Bem Vindo ao Blog do Pêga!
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Fábulas -JUMENTO CARREGANDO SAL
Conta Esopo que um certo Jumento de carga ia levando dois sacos de sal, quando escorregou à beira do rio e foi parar dentro da água. Depois de algum esforço, conseguiu sair e sentiu que era menor o peso nas costas. O sal havia sido dissolvido pelas águas. Tempos depois, carregando volumosa carga de esponjas, no mesmo rio, lembrou do alívio de carga anterior e fingiu escorregar e se meteu na água... Coitado! As esponjas se embeberam e ele teve que carregar dez vezes mais peso com tanta água dentro das esponjas! Em algumas versões ele se afoga sem conseguir sair. Moral – Muitas vezes as artimanhas dos malandros os levam à desgraça. REVISÃO – Será a mesma coisa o que acontece com os tolos que se viciam em exercer poder e possuir muitas coisas? Burrinhos de primeira viajem parecem ter aliviado as cargas que transferem aos súditos. Quando repetem, se encharcam de tal modo que acabam afogando! Afogados ou apenas sobrecarregados, parecem não conseguir mais sair do rio! E o asneiro parece que vai ajudar a afundarem para sempre! Esperem aí! Algo continuará nas Sombras para entender tais despropósitos, não é mesmo? Ah! Sim! As Sombras estão fora de nossa visão e por isso em geral achamos que os burrinhos e os asneiros são irracionais.A sabedoria das Trevas é fazer você acreditar que elas não existem.
Fonte: Shvoong
sábado, 6 de dezembro de 2014
Cólica ou diarreia? Veja como diferenciar
Diarreia e cólica são doenças distintas que podem acometer os equinos, em situações e circunstâncias bem diferentes. Um cavalo pode ter cólica sem diarreia, diarreia sem cólica ou ter cólica e diarreia ao mesmo tempo. A diferença está na causa.
Dor abdominal é o termo que define a cólica, embora não determine a causa nem a localização ou a fonte da dor.
A diarreia, por sua vez, é definida como a passagem de fezes com alto teor de água.
Existem muitos tipos diferentes de cólicas, assim como há várias causas, incluindo úlceras gastrointestinais, disbiose (distúrbio no equilíbrio da flora intestinal), timpanismo (distensão com gás de uma parte do intestino), obstrução/impactação, torção ou deslocação do intestino; hérnias, presença de corpos estranhos, parasitas, toxinas, medicamentos, infecções (por vírus, bacterianas, ou fúngicas), espasmos intestinais, entre outros.
Da mesma forma, há muitas causas possíveis para a diarreia, como úlceras, disbiose, inflamações intestinais, parasitismo, toxinas, infecções (bacterianas, por vírus ou fúngicas), efeitos secundários de alguns medicamentos (como antibióticos e anti-inflamatórios, cancro etc.
Verifica-se, então, que duas síndromes distintas, cólica e diarreia, podem ocorrer ao mesmo tempo, tendo ou não, a mesma causa.
Muitas vezes, tanto a cólica como a diarreia, têm resolução espontânea e não necessitam de tratamento, enquanto outros requerem tratamento médico e/ou cirúrgico para salvar o animal. Outros casos podem tornar-se crônicos e afetar, seriamente, a saúde do cavalo, podendo mesmo resultar na morte.
A prevenção é sempre a melhor atitude. Cuidados com a alimentação, principalmente. É preciso oferecer ao cavalo feno e ração de boa qualidade, assim como não se deve descuidar da qualidade da água e das condições do pasto. A vacinação e controle parasitário são, também, de igual importância. É fundamental que não se descuide dos dentes, mantendo-os em bom estado, com exames frequentes.
O uso indiscriminado de medicamentos pode ser prejudicial à saúde dos equinos, e deve ser restrito ao necessário.
Exercícios de andamento são recomendáveis para estimular os movimentos do intestino, como prevenção e alívio da dor abdominal. Um profissional da veterinária deverá ser consultado, em casos de cólica e diarreia, porque saberá conduzir melhor o tratamento adequado a cada situação.
Fonte: Equisport Online
Adaptação: Escola do Cavalo
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Saiba como diagnosticar a gripe em equinos
A gripe equina, conhecida, também, por gripe ou tosse cavalar, é uma doença que tem como agente etiológico diferentes variações do vírus Influenza A, que afetam não apenas os equinos, mas também, outras espécies de equídeos, como os muares e asininos, e é responsável por comprometer todo o seu sistema respiratório.
Os animais com menos de 5 anos de idade e aqueles retirados do campo para a cocheira são os mais suscetíveis. O contágio ocorre mais comumente de forma direta, por aerossóis, entre animais infectados e sadios. Entretanto, pode ocorrer, também, a contaminação de forma indireta, através da água, alimentos contaminados com secreções nasais, urina e fezes dos animais doentes.
As manifestações clínicas mais comuns são: febre; perda de apetite; apatia; corrimento nasal seroso, que pode evoluir para mucopurulento; tosse; lacrimejamento; inflamação da garganta e diarreia fétida. Observa-se, também, edema nas partes baixas. A gripe pode evoluir para estados mais graves, como a pneumonia, caso os animais não sejam devidamente tratados.
Dentro de uma a duas semanas, os cavalos podem recuperar-se, nos casos mais simples. Eles ficam incapacitados para o trabalho, o que gera grandes prejuízos. Todavia, são raros os casos de morte resultantes dessa doença. Acontecem, normalmente, devido às complicações secundárias.
A primeira providência em relação ao restabelecimento do animal deve ser o repouso absoluto. Ele deve permanecer livre das correntes de ar, em local com boa cama, alimentação adequada, nutritiva e de fácil mastigação, além de receber água limpa, em abundância. Se necessário, o médico veterinário pode recomendar a utilização de fármacos à base de sulfanilamida e antibióticos associados.
A vacinação anual é o melhor meio de prevenção da gripe equina. Após sua aplicação, o efeito desejado só acontece num prazo de 30 dias.
Quanto mais rápido se isolar e iniciar o tratamento do animal infectado, mais rápida será sua recuperação. Por isso, é importante que todos os animais recebam acompanhamento periódico, com a supervisão de um profissional veterinário.
O isolamento dos animais doentes é de extrema importância, pois esta enfermidade é altamente contagiosa, e se alastra muito velozmente dentro de um grupo de animais, principalmente se estabulados, em regime intensivo.
Adaptação: Escola do Cavalo
domingo, 16 de novembro de 2014
Cavaleiros mantêm a cultura do tropeirismo no interior de SP
Uma vez por ano, eles percorrem cerca de 400 km.
O percurso paulista é o mesmo feito há 300 anos
Grupo de cavaleiros resgata a cultura da tropeada
no interior de São Paulo.(Foto: EPTV)
Um grupo de cavaleiros do interior paulista mantém viva a cultura do tropeirismo, uma atividade econômica que começou no século XVIII. O tropeirismo influenciou o desenvolvimento de várias regiões do país, incluindo o estado de São Paulo.
Regiões de Itapetininga (SP) e Sorocaba (SP) foi criado o projeto ‘Caminho das Tropas’. O objetivo é resgatar a história. De acordo com o vice-presidente da Tropeada, Paulo Campos Leite, em 2012 será realizada a 7ª edição do evento, que acontece no mês de maio.
O grupo de cavaleiros de várias cidades do interior paulista se reúne na cidade de Itararé (SP), na divisa com o Estado do Paraná, e seguem em cavalos, mulas e burros até a cidade de Sorocaba (SP). “É uma tentativa de resgatar a cultura dos tropeiros, muito importante para o interior de SP. A partir da década de 1730, os tropeiros saiam do estado de São Paulo e seguiam até o sul, onde compravam as mulas, burros e cavalos, e voltavam até Sorocaba para barganhar nas feiras que ali tinham. Não havia estrada, nem pontes. O percurso era muito difícil e eles vinham pelo meio do mato, fazendo picadas (abrindo trilha) e construindo novos caminhos", explica Paulo. O organizador da Tropeada conta que as tropas traziam cerca de 1,5 mil animais para vender em Sorocaba.
Ainda de acordo com o ‘tropeiro’ Paulo Leite, compradores de várias partes do país iam até Sorocaba para adquirir os animais. A maior demanda era para o Estado de Minas Gerais, quando começou o garimpo do ouro, e não tinha como escoar a produção. Mas as tropas também foram responsáveis por transportar muitas riquezas do país, como café, arroz, feijão, algodão, entre outros produtos, durante suas viagens, o que favoreceu o desenvolvimento de muitas cidades e regiões. "Foram as mulas que transportaram as riquezas do país. Na época não existiam caminhões, muito menos estradas. As mulas eram como caminhões, e Sorocaba, como se fosse a concessionária", brinca Paulo.
Ele, que se diz um apaixonado pela cultura tropeira, comenta que muitas cidades foram criadas por causa dos tropeiros. Algumas cidades se formaram pela necessidade dos tropeiros precisarem parar e descansar. Nesses locais, foram se formando alguns vilarejos e, logo depois, viraram cidades. “As cidades que ficam na rota da tropa têm distância entre 30 e 50 km. Trecho que os tropeiros geralmente percorriam por dia", relata. O historiador diz que até a década de 1950 ainda existiam tropeadas.
Paulo afirma que a cultura tropeira ainda é cultivada, mas apenas por famílias que têm raízes nesta parte da história. Para ele, o progresso está abafando a história do país. “Não tem muito incentivo por parte do poder público, o que reflete na população, que acaba não se interessando. Hoje em dia, não dá para andar a cavalo nas ruas. As pessoas xingam, buzinam... Em uma cidade com mais de 80 mil moradores, as pessoas não aceitam os cavaleiros. Foram os tropeiros que abriram as estradas e hoje não podemos passar de cavalo por elas", lamenta.
7ª Tropeada
Os cavaleiros sairão de Itararé, no dia 18 de maio, e passarão por várias cidades, entre elas, Itaberá, Itapeva, Taquarivaí, Buri, Itapetininga, Alambari, Capela do Alto, Tatuí, Boituva, Iperó, Araçoiaba da Serra e finalizando em Sorocaba, com chegada prevista para o dia 26 de maio, com desfile da tropa no dia seguinte.
