Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

sábado, 30 de junho de 2012

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Uma Verdade sobre os muares



Verdadeiro ou falso: Um muar vai esperar dez ou vinte anos para te dar um coice ou se vingar de você. È falso. Eu ouvi histórias de proprietários que tinham um muar à vários anos e, um certo dia ... zás! O muar deu um coice neles. As mulas e os burros são animais deliberados e calculistas. Eles não esquecem suas experiências de vida, boas ou ruins. No entanto, eles não ficam em suas baias riscando uma linha na madeira para cada ato de indiscrição do proprietário. Muares não pensam para si mesmos "hmmmm ... vamos ver, vou dar a esse cara algo para se lembrar, por todas aquelas vezes que ele me chicoteou". Mulas e outros animais, como as pessoas, podem ter um dia ruim.

Eles desenvolvem condições como a artrite quando envelhecem. Eles podem estar com dor e tendo um mau dia, ao mesmo tempo. Honestamente, quando uma mula de 500 kq está tendo um dia ruim, você não vai querer mexer com eles .... ou tigres (pergunte ao Roy!), ou gorilas, já que estamos falando disso. Eu penso que os proprietários que foram atingidos por seus muares falharam em treiná-los de uma maneira positiva, em primeiro lugar. Usando o medo ou a força não funciona com mulas e burros. Proprietários de muares e cavalos que se sentem confortáveis no seu tratamento com os animais, ficam distraidos e então se colocam em uma situação vulnerável, em que podem se machucar.

No, mules don't wait twenty years to do you in; they get old and cranky just like people and deserve to be treated well throughout their lives.

Não, muares não esperam vinte anos para se vingar de você. Eles envelhecem e ficam irritadiços, como qualquer pessoa e merecem ser bem tratados ao longo de suas vidas.

Fonte: Cindy K. (McKinnon) Roberts, Every Cow Girls Dream

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Depoimento - Seu Alcides

A entrevista com Seu Alcides foi fruto da indicação de Neném Prado, que me deu seu telefone e a recomendação de que se tratava de “um dos mais velhos Comissários de Goiás”. Encontrei seu Alcides numa manhã ensolarada de setembro, sentado na porta de sua casa, no Jardim Goiás, bairro da capital. Conversamos na cozinha da sua casa, comendo quitanda de amendoim.

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- Seu Alcides, quantos anos o senhor tem ?
- Eu tenho quase 82 anos, sou de 1924 ... nasci em 25 de dezembro.
- Natalino, né ? E onde foi que o senhor nasceu ?
- Lá em Buriti Alegre (sul de Goiás), vivi lá até os 30 anos de idade ...
- E na sua família tinha alguém ligado a boiadas ?
- Não, não, eu não tinha família, meus pais morreram muito cedo ... fui criado nas fazendas, por vizinhos ... daí eu comecei a mexer com viagem, como peão de boiadeiro, com 11 anos. Eu tinha estudado até os 10 anos, daí larguei, comecei a viajar.
- Buriti Alegre era um centro de boiadas e de comissários, né ?
- É, tinha muito, era fácil arranjar trabalho nas viagens ... naquela época (década de 30), era tudo viagem prá Barretos (SP).
- E o senhor, tão novinho, como se virava nessas longas viagens ?
- Os peões me ajudavam ... eu comecei como ajudante de cozinheiro, acendia fogo, lavava o arroz, tudo isso. A comitiva ainda não tinha carroça, era tudo nas bruacas de carga, a gente viajava só em estrada boiadeira. Depois fui prá lida, fui mexer com o gado mesmo ...
- E o trajeto, como era ?
- A gente saía de Buriti, ia prá Itumbiara, Monte Alegre, Prata, Nova Esplanada e depois Barretos, levava uns 22, 23 dias.
- Quanto tempo ficou nisso ?
- Eu comprei minha primeira tropa com 16 anos, comprei fiado, 20 burros mais um cavalo madrinha, fiquei 8 anos nisso, só fazia viagem de Buriti prá Barretos. Às vezes pegava boiada em Itaberaí, Araçu (centro-norte de Goiás). Depois, fui morar em Barretos, morei lá quase dois anos, tentei a vida lá mas não deu certo ... aí voltei prá Goiás, mas vim morar em Goiânia. Comprei outra tropa em Goiânia ... aliás, eu negociei muita tropa, vendi muito animal e comprei muito.
- Ganhava um dinheiro também nisso ...
- Nada, eu fazia mais era por gostar, às vezes ganhava, às vezes não ... negociei mais de 400 burros e mulas nesse tempo todo ... teve uma mula que eu gostei muito, foi o melhor animal que tive, boa de sela, boa prá lida, essa eu não vendi não, fiquei com ela 20 anos, era uma mula queimada (cor cinza escuro), grande ...

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- E casamento, família ? ...
- Eu casei em Buriti, tinha 18 anos, tive uma filha que vive hoje em Barretos. Depois eu casei pela 2ª vez em Goiânia, tive outro filho, que é médico, vive aqui mesmo em Goiânia, hoje ele tem 44 anos ...
- E em Goiânia foi mais fácil que em Barretos ?
- Ih, era muito fácil, contratava viagem sempre lá no Café Central, eu cobrava 2 cruzeiros por marcha depois foi aumentando, quatro, seis cruzeiros por marcha ...
- E quantos peões o senhor levava nas viagens ?
- Dependia. Se fosse 1000 bois, levava 8 peões, mais de 1000 bois levava 10. Eram 2 culateiros, 2 chaveeiros, 2 segundeiros (foi a primeira vez que ouvi a expressão “segundeiro”, para designar uma posição de trabalho na boiada), 2 premereiros e 1 ponteiro.
- E o gado, que tipo de gado era ?
- No começo, quando eu ainda estava lá em Buriti, era gado mestiço, gir, misturado. Depois, lá por 1950, começou a aparecer o Nelore ...
- E essas viagens de Goiânia, iam prá onde ?
- Eu levei muita vaca de Goiânia pro norte, pro Mato Grosso ... Saía de Goiânia, ia prá Itaberaí, São Miguel, São Félix ... eu fiz muita estrada pros peões e nunca peguei malária, nunca vi uma onça. Também fiz muita viagem pela Bahia, levava a tropa de caminhão até perto de Paracatu (MG), depois pegava o gado e ia prá Côco, na Bahia, Barreiras, Posse (já em Goiás), Brasília ... prá Bahia era uma viagem muito difícil, muita areia, pouca água ...

