Um dos problemas bem comuns no meio eqüino é a palatite, também conhecida por travagem ou, ainda, em determinadas regiões do Brasil, de favas ou lampas. É definida como um processo inflamatório crônico que acomete o palato duro junto à face interna dos dentes incisivos superiores (THOMASSIAN, 2005).
Possui uma incidência, segundo um trabalho publicado utilizando 520 animais, em que, 49 animais apresentavam travagem, de 33,33% na raça Crioula, 17,65% na Árabe e 30% em cavalos da raça Apaloosa. Os animais mestiços apresentaram ocorrência de 7,82% e os da raça Mangalarga de 10,84%. Já nos eqüinos da raça Quarto de Milha, a incidência foi de 7,40% e em animais da raça Campolina de 10,34%. Quanto à prevalência conforme a idade, 24,5% apresentavam idade entre três e seis anos, 55,1% entre seis e onze anos e 20,4% entre onze e quinze anos. (SILVA, L. A. F. da, et al, 2005).
Tem como principal causa o trauma leve e constante causado pela alimentação à base de grãos de milho inteiro, alimento grosseiro, arestas de feno, ou pelo hábito do animal de morder madeira ou outro objeto que permita a fixação da região dos dentes incisivos superiores (aerofagia) gerando uma tumefação do palato duro.(THOMASSIAN, 2005). Segundo Knottenbelt & Pascoe (1998), o desgaste dos incisivos pode estar relacionado à aerofagia ou quando os eqüinos são provenientes de regiões cujos solos são arenosos, pois a abrasão sobre os dentes geralmente é acentuada. Carvalho & Haddad (1987) acrescentam que os eqüinos que permanecem em pastagens deBrachiaria decumbens e Andropogon consomem principalmente as hastes destas plantas que são pobres em proteínas e ricas em fibras. Esses autores consideram que, em virtude da baixa palatabilidade desses gêneros de forragem, os animais normalmente não se alimentam das folhas, dando preferência às sementes, resultando em uma deficiência alimentar e consequente emagrecimento, por apresentarem baixos níveis de nutrientes e energia. Algumas pessoas relacionam a travagem ao emagrecimento e a dificuldade de apreensão e engorda dos cavalos, também podendo ser sintomas de problemas dentários ou algumas doenças sistêmicas.
O quadro clínico caracteriza-se por mastigação lenta e dolorosa, levando ao emagrecimento progressivo. Ao examinar-se a boca, observa-se que a mucosa do palato ultrapassa a linha da mucosa dentária incisiva superior, chegando a adquirir consistência firme (THOMASSIAN, 2005). Além do aumento de volume do palato, decorrente do processo inflamatório crônico, a boca entreaberta, a protusão da língua, mastigação lenta e dolorosa também são sinais clínicos observados (FRASER, 1988). Alterações na cavidade oral de equinos geralmente causam distúrbios sistêmicos por interferirem na nutrição e bem-estar dos animais (CLAIR, 1986).
A inflamação aguda do palato duro geralmente apresenta remissão espontânea em pouco tempo quando o elemento causador é eliminado, sendo importante a tomada de algumas medidas para que se evite as palatites, assim como correção alimentar fazendo a trituração do milho ou administrando-o como componente da formulação de rações concentradas (FRASER, 1988).
Os animais que possuem vícios de aerofagia devem ser tratados para que não ocorra a recidiva da palatite, porém o essencial é, sempre que hajam animais que apresentem perda de peso, mastigação dolorosa e outras sintomatologias digestivas, o médico veterinário deve ser consultado, para que seja realizado o diagnóstico diferencial com outras patologias e, também evitando práticas adotadas comumente de maneira errônea, podendo gerar conseqüências graves e irrecuperáveis a saúde do seu animal.
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