São cerca de 400 km percorridos. A saída deve acontecer com 150 cavaleiros de cidades da região de Itararé e, durante o percurso, outros grupos irão se juntando a eles, vindos de outras cidades do interior paulista, como Botucatu, Porangaba, Guareí e Cesário Lange, e a chegada, deve estar em torno de 400 cavaleiros.
São aguardadas mais de 3,5 mil pessoas no desfile que acontece no último dia, em Sorocaba, celebrando a semana do Tropeiro.
Tropeiros de hoje
Para muitos que participam da tropeada, o evento já faz parte da agenda pessoal. Tem gente que até programa as próprias férias para poder participar. É o caso de José Vicente Amâncio, 47 anos, que trabalha como motorista na Prefeitura de Tatuí (SP). Ele diz que este será o sexto ano em que participará da tropeada. "Só não fui na primeira edição", enfatiza. José diz que, sempre que tira férias, já deixa 10 dias reservado para poder tirar em maio, mês em que é realizado o percurso. "Não tenho problemas. Eu já deixo avisado no trabalho que quero alguns dias de férias para participar. Meu chefe concorda e até apoia", ressalta.
José é neto de tropeiro, por isso, vê a importância de manter a cultura viva. "Meu avô chegou a ir pro sul buscar animais para vender em SP. Eu fui criado no sítio, meu pai sempre teve charrete e carroça. Adoro essa vida", afirma.
O motorista conta que é um dos responsáveis em manter o grupo bem alimentado. Ele é um dos cozinheiros da tropa. "Durante o percurso, nós dormimos em algumas fazendas. Geralmente, os fazendeiros oferecem o jantar para a tropa. Mas o almoço temos que fazer. Eu cozinho para umas 30, 40 pessoas". O cozinheiro conta que leva um fogão industrial, churrasqueira, disco de arado e panelas. Tudo para manter a força do grupo, mas os utensílios são carregados em carros de apoio.
Os aventureiros passam por muitas situações, como frio, chuva, sol, mas a boa companhia entre amigos faz valer a diversão, como conta o outro cavaleiro de Tatuí, Pedro Paes de Camargo, de 43 anos. Ele também tem uma função no grupo. É ferreiro na cidade e leva o ofício para o trajeto. O ferreiro diz que já está trabalhando mais para adiantar o serviço para conseguir folgar a semana do passeio. Ele garante que é bastante solicitado durante a tropeada. "Como trabalho por conta, consigo deixar o trabalho por alguns dias, mas acabo trabalhando durante o percurso. No entanto, faço com gosto”, declara.
O homem ressalta que está indo para sua quarta participação. "É muito bom. A gente faz novas amizades, vem conversando, fazendo barganha (trocando objetos), contando piadas e histórias".
Também neto de tropeiro, relata que seu avô chegou a fazer negócios com mulas em Sorocaba. Ele conta que em Tatuí, por conta da cultura do interior, tem muitos animais, por isso, tem bastante serviço para ele. Ele comenta que existem seis ferreiros na cidade. Perguntado se gosta dessa vida, ele responde "não gosto, amo. Além de trabalhar de ferreiro, também faço negócios com animais".
Pedro também acha que a cultura está um pouco esquecida. Ele já percebeu que os jovens de hoje estão mais preocupados com seus vídeos games ou internet, do que cavalos. "Dá muito trabalho, tem que cuidar do animal, dar água, banho, cortar capim. Eles não querem isso. Meu filho, de 20 anos, nem liga. Minha filha também não, mas consegui fazer meu netinho, de seis anos, gostar de cavalos. Fico feliz em saber que alguém da nova geração vai gostar dessa cultura", diz.
Segundo os tropeiros entrevistados pelo G1, muitas crianças participam da festa. Até as mulheres estão acompanhando. Segundo os organizadores, as mulheres estão aumentando a representação. De cada 100 cavaleiros, 15 são mulheres. "Isso é bacana. A família está participando. Ficamos até triste quando chegamos em Araçoiaba da Serra, porque sabemos que já está acabando o passeio", comenta o motorista/cozinheiro José Amâncio.
Fonte: Eduardo Ribeiro Jr. Do G1 Itapetininga e Região
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Doma de Muares com Fernando Rolim
Iniciação de Muares com Fernando Rolim
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=ThFqnElsnJg&feature=related
sábado, 4 de outubro de 2014
Quadrinha do jumento, no dia de São Francisco de Assis
Ao burro, nossa homenagem
Pelo seu grande valor.
Ajuda o homem no campo,
É forte e trabalhador.
-
(Walter Nieble de Freitas)
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Sinfonia Tropeira
Primeiro movimento - O tropeiro
Se fundamenta no intermezzo orquestral e nas intervenções do grande coro, seguindo-se a narração que introduzirá a história, tornando o elenco e a platéia personagens desse tempo.
Toca, berrante, toca
Óia que a tropa chegou
Toca, berrante, toca
Que o Brasil aqui entrou
O tropeiro meu irmão
Pelas terras do Brasil
Vai, vai, vai, vai
Não tem tempo pra pensar
No amor que ele deixou
Vai, vai, vai, vai
Ai morena d'olhos grandes
Não se esqueça de mim, não
Ai, mineira, gauchita
Pra você volto logo
Trago já meu coração
Segue lá meu companheiro
Seu destino é o sertão
Vai, vai, vai, vai
Anda logo, meu tropeiro
Seu destino é a solidão
Toca, berrante, toca
Óia que a tropa chegou
Toca, berrante, toca
Que o Brasil aqui entrou
O tropeiro meu irmão...
Descansa, tropeiro amigo
Seu amor longe está
Descansa, tropeiro amigo
Que o dia vai raiar
Descansa, tropeiro amigo
Trabalho não vai faltar!
Segundo movimento - A feira
O segundo movimento (Rebentou a Feira!) é um momento de festa e celebração, que marca a chegada das tropas. Modas de viola, danças típicas gaúchas, o Canto Tropeiro e um momento de introspecção e religiosidade com a interpretação de Romaria, de Renato Teixeira, marcam esta parte da apresentação, quando, novamente, a orquestra se apresenta tocando a melodia Rancheira.
Para este movimento, as apresentações ficam por conta de artistas convidados, sendo:
- Grupo de Violeiros para a execução de modas de viola;
- Centro de Tradições Gaúchas para a apresentação de canto e danças típicas gaúchas;
- Cantora de ópera para a apresentação de uma obra clássica.
Terceiro movimento - O silêncio do tropeiro
O terceiro movimento destaca no texto dois momentos importantes da história, que foram a febre amarela e a chegada do trem. A tragicidade da situação é intensificada na forma como são narrados, cantados e musicados esses momentos. Ele marca o fim do tropeirismo e nesse momento, a orquestra e coral se manifestam buscando fazer ressurgir esse tempo. Num final apoteótico, se rendem à lembrança deste passado sofrido e celebra a fibra da gente que fez de suas vidas o berço de uma nação valorosa.
- Hoje o berrante está calado
- já não toca, não, meu senhor
- Veio a marcha do progresso
- Deixou o cavalo-vapor.
- Volta, velho tropeiro
- Solta o berrante no ar
- Quero ouvir de novo o tropé
- Nos campos voltar a cantar
- -Segura a égua madrinha
- -Óia a xucra,
- -Ô, ô, ô, ô arreada
- -Óia a xucra
- Araçoiaba, Iperó, Sarapuí
- Jurupará, Vossoroca, Itanguá
- Volta, velho tropeiro
- Solta o berrante no ar
- Em Sorocaba vim arreios compras
- Selas, rendas, facões
- Vim fandango e cavalhada dançar
- Berrante, volta a cantar
- Volta, velho tropeiro
- Leva a tropa pra contar
- Volta, velho tropeiro
- Solta o berrante no ar
Fonte: “Sinfonia Tropeira” (música de autoria de Pedro Cameron e letra de Carlos C. Costa), desenvolvida em três movimentos: “O Tropeiro”, “A Feira” e “O Silêncio do Tropeiro”. (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinfonia_Tropeira)
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Bem-vindos burros e mulas
A mineração em Minas Gerais precisava de um meio de transporte resistente e os tropeiros encontraram uma atividade lucrativa no lombo de muares
Entre o Rio Grande do Sul e Minas Gerais passaram cerca de 12 mil muares por ano entre 1730 e 1897. As tropas seguiam, mas nos caminhos que ficaram conhecidos como a Rota dos Tropeiros muita coisa permaneceu. Ali se formaram famílias, uma gastronomia e cultura típicas e estima-se que nada menos do que mil cidades foram fundadas para dar suporte à nova atividade econômica que se desenvolvia no Brasil.
Aos tropeiros, vendia-se galinha em um ponto, milho e mandioca em outro. Consertavam-se ferraduras e, com o passar dos anos, a rota ganhou casas de palha depois transformadas em pequenos vilarejos. Ainda não é possível listar com certeza quais foram os municípios que nasceram do tropeirismo, mas certamente o trabalho que vem sendo feito pelo pesquisador Carlos Solera, autor de dois livros sobre o assunto, vai ajudar, no mínimo, a não deixar esta cultura cair no esquecimento.
O desejo é ousado: Solera quer ver o tropeirismo ser reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade. Para realizar essa façanha, monta um dossiê sobre o assunto desde 1979 e atualmente conta com o apoio tanto da Universidade de Girona, na Espanha, que tem prática na elaboração da documentação exigida, como do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Paraná. O processo ainda não foi protocolado, mas desde que as pesquisas começaram muito já foi descoberto.
Mapa
Quem imagina que o início do caminho dos tropeiros era o Rio Grande do Sul está enganado. Na Biblioteca Nacional existe o que seria o primeiro mapa da Rota dos Tropeiros e esse documento indica que foi entre as cidades catarinenses de Laguna e Araranguá, exatamente no Morro dos Conventos, que tudo começou (veja mapa ao lado). O traçado original inicia em Laguna e termina em São Luis do Purunã – o caminho até Sorocaba (SP) já existia, assim como o trajeto até Ouro Preto (MG). Parte do trabalho dos tropeiros foi facilitada ainda porque eles fizeram uso de trilhas indígenas para criar a rota.