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- Bom, com tantos anos de vida e de estrada, enfrentou algum problema sério nas viagens ?
- Não, não. Tinha era muita briga de peão, isso era sempre ... mas nunca teve nada mais sério, ninguém nunca se machucou. Também nunca perdi uma rês, eu tinha um arribador muito bom, era o João Pórvra, trabalhou uns 15 anos prá mim, morreu faz uns 6 anos ... muito bom mesmo.
- E teve alguma viagem muito boa ?
- Teve, fiz uma viagem em 82, de Anicuns (GO) prá Araguaína (atual Tocantins), eram 1200 cabeças, foram 102 dias de viagem, lembro que ganhei muito dinheiro, na volta comprei essa casa aqui ...
- Alguma muito ruim ?
- Foi uma viagem de Paracatu (MG) prá Barretos, em 1951. Eu saí em 5 de janeiro e cheguei em 30 de maio ... morreu muito boi, deu aftosa, morreram mais de 200 reses, naquela época não tinha vacina. Levei o maior prejuízo, o boiadeiro só me pagou 35 marchas, ele ficou com o prejuízo dos bois que morreram, mas me pagou só as 35 marchas, que era o tempo médio que dava de viagem. Aí eu tive que vender meus 31 burros prá pagar os peões, tive que começar tudo de novo ... a gente mais novo tem mais disposição, é mais fácil, eu consegui começar de novo.
- Até quando o senhor viajou ?
- Depois daquela viagem boa de 82 eu fiz muita viagem pequena, parei em 94, 95, não lembro direito ...
- O senhor trabalhou até os 70 anos, mais ou menos ...
- É, teve um tempo que morei numa fazenda em Varjão (GO), foi em 1971 mais ou menos, fiquei uns 2 anos lá, mas o resto da vida foi viajando ... eu tive que parar porque coloquei uma ponte de safena, duas mamárias ... agora só fico aqui sentado, quieto ...
Seu Alcides não tem aposentadoria e disse que já tentou conseguí-la como trabalhador rural, mas, segundo ele e sua esposa, d. Laurita, a justiça entende que o comissário de boiada “faz comércio”, não sendo, portanto, uma atividade tipicamente rural ...
Goiânia, setembro de 2006

Fonte: Foto Memória

domingo, 24 de junho de 2012

Travagem ou Palatite

 

Um dos problemas bem comuns no meio eqüino é a palatite, também conhecida por travagem ou, ainda, em determinadas regiões do Brasil, de favas ou lampas. É definida como um processo inflamatório crônico que acomete o palato duro junto à face interna dos dentes incisivos superiores (THOMASSIAN, 2005).

Possui uma incidência, segundo um trabalho publicado utilizando 520 animais, em que, 49 animais apresentavam travagem, de 33,33% na raça Crioula, 17,65% na Árabe e 30% em cavalos da raça Apaloosa. Os animais mestiços apresentaram ocorrência de 7,82% e os da raça Mangalarga de 10,84%. Já nos eqüinos da raça Quarto de Milha, a incidência foi de 7,40% e em animais da raça Campolina de 10,34%. Quanto à prevalência conforme a idade, 24,5% apresentavam idade entre três e seis anos, 55,1% entre seis e onze anos e 20,4% entre onze e quinze anos. (SILVA, L. A. F. da, et al, 2005).

Tem como principal causa o trauma leve e constante causado pela alimentação à base de grãos de milho inteiro, alimento grosseiro, arestas de feno, ou pelo hábito do animal de morder madeira ou outro objeto que permita a fixação da região dos dentes incisivos superiores (aerofagia) gerando uma tumefação do palato duro.(THOMASSIAN, 2005). Segundo Knottenbelt & Pascoe (1998), o desgaste dos incisivos pode estar relacionado à aerofagia ou quando os eqüinos são provenientes de regiões cujos solos são arenosos, pois a abrasão sobre os dentes geralmente é acentuada. Carvalho & Haddad (1987) acrescentam que os eqüinos que permanecem em pastagens deBrachiaria decumbens e Andropogon consomem principalmente as hastes destas plantas que são pobres em proteínas e ricas em fibras. Esses autores consideram que, em virtude da baixa palatabilidade desses gêneros de forragem, os animais normalmente não se alimentam das folhas, dando preferência às sementes, resultando em uma deficiência alimentar e consequente emagrecimento, por apresentarem baixos níveis de nutrientes e energia. Algumas pessoas relacionam a travagem ao emagrecimento e a dificuldade de apreensão e engorda dos cavalos, também podendo ser sintomas de problemas dentários ou algumas doenças sistêmicas.

O quadro clínico caracteriza-se por mastigação lenta e dolorosa, levando ao emagrecimento progressivo. Ao examinar-se a boca, observa-se que a mucosa do palato ultrapassa a linha da mucosa dentária incisiva superior, chegando a adquirir consistência firme (THOMASSIAN, 2005). Além do aumento de volume do palato, decorrente do processo inflamatório crônico, a boca entreaberta, a protusão da língua, mastigação lenta e dolorosa também são sinais clínicos observados (FRASER, 1988). Alterações na cavidade oral de equinos geralmente causam distúrbios sistêmicos por interferirem na nutrição e bem-estar dos animais (CLAIR, 1986).

A inflamação aguda do palato duro geralmente apresenta remissão espontânea em pouco tempo quando o elemento causador é eliminado, sendo importante a tomada de algumas medidas para que se evite as palatites, assim como correção alimentar fazendo a trituração do milho ou administrando-o como componente da formulação de rações concentradas (FRASER, 1988).

Os animais que possuem vícios de aerofagia devem ser tratados para que não ocorra a recidiva da palatite, porém o essencial é, sempre que hajam animais que apresentem perda de peso, mastigação dolorosa e outras sintomatologias digestivas, o médico veterinário deve ser consultado, para que seja realizado o diagnóstico diferencial com outras patologias e, também evitando práticas adotadas comumente de maneira errônea, podendo gerar conseqüências graves e irrecuperáveis a saúde do seu animal.

Fonte: CEGAFE, Dr Thiago C. Avilla

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Memória tropeira

 

Uma crônica sobre homens que, ao transportar riquezas pelo país, fundaram cidades e uniram o Brasil

Por Luiz Cruz

Em 1671, Fernão Dias revelou a intenção de estruturar uma bandeira paulista objetivando encontrar as sonhadas serras de prata e de ouro. Passou três anos preparando os roteiros, levantando recursos, víveres, pessoal e tropa. Sua bandeira adentrou o sertão em 21 de julho 1674.  No final do século XVII o ouro foi encontrado e atraiu muita gente: fluminenses, paulistas, baianos, pernambucanos e até mesmo portugueses, que para as Minas vieram à procura da riqueza fácil no ouro encontrado nas margens dos ribeiros. O metal precioso movia tudo, mas era uma vida difícil. Tudo vinha de longes paragens para abastecer as áreas minerarias. Logo surgem as primeiras plantações de subsistência. Ao longo dos caminhos vão criando os pontos de descanso, abrigo e abastecimento. No final dos setecentos mais de meio milhão de pessoas vivia nas Minas Gerais e para garantir a sobrevivência e diversificar a circulação de bens, outras atividades foram desenvolvidas: agricultura e agropecuária.

