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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Raiva

 

A raiva é uma doença neurológica viral em mamíferos, apresentando grande variedade de sinais clínicos.


Patofisiologia

O agente da raiva é um vírus RNA do gênero Lyssavirus, família Rhabdoviridae. Trata-se de vírus neurotrópico de grande tamanho, que se caracteriza por instabilidade ao calor e susceptibilidade à maioria dos desinfetantes. Os eqüinos em geral são infectados através da mordida de carnívoros infectados ou morcegos vetores do vírus. Após a infecção, quando atinge o SNC, o vírus se propaga rápido através da multiplicação no interior dos neurônios do cérebro, da medula espinhal, das células gliais e do tronco do sistema nervoso simpático. Ele também é capaz de se propagar passivamente através do líquido cefalorraquidiano. Os tecidos fora do SNC são infectados quando o vírus se movimenta para a periferia através dos axônios nervosos. O período de incubação em eqüinos é de 9 dias a 1 ano, dependendo do local de inoculação, dose do inóculo, cepa viral e espécie do hospedeiro. Períodos de incubação mais curtos podem estar associados à penetração do vírus diretamente nos nervos periféricos em vez de multiplicação nos locais da inoculação. Estudos com técnicas imunohistoquímicas específicas para anticorpos da raiva demonstraram claramente que a gravidade das lesões histológicas e a presença de antígenos do vírus da raiva não estão necessariamente correlacionadas, o que sugere a possível presença de outros mecanismos na patogênese da doença, diferentes da citólise direta induzida pelo vírus.

Sistemas Afetados

Sistema Nervoso
Podem ser afetados todos os componentes do sistema nervoso central e periférico.

Descrição

Podem ser afetados eqüinos de qualquer idade e atividade, embora o vírus seja mais comum em animais adultos com potencial de exposição à animais vetores.


Sinais

Os animais infectados podem permanecer assintomáticos por até 1 ano, o que dificulta a identificação da fonte de exposição. Não há sinais patognomônicos de raiva em eqüinos, sendo que a apresentação dos sinais clínicos pode variar de claudicação à morte súbita.


É importante observar-se o histórico epidemiológico do local de residência do animal suspeito, bem como eventual presença de ferimento de mordedura no animal dias ou meses antes. Proprietários podem relatar evolução lenta dos sinais, desde leve claudicação até decúbito dorsal, incluindo-se comportamentos anormais. É importante lembrar que todo eqüino com sinais neurológicos deve ser suspeito de raiva até que se prove o contrário.

Exame Físico

  • Intolerância a treinamento, claudicação, hiperestesia, paresia ou paralisia, decúbito dorsal, anorexia, cólica, mudança de comportamento e morte súbita são registros de sintomas em casos confirmados de raiva
  • Os sinais neurológicos dependem da área do SNC afetada, sendo classificados de acordo com a localização neuroanatômica
  • Comportamento agressivo, hiperestesia, tremores musculares, convulsões, fotofobia e hidrofobia são associados à forma denominada "furiosa" da raiva.
  • Depressão, anorexia, andar em círculos, ataxia, demência, disfagia e paralisia facial podem estar associadas à forma "paralítica" da raiva, em que as lesões predominam em mesencéfalo.
  • Finalmente, alternação na claudicação com hiperestesia, automutilação, ataxia e paralisia ascendente progressiva foram associadas à forma "paralítica" da doença. Como o vírus se propaga por todo o SNC, um único caso pode apresentar um ou todos os sinais acima e novos sinais podem ser desenvolvidos em qualquer momento durante a evolução clínica
  • A morte geralmente sobrevém dentro de 2-3 dias a partir do início dos principais sinais.