As explorações da rota se deram por volta de 1728, e em 1730 partiu de Laguna a primeira tropa com muares rumo a Ouro Preto (MG): foram 3 mil mulas e burros conduzidos por 130 tropeiros sob o comando do patrono atual do tropeirismo Cristovão Pereira de Abreu. Levou cerca de um ano e meio para o trajeto ser concluído. “Era cansativo não só para os tropeiros, como para o gado. Por isso eles paravam para invernar (uns três meses) nos Campos Gerais do Paraná. Era um lugar com boa pastagem e o barro era salitroso. O gado, então, não precisava receber sal na alimentação enquanto estava invernando no Paraná”, afirma o pesquisador Carlos Solera.
Os primeiros muares conduzidos eram xucros, mas depois eles foram domesticados e passaram a servir de meio de transporte para os tropeiros e também para conduzir alimentos e outros produtos como a madeira.
Novo ramal
Por volta de 1733, o caminho que começava em Laguna teve de ser abandonado, principalmente porque na região de Urupema havia índios perigosos e pouco sociáveis, o que colocava as tropas em constante perigo. Foi a partir daí que o Rio Grande do Sul entrou para a Rota dos Tropeiros: um novo ramal foi aberto com início na cidade de Viamão (RS) – os tropeiros abandonaram o caminho litorâneo de Laguna e passaram a seguir do Rio Grande do Sul pelo planalto catarinense. “Por este motivo Laguna sofreu um definhamento econômico no período”, afirma o historiador Fábio Kuhn, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
As primeiras mulas que chegaram ao Brasil foram compradas dos países vizinhos que estavam sobre o domínio espanhol (atualmente Bolívia, Argentina e Uruguai): uma outra grande parte foi roubada ou contrabandeada. “Quando os brasileiros perceberam que era uma atividade lucrativa, construíram fazendas de criação de muares nas proximidades de Viamão. O gado muar chegava a custar dez vezes mais que o equino e o bovino na época”, explica Fábio Kuhn.
A disseminação do gado muar no Brasil ocorreu graças ao projeto iniciado pelo português Manoel Gonçalves de Aguiar. Ele era sargento e vivia em Santos (SP), onde dirigia um presídio, e respondia ainda pela costa litorânea de Santos até a região de Laguna (SC). Aguiar foi contemplado, pela Lei das Sesmarias, com um pedaço de terra onde hoje é São Luiz do Purunã (PR) – a partir desse momento ele dividia seu tempo entre as duas cidades. Durante uma inspeção no litoral catarinense, porém, descobriu que existiam muitas mulas soltas no pasto dos países vizinhos e teve a ideia de usar esses animais para o transporte de minérios de Minas Gerais ao Rio de Janeiro, já que muitos escravos estavam morrendo porque não suportavam o trabalho duro.
Nas terras sulamericanas de domínio espanhol havia mulas e burros em grande número e esses animais estavam soltos por causa da exploração de ouro na região, principalmente, do Potosi (atual Bolívia): lá a mineração havia sido desenvolvida pelo menos 100 anos antes que no Brasil. Os espanhóis usaram os animais e, depois que a exploração definhou, eles acabaram abandonando os muares no pasto. O Brasil, precisando desse tipo de gado, passou a comprá-lo, roubá-lo e contrabandeá-lo (até porque o comércio entre Portugal e Espanha era proibido) e só parou quando o Rio Grande do Sul chegou a ser um criador de muares de referência. Depois da grande exploração de muares no Brasil, curiosamente o Império teve de aprovar uma lei que proibisse a criação de mulas, na década de 1760, para evitar uma superprodução de mulas no país e a queda repentina de preço.
Fonte: Gazeta do Povo
Autora: POLLIANNA MILAN
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
terça-feira, 12 de agosto de 2014
Filhote de jumenta com zebra 'encara fotógrafo' em propriedade da Itália
Ippo é um 'zonkey', união das palavras inglesas zebra e donkey (jumento). Pequeno mamífero nasceu em julho 2013, em uma área rural de Florença.
A sexta-feira (11) foi de brincadeira para o pequeno Ippo, filhote híbrido de uma jumenta com uma zebra macho, que vive em uma propriedade rural de Florença, na região central da Itália.
O pequeno mamífero, um tipo raro de animal conhecido como “zonkey” (mistura das palavras inglesas “zebra” e “donkey” – jumento) aproveitou a sexta ensolarada para brincar com sua mãe e receber carinho dela (como mostra a foto ao lado).
Ippo ainda recebeu alimentos de seus criadores. O animal nasceu em julho passado.
Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/10/filhote-de-jumenta-com-zebra-e-clicado-em-propriedade-da-italia.html
domingo, 3 de agosto de 2014
Primeiros socorros em equinos
Primeiros socorros em equinos. O veterinário Leonardo Feitosa fala dos principais cuidados e erros comuns no atendimento
quinta-feira, 24 de julho de 2014
A História do Tropeirismo
Nos Séculos XVII e XIX, os tropeiros eram partes da vida da zona rural e das cidades pequenas dentro do Sul do Brasil, inclusive a nossa Itapeva e outras do Estado de São Paulo. Vestidos como gaúchos com chapéus, ponchos, e botas, os tropeiros conduziram rebanhos de muares e gado e levaram bens por onde passaram. De São Paulo, os animais e mercadorias foram para os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O Tropeirismo é associado com a procriação e venda de muares e gado, mas realmente começou com a descoberta de ouro em Minas Gerais. Ao término do Século XVII, com o crescimento de ouro que minava perto de Ouro Preto, muitas pessoas vieram àquela área e resolveram ficar. Com o aumento súbito da população uma necessidade veio para mais comida, como também para animais para transporte. Os habitantes de Minas Gerais tiveram que comprar tudo de outros locais, como o gado da Argentina e do Brasil Sulista. Enquanto em alguns estados do Brasil desenvolvia-se as minerações de ouro, indústria se plantações de cana de açúcar, desenvolvendo respectivamente no centro e nordeste, o sul estava criando cavalos, e gado. Também havia uma provisão grande de mulas que foram consideradas excelente para levar cargas por estradas antigas perigosas. Porém, a região sulista era longe das outras áreas do Brasil. Como estes rebanhos poderiam ser trazidos aos compradores previdentes? Os tropeiros eram a solução.
A palavra tropeiro é derivado da palavra tropa.
Os tropeiros eram tropas de homens gado motriz por florestas densas que não foram povoadas pesadamente naquele momento. Para fazer a viagem deles por estes territórios vastos, eles usaram normalmente rios como guias naturais. Antes de 1730, os tropeiros estavam transportando o gado e muares à Feira de Sorocaba. Por causa dos tropeiros, muitas das áreas pelas quais eles passaram começaram a se desenvolver. Eles também contribuíram ao desenvolvimento de várias indústrias, e Cidades ao longo da rota e além do transporte e venda de gado e muares, faziam também o trabalho de correios como levar e trazer noticias de um lugar para outro. No Século XIX, quando o estrondo do ouro terminou, o tropeiros viraram a transportar produto dos cafezais que floresciam no Estado de São Paulo.
Com o passar do tempo os caminhos abertos pelos tropeiros foram se constituindo em estradas e os lugares onde ajeitavam seus pousos foram formando vilarejos que se tornaram mais tarde em cidades. Acredita-se que os tropeiros existiram até o começo do Século XX, talvez até 1940.
Foram, portanto os grandes responsáveis pela fixação do homem ao campo e o Ciclo do Tropeirismo, talvez tenha sido um dos mais importantes à história e desenvolvimento do Brasil.
Fonte: Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapeva
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Jumento não é mais irmão
O Globo
A seca dos últimos dois anos agravou a situação de abandono dos jumentos no Nordeste. Companheiro do sertanejo no trabalho duro e ícone da resistência no semiárido, o jumento ficou, na expressão dos próprios nordestinos, “sem serventia”. De nada lhe adiantou o costume a longas jornadas, pouca água e comida escassa. Descartado no transporte de cargas, idosos e crianças, centenas deles estão sendo expulsas das fazendas, colocadas do lado de fora das cercas, ao deus-dará. Com fome e sem ter onde ficar, perambulam pelas estradas em busca de comida. Provocam acidentes graves. Morrem e causam mortes.
— A serventia dele agora é pouca. Aqui não tem mais roça, só pasto. E o jumento estraga o pasto, compete com o boi pela comida. O grandes (fazendeiros) não querem mais, e os pequenos não têm nem lugar onde pôr. Antes ele prestava para carregar carga, agora todo mundo tem seu carrinho. A gente fica com pena do bichinho, mas fazer o quê? — lamenta Luiz Gonzaga Borges Pereira, de 59 anos, dono de um armazém à beira da MA-122, no município de Buritirama, no Maranhão.
A situação dos jumentos no Nordeste se arrasta desde que as motocicletas se popularizaram, vendidas a prestações de R$ 60 até em lojas de móveis da região. A imagem da família que ia às compras na cidade e voltava levando as mercadorias e as crianças no lombo do jegue não existe mais. E ninguém faz questão de se lembrar da “Apologia ao jumento”, que conta a saga do maior amigo do sertão na voz de outro Luiz Gonzaga, o famoso: "Arrastou lenha... madeira... pedra, cal, cimento, tijolo... telha. Fez açude, estrada de rodagem, carregou água pra casa do homem... fez a feira e serviu de montaria. O jumento é nosso irmão...”
Hoje em dia, nem mesmo onde ainda se usam animais, o jumento encontra espaço. Na montaria nos pastos, a preferência sempre foi pelo cavalo, mais ágil e imponente. Para puxar a carroça, o tamanho adequado é o do burro. Fruto do cruzamento do jumento com a égua, o burro é tão forte quanto o pai, mas tem o porte da mãe.
— É tanto jumento abandonado que a gente não sabe o que fazer. É no Nordeste inteiro. E é muito difícil conseguir ajuda, porque a maioria das ONGs de animais cuida de cães e gatos — afirma Geuza Leitão, presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) no Ceará.