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São João del Rei tornou-se um expoente entreposto e passou a circular com a produção, recebendo e enviando produtos para outras localidades e especialmente o Rio de Janeiro. O que era encaminhado: carne, toucinho, café, arroz, feijão, farinha, milho, rapadura, aguardente, algodão, trigo, queijo e doce. Diversos animais: galinhas, carneiros, patos, perdizes. Transportavam também utensílios como: selas, estribos, chicotes, chapéus etc. Tudo isso era transportado por tropas, que tocavam, ainda, boiadas que eram comercializadas por todos os cantos. Muitas tropas circulavam com oratórios de santos de suas devoções, mas tinham como padroeira Nossa Senhora da Boa Viagem. Alguns tropeiros vendiam santos de barro cozido, peças pequenas que se tornaram conhecidas como paulistinhas.

No comando do comboio ia a madrinha da tropa, que era uma mula ou égua líder, podia ser a mais velha e a conhecida de todos os muares. A madrinha portava o guinzo ou cincerro, fitas e ia sinalizando a passagem ou chegada da tropa. Por ser mais hábil, ela identificava o melhor percurso, disciplinava os demais animais, impedindo que a ultrapasse. Auguste Saint-Hilaire registrou: “No silêncio das matas ouvia constantemente o eco das vozes dos tropeiros e o ruído dos guizos da madrinha da tropa, mula predileta que guia fielmente a caravana, a cabeça ornada de panejamentos coloridos tendo ao alto uma pluma ou uma boneca.”

“... Passou um macho rosilho.
E, sem parar o animal, 
falava contra o governo,
contra as leis de Portugal. Nós somos simples tropeiros,
por estes campos a andar.
O louco já deve ir longe:
mas ainda o vemos pelo ar...”

Os tropeiros eram os homens de negócios, que compravam e vendiam. Alguns produziam em suas propriedades. Circulavam por infinitas trilhas e caminhos, subindo e descendo serras, atravessando rios e riachos. Abasteciam os povoados de novidades, de utensílios e variedades. Tinha até tropeiro joalheiro. Além de vender de tudo um pouco, em muitos lugares o tropeiro levava e trazia notícias ou mensagens. Os tropeiros circulavam de norte a sul, de leste a oeste.

Um importante tropeiro foi o alferes Tiradentes. Ele ingressou na Cavalaria Paga que circulava pelos caminhos da Estrada Real, para evitar os ataques e assaltos às tropas. Cecília Meireles, no “Romanceiro da Inconfidência”, no Romance XXX ou o Riso dos Tropeiros, apresenta: “... Passou um macho rosilho./ E, sem parar o animal, / falava contra o governo, / contra as leis de Portugal. Nós somos simples tropeiros, / por estes campos a andar. / O louco já deve ir longe: / mas ainda o vemos pelo ar...”

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João Guimarães Rosa, natural de Cordisburgo (MG), foi médico, diplomata e escritor. Cresceu ouvindo causos de tropeiros e um dia embarcou em uma tropa. Talvez tenha sido o mais ilustre tropeiro brasileiro, o que melhor captou a alma do tropeiro. Darcy Ribeiro, mineiro de Montes Claros, antropólogo, escritor e político, publicou em 1981 o romance “O mulo”. Darcy que crescera em uma das várias rotas tropeiras, ouviu, assistiu e vivenciou muitas cenas do cotidiano tropeiro. “O mulo” é uma saga impressionante sobre o universo do tropeirismo. Mesmo sendo um romance, nos revela como era a circulação das tropas por este imenso País. O Brasil da costa, o Brasil do meio, o Brasil dos fundos. Fico aqui imaginando se este romance tivesse sido escrito por um norte-americano ou europeu, já teria sido transformado em cinema, teatro, seriado de TV etc. O livro já foi traduzido para o espanhol, italiano e alemão. Na verdade, “O mulo” é quase um romance autobiográfico. O “mulo” não seria o próprio Darcy Ribeiro?

As tropas partiam muito cedo, ainda com o dia escuro. Paravam entre 12 e 14h para o descanso e abrigo. Instalavam o pouso e ainda sobrava um tempo para a caça ou pesca e preparar a refeição: paçoca de carne, feijão, carne seca, farinha de mandioca, torresmo e depois o café com rapadura. Comida de tropeiro precisava ser mais seca para ser transportada e não entornar. Para o tempo passar, tinha viola e contação de causos. E quando o tempo estava chuvoso ou frio, tomava-se uma cachaça para “esquentar os peito”. Muitas dessas paragens acabaram resultando em arraiais e vilas.

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Do Rio Grande do Sul partiam tropas com destino a São Paulo. Saiam de Viamão e um dos pontos de parada era Sorocaba. Esta rota tornou-se conhecida e ao longo dela surgiram várias ocupações, por diversos fatores, dentre eles se destacavam: a pastagem para os animais e o abastecimento. Muitas tropas seguiam outros destinos, indo e voltando. Circulando e ampliando sobremaneira o território brasileiro.

Após a instalação da corte de Dom João VI, o Brasil se abre e recebe visitas de estrangeiros, que vão registrar aspectos diversos da vida, da cultura e das riquezas ainda inexploradas. Cada expedição de estrangeiro só podia ser realizada com o apoio de uma tropa.  Em 1828, o reverendo Robert Wash, que publicou “Notices of Brazil, in 1828-1829”, uma obra da maior relevância para conseguirmos entender os mais variados aspectos do cotidiano de nosso povo no século XIX, estava no Rio de Janeiro, organizando sua expedição para Minas Gerais. Um de seus objetivos era encontrar com o grupo de ingleses que mineravam na Serra de São José, na atual Tiradentes. Wash teve problemas para conseguir juntar o dinheiro para a viagem, pois o papel-moeda só circulava no Rio; o ouro e a prata haviam desaparecido de circulação, então teve que juntar as grandes moedas de cobre, que valiam oitenta réis. Foi necessário um burro só para transportar os sacos com a quantia, que pesava três arrobas.

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Muitas outras expedições foram realizadas, como a de Langsdorff, Spix e Martius, Auguste Saint-Hilaire, Richard Francis Burton e tantos outros. A expedição de Langsdorff tinha um artista, Joahann Moritz Rugendas, que registrou diversas cenas da paisagem brasileira: das áreas minerarias, dos trabalhadores e viajantes. Outros como Thomaz Ender e Charles Landseer contribuíram com imagens de registros para a memória tropeira. A figura que nos legou um acervo de valor imensurável foi Jean-Baptiste Debret, o maior e melhor pintor-cronista do Brasil colonial. Debret desenhou e pintou os mais variados temas. Registrou as mais belas cenas de tropeiros, suas paradas para descanso, abrigos e alimentação. Os tropeiros conduzindo longas filas de muares, ou tocando boiadas. Cenas de expressiva beleza pictórica. Estas obras podem ser apreciadas no primeiro catálogo raisonné “Debret e o Brasil – Obra Completa”, de Julio Bandeira e Pedro Corrêa do Lago, da Editora Capivara.

