Da mesma forma que no caso dos garanhões, para o sucesso reprodutivo é, fundamental que as éguas estejam em um bom estado sanitário e nutricional. Mas o aspecto psicológico é menos crítico, e a obesidade é um fator mais .agravante para a fertilidade da fêmea. Quando mantidas estabuladas, a fertilidade tende a ser. baixa, tanto em decorrência da obesidade (falta de exercícios e excesso de concentrados energéticos) como da falta de estímulos externos (luminosidade) para a manifestação de cios ovulatórios.
O cio da égua tem uma duração média de 7 dias, com a ovulação ocorrendo em torno de 36 horas antes do término do cio. Os óvulos têm uma vida útil de 6 a 12 horas, em média, e os espermatozóides em torno de 48 horas. Logo, as cobrições podem ser efetuadas em dias alternados, no transcorrer do período de cio. Após 15 a 16 dias do término do cio, as éguas devem ser rufiadas novamente, para a detecção de uma eventual repetição de cio. Caso esta não ocorra, o diagnóstico da prenhes pode ser efetuado a partir do 250 dia, através da apalpação retal.
O Programa de Condicionamento reprodutivo das éguas matrizes deve ser conduzido de acordo com três categorias: éguas paridas, éguas falhadas e éguas virgens.
a) Éguas paridas - Durante a gestação (310 a 360 dias), a égua deve ser mantida em um pasto de boa qualidade forrageira, e suplementada com mistura mineral balanceada, evitando-se os exercícios orientados que exijam esforços extenuantes, os quais podem provocar a perda embrionária precoce, e abortos em estágios mais avançados da prenhes. As perdas embrionárias precoces são de incidência relativamente alta na espécie eqüina (em torno de 25%), e geralmente não são percebidas, podendo ocorrer uma reabsorção do embrião. As causas principais são: desequilíbrios hormonais e deficiências nutricionais. Após os 60 a 70 dias, o aborto normalmente já pode ser detectado. Um novo diagnóstico da prenhes, em torno dos 70 a 80 dias, é recomendável para se acompanhar a prenhes desde o seu início. Quando houver identificação de material abortado, deve-se enviá-lo para um laboratório, em uma tentativa de determinação da causa.
A partir dos últimos 4 meses do período da gestação, a égua deve ter acesso a uma ração concentrada que equilibre suas exigências nutricionais, visto que o feto passa pelo seu maior desenvolvimento neste período, retirando nutrientes do organismo materno. No terço final da gestação, as éguas devem ser mantidas em piquetes maternidade, separadas das demais categorias de animais, a fim de se evitar acidentes. Normalmente, elas adquirem neste período, um comportamento mais tranqüilo.
A égua deve parir em boas condições físicas, a fim de suportar o "stress" da parturição e, posteriormente, o da lactação. Preferencialmente, o parto deve ser a campo, desde que existam condições climáticas favoráveis. Caso a égua esteja em boas condições físico-clínicas após o parto, e caso este tenha ocorrido normalmente, deve-se aproveitar o 1º cio pós-parto, o qual se manifesta entre os dias 79 e 149. Freqüentemente, quando a égua não é coberta neste 1º cio pós-parto, há uma tendência bastante elevada para a manifestação do cio subseqüente somente após o desmame da cria.
b) Éguas falhadas - Toda égua falhada deve ser considerada, e manejada, como uma égua problema, representando prejuízos econômicos para o criador. O motivo de estar entrando na estação de monta solteira, deve ser identificado e, para isto, recomenda-se uma avaliação reprodutiva completa nesta categoria de éguas, por volta de dois meses antes do início da estação de monta. O exame reprodutivo envolve a apalpação retal do aparelho genital feminino, procurando-se identificar sinais de infecção uterina e / ou distúrbios ovarianos; exame da vagina e da cérvix, através do espéculo vaginal; coleta de material para exame bacteriológico e avaliação do estado geral da égua. As principais causas de infertilidade na égua matriz são: cio prolongado, cio anovulatório, cio silencioso, cio falso, anestro da lactação, anestro fisiológico, diestro prolongado (retenção do corpo lúteo), falhas de manejo, desequilíbrio nutricional, idade da égua, cistos ovarianos, conformação genital inadequada, abortos patogênicos, abortos espontâneos, endometrite.
Entre estas causas de infertilidade, a principal ainda é a deficiência nutricional. Uma égua que inicia a estação de monta sem estar no seu estado físico normal, tem maiores chances de se tomar uma égua problema, com dificuldades de ser enxertada ou de manter a prenhes. Todo criador será capaz de controlar a incidência destas anormalidades reprodutivas se:
- Manter as éguas na condição física adequada ao longo do ano;
- Concentrar as cobrições na devida estação de monta;
- Trabalhar com éguas de temperamento normal;
- Dispor de mão de obra eficiente e assistência técnica capacitada e . Selecionar para a característica fertilidade.
A seleção é essencial para o sucesso de quaisquer criatórios, desde que alicerçada em cinco parâmetros, a saber:
- Conformação ideal para a respectiva raça;
- Pedigree do indivíduo - conformação e performance atlética dos ancestrais até, no máximo, a terceira geração;
- Performance atlética do indivíduo a selecionar;
- Longevidade;
- Histórico reprodutivo do indivíduo - relacionado com a sua capacidade reprodutiva e produtiva.
c) Éguas virgens - As potras de 1ª cobrição representam uma categoria difícil de ser manejada, visto que muitas delas demoram muito a demonstrar sinais de cio. Aquelas que não estão em com. petições eqüestres, normalmente entram em cio com mais facilidade. Entretanto, aquelas que vêm de treinamentos intensivos, e competições freqüentes, tendem a necessitar de um período de 30 a 60 dias para se re-integrarem ao novo sistema de criação, o extensivo. Estas potras podem ser manejadas em conjunto com as éguas falhadas. Caso a potra encontra-se muito nervosa e excitada, deve ser colocada em um piquete separado, com um ou mais animais de temperamento calmo. A mudança na dieta é um fator crítico, e deve ser gradual. Algumas potras estarão magras (Exs.: potras P.S.I. correndo com freqüência), enquanto outras poderão estar com excesso de peso (Ex. potras de competições envolvendo julgamento morfológico).
As potras devem ser colocadas em serviço reprodutivo a partir dos 30 meses de idade. Eventualmente, em raças mais precoces, como as exóticas, e havendo um bom desenvolvimento, esta idade poderá ser antecipada para os 24 meses. Para a formação de uma boa matriz, é essencial um Programa de manejo geral tecnificado, particularmente os programas nutricional, sanitário e de condicionamento físico.
O medo à proximidade do garanhão é típico nesta categoria de éguas. Portanto, para a identificação do cio, toma-se fundamental a utilização de um rufião de pouca agressividade sexual. A rufiação deve ser individual, e conduzida diariamente.
Fonte: Mundo Equino
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