No Ceará, 800 jumentos apreendidos por mês
Largado à própria sorte, o bichinho de olhar triste e desamparado virou estatística de trânsito. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o Nordeste registrou 1.783 acidentes com atropelamento de animais nas estradas em 2012. O estado com maior número de casos foi a Bahia, com 429 acidentes que resultaram na morte de 18 pessoas no ano passado. A Bahia é também o dono do maior rebanho de asininos do país — 254.277 cabeças, segundo dados do IBGE de 2011. Em Pernambuco, o atropelamento de animais na pista causou 16 mortes em 2012. No Piauí, foram 260 acidentes, com cinco mortes. Na maioria das vezes, o animal em questão é o jumento.
— Com outros animais, acontece menos. Perder uma vaca é perder carne, leite, manteiga. Cavalo é caro, tem custo — diz Pedro Paulo Bahia, assessor de comunicação da PRF em Brasília. O problema é tão grave que a Polícia Rodoviária Federal e os Detrans estaduais passaram a criar estruturas para recolher os jumentos nas rodovias. No Ceará, o Detran apreendeu 11 mil jumentos no ano passado. Este ano, a média tem sido de 800 por mês. Diariamente, 13 caminhões de resgate fazem a ronda nas estradas. Os animais apreendidos são levados para a Fazenda Paula Pessoa, no município de Santa Quitéria. O local já chegou a abrigar dez mil jumentos, mas tem hoje menos da metade. Muitos morreram ou precisaram ser sacrificados por contraírem doenças.
— Os animais sadios, como cavalo e burro, são doados para associações. Bois, vacas e carneiros vão para entidades beneficentes, para alimentação. Mas, o jumento, ninguém quer — lamenta João Carlos Macedo, responsável pelos regionais do Detran-CE. Raimundo Torquato, administrador da Fazenda Paula Pessoa, conta que muitos jumentos chegam machucados, com as pernas quebradas, sem casco ou até mesmo com orelhas e rabo cortados. Recebem tratamento veterinário, mas ali não há pasto abundante. Ao contrário, o lugar é de seca. Para ajudar a alimentá-los, a Uipa do Ceará conseguiu doação da ONG francesa One Voice e compra milho.
O apoio internacional só veio depois da divulgação de um acordo com a China, que queria comprar 300 mil animais por ano do Brasil para comercialização e industrialização da carne e derivados. O anúncio gerou protestos de entidades protetoras dos animais, e o acerto não vingou.
— Seria um extermínio — diz Macedo.
Segundo o IBGE, o Nordeste tem 877.288 jumentos, quase a totalidade (90%) dos representantes da espécie no país. Apenas Maranhão, Ceará e Piauí ainda têm mais de cem mil animais cada um.
Alexandre Cruz, chefe de policiamento e fiscalização da PRF no Piauí, diz que o órgão encaminhou a Brasília pedido para contratação de laçadores e equipes para recolher os animais que perambulam nas estradas por todo o Nordeste.
— Quando a gente recolhe vaca ou cavalo, o dono vai atrás. Quando é jumento, larga lá — conta Cruz.
Só no ano passado foram apreendidos 2.500 animais que vagavam pelas estradas federais que cortam o Piauí. A maioria jumentos. Não é raro que sejam novamente soltos dois ou três dias depois e voltem a vagar pelo asfalto. “O jumento é bom... O jumento é sagrado... o homem é mau”, dizia a música de Gonzagão.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/brasil/jumento-nao-mais-irmao-8432314.html#ixzz2pvJQPN1G
terça-feira, 8 de julho de 2014
Fábulas - JUMENTO TEIMOSO
Este é um conto repetido de muitos modos. O Jumento costuma empacar e não seguir caminho por motivos que o Asneiro geralmente não entende. As mais das vezes, o Jumento estava certo! Nesta fábula o Asno deixa o terreno seguro e plano e se mete pelas ribanceiras. Seu dono tenta segurá-lo pelo rabo, pelo cabresto, pelas peças dos arreios e perde contra a força bruta do Jumento e tem que largá-lo para que despenque no abismo. Diz o Asneiro: “Essa vitória tu a tens, pois não disputarei cair junto contigo”. Dizem isso dos teimosos que não medem as conseqüências de seus atos. REVISÃO – Os portugueses são os reis das anedotas sobre Asnos, Asneiros e asnidades. O modo depreciativo luso de fazer essas piadas, entretanto, gosta de não ofender terceiros. Geralmente falam na primeira pessoa, ou atribuem o feito a outro português, um tramontano, um alentejano, um lisboeta, nascido na Bairrada, ou assumindo que foi o tio, o pai, o avô de quem conta. Uma dessas piadas, querendo insinuar que os Jumentos são mais inteligentes do que nós, conta assim: “O Jumentinho estacou à porta do estábulo, recusando entraire. Meu pai chegou e passou-lhe um braço ao peito e o outro atrás das ancas, ergueu-o do solo e levou-o para dentro, dizendo-lhe: Mais inteligente que eu tu podes seire, mas mais forte tu não és!” Pelo que entendemos de Esopo, a fábula procurava mostrar que onde não temos mais argumentos ou providências contra os erros dos outros, é prudente pelo menos não afundar juntamente com o teimoso. ATUALIDADE – Será que teremos a possibilidade de escapar da queda no abismo que está sendo programada a nível global pelas forças trevosas que se mostram como donos do ouro e das armas mortíferas? Se realmente os beligerantes possuem poder atômico para acabar com 30 vezes a população da Terra, podemos largar o rabo dos asnos dizendo-lhes que não vamos cair no precipício com eles?
Fonte: Shvoog
terça-feira, 1 de julho de 2014
A importância da mula na História
Desde a antiguidade, muitos milhões de muares foram produzidos havendo vários relatos da importância econômica destes animais. Na Mesopotâmia e na Assíria, não ter um jumento para montar era um sinal de pobreza. Somente os mercadores muito ricos e oficiais militares podiam possuir mulas. Na Idade Média, enquanto os cavalos eram usados pelos cavaleiros nas batalhas, as mulas eram montadas pelos senhores feudais e clero.
Na História da exploração do novo mundo, embora os eqüinos tenham sido
fundamentais para a conquista da América Espanhola, chegando a serem considerados pelos nativos como Deuses, foram os muares que transportaram as riquezas para serem enviadas para a Corte da Espanha . Em 1495, Cristóvão Colombo trouxe quatro jumentos e duas jumentas para o novo mundo, tendo sido iniciado o primeiro criatório de muares na América. Dez anos depois da conquista dos Astecas, um carregamento de 20 jumentas e três jumentos chegaram no México provenientes de Cuba para se iniciar a criação de mulas com o intuito de transporte de cargas e de gente. As mulas eram as preferidas para serem montadas, enquanto os machos eram usados para carga. Estes animais eram usados nas minas de prata e cruzavam as trilhas que uniam o império Espanhol.
Ao longo da fronteira, cada posto avançado da coroa tinha que produzir suas
próprias mulas e cada fazenda ou missão tinha que manter ao menos um jumento reprodutor.
Como o Rio da Prata era o principal canal de escoamento destas riquezas, a região dos pampas se tornou um grande produtor de mulas ainda no século XVI. As Estâncias da região dos Pampas Argentinos se firmaram como grandes produtoras de muares para o Império Espanhol e posteriormente, a partir do séc. XVII para as minas de ouro do Brasil. O caminho dos tropeiros saía da Argentina, passava por Viamão RS. , chegando à Sorocaba SP, onde os animais eram comercializados para trabalharem nas minas de ouro e diamantes de Minas Gerais.
No Brasil, os muares foram muito importantes no transporte de mercadorias e riquezas, única opção para as regiões das Minas Gerais, onde faltavam estradas e sobravam locais pedregosos e íngremes.
Fonte: Mula Parida
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Tropeiro
Tropeiro é a designação dada aos condutores de tropas, assim designadas as comitivas de muares, e cavalos entre as regiões de produção e os centros consumidores, a partir do século XVII no Brasil. Mais ao sul do Brasil, também são conhecidos como carreteiros, pelas carretas com as quais trabalhavam.
Cada comitiva era dividida em lotes de sete animais, cada um aos cuidados de um homem que os controlava através de gritos e assobios. Cada animal carregava cerca de 120 kg.e chegava a percorrer até 3.000km.
Num sentido mais amplo também designa o comerciante que comprava tropas de animais para revendê-las, e mesmo o "tropeiro de bestas" que usava os animais, para além de vendê-los, transportar outros gêneros para o comércio nas várias vilas e cidades pelas quais passava.
Além de seu importante papel na economia, o tropeiro teve importância cultural relevante como veiculador de ideias e notícias entre as aldeias e comunidades distantes entre sí, numa época em que não existiam estradas no Brasil.
Um dos marcos iniciais do tropeirismo foi quando a Coroa Portuguesa instalou em 1695 na Vila de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos Quintos. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais deveria ser levado a esta Vila e de lá seguia para o porto de Parati, de onde era encaminhado para o reino, via cidade do Rio de Janeiro.
Ao longo das rotas pelas quais se deslocavam, ajudaram a fazer brotar várias das atuais cidades do Brasil. As cidades de Taubaté, Sorocaba, Viamão, Santana de Parnaíba, Castro,Cruz Alta e São Vicente são algumas das pioneiras que se destacaram pela atividade de seus tropeiros.
Mesmo em 2011 tropeiros atuam em algumas regiões do Brasil, como os que transportam queijos e doces da região de ´Itamonte-MG para Visconde de Mauá-RJ.
Comércio
Antes das estradas de ferro, e muito antes dos caminhões, o comércio de mercadorias era feito por tropeiros, nas regiões onde não havia alternativas de navegação marítima ou fluvial para sua distribuição. As regiões interioranas, distantes do litoral, dependeram durante muito tempo desse meio de transporte por mulas. Desde fins do século XVII, as lavras mineiras, por exemplo, exigiram a formação de grupos de mercadores no comércio interiorano. Inicialmente chamados de homens do caminho, tratantes ou viandantes, os tropeiros passaram a ser fundamentais no comércio de escravos, alimentos e ferramentas dos mineiros. Longe de serem comerciantes especializados, os tropeiros compravam e vendiam de tudo um pouco: escravos, ferramentas, vestimentas etc. A existência do tropeirismo estava intimamente relacionada ao ir-e-vir pelos caminhos e estradas, com destaque para a Estrada real -- via pela qual o ouro mineiro chegou ao porto do Rio de Janeiro e seguiu para Portugal. O constante movimento, o ir-e-vir das tropas, não só viabilizou o comércio como também se tornou elemento chave na reprodução econômica do tropeirismo.