A presença tropeira foi tão marcante que influenciou também na arquitetura setecentista e oitocentista. O Chafariz de São José, atual Tiradentes, construído em 1749, é um dos mais imponentes. Destaca-se não só pela beleza, mas pela função que teve ao longo de quase 200 anos.  De suas três bicas frontais, a população tinha água potável, para beber, cozinhar e para o banho. Na bica à direita a água era destinada às lavadeiras. Na bica à esquerda um enorme tanque para matar a sede das tropas que chegavam ou partiam para as viagens. Outro monumento relevante e muito ligado à memória tropeira é o Mercado Municipal de Diamantina, antigo rancho de tropeiros. Ponto das tropas e onde comercializavam seus produtos. Trata-se de um enorme galpão em arcadas rústicas, um dos símbolos da cidade, que é reconhecida como Patrimônio da Humanidade, título concedido pela Unesco.

Raras cidades ainda mantêm tropas, como a de Nivaldo Ribeiro do Silva, em Prados, MG. Aos 66 anos de idade e trabalhando há 50 anos com sua tropa, Nivaldo começou a vida de tropeiro vendendo burros, depois arreios e material de construção. Finalmente tornou-se oleiro e vendia seus tijolos transportados pela tropa. Figura de singular simpatia, juntamente com sua esposa Dona Cleia, fala que a vida de tropeiro é muito dura. Começa às 4h30 e termina ao final da tarde, quando os animais já estão no pasto. Vida tão difícil nos tempos atuais, não consegue seguidor. Mesmo assim, seu filho Nivaldinho acompanha o pai e é grande admirador da atividade e participa do Encontro de Tropeiros de Prados, quando os tropeiros de idade provecta se reúnem para matar a saudade dos tempos do trabalho e das tropas. Prados possui ainda uma preciosa atração, a Selaria Estrela, instalada num belo casarão colonial, todo autêntico, onde fabrica selas, cangas, chicotes, capangas e tudo mais para os muares.

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A cidade de Lagoa Dourada está ao longo de rotas tropeiras. Organizamos uma expedição e fomos visitar as fazendas coloniais à procura de tropas. Lá elas não existem mais. Mas Lagoa Dourada é referência nacional em muares. Tudo começou com o padre Torquato José de Almeida, que ao apreciar uma cena bíblica, a “Fuga para o Egito”, quando São José foge com Nossa Senhora e o Menino Jesus montados em um jumento, evitando a persecução de Herodes, que ordenara a matança de inocentes, sugeriu a ideia de se criar um animal através do cruzamento de macho nacional com uma fêmea egípcia. O primeiro animal foi iniciativa do coronel José Eduardo de Resende, na Fazenda do Engenho Grande. Depois, ele construiu a Fazenda do Váu, em 1912, que passa a dedicar à criação de muares. Hoje seu filho Paulo José de Resende, já aos 96 anos toca a fazenda, administrada por seus herdeiros Renato e José Agostinho (Zelito). Do cruzamento, nasceu a Mula Pega. Pega era uma argola usada para prender escravo pelo pé. É um símbolo que figura na fachada da Fazenda do Váu e cada animal que nasce na propriedade tem a marcar impressa em seu lombo. Ao longo dos anos, a família Resende, que tem o registro da marca Pega, foi apurando a raça. A mula pega é dócil e adaptada para serviços pesados. Trata-se de um animal macio para cavalgar. O muar pega tem traçado elegante, cabeça retangular e orelhas longas. Na sala de visitas da Fazenda do Váu, encontramos uma estante com centenas de troféus e medalhas de concursos, retratos da família e uma notícia do Jornal “Estado de Minas”, de domingo, 27 de Maio de 1928: a página inteira é dedicada à mula pega.

Em Tiradentes, a família Costa, coleciona tudo sobre tropeiro, mas alerta: cada dia fica mais difícil encontrar uma peça antiga.  Incentivados por Gilson Costa, todos familiares passaram a colecionar objetos e atualmente constituem o maior acervo de Minas Gerais. A família mantém uma curiosa cozinha tropeira, organiza a Festa do Carro de Boi e do Tropeiro. Mantém a tradicional Folia de Reis, que circula por Tiradentes visitando os presépios, também a Folia de São Sebastião, que visita as casas no período de 7 a 20 de janeiro, quando se celebra o dia deste santo mártir.

“... Seis burros seguem atrás da 'madrinha'
- a que tem uma banda de lã amarela
com lanudos pompons sobre os olhos, e sinos...”

Em Ouro Preto pude registrar, ainda, um tropeiro vendedor de galinhas, que são transportadas em balaios horizontais. Agora, durante o mês julho, com a cidade celebrando seus 300 anos de elevação à Vila, com milhares de turistas, tive o privilégio de fotografar o tropeiro Cassimiro Feliciano Mendes, de 55 anos de idade e já com 35 anos de vida tropeira. Com seus quatro burros, entregava lenha a metro em uma casa na Rua de Santa Efigênia. Cassimiro é um tropeiro muito atencioso e solícito, gosta muito do seu trabalho e disse estar ciente de que tem uma atividade que vai desaparecer muito breve. Encontrei o tropeiro Deusdete Martins, de 41 anos e com 25 anos nesse trabalho. Ele subia a Rua Coronel Alves com sua tropa de quatro mulas com muita pressa, tinha acabado de entregar lenha. São os dois últimos tropeiros de Ouro Preto em atividade.

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A cidade, porém, sempre teve movimento expressivo de tropas, desde os primórdios. É o poeta Manuel Bandeira em um de seus poemas dedicados à cidade que toca numa figura singular: “... O casario do Vira-Saia, / Que está vira-não-vira enxurro ...”. O Vira-saia foi Antônio Francisco Alves, negociante que morava num enorme casarão da Rua Santa Efigênia. Segundo a tradição, era o chefe do bando que interceptava tropas que transportavam o ouro de Minas para o Rio de Janeiro. No interior da casa existe uma pilastra com uma placa de pedra-sabão com a data de 1741, tendo informações sobre a construção. Na Rua Alvarenga, atual número 733, na entrada da cidade, no bairro Alto das Cabeças, tinha os “pastos de Miguel”, que pertencia ao comerciante Miguel Moreira. Era local de chegada e de descanso das tropas em viagem, ou para acomodá-las em suas curtas temporadas na antiga Vila Rica. Na Rua das Lages, onde teve uma casa e era caminho de muitas tropas com suas madrinhas, a poeta Elizabeth Bishop escreveu: “... Seis burros seguem atrás da 'madrinha' / - a que tem uma banda de lã amarela / com lanudos pompons sobre os olhos, e sinos...”                                                 

Realmente, hoje em dia ficou mais difícil manter e sobreviver com o trabalho autêntico de tropeiro. Porém, há um enorme esforço para se resgatar e preservar esse patrimônio. Os diversos pontos de parada das tropas, que hoje são cidades, tentam manter essa tradição. Um desses lugares é a cidade de Castro, no Paraná. Desde os primeiros anos do século XVIII, a localidade está intrinsecamente ligada à rota tropeira. Lá se instalou, em 1975, o primeiro Museu do Tropeiro, que reuniu e expõe objetos, obras sacras, indumentária e artesanato ligado ao tema. O acervo é composto de mais de mil peças e pode ser considerado o mais importante do tropeirismo.