Diagnóstico Diferencial

Devem ser cogitadas todas as doenças que resultam em sinais difusos ou que progridem rápido no sistema nervoso central e periférico. Tais enfermidades abrangem, entre outras, as seguintes:

  • Encefalomielite protozoária eqüina
  • Herpesvírus eqüino tipo 1
  • Encefalomielite venezuelana, ocidental e oriental
  • Encefalite B japonesa
  • West Nile Disease
  • Meningite bacteriana
  • Traumatismo
  • Envenenamento por chumbo
  • Botulismo
  • Otite média-interna
  • Neurite da cauda eqüina (polineurite periférica)

Achados Patológicos

Podem não ser observadas lesões macroscópicas no exame da medula espinhal e do cérebro. Histologicamente as lesões se caracterizam por polioencefalomielite não supurativa com ganglionite. Observa-se a presença de infiltração perivascular leve a grave, quase que exclusivamente linfocítica, com raras células plasmáticas. Pode-se observar linfocitose intravascular e monocitose com diapedese linfocítica. Na massa cinzenta predominam gliose multifocal a difusa com microglia e núcleos astrocíticos salientes. Pode-se observar a presença de nódulos gliais, associados a vasos hiperêmicos, e de vacuolação da substância branca e neurônios. No mesencéfalo, observam-se fragmentação axonal e inchaço associado à infiltração de linfócitos, além de gliose. Em eqüinos, apenas cerca de 30% dos casos apresentam a formação característica de Corpúsculos de Negri. A medula espinhal pode conter infiltração perivascular assimétrica bilateral moderada a grave no interior da massa cinzenta, geralmente mais grave na coluna cinzenta dorsal. Manguito perivascular pode se estender até a massa branca, com leve hemorragia perivascular associada e degeneração valeriana multifocal. As lesões na medula espinhal são geralmente segmentares. O cérebro apresenta resultado positivo para antígeno do vírus da raiva quando submetido a testes de imunofluorescência ou bioquímicos com imunoperoxidase.


Tratamento

Não há tratamento específico para raiva em eqüinos. O tratamento sintomático e de apoio pode prolongar a evolução clínica, permitindo a conclusão dos testes diagnósticos antes da morte.

Cuidados com os animais doentes

Os eqüinos expostos à raiva através da mordida de animal raivoso ou morcego hematófago devem ter todos os ferimentos limpos, debridados e intensamente lavados com iodo ou substâncias à base de amônia quaternária. Eqüinos afetados devem ser mantidos em repouso, em boa cama e em baias, se possível, acolchoadas. Pode-se utilizar proteção para a cabeça e membros para que se evite que se machuquem. Devido ao potencial zoonótico, deve-se minimizar o contato de seres humanos e de outros animais suspeitos de raiva.

Dieta

Eqüinos com anorexia ou disfagia podem precisar de alimentação via sonda nasoesofágica em intervalos freqüentes.

Instruções para Proprietários

  • O proprietário deve ser informado que as vítimas da raiva não sobrevivem e que continuar a tratar o animal e buscar o diagnóstico são medidas tomadas na esperança de que o animal tenha outra doença tratável
  • Os empregados que fazem regularmente o manejo do animal devem receber orientação sobre raiva e serem vacinados contra essa enfermidade
  • Todos os empregados responsáveis pelo manejo, qualquer que seja seu estado de vacinação, devem usar sempre luvas, proteção ocular e máscara ao manejar o paciente ou suas amostras biológicas
  • Os animais sob suspeita de exposição ao vírus da raiva devem ser mantidos em quarentena por 6 meses e em observação para verificar a ocorrência de anormalidades neurológicas. Eqüinos expostos não vacinados só devem receber tratamento profilático contra raiva após o período de quarentena.

Tratamentos

  • Todos os tratamentos são de apoio e paliativos, justificando-se apenas se houver dúvida quanto ao diagnóstico
  • Pode-se administrar terapia antimicrobiana de amplo espectro a critério do médico veterinário, como medida de proteção contra infecção bacteriana secundária nos ferimentos ou devido à aspiração
  • Pacientes com disfagia, anorexia, depressão ou mania podem precisar de fluidoterapia para manter a hidratação
  • A sedação pode ser necessária em eqüinos com hiperestesia ou agitação
  • Caso necessário pode-se administrar agentes antiinflamatórios, assim como em caso de suspeita de edema no SNC, pode-se administrar manitol por via intravenosa

Prevenção

Proprietários de animais expostos devem contatar seu médico-veterinário e as autoridades sanitárias municipais. Recomenda-se que os eqüinos em áreas endêmicas sejam vacinados anualmente.

Fonte: Merial

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