Os tropeiros transportavam uma grande variedade de mercadorias como açúcar mascavo, aguardente, vinagre, vinho, azeite, bacalhau, peixe seco, queijo, manteiga, biscoito, passas,noz, farinha, gengibre, sabão, fruta seca, chouriço, salame, tecido, alfaias, marmelada, coco, carne seca, algodão, sal, vidro para janela, etc.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
terça-feira, 17 de junho de 2014
A Fábula do Jumento!
Um dia, o jumento de um fazendeiro caiu num poço...
O animal relinchou penosamente por horas, enquanto o fazendeiro pensava o que fazer.
Por fim, o fazendeiro chegou à conclusão de que o poço precisava mesmo ser fechado e, como o animal estava velho, não valia a pena resgatá-lo.
O fazendeiro convidou seus vizinhos para ajudá-lo. Todos pegaram pás e começaram a jogar terra dentro do poço.
No início, percebendo o que acontecia, o jumento relinchava, desesperado. Depois, para surpresa geral, aquietou-se.
Algumas pás de terra depois, o fazendeiro resolveu olhar para baixo e ficou surpreso com o que viu.
O jumento sacudia cada pá de terra que caía sobre ele, e aproveitava a terra para subir um pouco mais.
Enquanto os vizinhos do fazendeiro continuavam a jogar terra no animal, ele a sacudia e subia cada vez mais.
Não demorou para todos se espantarem ao ver o jumento escapar do poço e sair trotando alegremente.
terça-feira, 3 de junho de 2014
Filhote raro de zebra com jumenta nasce na Itália após pulada de cerca
Uma pulada de cerca, literalmente, resultou no nascimento de um raríssimo cruzamento entre uma zebra macho e uma jumenta, há duas semanas. O filhote incomum nasceu em uma reserva animal em Florença, na Itália, após a zebra Martin invadir a área onde estava a jumenta Jade. A notícia foi divulgada apenas esta semana e, degundo funcionários da reserva, Ippo, o filhote, passa bem. Ele puxou as listras do pai misturadas à cor predominante da mãe. Martin está na reserva desde que foi resgatado de um zoológico que ameaçava ir à falência. Jade se encontra no local por ser uma espécie rara de jumenta. Há 12 meses, a proprietária da reserva, Serena Aglietti, construiu a cerca que separava os dois animais, mas ela não foi o suficiente para impedir o nascimento do pequeno Ippo, o único filhote de zebra com jumento na Itália.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/animais/filhote-raro-de-zebra-com-jumenta-nasce-na-italia-apos-pulada-de-cerca-9244676.html#ixzz2pvIsmJjw
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Vocabulário de Tropeirismo
Açoiteira – ponta de rédea com a qual o peão açoita o muar.
Alqueire – medida agrária (24.200 metros quadrados em São Paulo).
Apear – descer do animal.
Arção – peça arqueada do arreio.
Arreio – é como os peões designam, generalizando, o seridote, o lombinho, etc.
Badana ou Baldrana – manta de couro lavrado, que se coloca sobre o arreio, acima do pelego.
Bago – testículo.
Baio – pelagem do cavalo ou burro que se caracteriza pela cor amarela dos pêlos.
Barbela – cordel que prende o chapéu ao queixo.
Barbicacho – embocadura de correia de couro macio, que circunda os dentes incisivos inferiores num espaço chamado barra e a mandíbula dos cavalos e burros.
Berrante – espécie de buzina, feito com um ou mais chifres, acoplados, utilizado para “chamar” a boiada.
Bicheira - ferida dos animais.
Boi – quadrúpede ruminante, dotado de casco bi-partidos.
Braça – Antiga unidade de cumprimento equivalente a 2,2 m, muito utilizada pelos peões.
Bragado – animal com manchas brancas na barriga e nas pernas.
Bridão – embocadura para animais constando de duas peças de ferro articuladas, menos enérgico que freio.
Broca – doença dos cascos.
Bruaca – meia de couro cru, para transporte de utensílios de uma comitiva.
Buçal ou Buça – cabresto rústico e reforçado de couro cru, usado par doma de burros.
Burro – hibrido infértil resultante do acasalamento da égua com jumento.
Cabeçada – peça de couro dos arreios que se passa pela cabeça dos animais, completada pelo freio ou bridão e rédeas.
Cabresto – cabeçada de couro cru em correia ou torcido, ligado por aros metálicos, que se coloca na cabeça do burro ou cavalo, para conduzí-lo ou amarrá-lo.
Canecão – Cincerro maior do peitoral da mula que transporta a carga.
Cargueiro – burro ou mula com cangalha, um par de bruacas e utensílios.
Carona – manta de couro que se coloca sob o arreio.
Carro de boi – veículo de rodas, puxado por juntas de bois, destinado a transportar carga, distinguem-se as rodas, o eixo, a mesa e o cabeçalho.
Coador – saco de pano utilizado para coar café.
Comitiva – grupo de peões de boiadeiro, encarregados de transportar boiadas, é constituída de capataz, ponteiro, meeiros, chaveiros, culatreiro e o cozinheiro.
Couro ou Ligal – peça de couro cru que cobria a cangalha e sua carga.
Coxonilho – manta de tecido de algodão ou estopa guarnecida por retalhos de várias cores, que substitui o pelego.
Domador – peão amansador.
Embornal – saco duplo de pano com alça.
Enervar – esticar o couro com taquara.
Esteio – Escora de madeira.
Forno – construção de barro utilizado para cozer pão, assar carne, etc.
Freio – embocadura metálica recurvada.
Garrote – bovino jovem com idade de sete meses a dois anos.
Garrotilho – doença do burro, cavalo, semelhante a um resfriado.
Guaiaca – cinto largo de couro, dotado de bolsas para guardar dinheiro, relógio e uma espécie de coldre para arma.
Guampa – chifre trabalhado para servir de copo.
Guasca – tira de couro cru.
Guaxo – animal amamentado artificialmente com leite de outro animal que não da mãe.
Guieiro – que liga os bois na condição do carro.
Ilhapa ou Lapa – parte mais grossa do laço, também conhecida por afogador, cuja extremidade prende-se à argola.
Inteiro – burro ou cavalo que não foi castrado.
Jacá – cesto sem tampa, tecido através do cruzamento de tiras duplas de taquara.
Laço – corda trançada normalmente com quatro tentos (tiras de couro) e compreende quatro partes: - argola, ilhapa, corpo de laço e a presilha. Seu comprimento varia entre dez ou doze braças.
Látego – Correia de couro cru, que prende a barrigueira.
Lombilho – arreio próprio para doma.
Loro – correia dupla que sustenta o estribo.
Machinho – é um tufo de pêlos existente na parte posterior dos membros do cavalo, entre a canela e a quartela, cobrindo uma excrescência córnea (esporão).
Madrinha – égua ou mula que serve de guia de uma tropa de muares.
Maneador – correia de couro cru, com quatro centímetros de largura e oito braças de comprimento.
Maneia – correia utilizada para pear cavalos.
Mangueira – curral de gado.
Matungo – cavalo velho, manso.
Mula – fêmea do burro.
Pacuera – barrigada.
Palanque – moirão de madeira fincado no chão ao qual se prende o animal pelo cabresto.
Parelheiro – cavalo de corrida.
Pealar – laçar o animal pelos membros.
Peão – condutor de boiadas, amansador de burros.
Pelego – pele de carneiro curtida que se coloca sobre o arreio.
Pele de rato – pelagem cinzenta dos muares, com a crina, a cauda e as extremidades pretas e uma lista preta sobre a coluna vertebral (lista de burro).
Pisadura – ferimento no lombo dos animais.
Petiço – cavalo pequeno.
Picaço – cavalo preto com a cara (frente aberta) e os pés brancos.
Ponteiro – peão que segue à frente da boiada, tocando o berrante.
Redomão – burro recém domado.
Relho ou reio – chicote de trança comprida que termina em tala.
Retranca – correia de couro que cincunda o traseiro do animal de carga.
Serigote – espécie de lombinho.
Sino – cincerrro.
Sola – couro bem curtido.
Trote – andar saltado do cavalo, no qual os membros se movimentam por bípedes diagonais, havendo um momento de suspensão sem nenhum contato com o solo.
Xucro – animal bravio.
Zaino – pelagem castanha escura mais ou menos tapada dos cavalos.
Fonte: Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapeva
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Recém-criado, 'parque dos jumentos' abriga 100 animais no Sertão de PE
Espaço em Petrolina reúne animais retirados de estradas da região. Objetivo é evitar acidentes; jumentos podem ser adotados.
Recém-criado com o objetivo de evitar acidentes no Sertão de Pernambuco, o Parque Ecológico, conhecido em Petrolina como "parque dos jumentos", já reúne cem animais recolhidos na beira de estradas da região.
O local, inaugurado há menos de um mês, tem capacidade para 400. O Instituto Qualivida é o responsável pela administração do espaço, que tem contado com parcerias com a Agência de Defesa Agropecuária de Pernambuco (Adagro), a Polícia Rodoviária Federal e prefeituras da região.
O projeto foi desenvolvido pelo deputado estadual Odacy Amorim. Acidentes como o ocorrido em janeiro motivaram a implantação. No início do ano, a dupla sertaneja Lusmar do Amaral e Linder foi desfeita após uma tragédia na estrada que corta o município de Santa Cruz. Um dos irmãos, Francisco de Alencar Amaral, de 34 anos, o Linder, bateu a moto em um jumento que trafegava na pista e morreu, provocando o fim forçado da parceria de mais de 15 anos.
Para o idealizador do parque, é preciso agora que a PRF intensifique a circulação nas estradas para capturar os bichos. “Se não houver um trabalho ativo de todos, o espaço não vai adiantar”, afirma Amorim.
