Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Origens e Importância do Ciclo do Tropeirismo

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Desde os tempos mais antigos, a tropa de muares foi intensamente utilizada em várias regiões do mundo, e naturalmente, na Península Ibérica. O sistema de transporte por muares através da Espanha e Portugal, fartamente descrito por viajantes de diversas épocas, ainda subsiste onde quer que as condições das regiões acidentadas o exijam. Os implementos dos cargueiros, a disposição das tropas, eram os mesmos que vimos encontrar nas tropas de muares, na América Espanhola e no Brasil.


A tropa cargueira na Hispano-América
A tropa cargueira foi transplantada para a Hispano-América já no século XVI, com tropeiros fazendo o transbordo de cargas de Portobelo, cidade portuária no Atlântico, próxima à atual zona do Canal, à cidade do Paraná, no outro lado o istmo, para as frotas do Pacífico que se dirigiam ao Vice-Reino do Peru; ou ainda, por terra firme, a partir de Portobelo, em direção a Santa Fé, na Colômbia, cuja praça de mercadores mereceu o título de “Sevilha das Índias”. Um pouco mais tarde, toda uma intrincada rede de caminhos, cruzava as possessões espanholas e pode-se dizer que as estradas que hoje entrecortam e ligam o continente centro e sul-americano, inclusive a principal delas, a Pan-Americana são calcadas nas rotas utilizadas desde o século XVI, pelos arrieiros.


Essa mesma instituição passou ao Brasil, efetivamente, quase dois séculos depois transmitida pelos platinos – quando a partir do século XVIII, a Banda Oriental e a Argentina passaram a fornecer muares ao Brasil e as tropas de muares tiveram, desde então e até o último quartel do século XIX, papel relevante como elo entre os núcleos populacionais dispersos pela vastidão brasileira, levando e trazendo mercadorias e idéias, integrando-os ao contexto nacional.

O descobrimento das Minas
Em fins do século XVII e princípio do XVIII o descobrimento das minas na Capitania das Minas Gerais acarretou um maciço deslocamento de numerosa massa humana para a região das jazidas. De todas as partes da Colônia e mesmo da Metrópole movimentaram-se pessoas na direção das terras mineiras, deslumbradas pela atração dos metais e pedras preciosas,
com o pensamento único de enriquecimento rápido e esquecidas de organizarem meios de sobrevivência naquelas paragens.

Sobrevieram então crises, pela falta de condições mínimas de subsistência em que se debateram as populações das minas, principalmente pela dificuldade do estabelecimento de um sistema de transporte eficiente e econômico numa região tão irregularmente ocupada – núcleos densamente povoados, separados por imensas áreas desertas.

Enquanto isso, ao sul, nas planícies platinas, desde o século XVI, era incalculável o número de cabeças de gado bovino, equino, muar. E estas seriam a solução para o abastecimento das regiões mineiras, tão carentes e às quais só dois meios de transporte se adaptavam: o carregador humano e o animal.


A dificuldade estava em como trazer os animais, já que a região a ser vencida era àspera, pois se precisava atravessar a Serra Geral, praticamente desconhecida, e a viagem seria longa e penosa pela inexistência de um caminho aberto.

Surge então o Cel. Cristóvão Pereira de Abreu, português de nascimento e que mereceu a citação como o primeiro nome do Ciclo do Tropeirismo. Estivera ele entre os fundadores da Laguna e conhecia bem a região da Colônia do Sacramento; convivendo por aqueles lugares, participou pessoalmente de caça ao gado cimarron, das lutas com índios, e percebeu o grande valor que representaria todo aquele gado se pudesse ser levado para as minas. Procurou convencer os governantes de São Paulo e Curitiba a empreender a abertura de uma estrada ligando o Rio Grande a Curitiba. Encontrou forte oposição pelo medo, já que uma estrada aberta pudesse facilitar o ataque castelhano; após vencêlo, teve início em 1724, a estrada que partia das imediações de Laguna.


Cristóvão Pereira de Abreu, por conta própria retificou o traçado que havia sido aberto por Francisco de Souza Faria em 1727, estabelecendo início da mesma de Viamão, próximo da atual Porto Alegre, chegando a construir cerca de duzentas pontes. Sua primeira viagem em 1733, já foi com uma tropa de mais de dois mil animais. Citando Alfredo Ellis Junior: “Talvez a estrada do Rio Grande a São Paulo tenha sido a rota de maior importância do Brasil, pois sem ela não teria havido o ciclo do ouro, não teria havido o do café e nem a unidade nacional teria sido levada a cabo.