O Museu do Oratório, em Ouro Preto, reproduz um ambiente de repouso de tropeiro. O Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, tem um grande acervo sobre o tema. O Museu do Folclore, no Rio de Janeiro, no bairro do Catete, criou uma ambiência interessante de um acampamento tropeiro. Em Sorocaba foi edificado o Monumento ao Tropeiro, que fora oferecido à cidade em seu 3º centenário, pelo Conde Francisco Matarazzo Júnior.

Lapa, que teve a primeira denominação como Santo Antônio da Lapa, no Paraná, também estava na rota e possui um Museu do Tropeiro, instalado na Casa Vermelha. A cidade também tem um Monumento ao Tropeiro e, criado pelo artista Poty Lazzaroto, um bonito e longo painel de azulejos.

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O município de Silveiras, integrante da microrregião de Bananal, foi uma localidade próspera, na época dos tropeiros; mas com a construção das rodovias, entrou em decadência. Uma das maneiras encontradas para fomentar a economia e o turismo, foi o resgate da memória tropeira. Silveiras foi uma parada, inicialmente utilizada pela família Silveira, que mais tarde foi juntando outras e se formou o povoado.  Foi elevado à condição de vila em 1842. A partir de 1980, a cidade passa a incentivar o movimento de resgate do tropeiro e instituiu o dia 31 de agosto como o "Dia do Tropeiro". Silveiras realiza uma das maiores festas dos tropeiros no Brasil. Em 1986, criou-se a Fundação Nacional do Tropeirismo, instalada em um casarão do século XIX, objetiva incentivar eventos, pesquisa, a culinária e outros aspectos do patrimônio tropeiro. A fundação mantém um Museu do Tropeiro, uma biblioteca especializada, espaço para eventos e uma hospedaria com restaurante de comida típica tropeira.

Pelo Brasil afora existem diversos circuitos tropeiros, muitos deles integrando o Circuito Estrada Real, com a inserção de 171 municípios, tendo como pontos estratégicos: Paraty, Rio de Janeiro, Ouro Preto e Diamantina. Mais de 1,6 mil quilômetros do roteiro podem ser conhecidos de bicicleta, a pé, a cavalo ou de carro. com a inserçs integrando o Circuito Estrada REal,rosSe sobreviver do árduo trabalho tornou-se praticamente impossível, a memória tropeira está viva e presente em muitas localidades. É marco importante da nossa história, conhecer e compreender a relevância dos tropeiros é valorizar a cultura brasileira.

Fonte: Revista de História

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Principais Verminoses dos Equinos

 

Os equinos apresentam grande variedade de parasitos, principalmente helmintos (vermes). Algumas espécies e gêneros são de relevada importância, sendo que, os tipos de manejos dos equídeos favorecem a grande incidência de infecções parasitárias já nas primeiras semanas de vida. Os parasitos são vastos e compreendem diversas famílias/gêneros distintas, entre elas: pequenos estrôngilos ou cyathostominos:
Cyathostomum spp, Triodontophorus spp, Cylico stephanus spp; grandes estrôngilos: Strongylus vulgaris, S. equinus, S. edentatus e, ainda, Parascaris equorum, Oxyuris equi, Strongyloides westeri, Trichostrongylus axei,Gasterophilus spp, Habronema spp, Dictyocaulus arnfield, Anoplocephala spp(MOLENTO, 2005).

Os animais parasitados podem apresentar fraqueza, pelagem áspera, crescimento lento, cólicas e diarreia. Os danos causados por parasitoses em equinos vão desde lesões nos órgãos do sistema digestivo até graves distúrbios nos processos enzimáticos e hormonais (ASSIS; ARAÚJO, 2003) até a morte do animal.


Os ciatostomíneos ou pequenos estrôngilos causam anemia, perda de apetite, diminuição de resistência, além de distúrbios intestinais e, dependendo do grau da infecção, podem levar os animais à morte (HERD, 1990). De acordo com Barbosa et al. (2001), os ciatostomíneos são os parasitas com maior prevalência em animais jovens (12 a 14 meses) e adultos (acima de 60 meses). Entretanto, a distribuição das espécies tem grande variação nessas faixas etárias.


Os grandes estrôngilos são considerados um dos helmintos mais patogênicos para equídeos, principalmente na sua forma imatura em decorrência das lesões que determinam no seu processo de migrações pelo sistema arterial-mesentérico, responsáveis por severos casos de cólicas. A patogenia da infecção por espécies adultas de estrôngilos está associada à lesão da mucosa do intestino grosso em virtude dos hábitos alimentares do verme, podendo causar ruptura da parede do intestino em animais jovens e adultos levando a emergências cirúrgicas (URQUHART et al., 1998).


Parascaris equorum (figura 1) é um nematódeo de distribuição mundial e tem grande importância por causar definhamento em potros jovens. O parasito tem predileção pelo intestino delgado, porém as infestações intestinais leves são bem toleradas, entretanto as infestações maciças levam animais jovens ao definhamento com baixos índices de crescimento, pelagem opaca e fadiga. Outros sinais clínicos observados a campo são distúrbios nervosos e cólicas (URQUHART et al., 1998).

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Figura 1: Parascaris equorum/Fonte: Parasites and Parasitic Diseases of Domestic Animals


Oxyuris equi é um parasito do intestino grosso de equinos (ceco, cólon e reto).


As fêmeas migram até o ânus do hospedeiro na época da ovipostura, liberam um fluido viscoso acinzentado contendo grande número de ovos que se aderem na região perianal causando prurido durante esse processo (ANDERSON, 1992). A presença de parasitos no intestino raramente causa sintomatologia clínica, entretanto, o prurido intenso ao redor do ânus faz o animal esfregar-se levando à quebra de pêlos áreas alopécicas e inflamação da pele sobre a anca (URQUHART et al., 1998).


Entre os parasitos comuns do intestino delgado de animais jovens, encontramos também o Strongyloides westeri responsável em algumas circunstâncias por causar graves enterites. Os sinais clínicos comumente observados em animais jovens são diarreia, anorexia, apatia, perda de peso e/ou taxa de crescimento reduzido (URQUHART et al., 1998).