O inspetor-chefe da PRF em Petrolina, Paulo Lima, diz que a corporação não tem estrutura para fazer este tipo de trabalho sozinha. "Quando a prefeitura cede o vaqueiro, a gente oferece o carro com o motorista. Não há efetivo para uma ação exclusiva. A PRF também tem outras obrigações”, afirma.
Adoção
A adoção de animais, que podem servir como meio de transporte, é uma das opções do projeto. Além dos jumentos, também são recolhidos cavalos e burros abandonados próximos às estradas. "A gente está conseguindo sensibilizar as pessoas para a adoção, principalmente do jumento. Doze animais que tinham chegado ao parque já foram adotados", diz Amorim. Para adotar, é preciso que o candidato assine um termo de compromisso. "Se cada pessoa adotar um bicho desses, não será difícil resolvermos essa situação."
Todos os equinos encaminhados para o Parque Ecológico são submetidos a exames feitos pela Adagro na tentativa de identificar alguma doença que comprometa a saúde do animal. Mais de 60 dos animais já passaram pelo teste.
Além do parque, o Projeto de Conservação, Restauração e Manutenção de Rodovias realizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes também deve contribuir para a ausência dos animais nas estradas. Trechos de rodovias receberão cercas em breve. "Serão cercados 50 km, saindo do perímetro urbano de Petrolina até o Trevo do Ibó (bifurcação que divide os estados de Pernambuco e Bahia nas cidades pernambucanas de Cabrobó e Floresta)", afirma o analista do Dnit Anderson Nunes.
quinta-feira, 24 de abril de 2014
sábado, 19 de abril de 2014
Tropa
As tropas seguiam para Pelotas, onde existiam as grandes charqueadas em grande número, cerca de quarenta; havia também algumas sobre o rio Jacuí.
Naquela cidade os produtos bovinos tinham mais facilidade de sair barra a fora em iates, por isso ela tornou-se o empório da indústria do charque, como já era o entreposto comercial do sul da Província.
Todas as tropas que se encaminhavam para lá iam diretamente para a Tablada, um descampado, espécie de mercado onde os charqueadores faziam suas compras. Vindos de distâncias longínquas, com 20 a 30 dias de viagem, conforme as zonas, elas se compunham de 600 a 1.000 bois; assim numerosos tinham a vantagem de diminuir as despesas por cabeça.
Para uma viagem tão longa se tornava necessário ser muito gorda a tropa; o aparte era livre e o tropeiro tirava bois de calção, ou próximo a isso.
Só alcançavam essa gordura excessiva animais de cinco anos acima.
Conhecidos esses pontos essenciais, vamos ver como se fazia uma tropa, depois acompanharemos sua marcha até a antiga Charcópolis, hoje Princesa do Sul e capital da sociabilidade rio-grandense, nos seus característicos atributos.
Era um serviço trabalhoso fazer uma tropa naquele tempo em que não havia invernadas e os gados não tinham grande costeio e muitos ainda se conservavam semi-selvagens.
Para retirar a novilhada gorda daqueles campos, tornava-se necessário parar todos os rodeios e isso demandava alguns dias de serviço ativo.
A boiada apartada no primeiro dia dormia na mangueira e no dia seguinte ficava em pastoreio, enquanto se paravam outros rodeios, cujos bois vinham para serem incorporados ao núcleo já formado.
No último rodeio tirava-se também mais de meia dúzia de munícios, novilhas gordas de dois anos que serviam para a peonada churrasquear na viagem; cada dois dias matavam uma. Vinha para a encerra a tropa feita desses animais bisonhos, assustadiços, alvorotados. Fechados naquele ambiente sem o horizonte habitual, ficavam aterrados.
A menor coisa assustava-os muito, à noite um cachorro que de repente pulava na cerca, um berro de um boi corneado por outro, ou a tosse de um outro, era bastante para a novilhada dar um arranco dentro da encerra.
Alta noite se ouvia aquele rumor do gado correndo na mangueira, era um arranco sem motivo às vezes. No outro dia pela manhã, ao sair da encerra, a novilhada estava delgada, brava e arisca, ao passar a porteira saía ligeiro, priscando com movimentos rápidos.
Era preciso domá-la, isto é, metê-la em volta.
Antes de começar a caminhar já se achavam na sua frente os melhores campeiros, pois o lugar de ponteiro é o de mais responsabilidade na marcha da tropa. Alguns campeiros procura vam amansá-la com um assobio monótono ao andar e com "venha, venha".
Ao principiar a caminhar, ela troteava, o capataz que já esperava por isso quebrava a ponta da direita para a esquerda, rebolando o relho obrigava todo o gado a redemoinhar; se ao seguir troteava novamente e se o lugar se prestava, dava outra volta na ponta fazendo girar ainda e com um assobio particular aquele bicharedo andava rápido nesse corrupio. Os que ficavam no centro eram tão apertados que levantavam muito a cabeça e então os chifres se batiam uns contra os outros com um rumor surdo.
Era um espetáculo bonito e chocante ver essas feras com suas armas alevantadas como se digladiassem em torneio louco.
Os da beirada troteavam acompanhando o movimento, nesse exercício precursor do domínio, a peonada abria os cavalos e deixava-os à vontade. Então, pouco a pouco, iam se alargando e sossegando. Se ao marchar troteavam outra vez, metiam em volta novamente e recomeçava a mesma cena.
Depois de repetidas vezes fazerem isso ao som de assobio adequado, os animais por si mesmo redemoinhavam.
A tropa braba com essas manobras aprendia a obedecer e ia se entregando, se amansando.
Habituados àquele movimento com o assobio, ela estando na mangueira bastava assobiar para ela entrar em giro e assim diminuía o arranco.
Para fazer-se uma idéia do que era um gado selvagem, cito um fato.
Foi posto na encerra um gado do mato; na véspera de uma enxurrada d'água, juntou muito lodo do lado de baixo, a ponto de entupir os buracos de ladrões, ficando um atoleiro mole.
No outro dia, existiam muitos animais mortos em cima do barro, outros quebrados e agonizantes. Tal foi o terror desses selvagens que, assustados, atiraram-se por cima dos outros e fizeram essa hecatombe.
Uma tropa braba nas condições descritas era natural que nos primeiros dias de marcha para Pelotas fizesse disparadas.
Bois criados à lei da natureza, de repente reunidos, ficavam bisonhos, assustadiços.
A noite, numa ronda, ou mesmo de dia debaixo de uma chuvarada, um trovão repentino, um relâmpago inesperado, o aparecimento rápido de um cachorro, o latido, ou por qualquer outro motivo se dava o estouro da boiada, como dizem no Norte.
O arranco de uma tropa de dia, em campo aberto, tornava-se relativamente fácil dominar se dois ou três campeiros bem destorcidos e bem montados corriam na dianteira para sujeitar a ponta. Mas se a disparada da tropa se dava durante uma noite escura, era difícil agir de modo útil na ocasião. Nestas condições se um cavaleiro rodava na ponta da tropa, só tinha um recurso para salvar-se, era dar tiros para o ar a fim de evitar que essa avalanche o pisoteasse passando por cima.
A conseqüência disso era a demora de dois ou mais dias para procurar ou recrutar o que faltasse na contagem; quase sempre havia prejuízos.
Passar a noite rondando um gado bravio, pronto a dar uma arrancada por qualquer motivo era um pedaço bem aborrecido e fatigante na condução de uma tropa, mas os homens afeitos àquele serviço rude não estranhavam; podiam passar a noite caminhando ou troteando ao redor dela quando estava desinquieta ou arisca.
Escolhido o lugar para a ronda, deixava-se o gado serenar e pastar à vontade.
Se a tropa era mansa e o terreno enxuto, pouco a pouco os novilhas iam se deitando e tudo corria bem; era uma noite bem passada. Mas se era braba, mal domada e ainda arisca, nos primeiros dias os cuidados se dobravam.
Ao entrar do sol, enquanto ela pastava sossegada, os peães iam se substituindo ao redor do fogão para comer e tomar mate, até que escurecia, então dividiam-se em dois grupos, um que fazia o quarto até meia noite e o outro turno cuidava dessa hora em diante.
Quem ia repousar maneava o cavalo, tirava os pelegos para uma cama ligeira, arrumava um travesseiro de fortuna, um pau, um tição, uma pedra, coberto com pelego e, com o cavalo pela rédea, dormia um sono bom, até que chegasse a hora de ser chamado para fazer o seu quarto, tomar conta da ronda. Essa providência de ficar com o cavalo encilhado tornava-se necessária para um auxílio pronto no caso de um arranco da tropa.
Enquanto o fogo estava aceso, a disparada se dava ao rumo do fogão em noite escura, diziam.
Nos primeiros tempos [em] que se faziam as tropas, as pastagens eram abundantes e livres; se no caminho existia uma encerra, pedia-se emprestada por uma noite.
Deste modo as tropas conduzidas com cuidado e bom tempo chegavam ao seu destino sem mermar no peso e gordura. Nestes caminhos para Pelotas, depois de uns tempos para cá os pastos já eram pagos, isto mesmo nas zonas mais trilhadas e ainda de certo ponto em diante. Alguns moradores à beira da estrada construíam encerras apropriadas para tropas e que alugavam para uma noite, quase todas feitas de taipas, altas e bem seguras. O tropeiro fazendo seu gado passar ali as horas de repouso, dava aos seus peães uma noite de descanso. Ao lado da porteira faziam o fogão, onde os pedaços sangrentos de um munício recém carneado tornavam-se apetitosos e gordos churrascos; depois do chimarrão e da palestra animada, vinha o sono reparador.
Se as circunstâncias tornavam-se favoráveis, podia aparecer algum vizinho morador para chalrear e se vinha uma viola, algum bardo gaúcha tomava-a e desferia suas cordas com cantares como os seguintes:
Triste vida a do tropeiro,
Que nem pode namorar,
De dia reponta o gado,
De noite toca a rondar.
Tenho um cavalo escuro
De andar de madrugada;
Marcha, marcha, meu cavalo,
Vamos ver a namorada.
Eu vi Cupido montado
No seu cavalo picaço,
De bolas e tirador,
De faca, rebenque e laço.
