar os animais de trabalho, esporte e lazer.

Quando falamos das claudicações (manqueiras), é preciso considerar alguns aspectos anatômicos. O aparelho locomotor é composto de ossos, unidos pelas articulações (“juntas”), que são constituídas por ligamentos, cápsulas articulares e líquido sinovial. Os tendões conectam ossos e músculos, e é a contração destes últimos que gera o movimento. Quando um animal manca, uma ou várias destas estruturas podem estar comprometidas. Para responder à pergunta “por que o meu animal está mancando?” devemos tentar chegar à origem física, e portanto à causa da dor que ele está sentindo.

Podemos classificar as manqueira como agudas ou crônicas. As agudas são aquelas que surgem repentinamente e/ou existem há pouco tempo, às vezes relacionadas a um acidente recente. As crônicas são aquelas que existem há semanas, meses ou anos, em geral piorando aos poucos ou passando por fases de melhora relativa seguida de nova piora. Esta diferenciação é importar para escolher o tratamento mais indicado.

Existem condições do aparelho locomotor que não causam manqueira direta, mas são motivo de incômodo estético, além de poderem piorar a amplitude ou a força do movimento do animal. Um exemplo são as chamadas “ovas”, aumentos de volume da cápsula articular comuns em animais que trabalham intensamente.

Em geral, as claudicações se originam em causas diversas, as quais aliadas entre si resultam nos sintomas apresentados pelo animal. Alguns fatores a considerar:

  • Idade – animais jovens costumam mancar quando são forçados cedo demais. Os adultos podem sofrer pela utilização intensa em esporte e trabalho; enquanto os animais idosos já têm o aparelho locomotor desgastado por uma vida de esforços.
  • Tipo físico e aprumos – os animais pesados, gordos ou muito musculosos, sobrecarregam a parte estrutural do aparelho locomotor, enquanto os magros demais compensam a falta de musculatura através de movimentos forçados, de alto impacto. Problemas de aprumos, tais como cascos mal angulados, jarretes fechados, joelhos curvos ou transcurvos, etc, agravam estas condições.
  • Tipo de trabalho e tipo de piso – quanto mais pesado e/ou rápido o exercício, maior o impacto sobre o aparelho locomotor. Trabalho prolongado leva à fadiga, com perda de eficiência da contração muscular, o que aumenta o risco de claudicação. Quanto mais duro o piso, maior o impacto, o que agrava problemas ósseos e articulares. Já o trabalho em piso fundo e macio, ou encharcado, tende a sobrecarregar os tendões.
  • Ferrageamento – todos os problemas descritos se agravam quando o animal é ferrado ou casqueado por um profissional pouco competente; esta é uma causa muito comum das manqueiras crônicas, que pode levar à sua inutilização. O bom ferrageamento preserva o locomotor saudável, ou pode ser ortopédico, melhorando alterações existentes.
  • Manejo e utilização – confinamento e falta de rotina de treinamento são veneno para o aparelho locomotor, especialmente para os potros. O trabalho precisa ser constante, progressivo e regrado, de acordo com as possbilidades e características doanimal, independente das ambições do cavaleiro. Grande parte das manqueiras é causada por trabalho esporádico (cavaleiros de fim-de-semana), sem respeitar o nível de condicionamento físico do animal. Outro problema comum é o excesso de trabalho de explosão e velocidade, em animais que não recebem os benefícios de um programa de condicionamento físico com muito trabalho “longo e lento” (passo, trote, flexionamentos, etc) que deveriam ser a base de todo cavalo/jumento/muar funcional, os de trabalho e lazer tanto quanto os de esporte.
  • Fatores predisponentes diversos como manejo e genética são importantes causadores de claudicações, especialmente nos potros.
  • Manqueiras podem ser sintomas também de deficiências técnicas do cavaleiro (por exemplo, pessoa que ao montar “soca no rim do cavalo”, levando a alterações de movimentação que se refletem nos membros), ou ainda de equipamentos mal ajustados, tais como selas inadequadas causando dor, prejudicando a cadência dos andamentos.

A prevenção da claudicação passa por todos os itens mencionados acima; ou seja, é preciso identificar a causa e eliminá-la, ou diminui-la ao máximo. Já otratamento das claudicações pode ser dividido em dois aspectos:

  1. Sintomático – é o tratamento do primeiro momento, destinado a dar mais conforto ao animal, enquanto não se chega ao diagnóstico da causa da manqueira. Pode ser comparado a tomar analgésicos quando uma pessoa está com dor de dente – a causa da dor não é curada, mas a pessoa se sente melhor até a consulta com o dentista. No entanto, se o uso dos analgésicos continuar sem critério, o quadro vai piorar, podendo até resultar na perda do dente.
  2. Específico – é o tratamento da causa da manqueira, até a cura da mesma ou até a melhora máxima que pode ser obtida, dependendo da condição. Ele depende de umdiagnóstico, que deve ser feito por um médico veterinário especializado em equinos. Muitas vezes é necessário o uso de recursos diagnósticos complementares, tais como radiografias.

O tratamento sintomático, focado no controle da dor, é bastante genérico, enquanto o para o tratamento específico existem tantos protocolos quanto há causas para manqueira. Vejam alguns exemplos de patologias diagnosticáveis:

a) ossos – fraturas, fissuras, osteítes, sobreossos

b) articulações – ovas, entorses, luxações, osteófitos, calcificações, artroses, artrites

c) tendões e ligamentos – tendinites, tenossinovites, rupturas,hiperextensões

d) cascos – infecções por bactérias ou fungos, traumas, laminite, brocas, abscessos

e) músculos – miosites, rupturas, disfunções metabólicas

… entre muitos outros. Cada um exige um tratamento diferente, e por isto o acompanhamento veterinário é tão importante. Os protocolos costumam aliar diversas abordagens terapêuticas, para maximizar as probabilidades de sucesso e a rapidez da recuperação, tais como:

  • analgésicos
  • anti-inflamatórios
  • medicamentos complementares, tais como condroprotetores e estimulantes da circulação
  • ferrageamento ortopédico
  • manejo – repouso total (em cocheira ou piquete) ou parcial (apenas trabalho a passo, por exemplo)
  • tratamentos no local da lesão (por exemplo, infiltrações peri ou intra-articulares)
  • produtos e terapias tópicos (massagem, ligas de descanso, aplicação de frio ou de calor)
  • terapias complementares, tais como fisioterapia, ultrassom ou laser terapêuticos
  • cirurgias em casos mais graves

Cabe ao médico veterinário definir o melhor curso de tratamento, avaliando e readequando o mesmo conforme a evolução do caso. Dependendo do caso, pode levar meses ou anos até o animal voltar à ativa – por exemplo, seis meses a um ano em uma tendinite, e um a dois anos em uma laminite leve. A paciência e a colaboração do proprietário são essenciais para o sucesso.

O tratamento sintomático ou analgésico quase sempre alia produtos tópicos a analgésicos ou anti-inflamatórios de uso oral ou parenteral (injetável). O uso prolongado destes últimos pode causar efeitos colaterais graves, incluindo gastrites e cólicas, além de piorar o problema original, já que ao sentir menos dor o animal estará fazendo mais força no membro afetado.

Práticas como massagens, aplicação de ligas de descanso com produtos topicos, uso de duchas frias, caneleiras de gelo, ou compressas quentes são recursos complementares valiosos. Em geral, lesões agudas (recentes) respondem melhor à aplicação de frio, enquanto problemas crônicos (antigos) podem se beneficiar do calor, aí incluindo produtos termogênicos (que provocam sensação de calor na pele).

Diversos produtos VETNIL são auxiliares importantes no tratamento das manqueiras de nossos cavalos. Confira abaixo:

  • Condroton Injetável e Condroton Plus – condroprotetor que fortalece as articulações e auxilia na recuperação de lesões do aparelho locomotor:
    • Condroton Injetável – 2 mL para cada 100Kg, até a dose máxima de 10mL, a cada 5 ou 7 dias, mínimo de 5 aplicações;

DEPOIS:

    • Condroton Plus – Dosagem inicial – 10g duas vezes ao dia; Dosagem de Manutenção – 10g uma vez ao dia.
  • DM-Gel: gel para massagem auxilia no tratamento de tendinites, lesões em ligamentos, sobreossos, ovas. Pode ser utilizado com ligas de descanso.
  • Gelo Pan: gel hidroalcoólico para massagem, indicado para alívio de distensões musculares e dores lombares
  • Ice-Flex: pasta antiflogística do tipo “barro medicinal”, de uso indicado após treinamento forte, e também para tendinites e outras lesões no estágio agudo.
  • E-Se Vetnil: composto vitaminico-mineral que ajuda a prevenir as dores musculares decorrentes do treinamento
  • Cal-D-Mix: suplemento oral de cálcio, importante para otimizar a recuperação de fraturas e fissuras. Em potros, promove formação de ossos mais densos, importante para reduzir a incidência de futuras lesões de treinamento.