Nos equinos, o T. axei é responsável por causar gastrite, sendo que as lesões iniciais são áreas de hiperemia da mucosa gástrica, que progridem para inflamação catarral e erosão do epitélio, o que pode estar associado à necrose. Com o tempo, a infecção pode acarretar uma inflamação proliferativa crônica e úlceras (TAILOR, 2010). A sintomatologia clínica de infestação maciça é representada por perda de peso rápida e diarreia, e em infestações brandas inapetência, baixos índices de crescimento acompanhado de fezes amolecidas (URQUHART et al., 1998).


Larvas de Gasterophilus nasalis passam a maior parte da sua vida desenvolvendo-se no estômago de equinos, mas geralmente são considerados de pouca importância patogênica. As moscas adultas frequentemente causam irritação aos equinos por se aproximarem da cabeça dos animais para realizar sua ovipostura. As larvas dessa mosca podem causar estomatites chegando até a ulceração da língua em casos mais extremos, e uma vez no estômago dos animais podem levar à hiperplasia do epitélio e úlceras gástricas (URQUHART et al., 1998).


Habronemose conjuntival, cutânea e gástrica causadas por Habronema spp são frequentemente relatadas em equinos e causam grande prejuízo econômico. Os equinos são infectados pela ingestão de moscas que caem na água ou alimentos. O principal efeito de Habronema spp no estômago é estimular a secreção de grandes quantidades de muco com hiperplasia e hipertrofia das células secretoras de muco, além disso, gastrite catarral, úlceras, diarreia e perda de peso têm sido associadas à infecção comHabronema muscae (LEVINE, 1968; DUNN, 1978).


O Dictyocaulus arnfield é um parasito de equinos e asininos sendo que é difícil determinar sua incidência, uma vez que sua infecção raramente se torna patente. Existem relatos de que esse parasito possa levar a casos de tosse crônica devido aos vermes adultos localizarem-se preferencialmente nos pequenos brônquios. Os sinais clínicos observados são leve taquipneia e sons pulmonares ásperos (URQUHART et al., 1998).


Cestóide essencialmente de herbívoros, o Anoplocephala spp é parasito do intestino de equinos e asininos. Sua sintomatologia clínica envolve perda de peso dos animais, enterite e cólicas, sendo que a perfuração do intestino é rápida e fatal (URQUHART et al., 1998).


Fonte: Departamento Técnico Ourofino Agronegócio

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Primeiro Tropeiro

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Em 1931, o fildalgo português Cristóvão Pereira de Abreu prepara um grande empreitada. Retifica o traçado e parte com a primeira tropa de 3 mil mulas e cavalos para Minas Gerais. Estava inaugurado o ciclo do tropeirismo no Brasil. Depois foram abertos outros caminhos, como o da Vacaria dos Pinhais, que corria pelo norte do Rio Grande do Sul até Bom Jesus, local de entroncamento com o Caminho de Viamão. Cruz Alta abrigava grande invernadas. Era ponto de parada e descanso das mulas arrebanhadas na região missioneira ou contrabandeadas na bacia do Prata, onde os tropeiros paulistas as buscavam. Em meados do século 19, eles passaram a viajar também por outra rota - o Caminho de Palmas (ou das Missões) -, encurtando a distância e o tempo de viagem.

Fonte: Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapeva

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Entenda os sons que os cavalos fazem

 

Os cavalos, assim como outros animais, tem a necessidade de se comunicar com a manada. Embora sua principal forma de comunicação seja a não verbal, os cavalos vocalizam e cada som tem um significado diferente.

O relinchar é o som mais típico do cavalo. Serve para revelar sua localização. Quando estão sozinhos, em resposta a outros cavalos ou quando estão em locais desconhecidos os cavalos relincham. E se tiver outros cavalos nas imediações, é provável que eles relinchem também.  Os potros relincham quando estão longe da mãe. É por essa razão que os cavalos tem todo um método para relinchar. Para projetar o relincho eles estendem o pescoço, levantam a cabeça e abrem a boca.

O sopro é uma forma de relinchar feito apenas com as narinas. Este é um som amigável, como se fosse um cumprimento do cavalo.  É comum o tratador entra no estábulo é frequente ouvir o “Bom dia” do cavalo através deste som. É mais frequente ver cavalos a soprar para outros cavalos da manada do que para cavalos desconhecidos.

O Bufar ou resfolegar pode ser definido como um barulho entre o relincho e o sopro. O som resulta da vibração das narinas e não da vibração na garganta. É a saída de ar expelido rapidamente que faz vibrar as narinas e produzir o som. Distingue-se facilmente do sopro, pois é o lançamento de um alerta e não tem o caráter calmo do anterior. Os cavalos bufam quando têm medo, quando querem alertar a manada para o perigo, mas também quando vêem algo novo. Pode ser entendido como curiosidade ou abordagem do cavalo a algo desconhecido.

Os cavalos também podem resfolegar para limpar as narinas e aumentar a oxigenação. Neste caso, o significado dado anteriormente não se aplica.

Os guinchos são sons de desagrado São sons agudos e fortes que os cavalos produzem muitas vezes antes de morder ou dar coices. Ao guinchar, os cavalos estão a avisar os outros cavalos de que naquele momento não querem estar perto deles. Quando garanhões se encontram, muitas vezes guincham antes de lutar. Também as fêmeas guincham quando os machos tentam cortejá-las quando não estão interessadas.

Os cavalos também podem grunhir. É um som descontínuo que produzem muitas vezes devido à excitação. Quando reconhecem um algo ou alguém. Podem fazê-lo quando reconhecem um outro cavalo ou o cavaleiro ou quando encontram água ou até para a comida.

Fonte: Arca de Noé, Adaptação: Escola do Cavalo

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Potro Prematuro

O potro é prematuro quando não atingiu seu completo desenvolvimento no útero da égua.


O neonato pode ser classificado como prematuro ou pequeno para idade gestacional. Esta expressão implica que algum tipo de perturbação crônica durante a gestação interrompeu os processos de crescimento normal.


Tanto o aspecto clínico quanto a duração da gestação no neonato prematuro devem ser avaliados em conjunto. No potrinho, definiram prematuridade como a idade gestacional inferior a 320 dias. Contudo, estes autores enfatizaram que a gestação normal da gestação de determinada égua pode variar consideravelmente, e que a idade gestacional deve ser apenas um dos diversos critérios empregados para a avaliação da viabilidade do feto.