A partir de então, teve início o chamado Ciclo do Tropeirismo que duraria século e meio, e a instituição que já fora implantada na América Espanhola, entrou no Brasil guardando as mesmas características.

Rotas do Sul para Sorocaba
O gado das planícies platinas, tanto os que se criavam a solta ou cimarrones como os das estâncias próprias passaram a ser altamente desejadas pelos comerciantes.


Com a abertura do caminho do Sul, com a viagem de Cristóvão Pereira de Abreu essa riqueza móvel passou a ser tangida dos campos da Argentina, Uruguai e do próprio Rio Grande do Sul, cada vez em número maior.

Os compradores entravam pelo Uruguai chegando a Entre Rios e Corrientes
(na Argentina); na volta, a partir do Rio Grande, passaram a seguir, embora com pequenas variantes, o caminho para o grande centro distribuidor de muares, que ficou sendo Sorocaba.

O caminho do Sul, considerado a partir do Rio Grande do Sul se iniciaria por
Viamão, origem da atual cidade de Porto Alegre; Cruz Alta, Passo Fundo, ainda no Estado do Rio Grande do Sul, sendo que partiam de Cruz Alta, aqueles que estivessem trazendo os animais da região de Corrientes (Argentina); Lajes e Mafra, em Santa Catarina, sendo esta cidade famosa
por um tipo de estribo que liberava o pé do cavaleiro, em caso de acidente; Rio Negro, onde havia um Registro de Animais e Lapa, famosa pelas suas facas e facões – a “lapeana”, São José dos Pinhais e Curitiba, todas no Estado do Paraná; poderia haver algumas variações, onde, a partir de Lapa, encaminhava-se para oeste e passava-se por Guarapuava – cujos famosos cavalos eram bastante estimados -, Palmeira, Ponta Grossa, Castro e Jaguariaiva. No Estado de São Paulo, passava-se por Itararé, Itapeva, Buri ou pouso da Escaramuça, Itapetininga, Alambari ou pouso das Pederneiras afamados pelas pedras do mesmo nome e usadas nas armas, Campo Largo (atual Araçoiaba da Serra) onde as tropas descansavam antes do início das vendas, e finalmente, Sorocaba.


A Partir desta cidade que era o centro irradiador do meio de transporte mais
necessário e útil na época, eram inúmeras as rotas, que não nos seria possível fazer um levantamento delas para esta ocasião, mas podemos lembrar que estávamos a meio caminho para as Minas, São Paulo e de lá Rio de Janeiro e muitas outras direções.

Características das Tropas
Até 1733, o vocábulo tropa, fora da acepção militar, era utilizado também para designar as expedições de resgates de índios.

Os sul-americanos empregavam o termo “tropa” e “Tropero”, com o sentido de rebanho bovino, equino ou muar, em marcha para a feira ou matadouro.

Tropa, que primitivamente significava multidão de homens ou animais, no Rio
Grande do Sul se referia à multidão de qualquer espécie de animal e no centro e resto do Brasil passou a representar apenas os rebanhos de equinos, muares e asininos.

Os habitantes do Rio da Prata e do Peru já vinham se utilizando dos muares, há longo tempo, por terem comprovado sua maior capacidade do que os cavalos, principalmentenos terrenos montanhosos.

Os dois tipos de tropas
As tropas de muares podem ser divididas em dois grupos – a tropa xucra ou solta e a tropa arreada ou cargueira.

Tropa xucra – Os compradores de animais vinham pelo caminho ou estrada do sul trazendo um grande número de animais soltos, guiados pela égua madrinha. A explicação para a presença da égua madrinha era a de que os muares seguem instintivamente um guia, e o fato de estarem acostumados
à própria mãe facilita a caminhada após o animal à frente. A denominação,
madrinha, é a mesma da América Espanhola.


Os animais da tropa chucra eram geralmente domados em viagem, nos pousos, ou nos campos à volta da cidade de Sorocaba enquanto aguardavam a venda.

Tropa arreada ou cargueira – Era a verdadeira tropa, constituída por animais habituados ao trabalho e que levavam suspensas nas cangalhas, suas canastras com as mercadorias a serem comercializadas por grandes distâncias, e pelo conjunto humano que a cuidava, composto do tropeiro e camaradas ou peões.

