A síndrome cólica é um tema muito amplo e complexo por isto o texto a seguir tentará tratá-la de forma sucinta e de fácil compreensão.
Segundo o professor Armen Thomassian o termo síndrome reflete uma grande variedade de sintomas que caracterizam a doença; e cólica , a presença de dor abdominal.
Com a alta competitividade da criação os problemas intensificaram-se bastante , pois o aparelho digestório do eqüino foi moldado para receber apenas alimentação de pasto , e com as exigências da eqüinocultura moderna mudamos os seus hábitos alimentares mas não conseguimos mudar nem o formato nem a função do seu trato digestivo.
A detecção do problema é relativamente fácil de ser feita por sua sintomatologia dolorosa, mas a causa da cólica requer uma avaliação veterinária minuciosa, sendo a precisão e rapidez do diagnóstico fatores preponderantes para salvar a vida do animal.
Temos vários tipos de cólica as quais divido em cirurgicas e não cirurgicas.
Os sinais da cólica tanto cirúrgica como não cirúrgica, apresentam-se basicamente como uma inquietação do animal escarvando o chão com constantes deitadas e levantadas podendo vir a rolar, olhar constante para o flanco(vazio), posição de micção , etc.
As não cirúrgicas são aquelas que após feita a avaliação diagnóstica com os meios disponíveis são tratadas clinicamente , resumidamente podem ser:
1- cólica por sobrecarga gástrica - excesso de ração
2- cólica gasosa – alimentação com material fermentativo
3- cólica por úlcera ou gastrite
4- cólica por excesso de peristaltismo(aumento do movimento intestinal por medicação , estresse , mudança de hábitos alimentares , etc.)
5- cólica verminótica
6- Cólica por enterite anterior
A indicação de uma cirurgia é feita após exigüirmos todos os procedimentos clínicos possíveis para a resolução do quadro e termos a indicação principalmente pela palpação transretal e pelo Ph do refluxo(retirado via sonda) de que há um processo obstrutivo além do estômago.
As cirúrgicas , resumidamente , podem ser indicadas por :
1- torção intestinal
2- intussuscepção (quando uma alça de intestino entra para dentro de outra)
3- encarceramento nefro-esplênico(quando uma alça de intestino coloca-se sobre o ligamento entre o rim ao baço)
4- impactação – (ocorre um acúmulo de material ressecado dentro do intestino que não consegue transitar, podendo ser fezes ou não)
5- retroflexão (deslocamento de partes do intestino comprimindo outras alças)
6- enterólitos (“pedras” formadas dentro do intestino) obs.: hoje a maior causa de cirurgia em crioulos dentro do Hospital Veterinário do Jockey Club de Porto Alegre .
Hoje com as novas medicações e técnicas cirurgicas a recuperação de um animal operado é excelente e a porcentagem dos animais salvos é muito alta , sendo isto muito gratificante para nós veterinários.
Como formas de prevenção da síndrome cólica não cirúrgica indica-se procedimentos alimentares e higiênicos básicos para quem quer ter um animal em cocheira, como alimentação de boa qualidade , revisar para ver se o animal não esta ingerindo cama , vermifugação regular , cuidar para ver se a ração não está mofada , limpar os cochos da água regularmente e os de alimentação sempre após as refeições , fornecer pasto verde de boa qualidade e em grande quantidade pois afinal de contas o eqüino é um ser que na natureza somente se alimenta de pasto então este item deve ser levado em alta conta na sua alimentação.
Para evitar as cirúrgicas recomendo que se tenha muito cuidado com cordões de material sintético dos sacos de ração, capas feitas de bolsa de ração, cordas de buçal as quais os animais possam por ventura estar ingerindo , pois estes materiais podem vir a ser agentes agregadores de minerais dentro do intestino e com isto potencializar a formação de enterólitos (“pedras”).
Para o tratamento desta patologia que tantos transtornos nos causa a minha recomendação é sempre chamar o seu Médico Veterinário assim que os primeiros sintomas se manifestarem, para que este possa diagnosticar a real causa da cólica e a partir daí instituir o tratamento mais adequado para o problema, pois se sabe que a brevidade do tratamento e a sua correção são fatores imprescindíveis para salvar a vida do seu animal.
Fonte: Dr. Fabio Prates, Cavalo Completo
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