Estes são apenas alguns dos produtos da linhas Vetnil e JCR que podem ajudá-lo a cuidar bem de seu cavalo, auxiliando na prevenção e recuperação das lesões e traumas de esforço. Converse com o seu médico veterinário para juntos definirem a melhor conduta para com um animal muito especial – o seu!

Também os animais de esporte merecem “vida de cavalo”, soltura no pasto na companhia de outros animais. O stress do desempenho, tanto físico quanto mental, diminui, e micro-lesões de treinamento se curam mais rapidamente.

EXEMPLO DE TRATAMENTO PARA UMA CLAUDICAÇÃO AGUDA:

  • Histórico: No dia anterior, o animal estava galopando pelo campo em trabalho de laço e pisou num buraco. Sentiu dor na hora, e amanheceu pior no dia de hoje. Apóia os quatro membros, porém manca ao passo.
  • Possível diagnóstico: torção do boleto com hiperextensão do ligamento suspensor do boleto.
  • Sugestão de protocolo de tratamento, duração máxima de cinco dias:
    • Comunicar-se com o veterinário responsável
    • Iniciar terapia com gelo no membro afetado, 15 minutos por vez, 3 a 4 vezes por dia, durante cinco dias (por exemplo: cortar uma câmera de pneu de caminhão fazendo um “tubo” que possa ser vestido na perna do animal. Amarrar embaixo, encher com cubos de gelo, e amarrar em cima. Deixar agir durante 15 minutos, com o cavalo imóvel.)
    • À noite, aplicar camada grossa de Ice-Flex na região afetada. Remover com jato de água na manhã seguinte, durante cinco dias.
    • Manter o animal em repouso, em cocheira ou sozinho em piquete pequeno
    • Utilizar analgésico por um período máximo de cinco dias, por exemplo, Algivet Vetnil ou outro conforme indicação do médico veterinário.
    • Se não houver melhora significativa ao fim deste período, ou se o animal piorar durante estes cinco dias, é sinal de que se trata de um problema mais grave, e que o veterinário precisa fazer um diagnóstico exato, para estabelecer o tratamento adequado.

EXEMPLO DE TRATAMENTO PARA UMA CLAUDICAÇÃO CRÔNICA:

· Histórico: Animal de salto de 12 anos que às vezes apresenta manqueira ligeira, que tende a melhorar ou desaparecer depois do animal estar aquecido. Os sintomas tem se agravado de algumas semanas para cá.

· Possível diagnóstico: síndrome do navicular (artrose e osteíte do osso navicular e/ou da terceira falange)

· Confirmação de diagnóstico: atendimento veterinário, com testes de flexão, bloqueio anestésico, e/ou radiografias do membro afetado.

· Possível tratamento:

    • Condroprotetores (Condroton Injetável + Condroton Plus)
    • Ferrageamento ortopédico
    • Anti-inflamatórios e analgésicos a critério do médico veterinário
    • Infiltrações articulares, a critério do médico veterinário
    • Indicação cirúrgica, dependendo da evolução.

· Prognóstico

    • utilização atlética: favorável a reservado a curto e médio prazo, dependendo do grau de evolução do problema quando do início do tratamento. Reservado a desfavorável a médio e longo prazo, especialmente para trabalho intenso.
    • passeios e reprodução: favorável.

Quanto maior o esforço ao qual os animais são submetidos maior a importância de cuidados constantes com o aparelho locomotor.

Texto Adaptado. Fonte: VETNIL

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Conexão Cerebral

 

Nenhuma embocadura , em nenhuma época, teve o poder de realizar o que os seus inventores preconizaram. Poucas ferramentas foram alvo de tanta mistificação quanto os freios e os bridões do passado e a sua eficiência foi sempre enormemente exagerada. Mas uma coisa é certa: o poder de destruição de uma embocadura é enorme. O mau uso das embocaduras é o maior responsável por todos os animais imprestáveis que já habitaram e ainda habitam este planeta. Mas, com o tempo e com o desenvolvimento tecnológico, as embocaduras se tornaram mais simples, suaves e inteligentes — e no século 21, com a ajuda da neurociência, a sua ação positiva e negativa pode ser definitivamente compreendida.


A questão mais polêmica da equitação sempre foi o critério do uso das embocaduras (1). Tipos deferentes de animais recomendam tipos específicos de embocaduras? Trabalhos ou esportes diferentes recomendam o uso de embocaduras diferentes? Idades diferentes exigem embocaduras diferentes? O animal tem de gostar da embocadura? A embocadura deve ser um meio de indução ou uma ferramenta para a subjugação? E, finalmente, o animal para ser montado, tem de usar embocadura, ou existiria outro meio para se controlar? Estas perguntas foram formuladas por todas as gerações de cavaleiros através da história, cada povo encontrando a sua própria solução dependendo do seu estágio de evolução cultural. Quanto mais atrasada a comunidade, mais cruéis as suas embocaduras.


Na Antigüidade, os primeiros cavalos utilizados para o transporte de pessoas utilizavam uma argola no nariz, como os bois de carga. As primeiras gerações de nômades da Ásia Central provavelmente usaram barbicachos (2) como o meio de conduzirem e pararem os seus cavalos. Na Grécia Antiga, as embocaduras eram verdadeiros instrumentos de tortura. Os gregos do século 5 antes de Cristo (e antes de Xenofonte), usavam um freio-bridão (3) construído com tantas peças de metal diferentes colocadas ao longo da barra rígida (4) , que era capaz de transformar o céu da boca do animal num inferno. Os pilotos de biga egípcios – aqueles que perseguiram os israelitas Mar Vermelho adentro – usavam um tipo de freio liso parecido com o atual pelham (5) , mas as argolas de ligação com as rédeas, no canto da boca, tinham cinco pontas viradas para dentro, como a coleira de um cão mastim. Apesar do gênio inventivo dos gregos, o maior desenvolvimento na mecânica das embocaduras foi promovido pelos Celtas (6) . Os gauleses, que invadiram a Ásia Menor no século 3 aC., inventaram um bridão muito próximo do moderno, e o atual freio com passador de língua (7) e barbela (8) , foi também uma contribuição desses bárbaros. No tempo de Átila, 400 dC os hunos já usavam um bridão simples, semelhante ao da atualidade.

 
Na Idade Média, os violentos freios (9) com barbela eram utilizados para darem aos cavaleiros maior domínio sobre o animal, já que as suas mãos estavam ocupadas para manejar o escudo, a espada ou a lança, durante as cargas de cavalaria. Na Renascença, quando a equitação ocidental recomeçou de forma sistemática, as embocaduras ainda eram todas do tipo freio, isto é, com barras rígidas, ou enormes argolas internas equipadas com rodinhas e até sininhos! As câimbras (10) eram longas para aumentar a alavancagem e produzir mais dor. Como já vimos na Escola Napolitana de Equitação, dirigida por Federico Grisone, contra a lei do mais forte usava-se a lei do mais cruel. Grisone recomendava cavalgar “com uma embocadura suave e mãos delicadas... porque, fique certo de que é a arte e a boa técnica de equitação que fazem uma boa boca, e não a embocadura”. Mas isso era o que ele dizia, mas obviamente não fazia. Na Europa, até o século 19, a embocadura era considerada a ‘chave’ para a boa equitação e eram usadas como uma ferramenta para a subjugação do animal. Nas culturas atrasadas, que ainda praticam a baixa tecnologia eqüestre é comum, quando o cavaleiro não consegue dominar o cavalo, ele passar a usar uma embocadura mais pesada (11) . Isto é como um mau jogador de futebol que, não conseguindo fazer gol, pede para trocarem a bola, ou o mau pintor que, vendo ‘la merde’ que está a fazer, pede para lhe substituírem o pincel. A embocadura, como qualquer outra ferramenta – serrote, pincel ou bisturi – não possui competência própria. Ela transmite a habilidade de pessoas competentes — o resto é ignorância pura, uma doença que, aparentemente, nunca teve cura. “A embocadura não deve incomodar mais a um cavalo treinando do que a gravata a um homem trabalhando”, ensina Gabby Hayes.


