Bem Vindo ao Blog do Pêga!

Bem Vindo ao Blog do Pêga!

O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Resgatando o CAMINHO DOS TROPEIROS

image

Eles surgiram com a exploração do ouro, mas não eram mineiros. Firmaram-se com o transporte de gado, mas não eram vaqueiros. Dedicaram-se ao café, mas não eram lavradores. Viviam a levar e trazer produtos, mas não eram caixeiros-viajantes. Eram tropeiros, homens de hábitos simples, riso largo, sem parada, mas com destino certo. Eles ajudaram a desbravar este país, enfim. Os tropeiros tem lugar especial na história do Brasil. Apareceram entre os séculos 17 e 19, Viajavam no lombo de burros e mulas, suprindo as necessidades de alimentos dos exploradores de minas entre a região sul e sudeste do país. Enfrentavam sol escaldante, chuva cortante e muitas vezes deram com os burros n’ água, como diz a expressão que é usada até hoje, é apenas uma das heranças dos tropeiros. O dito teria vindo de uma lenda que conta de dois tropeiros disputavam um cliente, o que chegasse primeiro ao destino ganharia. Um escolheu carregar algodão, por ser mais leve, o outro sal, pelo seu volume. Cada um tomou seu rumo, mas ambos tiveram de enfrentar um rio inesperado e as cargas de algodão e de sal se perderam. O algodão adquiriu enorme peso e o sal se perdeu nas águas. Moral da história: deram com os burros n’água!. Essa outra história permeia a rica vida dos tropeiros, responsáveis pela criação e pelo desenvolvimento de diversas cidades brasileiras,pelo traçado ferroviário, São Paulo, Rio Grande do Sul e Uruguay, e pelo surgimento do famoso arrozcarreteiro, entre outros tantos feitos, resgatá-los é no mínimo revisitar o passado para entender e dar valor ao Brasil de hoje. Há muitas histórias desse período para serem contadas e nada melhor para aprendê-las do que refazer esse percurso, os governos dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo em conjunto com o Governo Federal, poderiam criar o caminho das tropas, resgatando a cultura e desenvolvendo o turismo dessa rota, saindo de Viamão (RS) a Sorocaba (SP), podendo realizar uma exposição itinerante que conte a história dos tropeiros e lançar um livro de receitas do caminho, um guia
turístico do Caminho das Tropas, o diário da tropeada e um livro didático, além de treinar professores da rede pública para passar aos estudantes a importância dessa fase da história para os Municípios envolvidos. Todas essas ações, devem contar com parceiras, tanto de associações ligadas ás áreas de turismo e cultura, quanto a da iniciativa privada, já que a maioria delas pode se beneficiar de leis Municipais, Estaduais e Federal de incentivo a cultura. Em paralelo a essa proposta, a Prefeitura de Itararé, através da Associação Caminho Paulista das Tropas, ONG que divulga e promove a cultura tropeira da região , elaborou o projeto Caminho dos Tropeiros. O circuito corresponde ao trecho paulista do Caminho das Tropas, que vai de Itararé a Sorocaba, passando por, Itararé, Bom Sucesso de Itararé, Itaberá, Itapeva, Taquarituba, Itaí, Taquarivaí, Buri, Capão Bonito, Ribeirão Grande, Campina do Monte Alegre, Paranapanema, Angatuba, Itapetininga, São
Miguel Arcanjo, Alambarí, Sarapuí, Capela do Alto, Laranjal Paulista, Iperó, Araçoiaba da Serra e Sorocaba, beneficiando 22 Municípios.No vale do Ribeira, Apiaí, Barra do Chapéu, Itapirapuã Paulista, Itaoca, já participam do circuito e realizam suas cavalgadas, uma delas é de Bom Sucesso de Itararé a Iguape, realizada anualmente. Vale ressaltar que essas rotas permitirão a criação de trabalho para os moradores das comunidades da região. Com a passagem da tropeada, hotéis, pousadas, restaurantes. Bares, lanchonetes e museus ganharão vida nova, o artesanato e a culinária típicas da região também serão beneficiados. È a cadeia produtiva do turismo trazendo o desenvolvimento. Se por um lado as necessidades da vida moderna nos levam a criar atalhos, por outro não temos o direito de deixar escapar a oportunidade do reconhecimento histórico, nenhum país do mundo se faz grande sem preservar suas raízes. Nesse sentido o Brasil não é diferente dos demais, somos jovens em relação ao velho mundo, mas até os jovens histórias inesquecíveis. Índios, Jesuítas, bandeirantes, escravos, monarcas, imigrantes europeus, asiáticos, africanos e americanos e os tropeiros, enfim, todos tem importante participação na história e construção do Brasil, este é um país de todos e sempre será para todos, a riqueza de nossa cultura não pode se perder pelos caminhos do progresso.

Autor: Orailson Pereira da Silva Tortelli

Fonte: O Tropeiro, Dez 2011

Um comentário:

  1. Muito legal a reportagem, só achei que faltou falar de Castro-PR, onde os Tropeiros muitas vezes tinham que ficar devido as cheias do Rio Iapó.

    ResponderExcluir