Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

sábado, 29 de maio de 2010

Raças de Jumentos – Parte 7

Mais algumas raças…

  • Inglês/Irlandês

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    O jumento Inglês/Irlandês é compacto e pequeno, mas é forte e robusto, com um temperamento excelente.  É um jumento ativo e prestativo. Todas essas qualidades fazem desse jumento um animal de estimação ideal ou uma montaria segura para crianças e até adultos.

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    Tradicionalmente  o jumento nunca foi utilizado no Reino Unido – com exceção da Irlanda, onde se tornou o principal animal para os pequenos produtores e moradores da área rural. Começou a ser importado para o país apartir de 1800. Os produtos rurais eram levados para o mercado semanalmente usando pequenas carroças, normalmente dirigida pelas mulheres dos fazendeiros.

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    Alguns criadores se referem a seus animais como irlandeses e outros como ingleses, mas é essencialmente a mesma raça. Animais puros medem menos de 1,03m de altura (dos pés a cabeça), e são frequentemente chamados de miniatura. Eles possuem uma grande variedade de cores. è provavelmente a raça mais procurada na Austrália e Nova Zelândia hoje.      

  • Irlandês Pintado

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    Originalmente da Irlanda, esse jumento é branco com manchas pretas e/ou amarronzadas espalhadas pelo corpo. Alguns exemplares podem ser encontrados com a pelagem quase toda branca.

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    Medem cerca de 1.10 m. Não existe um standard para a raça na Irlanda. Existem muitos exemplares dessa raça na Inglaterra e nos Estados Unidos.

     

  • Miranda /Mirandes /Transmontano

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    Dadas as semelhanças morfológicas e a continuidade geográfica e paisagística entre as áreas de distribuição, a Raça Asinina de Miranda terá derivado da raça espanhola Zamorano-Leonês. O núcleo da raça encontra-se no Nordeste de Portugal, nomeadamente no Planalto Mirandês, nos concelhos de Miranda do Douro, Bragança, Vimioso e Mogadouro. O solar da raça é o local onde ainda se encontram mais animais: a região norte do concelho de Miranda do Douro. Encontram-se alguns animais fora desta área, mas tanto quanto é do nosso conhecimento têm origem na região.


    Os animais da raça são essencialmente empregues em tracção, sela e carga a dorso (por vezes emparelhados com muares). São igualmente utilizados para produção muladeira. Demonstram assim uma especial aptidão para a lavoura tradicional de minifúndio.

    Às características de excepcional rusticidade, sobriedade, longevidade e polivalência que caracterizam os asininos, a Raça Asinina de Miranda acrescenta ainda força e docilidade. Bem adaptada às condições edafo-climáticas de uma região desfavorecida, possui elevada capacidade para valorizar forragens pobres e grande resistência à escassez hídrica.
    Apesar da sua precocidade sexual (fêmeas aptas para a reprodução ao ano e meio de idade, machos aos dois), as fêmeas devem iniciar a sua vida reprodutiva apenas a partir dos três anos e os machos um ano mais tarde. O cio tem a duração aproximada de uma semana, variando entre os cinco e os oito dias, e uma ciclicidade de quinze a trinta dias. O período de cobrições estende-se de Abril a Junho e a gestação é de doze meses (± 15 dias).

    A situação da Raça Asinina de Miranda não é exceção, como a maioria encontra-se em extinção na maior parte do continente Europeu. A mecanização dos trabalhos agrícolas, o abandono do mundo rural e da agricultura de subsistência levou ao desaparecimento de importantes valores culturais e tradicionais. Na região de Trás-os-Montes há a acrescentar a forte emigração para diversos países, e.g. França, da população em idade activa, que se fez sentir nos anos 60. Este fato conduziu ao envelhecimento da população, hoje com uma média de idades bastante avançada, por isso demasiado idosa para fazer a lavoura e para cuidar de um jumento.

    Há ainda a salientar fatores como a idade avançada das jumentas, que provoca uma diminuição da sua taxa de fertilidade; a fraca disponibilidade de machos inteiros, atualmente em número muito reduzido, devido ao fato de serem pouco dóceis e menos próprios para o trabalho que os machos castrados; dificuldades no transporte para os locais/postos de cobrição; e por fim, a miscigenação de diferentes variedades de jumentos, perdendo-se as características que são específicas, no caso do jumento de Miranda, da Raça Asinina de Miranda. São todos estes fatores no seu conjunto, que contribuíram e contribuem para o declínio atual do número de indivíduos da Raça Asinina de Miranda.

    Esta é, a única raça de asininos oficialmente reconhecida em Portugal. Em Portugal, assim como por todo mundo, e até um passado recente, este animal foi sistematicamente subestimado e esquecido, não tendo sido desenvolvido qualquer programa de preservação ou melhoramento. No entanto, as características do nosso mundo rural, nomeadamente nas regiões de interior, permitiram que o efetivo de asininos se mantivesse até aos dias de hoje. Foi precisamente na zona mais remota de Trás-os-Montes que se conservou aquela que é sem dúvida uma das últimas variedades autóctones de asininos no território nacional Português: a Raça Asinina de Miranda.


    À volta da ideia de preservação e protecção desta Raça e dos asininos em geral foi criada a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA). Para cumprir estes objetivos, propõe-se: apoiar os associados na atividade de criadores de asininos; efetuar o apuramento da Raça, de modo a proporcionar aos seus associados animais com o máximo de carga genética característica, promover a aceitação e execução pelos associados das medidas de carácter zootécnico e sanitário preconizadas pelos serviços competentes; promover e colaborar na realização de exposições, concursos, leilões e iniciativas turísticas com vista à divulgação da Raça Asinina de Miranda.

