Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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sexta-feira, 20 de julho de 2012

ESTRADA DOS TROPEIROS

 

Foi por ela que D. Pedro I passou na viagem entre Rio e São Paulo, no ano de 1822

Quem viaja pela Rodovia Pres. Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, passa sem cerimônia pela placa do km 36 que indica Rodovia dos Tropeiros. Na verdade, a Estrada dos Tropeiros foi o caminho utilizado no século XVII até parte do XIX, nas viagens dos tropeiros na região Sudeste e Sul. Há várias Estradas dos Tropeiros no Brasil, mas a mais importante é a atual SP 068, ligando Silveiras até Bananal. A mesma estrada serviu de base para a antiga Rio-São Paulo, que utilizou as trilhas como orientação do melhor caminho para chegar até o Vale do Paraíba.


Foi pela Estrada dos Tropeiros que D. Pedro I passou na viagem entre Rio e São Paulo, no ano de 1822, quando o Brasil conquistou sua independência. A história do Brasil, e principalmente dos brasileiros, está presente em cada curva . No seu trajeto, principalmente entre Silveiras e Bananal, surgiram cidades que hoje conservam sua majestade, nas construções históricas e atrações naturais. A aparente decadência dessas cidades revela, na verdade, os ciclos da vida, e as cidades dos Tropeiros, situadas estrategicamente, em média, a quatro léguas (24km), e estão ressurgindo através do tropeirismo contemporâneo: o turismo.


Para quem tem tempo, nada melhor que passar uns dias na região. Pode-se dizer que a Estrada dos Tropeiros é o Circuito das Cidades Históricas de São Paulo. Mesmo que as construções não sejam tão importantes historicamente, o cenário que oferecem permitiria, sem nenhuma dificuldade, uma super-produção cinematográfica, resgatando a história do Tropeirismo. Como se não bastasse, a natureza é generosa na região, tendo como destaque o Parque Nacional da Serra da Bocaína. As árvores centenárias, oferecem a sombra do tempo, dos séculos e são silenciosas testemunhas de um passado que o Brasil não pode esquecer.


Já quem viaja sempre em pressa ou não pode dispor de alguns dias, vale a pena pegar a Estrada, percorrê-la até Bananal e depois voltar para a Dutra. É verdade que o desvio tomará mais duas horas de viagem pelo menos. Elas não farão falta na contabilidade da vida, mas seguramente irão aumentar seu saldo de conhecimento sobre a história do Brasil. Passando por ela, pode-se perceber que, no stress da vida moderna, há pessoas que vivem em outro ritmo e refletir sobre a "pressa", palavra que passou a dominar nosso vocabulário.


Quando passar pelo km 36, não resista à tentação. Pegue a Estrada dos Tropeiros e siga seu caminho. Você vai chegar no mesmo lugar, mas se sentirá diferente.

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SILVEIRAS - A PRIMEIRA ESCALA
Percorrendo a Estrada dos Tropeiros, a partir da Dutra, a primeira cidade é Silveiras. Sede da Fundação Nacional do Tropeirismo, que hoje ensina a história desse movimento nas escolas do município. Orgulhosos de sua origem, os habitantes de Silveiras sempre receberam bem os visitantes. Por ali passavam as tropas que viajavam entre Rio e São Paulo e as que vinham de Minas Gerais em direção á Parati e vice-versa. Em Silveiras ainda existem traços do Caminho Novo, de 1725, usado nas viagens entre Rio e São Paulo.
Em 1800, quando por lá chegaram as famílias Rego Barbosa, Rego da Silveira, Antonio da Silveira Guimarães, Bueno da Cunha, Silveiras deu os primeiros passos para ser uma cidade. Por serem famílias numerosas, os Silveiras acabaram dando nome ao lugar, pois os viajantes dirigiam-se para as bandas dos Silveiras. Em 1830 tornou-se Freguesia do município de Lorena, surgindo a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Silveiras. Em 1842 tornou-se Vila mas logo foi incorporada à Vila de Areias. Assistiu a Revolução Liberal de 1842, depois se tornou cidade em 1864. No Ciclo do Café teve seu auge, chegando a registrar 27.000 habitantes. Perdeu sua importância pelas estradas. Primeiro com a Estrada de Ferro, que passou por outro trajeto, depois com a criação da Dutra, perdeu o movimento dos viajantes entre as duas metrópoles. Hoje, Silveiras tem pouco mais de 5.000 habitantes.


A Fundação Nacional do Tropeirismo, instalada num casarão do século passado, resgata a história do movimento e oferece um simplório restaurante, com saborosa comida tropeira, No mesmo prédio funciona uma pousada. O responsável pelo Centro de Tradições Tropeiras,Ocílio Ferraz, esclarece que a gastronomia tem sido uma das melhores maneiras de divulgar a importância do Tropeirismo no Brasil. Seguindo pela Estrada dos Tropeiros chega-se a Areias, quatro léguas depois.