O pensamento mecânico da equitação, que grassou da Idade Média até a atualidade, produziu uma variedade infinita de embocaduras, cada qual com ‘recomendações’ para o seu uso. Uma embocadura era idealizada para ‘realizar’ uma determinada operação mecânica e resolver certos ‘problemas’ do animal, como se ela fosse uma roda dentada dentro de uma máquina. Ainda no século 19, L. Picard, instrutor da Escola de Saumur, publicou o livro Origines de l’École de Cavalarie et de Ses Traditions Équestres, que apresenta uma relação de 150 embocaduras, cada qual com uma ‘recomendação’ de uso. Haviam embocaduras indicadas para éguas prenhes, cavalos turcos, puro sangue inglês, cavalos que ‘disparam’, cavalos que ‘boleiam’ etc (12) . Como se fossem fechaduras, pensava-se que cada tipo de animal necessitava de uma embocadura própria que seria a ‘chave’, para a boa equitação! Isto tudo, para os nossos ouvidos afinados por pesquisas de Pavlov a James Rooney, soa como um imenso besteirol.


Monsieur de Pluvinel (sempre ele), menciona em seu livro Le Maneige Royal o número exagerado de embocaduras usadas em seu tempo, e declara só usar doze ou treze embocaduras em seu trabalho. Mas ele não explica a diferença funcional de um freio para o outro.


A revolução tecnológica e o novo entendimento do sistema neurológico, deverão mudar radicalmente a concepção do uso das embocaduras. A função da embocadura, na equitação de alta performance, não é a de ‘puxar’ mecanicamente a cabeça do animal de um lado e para o outro, para fazer as mudanças de direção, ou para ser puxado para trás na hora de parar o animal (como ainda se faz na montaria caipira). Sabemos hoje que a embocadura está posicionada num ponto da anatomia — a boca — que, por ter importante função na seleção dos alimentos do animal, reúne grande número de sensores nervosos. A mão do cavaleiro, como a boca do animal, é um órgão que possui grande quantidade de terminais nervosos ligados ao cérebro porque, antropologicamente, o Homo faz com as mãos o mesmo trabalho de seleção alimentar que o Equus faz com a boca. Por isso, a rédea conectada entre as mãos sensíveis do cavaleiro e a boca sensível do animal é o ‘fio condutor’ que leva e traz informações do cérebro humano para o cérebro eqüino, e o faz perceber a indicação dos ‘movimentos finos’ da equitação (13) . A embocadura deverá, no máximo, dar uma leve vantagem mecânica para o cavaleiro determinar a amplitude das passadas e o limite de seus movimentos finos – vantagem que se tornará cada vez mais desnecessária com o avanço da fusão neurofisiológica entre o cavaleiro e o animal. A rédea também permite ao cavaleiro sentir os movimentos horizontais do animal — o alongar e o reunir do seu corpo – para que este transmita, com pressões exatas nos momentos certos, os seus comandos de alongamento e reunião em forma de leves contrações dos dedos, sinais que a embocadura retransmite para o cerebelo do animal, que o decodifica e ajuda a deflagrar automaticamente a ação reflexa solicitada, e que foi automatizada durante os treinamentos. Por estas razões, eles não devem ser controlados através da alavancagem bruta da embocadura, porque isto destrói a sensibilidade dos seus terminais nervosos e reduz a sua capacidade de dar respostas reflexas aos comandos do cavaleiro.


Quando o General L’Hotte, no final do século 19, fez a famosa reprise de Dressage, com as rédeas substituídas por um barbante, onde a platéia pôde ver que não havia o uso da força na sua equitação, ela foi, é claro, uma demonstração dessa realidade neurológica antes de se conhecer as razões que possibilitavam o fenômeno fisiológico da equitação. Os leves toques de mãos combinados com sutis pressões de pernas, são captados pelos nervos sensores do animal, levando-o e ao cavaleiro a evoluir na pista como um só. Dois seres neurologicamente conectados com um fluxo de informações trafegando, em milésimos de segundo, nos dois sentidos, retroalimentando continuamente as complexas ações de mudanças de velocidade e direção. Os comandos reflexos do cavaleiro e as respostas reflexas do animal relampejam, de sistema nervoso a sistema nervoso, no tempo de milésimos de segundo — as correções de velocidade e direção ocorrerão em centésimos de segundo e as vitórias esportivas ocorrerão com diferenças de décimos de segundo.


O bridão é a embocadura indicada para iniciar a maioria dos animais. Na fase do aprendizado, em que ele ainda se movimenta com desequilíbrio, um freio pode causar danos aos sensores nervosos da sua boca. Entretanto, o cavalo destinado ao turfe, cross, ou o salto clássico, modalidades que exigem pouca ‘reunião’ do animal, pode permanecer, depois da doma e do adestramento, usando o bridão por toda a vida. Para o dressage e a alta escola, que precisam de grande ‘reunião’ do cavalo, a combinação simultânea do freio com o bridão tem sido o mais indicado – o freio para induzir os movimentos finos e o bridão para coordenar os movimentos amplos. Alguns animais não toleram qualquer tipo de embocadura e, principalmente durante o adestramento básico, o uso do ‘hackamore’ (14) costuma resolver este problema. Para o salto e o enduro, duas disciplinas que exigem pouca reunião dos animais, o ‘hackamore’ também tem funcionado com sucesso de modo permanente.


Na fase da doma, que envolve a organização dos primeiros reflexos automatizados da equitação, o bridão é acionado com função mecânica, e na etapa do adestramento básico a embocadura atua para auxiliar no reforço dos comandos de assento e pernas que, quando automatizados pelo animal, substituirão a ação direta da embocadura. Na fase de adestramento adiantado, a embocadura, quando levemente acionada, indica a posição de cabeça e a reunião dos membros que o animal deve assumir para determinados movimentos da equitação. Podemos dizer que uma importante função da embocadura é também controlar o elemento ‘timing’ dos esportes eqüestres. Com a embocadura, o cavaleiro sinaliza com as mãos a progressão necessária para a aproximação de um obstáculo ou o avanço preciso de um movimento de passage (14) .


Nunca permita a cavaleiro iniciante, que ainda não tenha adquirido equilíbrio, acionar uma embocadura. Os estragos que essa pessoa inadvertidamente pode causar ao animal poderão ser permanentes. Alguém disse uma vez que ‘uma embocadura na mão de um novato solto na pista é como uma navalha na mão de um chimpanzé solto num berçário’.


Infelizmente nunca descobrimos uma forma mais eficiente do que a embocadura para nos ajudar a controlar os Equus. E enquanto não surgir uma solução superior o melhor é utilizar o bridão “com determinação de aço e mãos de seda”, como já disse Gabby Hays.


A embocadura foi a solução que mais problemas criou na história da equitação. O Homo, com a sua ascendência ‘habilis’, desenvolveu uma tendência manipulativa onde procura resolver tudo com as mãos. O cavaleiro que pilota manualmente o seu animal acaba destruindo os terminais nervosos da boca deste tornando-o ‘duro’, ou melhor, insensível. ‘Desligar’ os nervos sensores da boca foi a melhor defesa encontrada pela natureza para aliviar o sofrimento de animais mal equitados.