Eu mandei fazer um laço
Do couro de jacutinga
Para laçar um boi barroso,
Lá no passo da restinga.
Zomba o fado em ser cruel
Contra a minha triste sorte;
As penas que me acompanham
Terão fim só com a morte.
Quando eu era pequenino
Cantava que retinia...
Eu cantava em Caçapava
No Oriente se ouvia.
Dos filhos que meu pai teve,
Eu fui o mais destemido;
Para amar moça bonita
Eu fui o mais presumido.
Entre trevo nasce trevo,
Entre trevo nasce flor;
Sem ser trevo, eu me atrevo
A tomar contigo amor.
Quebrar ferro, romper bronze
Não acho valentia;
Valente é meu coração
Em sofrer tua tirania.
Se eu pudesse em teus braços
Libertar esta paixão...
Só assim sossegaria
O meu ardente coração.
Depois de um peito querer
E de um coração se agradar,
Não há mais poder no mundo
Que faça um bem se apartar.
Menina case comigo
Que trabalhador eu sou;
Com sol não vou à roça
Com chuva também não vou.
Eu vi meu bem por acaso,
Eu vi meu bem no jardim,
Com mangas arregaçadas
Seus braços cor de carmim.
Eu vi meu bem, não me engano
Que vi meu bem na janela,
Com mangas arregaçadas
Seus braços cor de canela.
Eu vi meu bem cozinhando,
Eu vi meu bem no fogão,
Com mangas arregaçadas
Seus braços cor de carvão.
Não há rosa na roseira,
Que não dê o seu botão,
Não há negra, na cozinha
Que não dê sua razão.
Estes e outros de espírito namorado, romântico, irônico, humorístico etc. pertencem à poesia popular rio-grandense.
De madrugada ligeira refeição e novos mates, depois aprontações, acomodar os fiambres, a chocolateira e os avios do chiinarrão, para recomeçar a marcha.
A novilhada, ao sair à porteira, às vezes era contada de novo para verificar se o número estava certo. Quando acontecia serem duas tropas candidatas à mesma encerra, naturalmente cabia de direito ao primeiro que chegava, a fala.
O dono algumas vezes apreciava a carreira entre dois tropeiros que pretendiam a mesma comodidade para seu gado.
De uma feita, um, em vez de correr, parou o cavalo e deu um tiro para o ar. Ao seu competidor foi respondido que a pólvora tinha falado primeiro.
Espírito de gaúcho.
A um tropeiro e à sua gente podiam acontecer coisas bem desagradáveis; eram as chuvaradas intermináveis. Uma tropa que se fazia ou terminava com tempo arruinado, dava motivo a aborrecimentos. Podia ser o começo de uma temporada de chuva que acompanharia a sua marcha até Pelotas com garoas contínuas ou chuvisqueiros repetidos.
Embora fosse verão, ou mesmo começo do outono e eles habituados às intempéries, tornava-se deveras enfastiante para os pobres peães de tropa.
Nessas condições, como fazer fogo para churrasquear? Como dormir? Arreios molhados, ponchos que não enxugavam, roupas úmidas. Se a noite era de ronda, alguns tinham de esperar seu quarto de serviço, dormindo sentados nos pelegos com os cavalos pelas rédeas.
Por sorte, com os aguaceiros repetidos, o gado também ficava abichornado e sossegado virando as costas para o lado da chuva e do vento.
Contavam os peães de tropa que no fim da jornada as roupas estavam imprestáveis, os xergões inutilizados e a cavalhada, composta de 3 a 4 cavalos de cada peão, ficava estranzilhada.
Porém o maior infortúnio era do tropeiro que via decair o seu gado e a sua tropa desvalorizar-se.
As temporadas de secas também davam motivos para ficarem aborrecidos, com as marchas forçadas a que eram obrigados para alcançar aguadas e pastagens convenientes. Os animais da tropa ficam desinquietos e nada os embrabece tanto como a sede. A maior seca na segunda metade do século passado foi a de 1875.
Durante a sua fase aguda apareceu na estância um tropeiro que precisava levar uma tropa para Pelotas. Diante da situação penosa que corria, tornava-se impossível parar rodeio para um serviço regular de apartes.
O recurso foi o das volteadas para pegar novilhos gordos. Daí muitos incidentes.
Um rapaz novato laça um boi nas proximidades da sanga da Guajuvira, o cavalo roda, o boi dá o tirão e volta enfurecido contra ele, mete a aspa no sangradouro e mata-o.
Resultado: um cadáver fica segurando firme um novilho bravio.
O mocito, com o susto, já tinha desaparecido, correndo sanga abaixo. Os campeiros o atenderam.
A mesma sanga, aliás bem forte, com ligações, estava logo abaixo reduzida a pequenos poços, onde todos os animais dos campos vinham desalterar-se da implacável sede; o veado e o sor ro aí deixavam suas catingas, o avestruz e o quero-quero algumas penas. Passava muito do meio-dia quando a tropa já crescida entrou nos maiores poços e demorou-se a beber e a pisotear. Nesse momento de um pequeno descanso, todos sequiosos procuravam desalterar-se; alguns seguiam pela sanga abaixo à cata de melhores poços.
Puro engano.
Um pouco de fiambre oferecido de um farnel tornou-me mais imperiosa a necessidade de beber o precioso líquido, mas só havia água pisoteada, barrenta e preta, porém... a sede estava mais preta!...
Que fazer?
Era uma ilusão tomar essa água através um lenço limpo, mesmo mastigando a carne para não sentir-lhe o gosto.
Parece que naquele tempo os raios ultravioleta do sol cumpriam bem a sua missão, ninguém adoeceu.
Mas voltemos ao assunto para lembrar que, hoje, fazer uma tropa torna-se muito simples: reunir na invernada a boiada já costeada, apartar o que está gordo; contar, faturar e receber o cheque é um trabalho de poucas horas.
Se ela foi vendida a peso, o dono vai ou manda assistir à pesada na charqueada e lá recebe o cheque.
Além disso, os apartes são mais favoráveis, não é preciso que um boi esteja bem gordo, tendo passado pela fase da carne branca há mais de mês, já serve; entretanto levam sempre a flor do gado.
Os estabelecimentos que beneficiam os produtos da indústria pastoril, saladeiros e frigoríficos, vieram colocar-se perto da matéria-prima e assim em poucos dias uma tropa lá está inteira em peso e gordura, no outro dia é a matança.
Raramente os gados para esses estabelecimentos são conduzidos em trem especial, pois o pesado frete encarece muito seu valor.
Quantas vantagens sobre o que se fazia! ...
Outrora lidava-se com bois bravios, sujeitos a disparadas e a prejuízos com viagens de 20 a 30 dias, conforme a procedência, despesas maiores, muitas vezes estropiavam-se na estrada áspera como grosa, da Serra das Asperezas; chegavam a Pelotas entranzilhadas e com grande quebra no peso e na gordura, mesmo desfalcadas de alguns, pois eram obrigados a deixar ou a vender no caminho reses que não podiam andar de tão estropiadas.
Também existiam dificuldades quanto ao transporte de dinheiros. O tropeiro que vinha a uma estância atrás de gado carregava um cinto forte de couro curtido de capivara ou veado, uma espécie de bolsa tubular, cheia de onças de ouro, regulava cada uma 32.000 réis; para verificação do peso deles havia umas balanças diminutas que dobradas carregavam no bolso.
Do câmbio não se cogitava, quase sempre andava no par. Em geral era um camarada de confiança que apresilhava na cintura, semelhante cinto pesado que castigava as cadeiras. Quando a quantidade era demasiado grande acomodavam em saquinhos bem resistentes dentro de peçuelos pequenos, redondos, muito fortes, trazidos pelo peão ao lado do patrão.
Também existia o dinheiro em papel que era preferível às vezes ao ouro depreciado pelas subidas do câmbio acima do par; arrumavam em cinto largo com pequenos bolsos abotoados, a que chamavam guaiaca.
Autor: Roberto Cohen, Página do Gaúcho
sábado, 12 de abril de 2014
Fábulas - O ABUTRE E O JUMENTO
Em outra versão do desprezo invejoso, conta Esopo que um Jumento estava estirado na estrada, fazendo-se de morto. Um Abutre mergulhou do espaço e aproximou-se do "grande banquete" em perspectiva. Mal dá a primeira bicada e o Jumento se levanta pronto para dar-lhe um coice. O Abutre afasta-se correndo. Ante o gargalhar de uma Hiena que também estava se aproximando, o rapinante exclama: "Não aprecio esse tipo de carne... Esse não está suficientemente gordo!" A Hiena teria retrucado: "Ou suficientemente morto?" Mais um que repita o conto, possivelmente lhe acrescente mais um ponto; que tal o Abutre treplicar, como fazem nossos Abutres políticos? É lógico! O Abutre ainda pode revidar, já que a Hiena só come o que está estragado, poderia acrescentar: "Ou suficientemente podre..."
Fonte: Shvoong
domingo, 6 de abril de 2014
sexta-feira, 28 de março de 2014
TIPOS DE PELAGEM
As pelagens básicas se constituem em: Alazão, Baio, Branco, Cebruno, Colorado, Douradilho, Gateado, Mouro, Oveiro, Picaço, Preto, Rosilho, Tobiano, Tordilho e Zaino.
Pelagens Compostas:
Alazão chamalotado ou apatacado: Quando tem manchas mais claras e arredondadas.
Alazão dourado: O típico com reflexos do ouro.
Alazão típico: O que tem a cor da brasa ou da cereja.
Alazão ruano: Quando tem a cauda e crina claras.
Branco albino, melado ou rosado: Quando há uma despigmentação congênita, inteira ou parcial, das pestanas e da íris. Sua pelagem tem reflexos rosados. É sensível ao sol.
Baio branco ou claro: É uma tonalidade de creme desmaiado.
Branco mosqueado: O que leva pelo corpo, em forma irregular, pontos pretos do tamanho de uma mosca.
Branco porcelana: O que tem manchas pretas, as quais, por transparência, por meio dos pêlos brancos, produzem reflexos azuis da porcelana.
Baio achamalotado ou apatacado: Quando apresenta manchas redondas e mais claras do que o resto do corpo.