O número de camaradas variava de acordo com a quantidade de lotes da tropa – lotes eram os pequenos grupos de cargueiros em que era subdividida a tropa para facilitar o trabalho dos homens. Quando a tropa contava com mais de cinco lotes (e o número de animais variava de sete a onze) contava com a presença da mula da “cabeçada”, geralmente uma das mais fortes e
que portava uma peça de couro (peitoral) ornada de guizos e entre as orelhas, uma “boneca” ou enfeite de pano, geralmente vermelho ou uma pluma da mesma cor e assim a “cabeçada” dividia com a “madrinha”
o encargo de guiar a tropa.


O tropeiro ia geralmente montado e cada lote fica aos cuidados dos tocadores ou tangedores; o arrieiro e ou capataz, algumas vezes presente para auxiliar ou substituir o tropeiro, também ia montado e era um personagem importante, pois supervisionava todo o conjunto. Em algumas tropas havia o menino-madrinheiro que ia ao lado da madrinha e era o encarregado da cozinha. Na sua ausência, um dos peões acumulava a função de cozinheiro.

O tropeirismo caracterizou-se pelo uso generalizado do lombo de animal, equino ou muar, especialmente este, para o transporte de carga. A utilização da mula como principal meio de transporte se deve ao fato de ser um animal muito mais resistente que o cavalo.

De qualquer modo, a história de São Paulo e do Brasil só se ocupa de muares quando, no começo do século XVIII, se povoa o Rio Grande e os primeiros tropeiros trazem a Minas Gerais as primeiras tropas.

Desde o início do século XVIII, grande número de animais eram trazidos das paragens platinas e do sul do Brasil para os mercados brasileiros sendo a região das Minas Gerais a que solicitava maior quantidade de meio de transporte, visto que as tropas carreavam para as minas, artigos de intercâmbio comercial, determinadores da exportação e importação.

Além dos metais transportados nas Minas, havia os gêneros alimentícios,
mercadorias diversas, artigos manufaturados e a exportação de fumo.

No surto cafeeiro de princípios do século XIX, os tropeiros tiveram uma atuação marcante, já que a sua atividade amparou a nascente lavoura, futura fonte de divisas para o Brasil. Segundo Taunay, em sua “História do Café no Brasil”, não fosse a presença dos muares, a lavoura do café não teria alcançado a extraordinária expansão a que chegou, antes de ferrovias.

Qualquer outro meio de transportes teria sido impraticável nas regiões
acidentadíssimas, onde a cultura cafeeira veio substituir as florestas das zonas das matas do Rio e de Minas.

No ciclo do açúcar e a seguir do café, em Minas, São Paulo e Rio, os tropeiros levavam aos portos do Atlântico estes produtos e traziam sal, ferragens e “fazendas do mar em fora” (sob esta denominação vinham todos os objetos de importação e não apenas tecidos).

Os tropeiros de Sorocaba quando se dirigiam ao sul, em busca de animais a
serem vendidos aos tropeiros de tropas cargueiras, levavam as vezes, alguns lotes de animais arreados com pequenas mantas ou baixeiros, redes, tecidos, de produção sorocabana e de lá traziam entre outras cargas o mate.


As tropas, estabelecendo a única ligação entre o sul e o nordeste do país, entre as capitais, vilarejos e litoral, carregavam cargas, mercadorias, viajantes e até malas postais.


Os que necessitavam locomover-se para pontos distantes, serviam-se dos cavalos que para esse fim, acompanhavam as tropas. Os jovens que, do sul, do centro e centro-oeste do país vinham estudar na Faculdade de Direito de São Paulo, instalada no mosteiro do Largo de São Francisco, e que vinha funcionando desde março de 1828, serviam-se desse meio de transporte.

Mesmo os que aportavam a Santos vindos por navegação costeira, de lá subiam a serra, a cavalo, junto com as tropas.

Assim, transportando mercadorias diversas e idéias novas, formavam as tropas e o elo entre as povoações espalhadas pela imensidão brasileira contribuindo para a unidade nacional.

A feira de Sorocaba
Muitas são as possíveis causas da localização da feira de animais em Sorocaba e uma delas e mais provável, junto à ponte do Rio Sorocaba, que forçava o pagamento de impostos, e como era o comprador quem os pagava, favorecia a que se desse o encontro vendedor-comprador aqui.


Já foi algumas vezes sugerido o argumento de que o clima da região de
Sorocaba seria propício à realização das feiras por ser ameno e perfeitamente tolerável aos comerciantes dos dois extremos climáticos: o gaúcho e o nordestino – o certo é que o consumidor – preferia vir à feira de Sorocaba, que ir buscar os animais nas estâncias sulinas.