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AREIAS - ONDE O IMPERADOR D.PEDRO II POUSAVA
Os tropeiros que pousavam na região, no final do século XVII, principalmente em viagem rumo ao Porto de Mambucaba, próximo de Parati, foram o ponto de partida para o surgimento de Areias que, no século XIX, chegou a ser uma das cidades mais ricas do Estado de São Paulo. Inicialmente, chamou-se Freguesia de Sant’Ana da Paraíba Nova. Depois, em 1801 ganhou a denominação de Distrito da Paz. Em 1816, D João VI criou a única vila no estado, denominada de São Miguel das Areias, em homenagem a seu filho D. Miguel.


O café trouxe mais prosperidade à região. Fazendas suntuosas foram construídas e os Barões do Café vinham passar os fins de semana na cidade. Lá ainda existe o Hotel Santana, cuja construção data de 1792. Antiga propriedade de um nobre, acolheu D. Pedro II em suas viagens e sediou vários saraus.


Durante a Revolução de 1842 perdeu suas garantias constitucionais e foi anexada ao Estado do Rio de Janeiro, por um ano. Em 1857 ganhou o título de cidade.


O casario colonial da cidade revela sua pujança no século XIX. Os barões do Café de Areias foram os primeiros a trazer professores estrangeiros para educar seus filhos. A postura aristocrática deixou raízes no comportamento dos habitantes, vistos pelos vizinhos como um pouco esnobes.


A cidade é repleta de construções históricas. Merecem destaque, além do hotel, que opera com confortáveis apartamentos no anexo, e está sendo restaurado, a Casa da Câmara, que recebia os Vereadores no andar superior, mantendo a cadeia no térreo. O que seria extremamente útil nos dias de hoje. A Igreja Matriz, cuja obras começaram em 1792 só foi terminada em 1874 é outro exemplar da religiosidade e imponência da cidade. A Casa de Cultura, é de 1825 e guarda precioso acervo da cidade , inclusive de moradores ilustres como seu Promotor Monteiro Lobato. Próximo do prédio está a Velha Figueira, cujos primeiros registros datam de 1748. No local, uma placa de 1822 atesta a passagem de D. Pedro I quando declarou nossa independência. Hoje, Areias tem cerca de 4.000 habitantes, mas conserva a majestade de seus tempo áureos. Continuando a viagem, chega-se a São José do Barreiro, pólo turístico ecológico.

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SÃO JOSÉ DO BARREIRO - A CIDADE DO PARQUE NACIONAL DA BOCAINA
O nome Barreiro revela um atoleiro que exigia muito esforço dos tropeiros nos dias de chuva. Já São José é fruto da devoção do Coronel José Ferreira de Souza e do alferes José dos Santos, que ergueram, em 1833 uma Capela dedicada ao santo.


Parentes e amigos dos fundadores passaram a construir residências próximas do local, dando início a cidade, que foi elevado à condição de Freguesia em 1859 e a cidade em 1885. Embora tenha seu patrimônio histórico, dentre elas a Fazenda Pau d’Alho que pertenceu ao Coronel José, o cemitério com túmulos de escravos, a Igreja Matriz, é na natureza que está o maior patrimônio. A começar pela Represa do Funil, muito utilizada como área de lazer e pescaria , permitindo a prática de esportes náuticos e até o acesso à distante Resende. Mas o grande destaque é o Parque Nacional da Serra da Bocaina, com cachoeiras, flora, fauna, paisagens únicas, tudo num ambiente de aventura, de certa forma compulsório, pois a SP 208 que dá acesso ao Parque, tem apenas 13km transitáveis, ficando os demais 14km até a entrada restrito a quem pode utilizar um off-road.


Dentro do parque é possível hospedar-se no Vale dos Veados, uma pousada que alia o rústico com o sofisticado, sem luz elétrica com acomodações até certo ponto luxuosas.


Há outras opções mais simples mas que possuem seu charme. A Cachoeira do Veado possui mais de 200m em três quedas e é considerada a maior do Estado de São Paulo. Mas existem outras 69 cachoeiras para você desfrutar. Sem falar nas caminhadas, grutas, o balneário de água santa, entre outras inúmeras atrações. No caminho para Arapeí, faça uma escala na bucólica Formoso e visite a Cachoeira do Formoso, ideal para um piquenique.

ARAPEÍ – A MAIS NOVA CIDADE DO VALE DO PARAÍBA

Num circuito histórico, como o da Estrada dos Tropeiros, pode surpreender uma pequena localidade, com pouco mais de 3.000 habitantes e alçada à condição de cidade em 1991, mas Arapeí foi um povoado que assistiu ao ciclo de ouro dos Barões do Café. Fez parte de Bananal e ficou à sua sombra. Entretanto, a cidade parece renovada. A Capela de Alambary , que deu origem ao nome de Arapeí, está de cara nova, sendo restaurada, como se o povo da cidade estivesse recuperando suas raízes para enfrentar os desafios do futuro.