(1) Embocadura: Termo genérico para designar freios e bridões, é a ferramenta que, colocada na boca do cavalo e ligada às mãos do cavaleiro através das rédeas, ajuda a conduzi-lo.
(2) Barbicacho: tira de couro ou corda, amarrada em torno da mandíbula do cavalo, de onde partem as rédeas para o comando do cavaleiro. Substitui a embocadura.
(3) Freio-bridão: Embocadura que reúne a ação de quebra nozes do bridão, as câimbras de alavancagem mecânica do freio com barbela, sendo acionada com apenas duas rédeas em uma única ação. Seu uso não é recomendável, pois não permite ao cavalo encontrar sua ‘zona de conforto’. Não confundir com as duas embocaduras – o freio e o bridão – usadas simultaneamente em Dressage e que são acionadas por quatro rédeas.
(4) Barra rígida: A peça da embocadura que pousa em cima da língua do cavalo e liga as duas hastes.
(5) Pelham: Embocadura equipada com barbela, com ou sem passador de língua. A sua construção se diferencia do freio convencional por ter quatro argolas para a fixação das rédeas. Duas argolas na altura da barra e duas argolas nas pontas das hastes. Estas argolas são ligadas a quatro rédeas que poderão então ser acionadas com pressões e sutilezas variadas.
(6) Celtas: Povo que surgiu na Europa Central no II milênio AC, descendentes de danubianos neolíticos e de nômades vindos das estepes. Conquistaram a Gália, parte da Espanha, Portugal, as Ilhas Britânicas, extensões da Europa Central e perpetuaram-se na Irlanda.
(7) Passador de língua: Curvatura na barra de muitos tipos de freios que impede o cavalo de passar a língua por cima da barra da embocadura.
(8) Barbela: Corrente afixada as câimbras do freio e que passa por baixo do queixo do cavalo para tornar a ação do freio mais forte.
(9) Freio: Um tipo de embocadura com barra rígida, câimbra e barbela.
(10) Câimbra : (haste, perna ou ramo): A peça do freio que une a barra à rédea e serve de alavanca, em combinação com a barbela, para tornar a ação do freio mais forte.
(11) Embocadura pesada: É considerada ‘pesada’ a embocadura capaz de provocar muita dor, como o freio e o freio-bridão; embocaduras ‘leves’ são os bridões com as barras grossas.
(12) A moderna teoria da ‘Zona de Conforto’ explica como os animais buscam a sua ‘zona de conforto’ em qualquer circunstância da sua vida. Aplicando esta teoria à equitação fica claro que o uso de embocaduras está relacionado exatamente com a busca do conforto do cavalo. Quando o animal está executando o movimento desejado, na velocidade adequada, a embocadura não deverá estar em ação e o cavalo precisará estar na ‘zona de conforto’. A embocadura é utilizada para induzir o animal ao movimento desejado e liberado assim que o movimento estiver sendo cumprido. Quando isto ocorre, o adestramento do cavalo caminha para o sentido total de liberdade como você verá no capítulo ‘Desvendando o Enigma do Centauro’.
(13) Na neurofisiologia da equitação as pernas do cavaleiro comandam os movimentos amplos das pernas do cavalo e a embocadura transmite os movimentos finos.
(14) hackamore: Ferramenta que substitui a embocadura, e cuja função é pressionar o focinho do cavalo em vez de puxar a boca. No Brasil também é conhecida como “professora”, porque pode ser usada como um estágio anterior ao uso da embocadura. Sua ação pode ficar muito pesada dependendo das câimbras e da barbela.
(15) Passage: Figura executada no Dressage, onde o cavalo executa o trote lento, cadenciado e reunido, com pouco avanço, alternando de uma troca de apoio diagonal para a outra, com um definido momento de suspensão entre cada troca de apoios.

Texto Adaptado. Autor: Bjark Rink
Fonte: http://www.desempenho.esp.br/livro/get_capitulo.cfm?id=708

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Mormo, letal para o animal e o para o homem

Não há cura para o Mormo ou Catarro de Burro, como também é conhecida.  Esta é uma doença extremamente contagiosa que ataca cavalos jumentos e burros, e ainda pode contaminar o homem. Segundo o Escritório Internacional de Epizootias, 95% dos casos são fatais.  O Mormo não tem cura e até agora não foi descoberta vacina para combatê-lo. A doença é causada por bactérias e exige que o criador tenha muita atenção no rebanho para não ser todo contaminado. Ela se manifesta de três formas: os burros e jumentos sofrem com a forma aguda e os cavalos são acometidos pela forma crônica, que se caracteriza por permanecer oculta e de difícil  diagnóstico. O proprietário ou o encarregado do rebanho devem ficar atentos as principais manifestações das três formas da doença:

1 – Forma aguda respiratória: o animal apresenta febre alta, tosse e descarga nasal com úlceras nas narinas, podendo ocorrer úlceras e nódulos nos membros e abdômen.

2 – Forma crônica respiratória: ocorre mais freqüentemente nos cavalos. Pode causar pneumonia crônica acompanhada de úlceras na pele dos membros e na mucosa nasal.

3 – Forma cutânea: os sinais do mormo nesta forma aparecem com úlceras e nódulos na região interna dos membros e pode ocorrer drenagem de uma secreção amarelada escura com pus. /a cadeia ganglionar pode estar aumentada e sensível.

As formas de transmissão

O contágio ocorre através dos instrumentos de trabalho: esporas, freios, professoras e outros arreios que tenham contato com a secreção purulenta que sai das feridas e das narinas do animal doente. Mas os cuidados também devem ser com a água e o alimento por que se forem contaminados pelo catarro do animal doente, também podem transmitir a doença. Os prejuízos causados por esta doença na fazenda são o baixo  rendimento para o trabalho; impedimentos da circulação dos animais dentro e fora do Estado,  e da participação em vaquejadas, feiras e exposições, além da morte dos animais. As maiores dificuldades de combate ao mormo são o diagnóstico clínico que não é conclusivo, porque existem outras doenças com sintomas semelhantes, como  o garrotilho e as linfangites. Os exames que precisam ser feitos para confirmar o diagnóstico são as provas de maleina e de fixação de complemento.

Cuidados e orientações

Algumas dicas para você seguir e evitar problemas para sua criação:

1 – Antes de comprar um cavalo consulte um médico veterinário e só feche o negócio após a realização do exame e se o resultado for negativo.

2 – Os animais que apresentarem a forma oculta da doença devem ser eliminados.

3 – Os cães e  gatos também podem adoecer caso seja alimentados com carne de animais que tenham estado com a doença.

Fonte: Nordeste Rural

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A IMPORTÂNCIA DA POSTURA CORRETA DA CABEÇA

 

A postura da cabeça é um item inserido no estilo da marcha. Pouca importância ainda é dada á este aspecto, pois nota-se uma supervalorização da dinâmica de locomoção em termos de coordenação, flexão, elasticidade, energia e impulsão dos deslocamentos.

Todavia, a má postura da cabeça pode afetar negativamente cada um destes itens. O primeiro efeito negativo é na ação da embocadura nos pontos de controle, que são os seguintes:

No bridão – ponto principal de controle é nas comissuras labiais e ação secundária sobre as barras e lingua;

Freio-bridão – pontos principais de controle sobre as comissuras labiais e queixo pela ação da barbela. Ação secundária sobre as barras e a lingua;

Freio – pontos principais de controle sobre as comissuras labiais, queixo pela ação da barbela e palato pela ação da curvatura do bocal, pressionada pelo efeito alavanca das hastes;

A postura correta da cabeça é com o focinho apontado para o solo, em uma linha vertical, formando um angulo entre 45 a aproximadamente 90 graus na ligação cabeça/pescoço.  A má postura mais prevalente é a do focinho adiantado, em varios graus, até o extremo da postura popularmente conhecida como “cabeça ponteira”.  O oposto, ou seja, focinho atrasado, também ocorre em varios graus, até o extremo da postura popularmente conhecida como “cabeça encapotada”.

A má postura da cabeça pode ser causada pela flexão sub-desenvolvida da nuca, pela rejeição à embocadura, pela conformação defeituosa do pescoço ou pela equitação inadequada.

A má flexão da nuca é o erro mais comum, porque a maioria dos treinadores de animais marchadores não preparam adequadamente a musculatura do pescoço para facilitar a ação da embocadura. São duas as flexões a serem gradativamente desenvolvidas: a flexão vertical, que se dá na região da nuca, mais especificamente nas primeira e segunda vertebras cervicais, e a flexão lateral, que se dá nas duas vertebras cervicais seguintes, que permitem ao animal girar o seu pescoço sem movimentar o tronco. A flexão lateral como um todo é mais abrangente, pois também envolve o flexionamento de tronco e membros.

A rejeição à embocadura também é um erro comum. Primeiro, pelo mal uso do bridão, por tempo muito prolongado. O bridão exerce efeito elevatório da cabeça e, portanto, não é embocadura apropriada para conduzir exercicios de flexionamento da nuca, mas sim os exercicios de flexão lateral, pela sua açao de redeas diretas. O equipamento adequado para conduzir os exercícios de flexão, rotineiramente, é o hackamore apropriado aos animais marchadores. Segundo, porque a boca raramente é avaliada antes do uso da embocadura. Pontas de dentes, dente de lobo, muda de dentição, textura das barras e linguas, largura e altura do palato, ferimentos, calosidades, são os aspectos a serem avaliados. Terceiro, porque a maioria dos treinadores não fazem a adaptação de um a dois dias, deixando a nova embocadura na boca antes de acionar as redeas. Terceiro, porque as transições de embocaduras nem sempre são corretas quanto ao grau de severidade da ação.

Entretanto, é oportuno ressaltar que não existe embocadura severa em boca de animal corretamente adestrado, pois este será facilmente conduzido pelos comandos de pernas e assento, sendo as rédeas eventualmente acionadas para auxiliar na direção do movimento.

Atualmente, nota-se um numero significativo de animais portadores de pescoço apresentando inversão parcial ou total, o que dificulta a postura correta da cabeça, que tende a se manter em uma posição mais elevada e com o focinho adiantado.