De qualquer modo, com a instalação do Registro de Animais em 1750, foram os vendedores de animais do sul, e os compradores do norte, percebendo a conveniência de fixar um ponto intermediário para suas negociações e têm início em Sorocaba as famosas feiras de muares.

As feiras de Sorocaba, enfim estabeleceram um tipo de pan-americanismo prático, com o intercâmbio entre o Brasil e as Repúblicas vizinhas. Os animais eram adquiridos no Uruguai e nas províncias argentinas de Entre Rios e Corrientes e com as tropas vinham muitas vezes peões uruguaios,
correntinos e em menor número paraguaios. Foram as maiores do país,
chegando a atingir cifras fabulosas, com até cerca de cinquenta mil animais vendidos numa feira, geralmente nos meses de março, abril e maio.


Por ocasião da chegada dos vendedores de animais e seus compradores, para cá acorriam também os circos de cavalinhos, companhias teatrais, joalheiros e mascates de toda espécie. Os próprios seleiros sorocabanos, já tendo iniciado a indústria de artefatos de couro, celebrizaram-se, auxiliados pelo trabalho dos ourives especializados em prata, que enriqueciam e enfeitavam os arreios. Com o algodão, utilizado também para a tecelagem
de alguns tecidos rústicos, faziam as famosas redes, além da indústria de
facões, também muito valorizada.


Toda a vida da cidade era modificada nessa época do ano e, assim,
concomitantemente à identificação do mercado de compra e venda de animais, o desenvolvimento da cidade se processava.

Os animais a serem vendidos ficavam aos cuidados dos peões nos campos vizinhos à cidade e ali eram feitas as domas, pois muitos compradores confiavam na  arte dos sorocabanos.

À noite, nas praças, dançava-se o fandango, sapateado de origem hispânica
e que se fixou no folclore brasileiro sob  diversos nomes: cateretê, catira, ou mesmo fandango.

 
De ano para ano, as feiras ganhavam em animação, colorido e grossas fortunas e capitais se amealhavam e foram empregados na compra e venda de muares.


O comércio das tropas entrou a definhar na fase que assinala o início do ciclo das estradas de ferro – 1872 a 1875. Contudo, e ainda durante muito tempo, tentaram inutilmente as tropas de muares enfrentarem a concorrência das ferrovias. Pouco a pouco foram cedendo terreno e cessando suas atividades até que, em 1897, quando a feira se iniciava, o surto da febre amarela deu o golpe de misericórdia sobre o já decadente ramo de negócio.

 
A Semana do Tropeiro
Do exposto podemos concluir que os tropeiros e as tropas desempenharam no Brasil e na América, um papel dos mais relevantes, quer como realizadores do progresso econômico, quer como incentivadores da unidade nacional.

Conquistada a terra, com os núcleos de ocupação perdidos na vastidão, foi o
Tropeiro e a tropa de muares que, varando sertões e ravinas, rasgando matas, cruzando serras, vadeando rios, que assegurou – e manteve, a circulação de produtos, de bens e de idéias.

 
Sorocaba, por sua posição estratégica, tornou-se o centro natural de encontro dos tropeiros e nada mais justo que à nossa cidade, conhecida em todo o Brasil por este fato, coubesse a gratificante incumbência de reverenciar e enaltecer este herói anônimo. Por iniciativa nossa, como dirigente do Museu Histórico e Pedagógico Rafael Tobias de Aguiar, contando com a colaboração do então secretário de Educação Municipal, Prof. Otto Wey Neto e do compositor e folclorista Roque José de Almeida, conseguimos realizar a 1ª Festa do Tropeiro, nos dias 4 e 5 de novembro de 1961.


No dia 4, no Gabinete de Leitura Sorocabano, teve lugar a sessão solene, com o Dr. Hélio Rosa Baldy discorrendo sobre o tropeirismo e a presença do poeta Paulo Bonfim, que leu seu poema Tropeiro de Sorocaba. No dia 5, pela manhã, junto ao Monumento ao Tropeiro, ouvimos o Dr. Álvaro Baddini e, à tarde, no Ginásio Municipal de Esportes, ocorreu a grande festa folclórica reunindo participantes de outras cidades, além dos da nossa, apresentou
grupos de violeiros, fandango, congada e cururu.