Na área rural fazendas relembram os cafezais, cachoeiras convidam a banhos refrescantes, as grutas são outras atração de Arapeí, também conhecida como Cidade Natureza. Por ter ficado um pouco a margem do desenvolvimento, mesmo no século XIX, Arapei está sendo descoberta e, como sempre, os amantes da natureza, que abrem mão do conforto tradicional, são os primeiros privilegiados a conhecer as obras do Criador na região.


Mas todas as estradas levam a Bananal, a última parada do trecho paulista da Estrada dos Tropeiros.

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BANANAL - A CIDADE QUE FINANCIOU O BRASIL
A origem de Bananal está ligada à construção de uma alternativa na época que permitisse viajar entre Rio de Janeiro e São Paulo, sem enfrentar a difícil viagem por mar, a partir de Parati. No final do século XVIII, mais precisamente em 1785, João Barbosa de Camargo e sua esposa Maria Ribeiro de Jesus, construíram a capela para Bom Jesus do Livramento, que veio a ser o padroeiro da cidade.


Com o ciclo do Café, Bananal tornou-se uma potência econômica da época, a ponto de já no Brasil Império ter sido necessário o aval de fazendeiros da região, para que o Banco Rotschild emprestasse dinheiro ao Brasil. Durante sua época áurea, Bananal assistiu à construção de inúmeras casas e fazendas, cuja opulência e refinamento confirmam o poderio econômico dos barões do café.


Em 1832 passou a ser cidade. O nome, segundo alguns, provém da expressão indígena banani, que significaria sinuoso. Há outros que alegam que na região havia muitas plantações de banana. A riqueza da cidade era tanta, que chegou, durante bom tempo, a ter moeda própria, financiar a construção de uma ferrovia, importar uma estação ferroviária inteira da Bélgica, exemplar único na América Latina. Dentre os fazendeiros mais ricos, estava Manoel Aguiar Vallim, dono da Fazenda Resgate, que, ao morrer em 1878 teria 1% de todo papel moeda existente no Brasil. Sua fazenda, hoje está restaurada e foi construída com requintes que só havia nos palácios da Corte.


No final do século XIX, o fim da escravidão, os sinais de cansaço da terra, novas estradas de ferro, foram encerrando o ciclo de desenvolvimento de Bananal. Depois, com a inauguração da Dutra, a cidade ficou fora do circuito Rio- São Paulo. Relegada ao esquecimento. Devido ao seu potencial histórico, seu rico artesanato e grande número de atrações turísticas, Bananal começou a dar sinais de recuperação e hoje já é um pólo turístico em pleno desenvolvimento. Situada a apenas duas horas do Rio de Janeiro e 4h de São Paulo, a cidade possui atrações naturais e culturais que lhe garantem um futuro brilhante.


Além da Estação Ferroviária e da Fazenda Resgate, absolutamente imperdíveis, o visitante fica deslumbrado com a riqueza dos sobrados da rua Manoel Aguiar, as inúmeras construções históricas espalhadas pela cidade. A Igreja Matriz, orgulho de seus mais de 15.000 habitantes, construída em 1811. A riqueza da cidade era tanta que até uma farmácia ganhou dimensões históricas, como é o caso da Pharmácia Popular, que funciona desde 1830, surgiu incialmente como Pharmácia Imperial, mas com a República, ouviu os conselhos e mudou de nome.É a mais antiga do país em funcionamento, com peças únicas do século XIX. As Fazendas são outro patrimônio fantástico. Algumas como a Independência, Três Barras, são também hotéis, permitindo sentir o clima do século passado no pernoite.


Bananal foi ainda brindada com a presença do Parque Nacional da Serra da Bocaína, onde o visitante encontra inúmeras paisagens selvagens e inesquecíveis. A quantidade de atrações de Bananal merecem muitas páginas, mas isso fica para outra edição. O leitor não deve deixar de programar uma viagem a essa região privilegiada do Brasil. Pela Estrada dos Tropeiros é possível perceber a importância da construção de um caminho e entender a força da economia cafeeira na história do Brasil.


Como chegar: Quem vem de São Paulo segue pela Dutra até o km 36 e utiliza a saída que dá acesso a Estr. dos Tropeiros, ou a saída 34 para Silveiras. Aí começa o roteiro pelas cidades da região, até chegar á Bananal, onde poderá retornar a Dutra no km 272. No geral, o piso está razoável a sinalizaçào também. Mais informações, ligue (21) 2224-7802 ou consulte o www.estradas.com.br.

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Fonte: www.estradas.com.br

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