Quanto ao fator má equitação, o que se nota nas exposições é um assento mais adiantado, com apoio nos estribos, não para estribar como era tipico da equitação de campo dos cavalos de MTAD – Marcha de Triplicas Apoios Definidos, mas sim para aliviar os atritos verticais da marcha excessivamente diagonalizada. O modelo de sela utilizado em exposições não favorece a equitação correta. A postura classica muito forçada de equitação que se observa foi uma herança da escola militar de equitação introduzida na ABCCMM a partir da década de 90 do século passado.

A marcha excessivamente diagonalizada requer treinamento em marcha de velocidade acima do normal, com deslocamentos exageradamente avantes e flexionados. Rapidamente, os animais são condiconados a apoiar demasiadamente na embocadura, que por sua vez não é a correta, que deveria ser o freio de primeiro ou segundo estágio, dependendo do grau de adestramento. As embocaduras mais utilizadas têm sido o bridão, que é para animais iniciantes e o freio-bridão, que é uma embocadura de transição, como o próprio nome indica. Raramente, um animal estará pronto de rédeas ( o que implica no flexionamento correto ) sem o uso do freio convencional, em alguns casos, até mesmo o freio de terceiro estágio.

A realidade é que um grande numero de animais náo se apresentam em exposições adequadamente preparados quanto à postura da cabeça. Este mal preparo pode trazer consequências ainda piores para o bom desempenho quando se trata do uso em provas funcionais de maneabilidade, de adestramento e nas cavalgadas ao longo de trilhas em regiões de topografia montanhosa.

Texto Adaptado.  Autor: Lúcio Sérgio de Andrade

Fonte: Equicenter Publicações

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ervas que curam

 

O tratamento alternativo, mesmo sendo usado como prevenção, tem conseguido bons resultados. Muitas vezes, optar por tratamentos desse tipo pode ser uma escolha mais saudável e sem traumas. Portanto, algumas ervas podem ajudar nos problemas que você está tendo com seu animal.

Veja algumas ervas que podem curar:

Calêndula
Para acelerar o processo de cicatrização de feridas cirúrgicas, sobretudo nos casos de laparotomia.
Capim-cidreira
Recomendado como diurético, e que tem funcionado satisfatoriamente nos eqüinos.
Erva-Doce
Aumenta a lactação das fêmeas
Gengibre
Recomendado para o tratamento das cólicas eqüinas.
Sumo de Mentruz
Recomendado para tratamento das sarnas e outros ectoparasitos de várias espécies animais.
Chá de Quebra Pedra
Tomado para quebrar os cálculos renais.

Chá de Alho
Usado geralmente para o tratamento de verminoses e até para espantar moscas pois o animal suando, a substâncias do chá  irão sair no suor desagradando os insetos que ficam na pele de seu animal.
Confrei, Barba Timão
Mesmo efeito da Calêndula
Pau de Andrade
Cicatrização rápida de feridas superficiais.
Pita
Excelente para a verminose  que provoca  prurido anal em eqüinos.

Fonte: Hipismo Brasil

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mantas Ortopédicas

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Como funciona uma Manta Ortopédica?

As Mantas Ortopédicas contam com o sistema para absorção de impactos e distribuição homogênea das pressões. O material largamente utilizado na indústria de equipamentos ortopédicos, possui como características físicas:

- alto poder de absorção de impactos;
- alto índice de distribuição de pressão;
- alta memória elástica;
- impermeabilidade.
 

Veja a comparação entre mantas comuns e as Mantas Ortopédicas:

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As mantas comuns forçam a cernelha do animal provocando desconforto e lesões. O feltro fica em constante pressão sobre a coluna vertebral do animal. (1)
A manta não se molda à estrutura do lombo do animal. Algumas regiões sofrem demasiada pressão, enquanto outras não ajudam em sua distribuição.(2)
As áreas de maior congruência não são acomodadas propriamente. O conjunto fica instável e desconfortável para o animal. (3)

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As mantas ortopédicas são desenhadas de forma a aliviar as pressões na cernelha e outras regiões da culuna do animal. (1)
O material é capaz de modelar-se ao lombo. Essa propriedade permite que regiões de menor congruência auxiliem no suporte da carga. (2)
As áreas de maior congruência são acomodadas de forma a promover maior conforto ao animal e estabilidade à sela. Isso evita lesões, faz com que as pressões sejam dissipadas e o conjunto ganhe equilíbrio. (3)

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Os materiais com que são confeccionadas as mantas comuns têm como característica a baixa memória elástica, ou seja, apresentam inadequados índices de compactação.
A compactação faz com que alguns minutos de utilização sejam suficientes para o equipamento perder sua capacidade de aborsão de impactos. (ver figura acima)
Além disso, a baixa memória elástica acentua o atrito entre pontos de maior congruência. Resultado: falta de estabilidade, desconforto, ferimentos e lesões ortopédicas.

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O material das mantas ortopédicas tem como característica a alta memória elástica, ou seja, após precionado retorna instantaneamente à forma original.
Essa propriedade é especialmente útil para absorver os sucessivos impactos impostos pelo treinamento ou prova, mesmo após horas de utilização. (ver figura acima)
As regiões de maior e menor congruência são preenchidos de maneira equilibrada pela manta garantindo conforto e proteção para o cavalo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Quadro de Condições Corporais dos Jumentos

1. Fraco

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Pescoço e Ombros: Pescoço fino, todos os ossos podem ser sentidos facilmente. Pescoço se encontra com ombros abruptamente. Ossos dos ombros podem ser sentidos facilmente, angulares.

Cernelha: Espinha dorsal da cernelha proeminente e pode ser sentida facilmente.

Costelas e Barriga: Costelas podem ser vistas a distância e sentidas facilmente. Barriga recolhida.

Costas e Lombo: Espinha dorsal proeminente, pode sentir a espinha dorsal.

Traseiro: Ossos dos quadris visiveis e podem ser sentidos facilmente. Poucos músculos. Pode ter cavidade embaixo do rabo.

2. Moderado

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Pescoço e Ombros: Algum desenvolvimento de músculos sobre os ossos. Pequeno disnível onde o pescoço encontra os ombros.

Cernelha: Alguma cobertura sobre o dorso da cernelha, dá para sentir os processos espinhosos mas não é proeminente.

Costelas e Barriga: Costelas não são visiveis, mas podem ser sentidas com facilidade.

Costas e Lombo: As vértebras podem ser sentidas com uma pequena pressão. Pouco desenvolvimento de músculos nos dois lados.

Traseiro: Pouca cobertura muscular na parte traseira, ossos do quadril podem ser sentidos com tranquilidade.

3. Ideal

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Pescoço e Ombros: Bom desenvolvimento dos músculos, os ossos podem ser sentidos por baixo de uma fina camada de músculo/gordura. O pescoço flui suavemente para os ombros arredondados.

Cernelha: Boa cobertura de músculo/gordura sobre a espinha dorsal, a cernelha flui suavemente para as costas.

Costelas e Barriga: As costelas são cobertas por uma fina camada de músculo/gordura, as costelas podem ser sentidas ao fazer uma pequena pressão no local. A barriga é firme com musculos e de contorno liso.

Costas e Lombo: As vértebras não podem ser sentidas. O desenvolvimento de músculos é bom nos dois lados.

Traseiro: Boa cobertura de músculos na traseira, os ossos do quadril parecem arredondados e podem ser sentidos com uma pequena pressão.

4. Gordo

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Pescoço e Ombros: Pescoço grosso, crista dura, ombros cobertos numa camada igual de gordura.

Cernelha: Cernelha larga, ossos podem ser sendidos com uma forte pressão.

Costelas e Barriga: Costelas dorsais só podem ser sentidas com uma pressão firme, costelas ventrais podem ser sentidas com um pouco mais de facilidade. Barriga muito desenvolvida.

Costas e Lombo: As vértebras só podem ser sentidas com com uma pressão firme. Pequena dobra na linha das costas.

Traseiro: Traseiro arredondado, ossos só podem ser sentidos com uma pressão firme. Depositos de gordura localizados igualmente pela área.

5. Obeso

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Pescoço e Ombros: Pescoço grosso, com dobras de gordura que podem ficar caidas para um lado. Pescoço arredondado e coberto de gordura.

Cernelha: Cernelha larga, não dá para sentir os ossos.

Costelas e Barriga: Larga, com frequencia possui depósitos de gorduras distribuidos de forma desigual cobrindo a parte dorsal e possivelmente ventral das costelas.Costelas não podem ser apalpadas. Barriga grande em largura e comprimento.