Dessa maneira, na prática, é muito útil anotar para cada égua prenhe a duração da gestação precedente. Isso porque elas têm a tendência de repetir essa duração. E, naturalmente, é indispensável anotar as datas de cobertura.
Ao contrário do que ocorre nas mulheres, o parto das éguas não está ligado a fenômenos de maturação fetal. Duas semanas antes do prazo normal, mulher, pode-se fazer a indução do parto, na certeza de que o feto estará desenvolvido normalmente. Em éguas, a duração da gestação pode ser muito variável. Não se pode afirmar, mesmo aos 11 meses de gestação, que o potro será viável.


Dessa maneira, a prematuridade não pode ser definida como um nascimento antes do tempo. O correto é dizer que o potro é prematuro quando não atingiu seu completo desenvolvimento no útero da égua. Há casos de potros prematuros nascidos aos 340 dias de gestação e outros normais nascidos aos 330. Em síntese, não existem números definitivos para qualificar a duração normal da gestação das éguas.


Por exemplo, um feto de 335 dias de idade pode estar totalmente despreparado para o nascimento, se sua duração normal da gestação for realmente de 365 dias. A indução do parto aos 335 dias pode fácil e desastrosamente resultar num indivíduo muito imaturo, e inviável.


Sistemas acometidos:

  • · Respiratório: o surfactante, um fosfolipídio pulmonar que diminui a tensão da superfície, começa a amadurecer no final da prenhes. Os potros prematuros podem nascer sem surfactante, o que leva à insuficiência respiratória e morte, ou eles podem ter surfactante imaturo, que se apresenta com hipoxemia.
  • · Musculoesquelético: os potros prematuros frequentemente não possuem os ossos carpais e tarsais calcificados, que pode levar a deformidade angulares dos membros e má formação óssea.
  • · Comportamental: os potros prematuros podem ser mais lentos para ficar em estação e mamar do que potros normais e podem ter pouca coordenação e resposta fraca de sucção.
  • · Endócrino/metabólico: os potros prematuros induzidos possuem baixos níveis de cortisol sérico ao nascimento, estes também demonstram hipoglicemia e baixa resposta da insulina à glicose IV.
  • · GI: o trato intestinal pode não estar pronto para qualquer dieta oral.
  • · Hêmico/linfático: estes potros podem ter contagem de leucócitos persistentes baixas, com relação N:L <2:1.

Durante uma anamnese as éguas podem demonstrar sinais de parto precoce, com desenvolvimento do úbere. As éguas com placentite podem ter febre e corrimento vulvar.


O potro prematuro é um animal com pouco peso ao nascer e que tem dificuldade em se manter em pé. Um potro normal deve se levantar e mamar em duas horas seguintes ao seu nascimento.


Este tem geralmente a pelagem suave e sedosa, suas cartilagens são moles e as orelhas tendem a cair. Possuem frequência e esforço respiratório aumentado, tendões superestendidos ou frouxos e deformidade angulares dos membros.


Os principais fatores das causas de prematuridade são naturalmente a égua, o potro e seus anexos fetais. Podendo ocorrer por placentite, indução de parto mal sincronizado, gestação gemelar, infecção viral por herpes, infecção porEhrlichia equi.


Na avaliação da viabilidade do potro, o prognóstico para manutenção da vida depende em grande parte da causa do parto prematuro, dos eventos do período perinatal do grau de imaturidade exibido pelo animal, e do nível de apoio disponível para seu tratamento. Potrinhos que foram espontaneamente paridos e diagnosticados durante as primeiras 24 horas de vida, como tendo provável infecção quando no útero, possuem percentagem de sobrevida consideravelmente melhor que todos os outros potrinhos prematuros.


Nas éguas com metrite, o estresse intrauterino sofrido pelo embrião acelera sua maturação, principalmente pulmonar.


O tratamento do potro prematuro, normalmente requer cuidados intensivos.  É necessária a administração de colostro por via oral dentro de duas horas do nascimento, oxigênio suplementar nos potros hipóxicos através de sonda nasofaríngea ou cateter intratraqueal, tala e atadura de gesso para permitir desenvolvimento normal das patas e repouso.


As complicações possíveis sofridas pelos potros são as deformidades angulares dos membros associadas com a ossificação incompleta dos ossos cubóides. Os potros nascidos por causa de placentite bacteriana estão em alto risco da septicemia, isso também torna-se problema naqueles que ficam em estação e ingerem colostro.


Decidir tratar um potro prematuro é sempre um desafio. O prognóstico deste depende de fatores econômicos com cuidados intensivos que custam caro e demandam grande disponibilidade de tempo.


Um animal tratado durante semanas pode morrer a qualquer momento, quando parece que vai sobreviver. Se o potro prematuro escapar de todas as complicações existentes, seu crescimento e desenvolvimento deve ser acompanhado com muito cuidado, para uma correta avaliação de sua qualidade de vida.


Fonte: OuroFino   Autora: Tamarini Arlas

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Tétano em Equinos

É uma doença infecciosa, não contagiosa, altamente fatal, causada pela toxina de uma bactéria chamada Clostridium tetani, que entra no organismo através de uma lesão prévia. É caracterizada por rigidez muscular (tetania), podendo levar à morte por parada respiratória ou convulsões.

Acomete todos os animais de sangue quente, inclusive o homem. Pelo fato da doença, na maior parte dos casos, ser causada por contaminação de ferimentos (na pele e nas mucosas) por terra, é também chamada de “Doença Telúrica”, ou seja, originária da terra.São particularmente sensíveis à doença os animais da espécie equina, mais sensíveis até que o homem. Os bovinos são os menos sensíveis à doença.

Ao penetrar através de um ferimento ou solução de continuidade da pele em um animal suscetível, o microorganismo permanece aguardando o momento em que ocorre a cicatrização, fechando o ferimento, criando então um ambiente de anaerobiose (falta de oxigenação) para se transformar em sua forma vegetativa.

É nessa fase que tem início a secreção e liberação da potente toxina (veneno) pelo germe, sendo essa a responsável pelo desencadeamento dos sintomas da doença, a qual é denominada de Toxina Tetânica. Entre as toxinas mais potentes conhecidas, a tetânica só é superada pela Toxina Botulínica, secretada também por outro germe do mesmo grupo, o Clostridium botulinum.

Pode ocorrer em animais de qualquer idade e sexo. Em animais recém-nascidos, a doença ocorre geralmente pela contaminação do umbigo pelo C. tetani. Em humanos, antigamente, era a doença conhecida como “Mal dos Sete Dias”.

Como reconhecer

Os sinais clínicos ocorrem uma a três semanas após a infecção bacteriana. Em bovinos e ovinos os casos ocorrem após manejo como castração, descorna, tosa ou remoção da cauda, por falta de cuidados higiênicos.

Os animais apresentam andar rígido com os membros em forma de cavalete, tremores musculares, trismo mandibular (impossibilidade de abrir a boca), prolapso da terceira pálpebra, rigidez da cauda, orelhas eretas (orelhas entesouradas, animal em estado de alerta), hiperexcitabilidade, rigidez dos músculos da cara e dificuldade ou impossibilidade para defecar e urinar. Podem ocorrer convulsões, inicialmente quando há estímulo por qualquer barulho e, posteriormente, de forma espontânea.

