Postura típica da Laminite - O animal projeta o peso do corpo para o posterior e anda com relutância
Com certeza a Laminite é uma Emergência Veterinária. A doença é muito conhecida por esse apelido popular, o “aguamento”.
É horrível quando a gente não sabe nada sobre o assunto.
Ficou marcada na minha vida uma situação inusitada:
Meu pai havia comprado um cavalo para mim quando eu tinha 14 anos (tenho o cavalo até hoje). Quando o compramos, ele ficava no Parque de Exposições da Granja do Torto.
Até aí tudo bem.
O problema, é que as festas agropecuárias se aproximavam e o diretor da ACP(Associação dos Criadores do Planalto) que administravam o Parque na época, mandou tirar todos os animais. E eu não tinha nenhuma fazenda ou local para levá-lo.
Mas as ordens eram de evacuar o parque.
Acabei levando-o para casa, que tinha um quintal razoável. Minha mãe ficou histérica, é claro.
Mas eu nunca havia cuidado de um cavalo na vida, em casa não tinha baia e o cavalo estava acostumado a dormir na baia. Então o cavalo acabou ficando sem comer direito por vários dias e eu fiquei muito preocupada.
Anos depois, entendi que era um hábito dele ficar sem se alimentar direito quando sofre uma mudança (ele deve ser canceriano como eu, detestamos mudar de casa).
Eu tinha 15 anos na época, estava começando a aprender a montar e ninguém da minha família conhecia nada sobre cavalos.
Então, não sei de onde minha mãe tirou a idéia de consultar um “entendido”, para ver o que estava acontecendo com o cavalo.
O “entendido” entrou no jardim de casa onde se encontrou comigo segurando o cavalo e com minha mãe, que tagarelava sem parar. Eu nunca havia visto aquele homem.
Ele não perguntou nada. Simplesmente se aproximou do cavalo, segurou em um dos boletos da mão e se afastou em seguida.
Soltou uma única frase:
-Esse cavalo está “aguado”.
Do jeito que entrou no jardim, ele saiu imediatamente, nem dando chances para um diálogo. Entrou no carro que estava estacionado na frente de casa e desapareceu.
Nunca mais o vimos.
E fiquei eu parada olhando para o cavalo sem entender patavina.
Olhei para minha mãe e quando tentei perguntar algo, ela ficara sem graça com a história toda, entrou em casa e desapareceu.
Tentei repetir o que aquele homem “entendido” havia feito e apalpei os boletos do cavalo. Mas não percebi nada de diferente. E eu também não sabia do que se tratava aquela palavra afinal. Infelizmente na época do ocorrido não havia internet, e eu não pude consultar o que significava “aguamento”.
Alguns dias depois, o stress do cavalo passou e ele voltou a se alimentar direito.
No final, o cavalo ficou tão à vontade em casa, que enfiava a cabeça pela porta do quintal e observava o movimento da casa. Batia no cachorro e comia a comida dele entre outras coisas.
Mas aquela frase, e claro, aquele “exame” nos boletos ficou na minha cabeça e somente se esclareceu quando cursei Medicina Veterinária. E aí descobri, que além de enganado, o suposto “entendido’ não entendia absolutamente nada de aguamento/laminite.
Um dos motivos da existência deste Blog , é justamente esclarecer às pessoas leigas como eu fui um dia, essas situações inusitadas que surgem no dia a dia. Sem conhecimento, somos obrigados a nos entender com “entendidos”, que no final não entendem de nada e quem sai prejudicado é o cavalo.
Vamos lá!!
Os vasos sanguíneos que alimentam a região do casco são muito fininhos. Com o distúrbio metabólico, a circulação perférica fica comprometida.
O que é a Laminite/ Pododermatite Asséptica Difusa
É um processo inflamatório que afeta o tecido “laminar” da região interna dos cascos.
Dificilmente atinge apenas uma “mão” ou “pé”. A laminite pode ocorrer apenas nas “mãos” ou nos quatro locomotores. Nunca ouvi falar em laminite que atingisse apenas os dois posteriores.
A laminite é uma afecção metabólica, ou seja, ela geralmente é causada por algum distúrbio metabólico do cavalo, conseqüentemente levando o animal ao quadro de laminite/aguamento.
