Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Maneio de asininos

Obs: Em Portugal é chamam o jumento de burro, como esse artigo é de lá resolvi deixar o texto original, sem alterações.

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As necessidades imediatas de um burro são comida, água e abrigo. Os Asininos vivem cerca de 15 anos no meio selvagem e uma média de 30/35 anos como animal de companhia. Estes animais são considerados adultos cerca dos 4 anos. São considerados velhos para o trabalho sensivelmente aos 20 anos. O peso de um burro adulto varia entre os 100 kg e os 400 kg e a altura varia entre os 80 cm e 1, 5 metros ao garrote.


1. Alimentação
Tal como o cavalo, o aparelho digestivo do Burro evoluiu com adaptações para pastar. No entanto à semelhança de outros equídeos, e.g. cavalo e zebra, não são herbívoros ruminantes, pois possuem um só estômago.


Os Burros devem ser alimentados a horas regulares, pelo menos duas vezes por dia, para evitar problemas digestivos, muito comuns nestes animais. Todas as mudanças na sua dieta devem ser graduais.


As necessidades alimentares de um Burro, variam com a idade do animal, a actividade e o tipo, qualidade e quantidade de alimento que ingerem. O regime de semi-estabulação é o mais aconselhado, pois durante a Primavera, Verão e Outono os animais andam livremente e têm acesso às pastagens, espaço para se movimentarem, que lhes permite exercitar os músculos, etc.
Na manjedoura os burros escolhem, tal como o fazem nos campos de pastagem, as melhores ervas, afastando com um movimento da cabeça as menos suculentas. Quer isto dizer, que se o alimento não for de boa qualidade haverá um desperdício muito maior.


Não é de todo aconselhável dar alimentos poeirentos e bolorentos aos Burros, pois estes podem levar a doenças respiratórias sérias e/ou distúrbios intestinais.


Em termos gerais, a área mínima de pastagem deve ser de 0,5 hectares por animal. Quando as pastagens não têm pasto suficiente, ou este não é suficientemente nutritivo, por os solos serem muito pobres, torna-se necessário fornecer alimento suplementar aos animais. A aveia é um cereal muito utilizado para alimentar os equídeos. Tem muita fibra e pouca energia digerida (menos do que os outros cereais) e encoraja a mastigação, assim o excesso de comida é evitado.


As pastagens altas e suculentas podem levar a problemas como a cólica.
Cólica: A seguir à ingestão de alimentos que fermentam rapidamente, e.g. ervas ou alimentos concentrados, pode seguir-se a produção excessiva de gás no estômago, pois os burros não têm a capacidade de arrotar. Assim sendo, ao não conseguirem remover o gás do estômago, ocorre uma distensão gasosa deste órgão que pode ser potencialmente fatal e muito dolorosa (cólica). As cólicas ocorrem com alguma frequência nos burros.


1.1 - Água
É imprescindível o fornecimento diário e em quantidade suficiente de água limpa e fresca aos animais para repor a água perdida pelo corpo através da urina, fezes, transpiração, na amamentação, etc.
Durante a amamentação as necessidades de água são maiores, assim como são maiores no Verão do que no Inverno.


1.2 - Sal
Os burros têm necessidades de sal (enriquecido com minerais), que deve estar livremente disponível para lamberem.


2. Cercado
Os asininos necessitam de espaço para se movimentarem e exercitarem os músculos, pastar, espojar, jogar, fazerem as suas necessidades fisiológicas, etc.


O cercado deve ser constituído por um abrigo, bem como deve possuir vegetação que crie sombras para os animais se protegerem dos raios solares nas horas de maior calor.


A loja ou abrigo onde os burros descansam, é essencial para o conforto do animal tanto no Verão durante o dia, pois é mais fresca, como no Inverno, quando é mais abrigada. Para além disso, as moscas, só num ambiente escuro deixam de atormentar os animais, pelo que é importante que a loja seja um local escuro e arejado, mas sem correntes de ar.


Dentro da loja, as camas dos animais devem ser quentes, limpas e confortáveis permitindo ao animal deitar-se e descansar ficando isolado do frio e da humidade. Utiliza-se muitas vezes palha de centeio, pois esta não é tão boa para a alimentação e para além disso absorve bem a urina e a humidade. A palha de trigo também dá uma boa cama, quente e confortável, é fácil de manusear (guarda-se em fardos) e tem uma boa drenagem.


3. Reprodução
A reprodução de burros deve ter objectivos claros e bem definidos. É muito importante recordar que um burro como animal doméstico pode viver até aos trinta e cinco anos, ou por outras palavras, é um animal doméstico para quase toda a vida. Uma vez que já existem por todo o país demasiados burros abandonados à sua sorte, sem haver quem os acolha e quem lhes preste os cuidados mínimos que todos necessitam, há que ponderar seriamente sobre a decisão de os adquirir ou reproduzir.


As fêmeas estão prontas para a reprodução quando atingem cerca de 1,5 anos de idade, altura do primeiro estro (cio). No entanto, não é aconselhável a cobrição das fêmeas antes dos 3/4 anos, pois só nesta altura estão realmente preparadas para conceber uma cria. A duração do estro na maior parte das fêmeas é de 5 a 7 dias.