Costas e Lombo: Não dá para sentir as vértebras. Grande dobra linha das costas, com gordura em ambos os lados.

Traseiro: Os ossos do quadril não podem ser sentidos, gordura nos dois lados do rabo, gorduras com frequencia distribuidas de forma desigual.

Depósitos de gordura podem estar distribuidos de forma desigual, especialmente no pescoço e na traseira. Alguns depósitos de gordura resistentes podem ser retidos quando houver perda de peso e/ou pode calcificar (endurecer). Uma analise cuidadosa de todas as áreas deve ser feito e combinados para que se chegue a uma nota geral.

Meia notas podem ser dadas quando os jumentos cairem entre duas notas. Jumentos velhos podem ser difíceis de serem analisados devido a falta de músculo dando a aparência de magreza e com o ventre caido, enquanto as condições gerais podem ser boas.

Fonte: The Donkey Sanctuary

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por que o jumento foi escolhidos como símbolo do partido Democrata nos Estados Unidos?

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A razão é a mesma pela qual o Palmeiras adotou o porco como seu mascote: um insulto que se transformou em motivo de orgulho. A primeira vez em que se associou o jumento ao Partido Democrata foi durante a campanha presidencial de 1828, quando a oposição tentou ligar a figura do animal às propostas populistas do candidato Andrew Jackson. O tiro saiu pela culatra: o democrata não só foi eleito como passou a usar o jumento para representar a firmeza da sua gestão. A história ficou esquecida por um tempo, até que em 1870 o chargista Thomas Nast rabiscou o bichão na revista Harper’s Weekly e o mascote pegou. Outros cartunistas gostaram da idéia e passaram a representar os animais - ora ressaltando seu lado bom, ora o ruim. Afinal, o jumento pode simbolizar tanto coragem, humildade e esforço quanto estupidez e teimosia.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Que tal tomar leite de jumenta?

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Segundo uma nova pesquisa, o leite de jumenta, bebido em tempos vitorianos, contém menos gordura e é mais nutritivo que o leite de vaca. Também é uma proteção natural para o coração, pois contém ômega 3 e seis ácidos graxos, similares ao óleo de peixe, que reduzem o colesterol.

O estudo italiano comparou o efeito do leite de jumenta em relação ao leite de vaca na dieta e na saúde. Os pesquisadores descobriram que ambos dão a mesma quantidade de energia, mas o de jumenta causa menos ganho de peso, pois levanta o metabolismo.

Adicione mais vantagens: como também é muito mais próximo do leite humano (porque sua composição também é pobre em proteínas), poderia ser dado a crianças alérgicas aos produtos lácteos normais (crianças que são alérgicas às proteínas do leite de vaca). Além disso, ele possui altos níveis de cálcio, que fortifica os ossos.

Em experimentos, os ratos que receberam o leite de jumenta também apresentaram menores níveis de triglicérides, gorduras insalubres que afetam o coração, e menos estresse no sistema metabólico.

Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que ele podia ser melhor do que o leite semidesnatado, de soja ou fórmula infantil, especialmente em crianças pequenas, já que contém altos níveis de cálcio para os ossos.

Fonte: http://hypescience.com/

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Estilista de Jumento

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Dia do trabalhador- e para representar este dia, nada mais justo do que o jumentinho!

Festa pra lá de engraçada que acontece hoje  aqui pertinho, na cidade de Panelas-Agreste de PE. Será o 39º Festival de jericos de Panelas. Hoje, os Jericos são figuras importantes da tradicional festa da cidade,mas houve tempo em que a matança era demais.

O evento foi criado em 1973 com o objetivo de chamar a atenção das autoridades para a matança indiscriminada do animal, e se transformou em um dos festejos mais esperados do ano no Nordeste.

E o que não pode faltar é o estilista dos jumentinhos. Eles criam verdadeiras obras de arte nas confecções de roupas e adereços para os jumentos que disputam a passarela no concurso de fantasia. vale tudo pra ver o jumento ser campeão.

O tema deste ano será “Quem é Rei nunca perde a Majestade”, onde o grande anfitrião da festa, o jerico, será coroado.

O estilista de jumento procura enfeitar o bixo com modelitos da moda. Acho que esse ano teremos casamento real  e até uma Dilma jumentinha...vale tudo pra se vencer o primeiro lugar.

No Jericódromo,que é a passarela da apoteose onde os jericos desfilam, tem fantasia para tudo o que é gosto. E a platéia comparece pra prestigiar e coroar o jerico mais bonito.

Fonte: http://www.vivamaisviva.com/

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Antônio Vieira garantia: o jumento é nosso irmão

 

Ele nunca foi o grande malandro da praça. Trabalha, trabalha de graça. Ou trabalhava. Ao contrário do saltimbanco criado por Chico Buarque, que largou a lida para ser músico, o jumento nordestino foi mesmo é para a panela. Padre Antônio Vieira – não o dos Sermões, mas o homônimo do interior cearense, escritor nascido em Várzea Alegre –, denunciou o descaso em seu livro O Jumento, Nosso Irmão, de 1964.


Segundo Vieira, os animais estavam sendo substituídos por bicicletas, motos e carros. Abandonados, eram mortos e sua carne, servida em açougues. Começou ali uma campanha que envolveu intelectuais, artistas e autoridades, e culminou com a fundação do Clube Mundial do Jumento.


Zé Clementino, Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga adotaram a causa. Gonzagão gravou até música: É verdade, meu senhor / Essa estória do sertão / Padre Vieira falou / Que o jumento é nosso irmão.


O padre ministrava cursos em que ensinava como tratar o animal. No final, entregava diploma: “Até ontem você foi um burro, mas a partir de hoje será um jumento”. A campanha deu resultado. A população de jumentos aumentou, foram criadas festas e até legislação específica.


Mas o tratamento privilegiado não durou muito. Em 2003, ano da morte do padre, jumentos recolhidos nas estradas de Quixeramobim, no Ceará, foram enterrados vivos.


Um ano depois, outros viraram mortadela em um frigorífico financiado pelo Estado. Hoje quase não há mais jumentos no sertão. Em seu lugar, uma infinidade de motos, compradas em até 72 parcelas por consórcio.

Autor: Mariana Albanese

domingo, 28 de agosto de 2011

OS TROPEIROS E O CAMINHO DAS TROPAS

 

No início da colonização do território gaúcho, por volta do fim do século XVII, com a fundação de uma comunidade no litoral de Santa Catarina, fez-se necessária uma personagem que tivesse coragem e perseverança para desbravar o território do pampa que mal era nomeado. Essas pessoas notáveis e seus cavalos ajudaram a converter uma terra sem fronteiras, selvagem e hostil na região hoje chamada de Pampas Gaúchos.

      Desafiando a região, montado em seu pequeno e notável cavalo, ou carregando suas mulas através do Prata, até São Paulo e Minas Gerais, o tropeiro, como ficou conhecido, marcou sua trilha o conhecido Caminho das Tropas e ganhou significância histórica em comparação a outras rotas, por ter sido o primeiro e mais importante, ao longo do qual se fundaram diversas cidades e difundiu a cultura gaúcha através do Estado, bem como o destaque ao Cavalo Crioulo. Existem mais de 120 municípios e povoados gaúchos gerados pelo acampamento das tropas de cavaleiros.

      As tropas sobreviveram até meados dos anos 50, quando finalmente foram deixadas de lado e tornadas obsoletas pela utilização de caminhões boiadeiros.

      Ainda hoje, encontramos descendentes dos antigos tropeiros ao longo da rota das tropas, que recebem o visitante sempre munido do inseparável chimarrão e onde não se consegue sair sem conhecer os seus notáveis cavalos, descendentes daqueles primeiros que desbravaram a rota das Tropas ao longo dos anos.

Autor: Deanna Buono

Fonte: Cavalo Criolo Website

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Dicas de combate ao carrapato

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Fêmea de Boophilus microplus. É o famoso "caroço de feijão", é um carrapato de bovinos, mas também infesta os cavalos. Esta fêmea, cheia de sangue e grávida, cai na pastagem e põe milhares de ovos que vão originar mais carrapatos.

Estamos em pleno  inverno e aqui no centro-oeste temos um período de estiagem, conhecido como "seca".

Aqui em Brasília costumamos ficar sem chuvas por volta de 4 a 5 meses. E é justamente nesta época que os carrapatos não dão trégua.

Percebi que tem muita gente reclamando dos carrapatos neste ano, e resolvi fazer um pequeno post prático para ajudar a combater o carrapato no cavalo.

Os vermífugos orais à base de "moxidectina"(Equest) prometem combater o carrapato também. Devido ao elevado custo do produto, vale a pena para quem tem poucos animais.

