As associações e criadores das diversas raças de equideos marchadores, durante décadas, vem selecionando seus exemplares embasados em estudos e muita dedição, visando promover a evolução das raças. A mudança do biotipo dos animais e o grande salto na qualidade do andamento das tropas - na maioria das raças - nos dá um diagnóstico da nobreza do processo evolutivo de nossos cavalos e muares, como marchadores zootecnicamente evoluídos, e melhor enquadrados no tipo sela.
As exposições, copas, feiras e agora as to frequentes "festas do cavalo" são eventos que objetivam fomentar a equideocultura nacional, e acima de tudo enaltecer as qualidades das diversas raças, além de nortear os criadores e permitir a troca de experiências entre os diferentes criatórios.
Com a crescente evolução das criações, e o profissionalismo empregado na seleção, treinamento, alimentação, saúde e tecnicas de reprodução, as tropas a cada dia que passa estão melhores e mais competitivas. Assim, no universo das competições, sejam oficiais ou não, a concorrência está cada vez mais acirrada e que não perdoa erros. De tal forma, até aquele indivduo que tem um ou dois animais quer brigar de igual para igual, ou pelo menos "ter o seu lugar ao sol". Resumindo, a luta pela vitória, que indicará o melhor animal em determinado evento ou categoria. De tal forma, diante do nível e quantidade de animais apresentados em uma competição a interferência do apresentador se torna fator decisivo.
Logicamente, quando o árbitro entra em uma pista com o objetivo de selecionar os melhores marchadores, mas não podemos esquecer que além da influência do apresentador, o animal é um ser vivo, e como tal sente dor, indisposição, etc. Mas nos atentando especificamente ao apresentador, figura indispensvel que treina e leva seus animais à pista, devemos tratar de alguns pontos importantes. É muito comum, nas competições, encontrarmos bons animais, de muito potencial, sendo mal apresentados e com isso sendo prejudicados nas classificações dos concursos, e outros, que talvez não tenham as mesmas qualidades, sendo favorecidos por uma bela apresentação. Portanto, esse assunto é bastante complicado, e quem fica responsável por tudo é o árbitro. Acima de tudo, o árbitro deve encarar uma competição como um concurso (como o próprio nome já diz) onde o "candidato" deve terminar o concurso e ter preenchido de forma mais eficiente os quesitos de avaliação do jurado. Contudo, o árbitro não pode esquecer que além de um vencedor do concurso, ele está afirmando que naquela ocasião aquele indivíduo foi o melhor, e quando falamos de raça isso é muito sério, pois podemos estar formando opnião e quem sabe dando as diretrizes dos cruzamentos e tipos de animais desejáveis. Agora vejam a situação do árbitro!!!
O que deve ficar claro é que em julgamentos de marcha o árbitro separa mentalmente os grupos de animais em "cabeceira", "meio" e "fundo", e assim, conduz toda metodologia de julgamento. Portanto, teoricamente, estão aptos a se sagrarem campeões os animais que estão no grupo da "cabeceira", principalmente se todos estiverem muito próximos quanto à qualidade. É aí que entra a figura do apresentador, o qual deve saber extrair de seu animal suas qualidades, saber mostrar e guardar seu animal na hora certa, tendo a consciência de que quem decide a classificação é o árbitro, e não o público, portanto sua atenção deve estar toda dentro da pista. Mas no caso de um bom animal estar mal equitado, esse infelizmente é prejudicado pois por mais que ele tenha potencial o árbitro no pode ser injusto com os demais, que estando no mesmo grupo (cabeceira) tem qualidades para tal, mas estão expressando melhor suas qualidades devido a uma boa apresentação.
É muito comum encontrarmos animais mal apresentados, mas com potencial, e quando da montada do árbitro esse animal nos dá uma surpresa boa, assim como, aquele animal muito bem apresentado mas que quando montado pelo árbitro nos dá uma surpresa desagradável. Da mesma forma como é muito comum nos depararmos com um animal ótimo e daqui a alguns dias ele estar bem pior, ou ainda melhor. Isso também é muito importante, pois por exemplo: uma pessoa compra um animal campeão, que era alimentado, ferrado, treinado, etc de um jeito, e ao comprálo ele muda de ambiente, de alimentação, de ferrador, de treinamento, etc, aí fica a pergunta: quantos dos cavalos comercializados que você conhece permaneceu do mesmo jeito de que foi visto campeão ou antes de ser vendido??? Tal acontecimento deve ser tratado com muita cautela, pois sabemos das diferenças entre os animais e entre o nível de equitação de cada um de nós, assim, considero mais justa a avaliação dos animais no momento, ponderando suas qualidades e senes, e esquecendo de outras ocasiões ou competições. O mais importante é que se sagrem campeões animais exímios marchadores, que tenham gesto e diagramação naturais e que se apresentarem bem no momento e sem artificialidades, sendo que o árbitro, certamente têm condições de averiguar tais situações, e saber o grau de interferência do apresentador ou de artificialismos.
Concluindo, a apresentação é muito importante numa prova de marcha, e se tratando de animais muito parelhos pode ser decisiva, mas é fundamental que sejam respeitados fielmente todos os quesitos da avaliação de um concurso que são o Gesto de Marcha (Gesto e Diagrama), a comodidade, a regularidade, o estilo, o rendimento, para que ganhe a marcha e não exclusivamente a qualidade da apresentação, se não, marcharemos na contramão, favoreceremos um exímio cavaleiro montado em um cavalo trotão ao invés de premiarmos um exímio marchador montado por uma criança ou um cavaleiro inexperiente.
Texto Original: Bruno de Souza Lima, Zootecnista / Arbitro da ABCCMM
Excelente matéria. Muito bem feita e esclarecedora abordagem. Parabéns.
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