Os machos atingem a maturidade sexual aos 2 anos, mas tal como as fêmeas apenas deverão reproduzir-se a partir dos 3/4 anos.


Os jovens machos podem ser castrados a partir dos 3 meses, no entanto aconselha-se a castração apenas aos 6 meses, idade mínima para o desmame das crias.


Em relação à cria, antes de esta nascer será conveniente consultar o Médico Veterinário, pois são necessárias vacinas à nascença e o animal necessita de ser desparasitado, entre outras questões que convém estar a par. É muito importante que o recém-nascido, durante as duas primeiras horas após o nascimento, ingira o colostro, primeiro leite produzido pelas fêmeas de todos os mamíferos que contém os anticorpos essenciais (espécie humana incluída), logo após o parto. Não se deve ajudar a partir o cordão umbilical, pois o fluxo de sangue entre a mãe e a cria só é completado após o nascimento. O cordão umbilical partir-se-á naturalmente.


Após o nascimento de uma cria, a progenitora voltará a entrar em estro 7 a 14 dias após o parto. A opção de cobrir a burra neste período deverá ser ponderada caso a caso. Há que ter em conta factores tais como: a idade da fêmea, o seu estado físico, a sua produção leiteira, o estado físico da cria e a idade de desmame, se previamente a burra foi coberta durante este período sem que daí tenham surgido problemas, etc. Alguns criadores defendem que a burra não deverá ser coberta no primeiro estro após o parto, pois a produção de leite diminuirá e assim a cria recém-nascida deixará de poder mamar convenientemente; para além disso é importante que se permita a recuperação física da progenitora após uma gestação de cerca de 12 meses. Outros criadores defendem que o primeiro estro após o parto é o mais fértil e em que a probabilidade da fêmea voltar a ficar prenha é maior.


A cria não deve ser separada da mãe e é muito importante que possa mamar até ao desmame natural, o que poderá acontecer entre os 7 e os 12 meses de idade. Se não se interferir, será a própria progenitora, na altura que achar apropriada, a repelir a cria. As crias de burro são animais frágeis e que adoecem facilmente, por isso necessitam de acompanhamento e protecção principalmente por parte da progenitora, mas também da parte dos humanos.
Adicionalmente, há outros cuidados essenciais a prestar para o bem-estar destes animais:


• As vacinas devem estar em dia e o animal deve ser desparasitado interna e externamente com regularidade, durante todo o seu ciclo de vida.


• Os asininos apresentam frequentemente doenças nos cascos, se estes não forem alvo da devida atenção. Estes necessitam de ser limpos e verificados com regularidade. Há que ter cuidado durante a limpeza dos cascos, para não magoar o animal, pois o casco possui zonas que são sensíveis. Igualmente há que ter atenção para não levantar ou dobrar demasiado a pata do animal, fazendo com que este se desequilibre, podendo magoar-se. A área onde os animais permanecem a maior parte do tempo, bem como a loja, devem ser limpas e o estrume deve ser retirado periodicamente. O piso onde o animal se move deve possuir uma boa drenagem de forma a permanecer quase seco. Os cascos gastam-se em função do uso e do piso onde o animal se movimenta. O aparo e/ou corte dos cascos devem ser efectuados sempre que necessário, por um Ferrador ou pessoa experiente no tratamento e manuseamento dos mesmos.


• Os dentes saudáveis são um factor importantíssimo para a qualidade de vida dos Asininos. A boca do animal, incluindo os dentes, deve ser examinada regularmente por um Médico Veterinário. Alguns problemas podem passar por um mau alinhamento dos dentes, provocando dores na boca, dificuldades de mastigação e fraco aproveitamento dos alimentos ingeridos. Os dentes dos asininos têm tendência a ficar pontiagudos com a idade.


• Não é aconselhável colocar pesos ou montar um animal jovem, antes dos 3/4 anos, pois este corre o risco de ficar com a coluna vertebral deformada.

• É necessário preocupar-se com a limpeza dos cantos dos olhos. A limpeza faz-se com um pedaço de algodão húmido retirando as ramelas que se acumulam nessa zona, atraindo moscas que podem fazer com que se formem feridas nos cantos dos olhos. No nariz também pode haver necessidade de se limpar o muco que por vezes escorre para fora atraindo igualmente moscas, e provocando potenciais feridas.


• Qualquer ferida que o animal tenha deve ser bem limpa e deve-se aplicar um spray próprio e/ou um creme cicatrizante, desinfectante e insecticida ao mesmo tempo, para afastar as moscas. Estas depositam ovos no interior das feridas, onde se desenvolvem as larvas, chamadas vulgarmente de “morcões”. As larvas causam problemas sérios ao animal, se não forem retiradas. Podem ser retiradas colocando água oxigenada na ferida para que as larvas se movam e deste modo seja possível retirá-las com a ajuda de uma pinça. Se necessário a ferida deve ser tapada depois de limpa e desinfectada. Qualquer falha de pêlo deve ser vigiada e se necessário deverá consultar o Médico Veterinário.


• Por fim, nunca é demais recomendar que se deve ter sempre à mão o contacto de um Médico Veterinário habituado a diagnosticar e a tratar asininos, bem como o de um Ferrador ou pessoa familiarizada com o manuseamento dos cascos dos animais.

Fonte: Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino

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