 
No ano seguinte, nos dias 24 e 25 de novembro, tivemos como orador, na sessão litero-musical, o Dr. Paulo Breda e na manhã do dia 25, um grupo de cerca de 30 cavaleiros atravessou a cidade, do bairro do Cerrado até o Monumento ao Tropeiro, onde foram saudados pelo Prof. Daniel Nascimento; a festa folclórica no Ginásio Municipal de Esportes, contou com o grupo do Prof. João Chiarini, de Piracicaba, que apresentou números de cana verde,
congada, samba de roda, samba de lenço, dança dos tangarás, violeiros e cururu.


Em 1963, a Lei Municipal Nº 1151, de 14/10/63, autoria do vereador Hélio Teixeira Callado, tornava oficial a comemoração, fixando a época de realização na segunda quinzena de maio, atendendo à orientação do historiador Aluísio de Almeida, de que esta seria a época mais provável da realização das feiras de muares.

A comemoração do evento foi interrompida por algum tempo, mas a partir de 1970, a Semana do Tropeiro, já então contando com o entusiasmo e dinamismo de companheiros como Mário Mattos, Benedicto Cleto, Adilson Cezar, Porphirio Rogich Vieira, Adolfo Frioli e muitos outros, renasceu
com redobrado vigor e extrapolou os limites não só da cidade, da região,
como os do próprio Estado.


Se em meados do século XVIII, quando teve início este significativo ciclo histórico, coube a nós sorocabanos o privilégio de servir de entreposto de mercadoria altamente desejada e de local de encontro não só de brasileiros de todas as regiões como de estrangeiros, cabe-nos agora, a responsabilidade de divulgar junto às novas gerações a grandiosidade de sua obra, a pujança de sua figura intimorata, para que todos juntos possamos reverenciar o Tropeiro, o lídimo representante de nossa gente, o homem simples que de modo efetivo, consolidou a tarefa do bandeirante, refazendo a conquista e a posse da terra em cada viagem e promoveu, com o entrecruzar de mercadorias e notícias, a unidade nacional.


Fonte: O Tropeiro

Autor: Vera Ravagnani Job

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

DVDs Diversos

1. Aparação dos cascos e correções dos desvios de aprumos

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Regiões do casco, funções, principais afecções, equipamento necessário para o casqueamento, aparação correta, regra fácil e prática para a correção dos desvios de aprumos.

2. Genética e resenha de pelagem nos eqüinos

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Como resenhar corretamente as diferentes pelagens e suas particularidades, pelagens dominantes, composição genética e o que esperar dos acasalamentos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Resgatando o CAMINHO DOS TROPEIROS