O diagnóstico de tétano é realizado, essencialmente, pelo exame clínico, pelos sintomas e pelos dados epidemiológicos (história recente de lesão acidental ou cirúrgica).

Como tratar

Ao iniciar a doença deve ser administrado soro antitetânico na dose 100.000 UI por via intravenosa, repetindo quando necessário. Fornecer alimentação líquida e de fácil deglutição. Conservar o animal em abrigo isolado, escuro e sossegado.

Fazer drenagem e limpeza dos ferimentos com água oxigenada, infiltração de Penicilina G em torno da ferida e administração intramuscular de Penicilina G Potássica na dose de 25.000 UI/kg de peso, duas vezes ao dia até a cura do animal.

Fazer o uso de produtos relaxantes musculares.

Como evitar

Em bovinos, ovinos e caprinos somente os cuidados higiênicos após manejo de castração, descorna, tosquia, corte de cauda são suficientes para evitar a doença.

Em equinos são necessários maiores cuidados, como: vacinação anual dos animais; uso de soro antitetânico antes de intervenções cirúrgicas ou depois de ferimentos que possam facilitar a infecção; evitar o contato das feridas profundas com terra ou qualquer sujeira, cuidados de assepsia do instrumento cirúrgico e da anti-sepsia das feridas, desinfetando-as, tão cedo quanto possível; eliminação de objetos pontiagudos que possam causar ferimentos acidentais.

Fonte: Vallée

sábado, 9 de junho de 2012

Pesquisadores avaliam tratamento alternativo para Pitiose Equina

 

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A Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu e o Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo), em São Carlos, estão avaliando a eficácia da terapia fotodinâmica antimicrobiana como forma alternativa ao tratamento químico da pitiose equina. A terapia fotodinâmica utiliza um determinado comprimento de onda luminosa como forma de combater a doença.

De acordo com a professora Sandra de Moraes Gimenes Bosco, da Unesp, trata-se de uma terapia promissora para a pitiose em cavalos. Ensaios em laboratório com coelhos já foram realizados, com resultados satisfatórios.

Sandra deve se dedicar às pesquisas relacionadas à avaliação da flora bacteriana associada à pitiose. Ele lembra que a doença é razoavelmente recente e muitos veterinários ainda não pensam no diagnóstico de pitiose quando são chamados a tratar feridas em equinos.

Segundo ela, até em humanos pode estar ocorrendo subnotificação. Até hoje, apenas um caso humano foi confirmado no Brasil (e na América Latina). Em 2002, um paciente do interior de São Paulo procurou médicos em Botucatu e o diagnóstico só foi concluído no ano seguinte. Ele foi curado.

Há relatos de casos de pitiose em humanos na Tailândia. O professor Carlos Eduardo Pereira dos Santos, da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), disse que a alta incidência de talassemia (doença associada ao ferro) nessa população poderia estar relacionada aos casos de pitiose. Na Tailândia, há produção de arroz em várzeas e a doença é considerada ocupacional.

EFICÁCIA

Carlos deve se dedicar ao estudo da epidemiologia da pitiose. “Estou estudando a dinâmica da pitiose, já que ela depende da interação do animal com o ambiente, e a eficácia da vacina no Pantanal de Mato Grosso”, afirmou.

O professor está concluindo sua tese de doutorado sobre o assunto e afirma que a vacina tem eficácia no tratamento da doença, principalmente quando se comparam os animais tratados e os que não receberam o medicamento.

“Os resultados foram bem satisfatórios, mas dependem de variáveis como o tamanho e a idade da lesão. Quanto mais tardio o tratamento, mais refratário o animal. É preciso avaliar o comprometimento orgânico que a lesão causou no animal.”

Ele disse que há muitas lesões similares, do ponto de vista clínico, e nem sempre o diagnóstico tem sido correto.

“Às vezes acham que tudo é pitiose. Mas nem sempre é”, afirmou. Segundo Carlos, o diagnóstico pode ser feito com a coleta de soro do animal e o material é enviado ao Lapemi (Laboratório de Pesquisas Micológicas) da Universidade Federal de Santa Maria (RS). O resultado sai em poucos dias.

“Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura”, afirmou o professor.

Carlos avaliou também a ocorrência da pitiose em bovinos. Como os bois não ficam na água (apenas se não houver opção), a incidência é menor. A ocorrência nas duas espécies também está relacionada à idade.

O pesquisador avaliou 76 casos de pitiose em equinos e apenas em um deles o animal era jovem (8 meses). A faixa mais atingida vai dos 3,5 aos 6 anos.

Nos oito casos da doença em bovinos que ele estudou, 90% tinham menos de um ano de idade.

Os dois professores participaram  de uma reunião técnica para definir a continuidade das pesquisas sobre pitiose equina. A reunião aconteceu na Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Ana Maio, Embrapa Pantanal

sexta-feira, 1 de junho de 2012

XI Leilão dos Associados da ABCJPêga 2012

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Gostariamos de convidá-los a participar do XI Leilão dos Associados da ABCJPêga dia 9 de junho ás 20h, durante a XXVII ENAPEGA em Belo Horizonte (Exposição Nacional de Jumentos Pêga). Para aqueles que não puderem comparecer, o leilão será transmitido pelo canal TERRAVIVA, não percam!

Estaremos levando dois animais para esse leilão: Noca Xodó e Noca Caipirinha. Também estamos disponibilizando uma outra fêmea para venda na exposição, Noca Diva.

Noca Xodó é um animal top de linha. Data de nascimento: 15/11/2005. Possui grandes nomes da raça em sua linhagem, neto de GAS IANQUE e ALI KAN, e com bastante sangue MOCÓ na linhagem materna e paterna. Produção comprovada, estamos disponibilizando para criadores por ser um excelente reprotutor para éguas e jumentas.

Video: http://www.youtube.com/watch?v=yMaGtc_5yJc

Fotos: http://www.fazendasnoca.com.br/Jumentos_a_Venda.html

Genealogia: http://abcjpega1.tempsite.ws/consultas/consultasfilhos1.asp?registro=6728&livro=1

 

Noca Caipirinha Data de nascimento: 26/11/2010.

Fotos:http://www.fazendasnoca.com.br/Jumentas_a_Venda.html

Genealogia: http://abcjpega1.tempsite.ws/consultas/consultasfilhos1.asp?registro=7684&livro=2

 

Noca Diva Data de nascimento: 18/04/2011.

Fotos:http://www.fazendasnoca.com.br/Jumentas_a_Venda.html

Genealogia:http://abcjpega1.tempsite.ws/consultas/consultasfilhos1.asp?registro=7764&livro=2