Por alguma razão metabólica, as plaquetas sanguíneas se aglomeram e dificultam a circulação sanguínea periférica.
Na região podal (dos pés) dos cavalos, os microvasos sanguíneos têm a circulação comprometida, causando dor, calor e aumento do pulso sanguíneo. Conseqüentemente provocando a típica postura do cavalo “aguado”, onde o animal projeta o corpo para trás, evitando colocar peso sobre as mãos e caminha “palpando”, como se estivesse caminhando sobre ovos.
Sintomas:
O cavalo pode passa horas deitado e levanta com relutância. Anda com dificuldade e evita colocar o peso nos anteriores.
A laminite nos anteriores é mais comum. Quando a laminite é muito grave e atinge os quatro cascos, o animal evita se levantar e pode permanecer muito tempo deitado.
O “pulso” é sentido na região dos boletos. Quando a circulação periférica está comprometida, os vasos sanguíneos da região trabalham com mais dificuldade. Assim, o pulso fica evidente nos estágios iniciais da laminite , bem como a temperatura do casco, que aumenta.
Em algums casos, os cascos podem supurar, ou seja, o casqueador ou naturalmente pode se abrir fístulas na sola do casco de onde vaza material purulento, no caso de laminites crônicas.
O cavalo com laminite fica muito tempo deitado, emagrece, e precisa de uma baia confortável e atendimento veterinário 24 horas do dia.
Conseqüências:
Quanto mais tempo o animal permanece sem atendimento veterinário, maiores serão as conseqüências. Descolamento de casco, decúbito prolongado com escaras pelo corpo, manqueiras persistentes e até o óbito em casos graves. A famosa “rotação de 3ª falange” é quando em casos avançados, acontece a rotação do osso podal em direção à sola do casco.
Pode-se fazer o acompanhamento por radiografias e tentar diminuir seus efeitos com casqueamento corretivo e ferraduras especiais.
Principais causas da Laminite:
Alimentar:
Excesso de ingestão de grãos, como por exemplo, o milho.
É um erro muito comum, na roça o milho é o principal alimento de galinhas, porcos e gado. Mas no caso do cavalo deve-se usar com extrema cautela.
Para evitar problemas use sempre uma ração balanceada e adequada para cavalos, de boa qualidade. Armazene com cuidado. Rações mofadas podem causar cólicas, intoxicações e laminite.
Nunca “batize” ou faça misturas que podem causar intoxicações ou deficiências nutricionais. Consulte um Médico Veterinário em caso de dúvidas.
Cuidado com o famoso “rolão de milho”.
Cólicas muito graves, ou onde o atendimento veterinário demorou demais para ser feito, pode causar desidratação e autointoxicação grave no organismo, causando a laminite conseqüentemente.
Palha de milho “verde”: Aqui em casa, plantamos o milho para consumo da espiga verde.
Dou a “palhada verde” in natura SEM AS ESPIGAS para os animais, e nunca tive problemas. Pode-se picá-las em moedor e oferecer imediatamente para evitar que fermente e azede, causando cólicas. Mas sempre se lembre de tirar as espigas!!!
Infecciosas:
Éguas que abortam e ficam com retenção de placenta, ou seja, a placenta fica “presa” e “não se limpa” podem desenvolver a doença. Não se sabe ao certo a razão.
Quando o aborto, ou o parto causar uma retenção de placenta, já é motivo para chamar o Médico Veterinário e tomar medidas preventivas.
Mecânica
Muito comum também.
Acontece quando um cavalo é submetido à um trabalho pesado, onde ele não tem treinamento ou habito.
Exemplo, pegar um cavalo “parado” e fazê-lo galopar uns 30 km em apenas um dia. Ele vai amanhecer “travado” e poderá desenvolver a laminite.
Cavalos submetidos a trabalho “desferrados”, podem ficar estropiados , com a sola do casco muito sensível e podem desenvolver a doença também.
IMPORTANTE: Lembre-se que como nós, o animal para trabalhar bem precisa de uma rotina moderada de exercícios.
Ferrageamento adequado, alimentação adequada, aquecimento e progressão de treinamento é o mínimo para evitar que o animal manque, se estropie ou “trave”.