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Eles surgiram com a exploração do ouro, mas não eram mineiros. Firmaram-se com o transporte de gado, mas não eram vaqueiros. Dedicaram-se ao café, mas não eram lavradores. Viviam a levar e trazer produtos, mas não eram caixeiros-viajantes. Eram tropeiros, homens de hábitos simples, riso largo, sem parada, mas com destino certo. Eles ajudaram a desbravar este país, enfim. Os tropeiros tem lugar especial na história do Brasil. Apareceram entre os séculos 17 e 19, Viajavam no lombo de burros e mulas, suprindo as necessidades de alimentos dos exploradores de minas entre a região sul e sudeste do país. Enfrentavam sol escaldante, chuva cortante e muitas vezes deram com os burros n’ água, como diz a expressão que é usada até hoje, é apenas uma das heranças dos tropeiros. O dito teria vindo de uma lenda que conta de dois tropeiros disputavam um cliente, o que chegasse primeiro ao destino ganharia. Um escolheu carregar algodão, por ser mais leve, o outro sal, pelo seu volume. Cada um tomou seu rumo, mas ambos tiveram de enfrentar um rio inesperado e as cargas de algodão e de sal se perderam. O algodão adquiriu enorme peso e o sal se perdeu nas águas. Moral da história: deram com os burros n’água!. Essa outra história permeia a rica vida dos tropeiros, responsáveis pela criação e pelo desenvolvimento de diversas cidades brasileiras,pelo traçado ferroviário, São Paulo, Rio Grande do Sul e Uruguay, e pelo surgimento do famoso arrozcarreteiro, entre outros tantos feitos, resgatá-los é no mínimo revisitar o passado para entender e dar valor ao Brasil de hoje. Há muitas histórias desse período para serem contadas e nada melhor para aprendê-las do que refazer esse percurso, os governos dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo em conjunto com o Governo Federal, poderiam criar o caminho das tropas, resgatando a cultura e desenvolvendo o turismo dessa rota, saindo de Viamão (RS) a Sorocaba (SP), podendo realizar uma exposição itinerante que conte a história dos tropeiros e lançar um livro de receitas do caminho, um guia
turístico do Caminho das Tropas, o diário da tropeada e um livro didático, além de treinar professores da rede pública para passar aos estudantes a importância dessa fase da história para os Municípios envolvidos. Todas essas ações, devem contar com parceiras, tanto de associações ligadas ás áreas de turismo e cultura, quanto a da iniciativa privada, já que a maioria delas pode se beneficiar de leis Municipais, Estaduais e Federal de incentivo a cultura. Em paralelo a essa proposta, a Prefeitura de Itararé, através da Associação Caminho Paulista das Tropas, ONG que divulga e promove a cultura tropeira da região , elaborou o projeto Caminho dos Tropeiros. O circuito corresponde ao trecho paulista do Caminho das Tropas, que vai de Itararé a Sorocaba, passando por, Itararé, Bom Sucesso de Itararé, Itaberá, Itapeva, Taquarituba, Itaí, Taquarivaí, Buri, Capão Bonito, Ribeirão Grande, Campina do Monte Alegre, Paranapanema, Angatuba, Itapetininga, São
Miguel Arcanjo, Alambarí, Sarapuí, Capela do Alto, Laranjal Paulista, Iperó, Araçoiaba da Serra e Sorocaba, beneficiando 22 Municípios.No vale do Ribeira, Apiaí, Barra do Chapéu, Itapirapuã Paulista, Itaoca, já participam do circuito e realizam suas cavalgadas, uma delas é de Bom Sucesso de Itararé a Iguape, realizada anualmente. Vale ressaltar que essas rotas permitirão a criação de trabalho para os moradores das comunidades da região. Com a passagem da tropeada, hotéis, pousadas, restaurantes. Bares, lanchonetes e museus ganharão vida nova, o artesanato e a culinária típicas da região também serão beneficiados. È a cadeia produtiva do turismo trazendo o desenvolvimento. Se por um lado as necessidades da vida moderna nos levam a criar atalhos, por outro não temos o direito de deixar escapar a oportunidade do reconhecimento histórico, nenhum país do mundo se faz grande sem preservar suas raízes. Nesse sentido o Brasil não é diferente dos demais, somos jovens em relação ao velho mundo, mas até os jovens histórias inesquecíveis. Índios, Jesuítas, bandeirantes, escravos, monarcas, imigrantes europeus, asiáticos, africanos e americanos e os tropeiros, enfim, todos tem importante participação na história e construção do Brasil, este é um país de todos e sempre será para todos, a riqueza de nossa cultura não pode se perder pelos caminhos do progresso.

Autor: Orailson Pereira da Silva Tortelli

Fonte: O Tropeiro, Dez 2011

DVD Equusmanship

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Papai Noel e o Jumento

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Você sabia que antes de associarem o Papai Noel com suas renas, no século 19, quem ajudava o papai noel na entrega dos presentes era um jumento?

Em alguns mitos ele levava duas cestas, uma para as crianças boas com presentes e outras para crianças malcriadas com carvão, pedras, esterco etc. Era costume em alguns lugares deixar um pouco de feno, cenouras ou uma pequena cesta de aveia para o animal. Pela manhã, as ofertas tinham desaparecido, substituídas por pequenos presentes para as crianças boas.

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domingo, 18 de dezembro de 2011

O Casco

O casco é o estojo córneo que recobre a parte terminal do membro locomotor do cavalo. O anterior é maior e mais oblíquo que o posterior.

O casco é uma parte insensível que tem a denominação de escudo do pé e indica que esta função protetora necessita de uma completa estrutura anatômica para que, por muito tempo, atenue as pressões e reações

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1. bordalete períoplo (coroa)

2. taipa

3. pinça

4. ombros

5. quartos

6. talão

Os eqüídeos também utilizam os cascos como meio de defesa. Seus golpes são potentes e rápidos. Um detalhe que todo criador deveira saber é que o cavalo, ao escoicear, o faz tão somente para trás e nunca para os lados (como ocorre com os bovinos), isto devido à existência do "ligamento acessório", que não permite a movimentação lateral dos membros posterios dos cavalos.

