Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um Pouco de História


Em 1976 uma prova de resistência foi o ponto de partida para marcar a nova era da popularidade alcançada pelas mulas na América do Norte. Denominada "A Grande Corrida Americana", compreendia um percurso de 5.150 km, desde o Condado de Herkimer, Estado de Nova York até Sacramento, Califórnia. Mais de 100 competidores concorriam por um prêmio de US$50 mil, a serem divididos entre os 10 finalistas, sendo US$25 mil para o vencedor. Os cavaleiros inscritos poderiam levar uma montaria de reserva, e muitos assim o fizeram.

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Foto: Lord Fauntleroy, Virl Norton e Lady Eloise na Great American Horse Race de 1976


Entre eles estava Virl Norton, um traquejado vaqueiro de 60 anos vindo de San José, Califórnia. Ele montava Lord Fauntleroy (Leroy para os íntimos), um burro filho de jumento mamute americano com égua Puro sangue Inglesa. Sua segunda montaria era uma mula, Lady Eloise, proveniente de mesmo cruzamento. Ambos tinham 16 palmos de altura (1,62m).

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Foto: Virl Norton


Na partida aqueles que montavam em cavalos estavam confiantes da vitória. "Eles não podiam imaginar a derrota, mas ao chegarmos em Illinois (terço inicial da prova), estavam já convencidos de que minhas mulas ofereciam uma ameaça real de perigo. Daí em diante foi só tomar a dianteira e liderar os próximos 3.000 km ", dizia Norton. A caravana de 500 pessoas serpenteava entre as trilhas do Meio-Oste, e já Virl Norton despontava em direção a Sacramento.


Noventa e oito dias após a partida, com uma média diária de 52 km; percorridos por dia, Norton chegava a linha final com uma substancial margem de 20 km sobre o segundo colocado, um esgotado cavalo Árabe.
Embora todos o cumprimentassem na entrega dos prêmios, alguns competidores que montavam cavalos argumentavam que poderiam ter vencido, caso a prova fosse ainda mais longa. Ao que Norton replicou de imediato "Vamos apostar mais US$10 mil, depositando-os em um banco de Nova York. Quem chegar lá primeiro os recebe, já com os juros incluídos. Dêem-me somente dois dias para comprar alguns mantimentos e poderemos partir. Quem de vocês se habilita?". Ninguém se apresentou.


O primeiro criador de renome nos Estados Unidos foi nada menos que George Washington. Há duzentos e poucos anos atrás ele recebera de presente do Rei da Espanha um terno de jumento andaluzes, bem como um jumento e algumas fêmeas francesas do Marquês de La Fayette, presentes da corte de Versailles. Estes machos cruzados com éguas de tração (sangues ingleses, alemães, e bretões) produziram resistentes mulas para carruagens e arados, servindo por décadas em plantações de sua família. Para difundir ainda mais seus animais, George Washington fez publicar em um jornal da Filadélfia um anúncio de seus jumentos estrangeiros, fornecendo cotas de cobertura anuais para éguas e jumentas de outros fazendeiros. Coincidia com a Independência americana o início da época de ouro das mulas.


No século XIX e meados de nosso século, os muares moveram a Agricultura americana. Em 1920 estimava-se em 6 milhões o número destes animais por todo o país, com sua grande maioria no Sul agrícola, onde tocavam todo tipo de trabalho pesado. Mas não somente aí eles se destacavam. NO transporte pelas pradarias e deserto do Oeste Americano, carruagens com 14,18 e até 20 mulas levavam cargas de 10 toneladas para as novas terras do Far-West.
Daí para serem incorporados no Serviço Militar foi um simples passo, pois já na Guerra Civil entre Norte e Sul tinham reconhecido seu valor. Certa vez, quando informaram ao Presidente Abraham Lincoln que os Confederados tinham capturado um general e 40 mulas, ele afirmou: "Sinto muito ter perdido as mulas(...)".


Na 1a Guerra Mundial mais de 5.000 muares foram mortos, e na 2a Guerra as mulas desempenham importantes ações nas montanhas da Itália, Grécia e Burma (Sudeste Asiático). Somente com o advento do helicóptero é que decaiu sua ação, embora até hoje os exércitos da Alemanha, Itália, Suíça e Grécia as utilizem para missões de patrulhamento em montes escarpados.
Em 1948, a revista Life publicou um artigo sobre Ferdinand "Ferd"Owen, considerado o "Rei das Mulas Americanas", pois na época ele vendeu em poucos dias mais de 20.000 muares ao Governo do México, fazendo-os atravessar a fronteira do Texas, no Rio Grande, sob sol escaldante. No ano de 1946, mais de 100.000 mulas foram comercializadas por ele.

 

Texto enviado por: Luiz Fernando C. Villela de Andrade - Muladeiro, residente em São José dos Campos, São Paulo e com fazenda em Engenheiro Passos, Resende.

Fonte: Crônicas da Raça Mangalarga Marchador, Ricardo L. Casiuch

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