Indica-se repetir a vermifugação a cada 3 meses (intervalos de 90 dias)

Os vilões:

Amblyoma cajennense - Carrapato do cavalo/ Carrapato Estrela

É o famoso "micuim" em estágio larval. Adulto, ele prefere a cavidade auricular dos cavalos, ou seja, é o famoso carrapato de orelha.Se não combatido, ele destrói a cartilagem do ouvido e o cavalo fica com aquele aspecto de orelha caída - troncho. Na minha opinião, o melhor produto para combater este parasita é o pó carrapaticida (Tanidil, Tanicid, etc) que pode ser facilmente encontrado nas lojas agropecuárias. Cuidado ao colocar o produto no ouvido, muitos animais não gostam, podem estacar e causar acidentes, peça ajudar para poder fazer o procedimento. Nesta época é importante inspecionar os animais e as orelhas semanalmente.

Pessoalmente eu não retiro os pelos das orelhas. Na minha opinião, se eles estão lá é porque desempenham uma função de proteção. Somente eu recomendo retirar os pelos para apresentar o animal em exposições, caso contrário, não justifica.

Boophilos microplus -

É o carrapato do bovino. Quando o cavalo usa um piquete ou um pasto onde tenha ou já teve presença de bovinos, é comum o animal se contaminar com as larvas presentes no pasto. Se for possível, evite pastos contaminados ou deixar o cavalo junto com bovinos. Este carrapato prefere se hospedar nas regiões mais quentes do corpo do animal como axilas, virilha, crinas, cauda e região perianal (ânus).

Aqui no caso o proprietário terá que fazer uma pulverização com produto específico para equinos. Recomendamos os princípios ativos Deltametrina ou Cipermetrina (nomes genêricos).

Atenção: Jamais use o princípio ativo AMITRAZ em cavalos. Apesar de ser muito bom para combater o carrapato em bovinos, este produto é extremamente tóxico para cavalos, provocando paralisia de intestino delgado, cólica e morte.

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Fazendo a Mistura:

1- Respeite a orientação do fabricante.

Nunca faça uma mistura fraca demais, pois além de não combater o carrapato, vai deixar a próxima geração de carrapatos mais resistente. Se fizer a mistura forte demais, pode causar a intoxicação de potros, animais magros e debilitados, pode causar até a morte.

2- Faça a contenção física dos animais de forma adequada. Alguns animais podem se assustar com o pulverizador e estacar. Converse com eles e acalme-os. Gritar e bater só vai piorar as coisas. Os animais podem associar o pulverizador à agressões e depois ficará mais difícil  manter o manejo. Se for possível, faça a pulverização nas horas mais frescas do dia, de manhã cedo ou à tardezinha. Evite pulverizar animais muito jovens, doentes e fracos. Só se estiverem muito infestados com o parasita.

3- Não use produtos vencidos;

4- Use roupa e proteção apropriada, com luvas, macacão ou capa e óculos;

5- Oriente adequadamente o seu funcionário e inspecione pessoalmente a mistura e as pulverizações. Muitas pessoas do meio rural não sabem ler e não avisam por vergonha. Se possível, faça você mesmo a mistura e demonstre como quer borrifar os animais;

6- Nunca jogue água ou o produto com carrapaticida nos ouvidos do cavalo. Para combater o carrapato nas orelhas, somente o produto seco é indicado. Pulverize o corpo todo do animal, dando preferência às partes internas, cauda, crina, pescoço e virilha;

7- Evite receber animais com carrapatos na sua propriedade, ou se possível, deixe-os de "quarentena", isolados dos demais, até que o combate do carrapato neste animal tenha acontecido com sucesso. Assim, vc evita que o carrapato se prolifere mais ainda na sua propriedade.

8 - Evite pastos contaminados. Se possível, isole os pastos com muito parasitas, assim as larvas vão ficar sem hospedeiros e vão morrer. Se possível, faça rodízio de pastagens, isole os mais contaminados e evite misturar bovinos com equinos.

9 - Inspecione os animais semanalmente. Pontos isolados de carrapatos no corpo dos animais podem ser combatidos com o pó carrapaticida facilmente. Nunca se esqueça de inspecionar as orelhas e por debaixo da cauda.

10- Caso o animal demonstre tristeza, apatia, falta de apetite, febre, edemas na barriga ou no prepúcio (no caso de machos), queda de performance, etc, seu animal pode estar com a Babesiose (nutaliose, tristeza parasitária).

O carrapato transmite um hemoparasita, que destrói as células sanguíneas. Chame um Médico Veterinário para poder fazer um tratamento adequado.

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Exemplar de Amblyoma cajennense. O carrapato estrela é o que mais afeta os cavalos e o homem também.

Fonte: http://dianawalkiria.blogspot.com

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

TABELA DE VACINAÇÃO DE EQÜINOS

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Aos interessados, (e todos deveria estar...!) segue abaixo uma tabela simples de vacinação de equinos, com as principais vacinas a serem aplicadas, e as mais comuns. Todos os animais devem ser vacinados, e esta tabela pode ser um referencial importante. Imprima e coloque-a no quadro e avisos do seu centro eqüestre!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

REGISTROS DE MACHOS LIVRO ABERTO

 

A ABCJ VAI FECHAR O LIVRO DOS MACHOS NO FINAL DO ANO. ENTÃO GOSTARIAMOS DE LEMBRAR A TODOS QUE OS REGISTROS DE MACHOS EM LIVRO ABERTO (COM IDADE PARA REGISTRO DEFINITIVO E QUE POSSUAM NO MINÍMO DE 75 PONTOS NA AVALIAÇÃO FEITA PELO TÉCNICO) SÓ PODERÃO SER FEITOS ATÉ 31/12/2011.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

"Jumento-zebra" nasce em zoológico da Geórgia

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Uma “jumento-zebra” – caso raro de cruzamento entre uma zebra macho e um jumento fêmea – nasceu em 21 de julho (2010) em um zoológico da Geórgia e está atraindo visitantes de diversos países.

Batizada de “Pippi Longstocking” em homenagem à personagem criada pela escritora sueca Astrid Lindgren, a “jumento-zebra” filhote tem pernas listradas como o pai, “Zeke”, e o corpo marrom como a mãe, “Sarah”.

“Jumento-zebras são extremamente raros e estamos muito animados com o nascimento dela”, afirma nota da Reserva de Vida Selvagem “Chestatee”, localizada próximo à cidade de Dahlonega, na Geórgia. “Mãe e filhote passam bem e estão em exibição em uma espaçosa área de pastagem”.

C. W. Wathen, dono do parque, contou à rede americana CNN que turistas de países como França e Reino Unido estão chegando para conhecer o animal. “As pessoas que chegam aqui não conseguem acreditar no que encontram”, afirmou.

Segundo o veterinário da reserva, Ben Benson, os animais ali dividem o mesmo pasto há anos, mas esta é a primeira vez que se tem notícia deste tipo de cruzamento.

“Nunca pensamos que teríamos uma jumento-zebra", conta Warthen. "Eu acho que isso vem pra mostrar que tudo é possível”.

Fonte: UOL*Com informações da rede CNN

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Jumentos no Peru

 

Sempre ouvi falar muito que no Peru as pessoas usavam as llamas para levar cargas, mas acabei de vir de lá e vi muito mais jumentos que llamas. Num momento inusitado consegui tirar uma foto das duas espécies pastando juntas…

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O que me surpreendeu é que a maioria dos jumentos que vi lá são menores que os nossos jumentos nordestinos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Laminite ou “Aguamento” – Pododermatite Asséptica Difusa

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Postura típica da Laminite - O animal projeta o peso do corpo para o posterior e anda com relutância

 

Com certeza a Laminite é uma Emergência Veterinária. A doença é muito conhecida por esse apelido popular, o “aguamento”.

É horrível quando a gente não sabe nada sobre o assunto.

Ficou marcada na minha vida uma situação inusitada:

Meu pai havia comprado um cavalo para mim quando eu tinha 14 anos (tenho o cavalo até hoje). Quando o compramos, ele ficava no Parque de Exposições da Granja do Torto.

Até aí tudo bem.

O problema, é que as festas agropecuárias se aproximavam e o diretor da ACP(Associação dos Criadores do Planalto) que administravam o Parque na época, mandou tirar todos os animais. E eu não tinha nenhuma fazenda ou local para levá-lo.

Mas as ordens eram de evacuar o parque.

Acabei levando-o para casa, que tinha um quintal razoável. Minha mãe ficou histérica, é claro.