    Após a definição do Padrão da Raça, o Regulamento do Registo Zootécnico foi aprovado pelo Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP), em 20 de Junho de 2002. Com supervisão do Serviço Nacional Coudélico (SNC.), seleção do Secretário Técnico e apoio da AEPGA procedeu-se à organização do processo de inventário, caracterização dos animais e início do Registo, com o Registo de Reprodutores sem ascendência conhecida (Registo Inicial).  Este exaustivo trabalho de campo permitiu registar até ao momento 255 animais, cumprindo todos os indivíduos as exigências do Padrão da Raça. Para todos os animais foram recolhidos dados biométricos, tendo sido identificados individualmente por fotografia e genótipo, este último feito pelo Serviço Nacional Coudélico a apartir de amostras de sangue. A descendência destes animais registados a título inicial será incluída no Registo de Nascimento. Posteriormente, e apenas se o controlo laboratorial confirmar a sua paternidade e se cumprirem as exigências do Padrão da Raça, estes animais entrarão no Registo de Reprodutores.


    A colheita sistemática de amostras de sangue para determinação do genótipo a todos os animais registados permitirá criar um banco de DNA da Raça Asinina de Miranda no Laboratório de Genética Molecular da Coudelaria de Alter do SNC.
    Uma percentagem substancial dos proprietários apoia o processo de classificação e aguarda com expectativa a possibilidade de apoio técnico e financeiro, que é considerado essencial para a preservação da raça.


    Elementos característicos - Descrição morfológica (Padrão)
    As características morfológicas da Raça Asinina de Miranda são:
    a. Animal bem conformado, com manifesta acromegalia, corpulento e rústico.
    b. Altura, medida com hipómetro ao garrote, nos animais adultos, maior que 1,20 m. A altura recomendável é 1,35 m, podendo ser maior.
    c. Pelagem castanha escura, com gradações mais claras nos costados e face inferior do tronco; branca no focinho e contorno dos olhos; hirsutismo acentuado com pêlo abundante, comprido e grosso, aumentando em extensão e abundância nos costados, face, entre-ganachas, bordos das orelhas e extremidades dos membros; crinas abundantes; ausência de sinais.
    d. Cabeça volumosa e ganachuda de perfil reto; fronte larga e levemente côncava na linha mediana coberta de abundante pêlo (chegando a formar-se sobre a fronte uma espécie de “franja”); arcadas orbitárias muito salientes; face curta de chanfro largo; canal entre-ganachas largo; lábios grossos e fortes; orelhas grandes e largas na base, revestidas no seu bordo interior de abundante pilosidade, arredondadas na ponta (formando uma espécie de borla) e dirigidas para a frente; olhos pequenos, dando ao animal uma fisionomia sombria.
    e. Pescoço curto e grosso; garrote baixo e pouco destacado; dorso tendendo para a horizontalidade, curto e bem musculado; peitoral amplo com quilha saliente; tórax profundo; costado encurvado; garupa em ogiva mais elevada que o garrote, pouco destacada; espáduas curtas e bem desenvolvidas, com ligeira inclinação; ventre volumoso.
    f. Membros grossos de articulações volumosas, providos de pêlo abundante cobrindo os cascos, machinhos bem desenvolvidos; membros posteriores com tendência a serem estendidos e um pouco canejos; cascos amplos.
    g. Andamentos de grande amplitude mas lentos e pouco ágeis.

    A rarefacção de exemplares da raça é especialmente preocupante devido à quase inexistência de burros machos inteiros disponíveis, pois a estimativa do número desses animais inclui machos jovens que poderão vir a ser castrados e machos inteiros adultos que não são usados para reprodução por razões relacionadas com o manejo agrícola.

    Número de fêmeas reprodutoras 1000
    Número de fêmeas reprodutoras registadas 203
    Percentagem de fêmeas reprodutoras cruzadas com um macho da mesma raça 10%
    Percentagem de fêmeas reprodutoras registadas cruzadas com um macho da mesma raça 100%
    Número de machos inteiros (jovens e adultos) 40

    Aliado a este problema verifica-se que alguns dos jumentos são já idosos ou então encontram-se em localidades afastadas das freguesias onde existe um número elevado de fêmeas da raça. Daí que a estimativa mais realista aponte para um número inferior a 10 burros adultos inteiros que efectivamente possam ser usados na reprodução.


    Durante muito tempo, o Jumento de Miranda teve um enorme valor e utilidade como animal de sela, de apoio nos trabalhos agrícolas e no transporte. Atualmente a sua utilidade nestas áreas diminuiu e urge encontrar outras utilizações para sustentar a sua recuperação. São diversas as razões para evitar a extinção desta raça autóctone: adaptada ao seu meio natural, pode sobreviver com forragens grosseiras em épocas de grande penúria alimentar; suporta bem os rigores do clima do nordeste transmontano; pode viver em zonas agrestes devido à sua resistência física; as fêmeas, com um período reprodutivo muito grande, são boas mães.
    O desaparecimento de uma raça leva à perca de um património e a um desequilíbrio genético, cujo interesse pode parecer hoje em dia nulo, mas num futuro próximo, pode ser a chave para abrir novas fronteiras ao desenvolvimento e defesa desta e doutras raças de asininos e equinos.


    O desaparecimento destas raças leva a uma degradação da paisagem. A presença destes animais nas paisagens rurais, surge como um complemento da imagem da região de Trás-os-Montes, fazendo parte do atractivo turístico da mesma maneira que outras características etnográficas e culturais, representando ainda um recurso económico a ter em conta.

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