Baio amarelo: É como uma gema de ovo, quando estendida numa porcelana branca.
Baio encerado: Quando tem a cor mais escura, parecendo-se com a cera virgem.
Baio cabos negros: Quando tem as extremidades dos membros, da cauda e a crina escuras.
Baio cebruno: Também escura, levando no corpo manchas mais escuras do que o baio encerado. Baio dourado: quando tem reflexos do ouro.
Baio ovo de pato: Quando tem uma cor amarelado creme. Sua crina, cauda e cascos também são cremes. Baio ruano: é um baio com a cauda e crina claras.
Colorado típico: É avermellhado com o tom claro.
Colorado pinhão: Tem a cor do pinhão.
Cebruno ou barroso: Com a tonalidade mais escura do que a do baio cebruno, parecendo-se com a cor do elefante.
Douradilho: É um colorado desmaiado com reflexus dourados.
Douradilho pangaré: É o que tem o focinho, axilas e ventre mais claros.
Gateado típico: É um baio escuro acebrunado nas quatro patas e com uma linha escura, que vai da cernelha à garupa, com aproximadamente dois dedos de largura.
Gateado osco ou pardo: É mais escuro que o típico, assemelhando-se ao gato pardo.
Gateado pangaré: O que tem o focinho, as axilas e o ventre com a pelagem mais clara.
Gateado ruivo: O que tem a cauda e a crina aproximada a cor do fogo.
Lobuno claro: Quando se parece com a plumagem de uma pomba.
Lobuno escuro: Quando mais escuro do que o lobuno claro.
Zaino claro: Da cor da castanha.
Zaino negro: Como a castanha mais escura.
Preto típico: Tem a tonalidade semelhante ao carvão.
Preto azeviche: Preto vivo com reflexos brilhantres.
Tordilho claro: Quando tem predominância de pelos brancos.
Tordilho negro: Predomina os pelos pretos. Com a idade vai se tornando claro.
Tordilho chamalotado ou apacatado: Quando com manchas arredondadas mais claras.
Mouro negro: Se parece com o tordilho negro, com tonalidade azulada.
Mouro claro: É um gris azulado. Oveiro azulego: É um mouro claro com manchas brancas.
Oveiro bragado: Quando em qualquer pelagem portam manchas isoladas no baixo ventre.
Oveiro chita: É overo com manchas brancas salpicadas num fundo rosilho.
Oveiro de índio: Qualquer pelagem com manchas de tamanho médio.
Oveiro chita: É overo com manchas brancas salpicadas num fundo rosilho.
Rosilho abaiado: Quando tem pelos amarelados entre o vermelho e o branco.
Rosilho claro ou prateado: Quando predominam os pelos brancos sobre os vermelhos.
Rosilho colorado: Quando predominam os pelos vermelhos sobre os brancos.
Rosilho gateado: É um gateado com pelos brancos.
Rosilho mouro: É uma mescla entre pelos vermelhos, brancos e pretos.
Rosilho overo: Quando dentro da pelagem rosilha tem manchas brancas.
Rosilho tostado: Quando tem pelos tostados em lugar dos vermelhos.
Tobiano baio: É um baio nas mesmas condições dos demais tobianos.
Tobiano colorado: É um colorado nas mesmas condições do tobiano negro.
Tobiano negro: É um preto com manchas brancas grandes divididas com o preto.
Tobiano gateado: É um gateado nas mesmas condições dos demais.
Zaino claro: Da cor da castanha. Zaino negro: Como a castanha mais escura.
Também existem tobianos cebruno, alazão, douradilho, zaino, tordilho, etc.
Outros detalhes de pelagem
Entrepelado: O que tem uma mescla de pelagens diferentes, formando assim um total indefinido.
Pangaré: Quando descolorido em algumas regiões do corpo, sobretudo nas partes inferiores, destacando-se nas axilias, focinho e ventre, seu descolorido se assemelha a cana da Índia.
Rabicano: Quando nas caudas escuras tem pelos brancos na sua base.
Fonte: O Cavalo Crioulo
sexta-feira, 21 de março de 2014
Depoimento - Zezão
Fui achar o Zezão na periferia de Jussara, noroeste de Goiânia. Eu tinha entrevistado o Laudicione no dia anterior e este se prontificara a me levar na casa daquele que seria um dos mais velhos comissários de boiada que eu encontrei (além de seu Alcides e Zé da Neta). Zezão é de 7 de julho de 1926 e está com 81 anos completos. Conversamos durante boa parte da manhã de sábado, nublada e fresca, um contraponto ao dia anterior, quente e abafado. Zezão se animou com a entrevista, nos recebeu muito bem e se mostrou perspicaz e brincalhão. Mostrou-me muitas fotos antigas e contou um pouco de sua história para o Fotomemoria:
- Zezão, diz aí o seu nome, onde nasceu, eu vou anotando aqui ...
- Meu nome é José Alves Rodrigues e eu nasci em Quirinópolis (sudoeste de Goiás) em 1926.
- Ficou por lá quanto tempo ?
- Morei lá até os 14 anos ... depois mudei pra Jataí (sudoeste de Goiás) e comecei a viajar com Tonicão Borges – o sr. conhece ele ?
- Não, não conheço, mas já ouvi falar dele lá em Jataí.
- Pois é, eu trabalhei uns 10 anos com ele, fazia viagem pra São Paulo e Mato Grosso ... naquela época não tinha estrada, era só no cerrado a viagem ...
- E as boiadas já eram grandes, uns 1000 bois ?
- É, tinha até de 1200, 1300 bois.
- Quanto tempo levava pelo cerrado, até São Paulo ?
- 40 marchas.
- E o trajeto, era qual ?
- A gente ia de Jataí pra Cassilândia, depois pra Aparecida do Taboado (ambas no atual MS), ali atravessava de balsa pra São Paulo, o dono da balsa era o Semi Rodrigues ... aí a gente ia beirando o rio até Andradina (rio Paraná), em São Paulo. Fiquei 10 anos assim ...
- E depois desse tempo ?
- Ah, eu casei pela segunda vez em 1953 e ...
- Já tinha então casado mais cedo ?
- É, meu primeiro casamento foi em 1941 em Quirinópolis ...
- Aí você casou de novo em 1953 ...
- Casei e fui trabalhar numa fazenda em Jataí, onde fiquei mais 7 anos. Em 1962 vim para Inhumas (cidade próxima e ao norte de Goiânia).
- Então você ficou muito tempo afastado da estrada, né ? E por que veio para Inhumas ?
- Eu fiz uma arte em Jataí ... aí tive que sair de lá ...
(Pausa)
- E você pode falar que arte foi essa ?
- Não, não posso falar não.
- Em Inhumas, então, recomeçou a viajar ?
- Não, eu fui trabalhar em fazenda, com o Zé Palmeira. Aí mudei pra Presidente Prudente (SP) em 1968, fui morar lá pra trabalhar pro mesmo Zé Palmeira. Eu recebia o gado que ia de Goiás pra lá e levava para outras fazendas, na região de São Paulo mesmo. Fiquei lá até 72, quando voltei pra Goiás, em Inhumas de novo. Aí que eu fui viajar de comissário. Comprei minha comitiva e comecei a viajar ... morava em Inhumas, pegava gado no interior de Goiás e levava pro Pará, para São Paulo.
- E quanto tempo você ficou morando em Inhumas e viajando com sua comitiva ?
- Em 75 eu mudei pro Pará ... fui mexer com fazenda. Fiquei até 82. Quando voltei pra Inhumas comprei outra comitiva, outra tropa e recomecei ... e lembro que a primeira viagem dessa época foi pra Paulo de Farias, junto de Riolandia ...
- Zezão, qual foi a maior viagem que você já fez ?
- Foi pro Pará, não lembro em que ano ... mas foram 142 dias de viagem ... eu levava 10 peões ...
- 142 dias é muita coisa ! E 10 peões para que ?
- Porque era boiada grande, e além dos premereiros tinha os segundeiros, antes dos chaveeiros ...
- É, boiada muito grande, no estirão precisa de mais gente nos flancos mesmo ... E quando você veio morar em Jussara ?
- Em 96. Aí fiquei viajando até 2005. Parei, aposentei.
- Em todos esses anos, houve alguma viagem muito boa, especial ?
- Todas as viagens eram boas ...Essa do Pará ... essa do Alfredo Gibran que eu levei 1723 bois, entreguei 1722. Só lá no Taboado (MS) que um boi quebrou a perna. Foram 106 marchas ... nunca vi um trem bom daquele jeito.
- Lá pro Pará ?!
- Não, foi lá pro Alfredo Gibran, em São Paulo.
- Foram 1723 bois ! Levava cortada (dividida em grupos) ou levava inteira ?
- Durante o dia eu levava ela cortada.
- E aí tinha duas comitivas, como é que fazia ?
- Não, era uma só. Soltava uma (parte) na frente, ela comia o dia inteiro, ia pro curral de corda ... depois soltava uns 700, passava na guia dela, ia comendo ... era tudo aberto, né ? Só dormia junto no curral.
- E ia engordando na viagem, né ?
- (ignora a pergunta) Seu Gibran ficou tão admirado que ele até me deu uma mula de presente ... já morreu.
- E viagem ruim ?
- Um dia dei um tiro num caboclo, ele estava numa camionete, depois disso a polícia me chamou, fui na mula até a delegacia, expliquei tudinho e a delegada me liberou. Era uma camionete cheia de gente, ele me ofendeu, a camionete saiu e eu atirei e acertei justo nele ...
- Viajava armado ?
- Eu só viajava armado. Naquele tempo podia, né ?
- Zezão, você é do tempo do burro cargueiro, quando não tinha carroça nas comitivas ...
- Eu viajei com cargueiro até 82, depois só carroça. Mas eu prefiro viajar de cargueiro ...
Zezão tem 4 filhos. Uma delas, Ana Rosa, sempre que podia, ia até onde o pai estava e viajava alguns dias na comitiva, montada em lombo de burro. Hoje aposentado, Zezão mantém o bom humor e cuida de uma chácara próxima ao bairro em vive, na periferia de Jussara.
Jussara,GO, outubro de 2007.
Fonte: Foto Memória