Mas eu nunca havia cuidado de um cavalo na vida, em casa não tinha baia e o cavalo estava acostumado a dormir na baia. Então o cavalo acabou ficando sem comer direito por vários dias e eu fiquei muito preocupada.

Anos depois, entendi que era um hábito dele ficar sem se alimentar direito quando sofre uma mudança (ele deve ser canceriano como eu, detestamos mudar de casa).

Eu tinha 15 anos na época, estava começando a aprender a montar e ninguém da minha família conhecia nada sobre cavalos.

Então, não sei de onde minha mãe tirou a idéia de consultar um “entendido”, para ver o que estava acontecendo com o cavalo.

O “entendido” entrou no jardim de casa onde se encontrou comigo segurando o cavalo e com minha mãe, que tagarelava sem parar. Eu nunca havia visto aquele homem.

Ele não perguntou nada. Simplesmente se aproximou do cavalo, segurou em um dos boletos da mão e se afastou em seguida.

Soltou uma única frase:

-Esse cavalo está “aguado”.

Do jeito que entrou no jardim, ele saiu imediatamente, nem dando chances para um diálogo. Entrou no carro que estava estacionado na frente de casa e desapareceu.

Nunca mais o vimos.

E fiquei eu parada olhando para o cavalo sem entender patavina.

Olhei para minha mãe e quando tentei perguntar algo, ela ficara sem graça com a história toda, entrou em casa e desapareceu.

Tentei repetir o que aquele homem “entendido” havia feito e apalpei os boletos do cavalo. Mas não percebi nada de diferente. E eu também não sabia do que se tratava aquela palavra afinal. Infelizmente na época do ocorrido não havia internet, e eu não pude consultar o que significava “aguamento”.

Alguns dias depois, o stress do cavalo passou e ele voltou a se alimentar direito.

No final, o cavalo ficou tão à vontade em casa, que enfiava a cabeça pela porta do quintal e observava o movimento da casa. Batia no cachorro e comia a comida dele entre outras coisas.

Mas aquela frase, e claro, aquele “exame” nos boletos ficou na minha cabeça e somente se esclareceu quando cursei Medicina Veterinária. E aí descobri, que além de enganado, o suposto “entendido’ não entendia absolutamente nada de aguamento/laminite.

Um dos motivos da existência deste Blog , é justamente esclarecer às pessoas leigas como eu fui um dia, essas situações inusitadas que surgem no dia a dia. Sem conhecimento, somos obrigados a nos entender com “entendidos”, que no final não entendem de nada e quem sai prejudicado é o cavalo.

Vamos lá!!

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Os vasos sanguíneos que alimentam a região do casco são muito fininhos. Com o distúrbio metabólico, a circulação perférica fica comprometida.

O que é a Laminite/ Pododermatite Asséptica Difusa

É um processo inflamatório que afeta o tecido “laminar” da região interna dos cascos.

Dificilmente atinge apenas uma “mão” ou “pé”. A laminite pode ocorrer apenas nas “mãos” ou nos quatro locomotores. Nunca ouvi falar em laminite que atingisse apenas os dois posteriores.

A laminite é uma afecção metabólica, ou seja, ela geralmente é causada por algum distúrbio metabólico do cavalo, conseqüentemente levando o animal ao quadro de laminite/aguamento.

Por alguma razão metabólica, as plaquetas sanguíneas se aglomeram e dificultam a circulação sanguínea periférica.

Na região podal (dos pés) dos cavalos, os microvasos sanguíneos têm a circulação comprometida, causando dor, calor e aumento do pulso sanguíneo. Conseqüentemente provocando a típica postura do cavalo “aguado”, onde o animal projeta o corpo para trás, evitando colocar peso sobre as mãos e caminha “palpando”, como se estivesse caminhando sobre ovos.

Sintomas:

O cavalo pode passa horas deitado e levanta com relutância. Anda com dificuldade e evita colocar o peso nos anteriores.

A laminite nos anteriores é mais comum. Quando a laminite é muito grave e atinge os quatro cascos, o animal evita se levantar e pode permanecer muito tempo deitado.

O “pulso” é sentido na região dos boletos. Quando a circulação periférica está comprometida, os vasos sanguíneos da região trabalham com mais dificuldade. Assim, o pulso fica evidente nos estágios iniciais da laminite , bem como a temperatura do casco, que aumenta.

Em algums casos, os cascos podem supurar, ou seja, o casqueador ou naturalmente pode se abrir fístulas na sola do casco de onde vaza material purulento, no caso de laminites crônicas.

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O cavalo com laminite fica muito tempo deitado, emagrece, e precisa de uma baia confortável e atendimento veterinário 24 horas do dia.

Conseqüências:

Quanto mais tempo o animal permanece sem atendimento veterinário, maiores serão as conseqüências. Descolamento de casco, decúbito prolongado com escaras pelo corpo, manqueiras persistentes e até o óbito em casos graves. A famosa “rotação de 3ª falange” é quando em casos avançados, acontece a rotação do osso podal em direção à sola do casco.

Pode-se fazer o acompanhamento por radiografias e tentar diminuir seus efeitos com casqueamento corretivo e ferraduras especiais.

Principais causas da Laminite:

Alimentar:

Excesso de ingestão de grãos, como por exemplo, o milho.

É um erro muito comum, na roça o milho é o principal alimento de galinhas, porcos e gado. Mas no caso do cavalo deve-se usar com extrema cautela.

Para evitar problemas use sempre uma ração balanceada e adequada para cavalos, de boa qualidade. Armazene com cuidado. Rações mofadas podem causar cólicas, intoxicações e laminite.

Nunca “batize” ou faça misturas que podem causar intoxicações ou deficiências nutricionais. Consulte um Médico Veterinário em caso de dúvidas.

Cuidado com o famoso “rolão de milho”.

Cólicas muito graves, ou onde o atendimento veterinário demorou demais para ser feito, pode causar desidratação e autointoxicação grave no organismo, causando a laminite conseqüentemente.

Palha de milho “verde”: Aqui em casa, plantamos o milho para consumo da espiga verde.

Dou a “palhada verde” in natura SEM AS ESPIGAS para os animais, e nunca tive problemas. Pode-se picá-las em moedor e oferecer imediatamente para evitar que fermente e azede, causando cólicas. Mas sempre se lembre de tirar as espigas!!!

Infecciosas:

Éguas que abortam e ficam com retenção de placenta, ou seja, a placenta fica “presa” e “não se limpa” podem desenvolver a doença. Não se sabe ao certo a razão.

Quando o aborto, ou o parto causar uma retenção de placenta, já é motivo para chamar o Médico Veterinário e tomar medidas preventivas.

Mecânica

Muito comum também.

Acontece quando um cavalo é submetido à um trabalho pesado, onde ele não tem treinamento ou habito.

Exemplo, pegar um cavalo “parado” e fazê-lo galopar uns 30 km em apenas um dia. Ele vai amanhecer “travado” e poderá desenvolver a laminite.

Cavalos submetidos a trabalho “desferrados”, podem ficar estropiados , com a sola do casco muito sensível e podem desenvolver a doença também.

IMPORTANTE: Lembre-se que como nós, o animal para trabalhar bem precisa de uma rotina moderada de exercícios.

Ferrageamento adequado, alimentação adequada, aquecimento e progressão de treinamento é o mínimo para evitar que o animal manque, se estropie ou “trave”.

Não cometa “amadorismo”. Procure um profissional para obter informações adequadas.

Evite “entendidos”.

Mistas:

Doenças graves como pneumonias, infecções graves, intoxicações, podem causar distúrbio metabólico e conseqüentemente desenvolver a laminite.

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A radiografia dos cascos é um aliado para acompanhas as sequelas da laminite.

Tratamento:

Quanto mais rápido o Médico Veterinário for chamado, mais chances de evitar que a laminite evolua e tenha seqüelas graves.

É um tratamento caro e a recuperação depende de fatores como tempo de demora de atendimento médico, estágio da laminite, gravidade do caso e biotipo do animal.

Animais mais rústicos conseguem resistir e superar as difíceis fases de tratamento da doença.

Animais de raça mais delicados, sofrem mais e podem até vir à óbito.

Além de medicação pesada, o animal deverá permanecer em uma baia com muita “cama” macia, usar ferraduras especiais indicadas pelo Veterinário e deverá ter acompanhamento radiológico.

Ainda assim, não se pode prever as conseqüências da doença para com o animal.

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Radiografia mostra a "rotação de 3ª falange", consequência da laminite. Em alguns casos, pode acontecer até perfuração da sola do casco.

Fonte: http://dianawalkiria.blogspot.com/