Não cometa “amadorismo”. Procure um profissional para obter informações adequadas.
Evite “entendidos”.
Mistas:
Doenças graves como pneumonias, infecções graves, intoxicações, podem causar distúrbio metabólico e conseqüentemente desenvolver a laminite.
A radiografia dos cascos é um aliado para acompanhas as sequelas da laminite.
Tratamento:
Quanto mais rápido o Médico Veterinário for chamado, mais chances de evitar que a laminite evolua e tenha seqüelas graves.
É um tratamento caro e a recuperação depende de fatores como tempo de demora de atendimento médico, estágio da laminite, gravidade do caso e biotipo do animal.
Animais mais rústicos conseguem resistir e superar as difíceis fases de tratamento da doença.
Animais de raça mais delicados, sofrem mais e podem até vir à óbito.
Além de medicação pesada, o animal deverá permanecer em uma baia com muita “cama” macia, usar ferraduras especiais indicadas pelo Veterinário e deverá ter acompanhamento radiológico.
Ainda assim, não se pode prever as conseqüências da doença para com o animal.
Radiografia mostra a "rotação de 3ª falange", consequência da laminite. Em alguns casos, pode acontecer até perfuração da sola do casco.
Fonte: http://dianawalkiria.blogspot.com/
muito bom sem comparação !
ResponderExcluirtenho uma egua que andamos nela so um vez;e no outro dia ela estava deitada com os tornozelos inchados ja aplicamos maxican e artidine por 5 dias e nao resolveu nada !!!!!!!ela esta muito gorda e linda tambem!!mas continua com esse problema!!!gostaria de pedir a opiniao de vcs !!!!!!!!se puderem me ajudar meu email e crisbaroni2.9@hot mail.com,aguardo respostas!!!desde ja grata!!!!!cristiane.
ResponderExcluirDra. Na verdade passei por aqui para pesquisar outro assunto - aguamento - aquele tradicional onde o animal fica com o olho findo na parte superior. Queria saber se tem algum tratamento para voltar a encher aquele espaço. Temos duas mulas e um potranca, uma das mulas de uns 8 anos tem esse problema. Como a comprei recentemente quero corrigir.. tem jeito? Gostei muito do artigo. Acho que vi essa doença em um cavalo de circo no filme - água para os elefantes - ou algo assim. No filme foi sacrificado! Parabéns pela publicação.
ResponderExcluirolá Dra. muito bom este artigo aqui, comprei um cavalo e o fiz andar muito até chegar ao haras onde ele vai ficar e no dia seguinte ele estava todo dolorido e colocaram uma dúzia de defeitos mas graças a net podemos ter acesso a informações como esta, mas tenho uma pergunta ele esta magro mas não estou conseguindo abrir o apetite dele já dei vitaminas, soro, fiz os dentes... mas ele come muito pouco e queria que ele engordasse um pouco... já vermifuguei, fiz hemograma mas nada consta... Cristiano_muglio@hotmail.com
ResponderExcluirMoça, help: compramos um potro há quase 1 ano.. veio SECO, uma judiação! Ele melhorou, depois de várias ampolas de phenodral, B12 via oral e um pasto RIQUÍSSIMO pra equinos (os outros animais q ficam com ele estão REDONDOS). Porém, ainda ñ é um animal saudável, forte... nem sei mais o q fazer! E ele ñ tem nenhum sintoma de laminite, palatite, ou qualquer coisa q cause mal estar. Ele come, mas ñ tem taaaaaaanto apetite quanto os outros. Imaginei q ele fosse demorar a se acostumar com a mudança de alimentação, a pasto (ele é puro, animal puro é mais "delicado", né, e ele era tratado em cocheira, apesar de ter sido bem mal alimentado), mas já faz quase 1 ano e ele ainda ñ tá "normal". Tá esperto, mas é debilitado, ainda... alguma sugestão de medicação além das q citei? Algum palpite? Esses medicamentos foram receitados por veterinário, mas ñ resolveram... sei q net ñ é lugar de CONSULTA, mas se puder contribuir com algum conhecimento prévio (b_oliveira_17@hotmail.com)... Obrigaaada desde já!
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