CASCO VISTO PELA FACE PLANTAR

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1. glumas (bulbos do casco)

2. lacunas laterais

3.  talões

4. barras ou arcobotantes

5. quartos

6. ramos da sola (palma)

7. limite posterior dos ombros

8. linha branca

9. sola

10. pinça

11. ponta da ranilha (vértice da ranilha)

12. bordo inferior da parede, tampa ou muralha (bordo basal da parede)

13. ranilha

A - ângulo

LM - sulco da ranilhas

VISTA INTERNA E LATERAL DO PÉ

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  1. 1ª falange
  2. tendão do exteensor lateral
  3. falange
  4. rodete (coroa)
  5. períoplo
  6. parede ou muralha
  7. tecido querafiloso
  8. tecido podofiloso
  9. 3ª falange
  10. tecido aveludado
  11. trasversohióideo
  12. ligamento interósseo
  13. ranilha
  14. coxim plantar
  15. osso navicular
  16. fundo de saco posterior da pequena bainha sesamóideana
  17. fundo do saco posterior da sinovialarticular do pé
  18. fundo de saco inferior da grande bainha sesamóideana
  19. tendão flexor profundo
  20. ligamento sesamóideano

BELEZA DO CASCO OU PÉ - Podem ser considerados quanto ao volume, à forma, à qualidade da matéria córnea e aos aprumos.

VOLUME - O pé deve ser relativamente volumoso, porém o seu tamanho depende da raça e do tamanho do animal.

FORMA - O casco dever ser simétrico e ter as partes anterior e inferior mais largas; a pinça deve ter o dobro do comprimento dos talões e formar um ângulo de cerca de 50º com a horizontal; o períoplo, reto e inclinado de diante para trás; a face plantar, larga; sola côncava; ranilha volumosa, bem feita, elástica e forte; lacunas largas e bem acentuadas.

QUALIDADE DA MATÉRIA CÓRNEA - A matéria córnea do casco deve ser escura, rija e dotada de certa elasticidade, apresentando superfície lisa, íntegra e brilhante. Na ranilha, deve ser mole, elástica e forte.

OS CASCOS DOS POTROS - o potro recém-nascido possui um casco pontudo, estreito, muito mole e com a base coberta com um invólucro delicado e córneo. Este, porém, cai em poucos dias e o desenvolvimento do verdadeiro casco se inicia.

Quando o potro tem 3 meses de idade, pode-se começar a usar uma faca própria para o preparo do casco. O exame freqüente dos cascos dos potros e a manutenção deles sempre limpos e aparados irá ajudar muito para um perfeito desenvolvimento. Os animais jovens também devem se exercitar bastante em terrenos secos, pois os cascos irão se formando de modo uniforme, podendo ser necessário apenas, ocasionalmente, raspar e arredondar as bordas da pinça a fim de se evitar quebras da parede.

Quando os potros permanecem na baia por muito tempo, não gastam seus cascos e, nesses casos, deve ser raspados e limpos uma vez por semana.

As solas e fendas da ranilha devem ser examinadas e todo o pé lavado com regularidade.

sábado, 17 de dezembro de 2011

TREINAMENTO PARA ATRELAGEM

 

Não é difícil treinar um animal em atrelagem. Obviamente, o primeiro passo é adestrar de sela, consolidando a qualidade global na marcha. Em seguida, o treinamento para atrelagem é iniciado utilizando o selote, ou cilha, do conjunto de charreteamento utilizado no adestramento inicial de sela. Um tronco, não muito pesado, deve ser puxado de cada lado, com a corda presa em cada uma das argolas laterais do selote. O andamento nos primeiros dois, ou três dias, conforme sejam as reações de cada animal, deve ser o passo. Em seguida, mas dois dias, em média, na marcha. Na Segunda semana, a arreata completa para atrelagem de charrete deve ser usada, repetindo o treinamento ao passo e marcha durante dois dias. Estando o animal calmo, a próxima etapa é prender os varais da charrete, cabresteando o animal sem o condutor, ao passo e depois na marcha, durante mais dois dias. Daí, estaremosna terceira semana do treinamento, quando o condutor poderá subir na charrete e charretear. No primeiro dia é recomendado que o auxiliar puxe o cabo do cabresto, para prevenir risco do animal disparar, assustado.

Tendo ele passado pelo Método LSA de Adestramento deverá estar respondendo aos comandos vocais de VIRAR!,ÔÔHA!, FASTA!, o quem em muito facilitará o aprendizado no treinamento de atrelagem.

Texto Adaptado. Fonte: Mundo Equino

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MANEJO SANITÁRIO DOS EQÜINOS - PARTE II

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VACINAÇÃO

      A Vacina é a indução de imunidade (produção de anticorpos) em um animal saudável, através da inoculação de vírus inativo, parte do vírus ou bactéria ou o vírus atenuado.

     Muitas são as doenças que acometem os eqüinos e que podem ser prevenidas através da vacinação. Algumas são obrigatórias, outras são zoonoses (afetam também ao homem) e outras são problemas de saúde exclusivos dos eqüinos, mas que podem e devem ser prática comum.

      De uma forma geral, na maioria das doenças que podem ser prevenidas por vacinação, deve-se proceder a um esquema anual de vacinas, iniciando-se em potros aos 4 meses de idade, com reforço após 30 dias e depois anualmente com dose única. No caso de animais adultos em primovacinação (vacinação feita pela primeira vez), também se procede a um reforço após 30 dias e depois anualmente, com dose única. Exceções podem ocorrer dependendo da vacina, então devemos observar atentamente as instruções do fabricante ou ao critério do médico veterinário.

      Para uma boa resposta vacinal, quer seja em potros ou em adultos, os animais devem estar em bom estado nutricional e desparasitados, tanto de ecto como endo-parasitas. Devemos ter um cuidado especial com a assepsia para um esquema efetivo de vacinação. A utilização de agulhas e seringas descartáveis e o local de aplicação limpo é condição fundamental para a boa resposta imune.

     A imunidade ocorre, em geral, após 10 dias da última dose preconizada.

      As principais patologias que afetam o cavalo e que podem ser controladas através da vacinação são descritas a seguir. O esquema de vacinação será descrito em um quadro à parte.

Tétano

     O Tétano é uma doença causada pela toxina do Clostridium tetani caracterizada pelo aparecimento de espasmos musculares e hiper excitabilidade reflexa.

     O C.tetani pode estar presente em qualquer lugar. Este é um dos principais problemas desta afecção. O C.tetani sobrevive na forma esporulada no meio ambiente, por muito tempo, sem necessidade de um animal para se desenvolver. Ele é um agente que vive e se prolifera em meio anaeróbico, isto é, sem a presença de ar, e em condições especiais nos ferimentos.

     Qualquer tipo de ferimento oferece ao esporo do C.tetani um ambiente propício à sua proliferação, desde um cravo mal colocado a um ferimento superficial em cerca de arame farpado. Estas condições fazem parte da rotina diária de qualquer animal, portanto devemos ter cuidado especial para prevenir o tétano.

     Além disso, o tétano é uma doença de difícil cura, sendo seu custo, muitas vezes, impeditivo, além da baixa taxa de recuperação. E esta patologia é facilmente prevenida com a vacinação anual.

     Em casos de ferimentos profundos, em animais vacinados, devemos ainda aplicar uma dose única de soro anti-tetânico que estimula o sistema imunológico do animal e melhora a resposta do organismo. No local, devemos sempre, no primeiro curativo, limpar bem com água corrente e passar água oxigenada (H2O2) que torna o ambiente com alta concentração de oxigênio, que impede a proliferação do C.tetani.

Influenza

     A Influenza ou Gripe Eqüina é uma doença viral, altamente infecciosa, que ataca o sistema respiratório.

     Ela é transmitida por contato direto ou por fômites (material de uso contaminado), caracterizada por tosse seca e úmida (com secreção), mucosa nasal vermelha e com corrimento, lacrimejamento e fotofobia. Pode ter como seqüela a broncopneumonia.

     Devido à sua alta taxa de transmissão e por debilitar intensamente o animal, comprometendo seu desempenho, o doente deve ser isolado e mantido em repouso até o restabelecimento. O tratamento pode ser feito à base de expectorantes, boa alimentação, repouso absoluto e, em casos de suspeita de infecção secundária, podem ser administrados antibióticos.

Encefalomielite

     É uma doença viral infecto-contagiosa caracterizada por sinais neurológicos de perturbação da consciência, disfunção motora e paralisia, transmitida por picadas de insetos ou artrópodes.

     As variedades existentes no Brasil até o presente momento não são transmissíveis ao homem, mas em outros países as variedades encontradas podem afetar o ser humano.

     Por ser altamente contagiosa, de tratamento difícil, deve ser prevenida pela vacinação.

Herpes Vírus

     O herpes Vírus pode causar o Aborto Eqüino em fêmeas prenhes entre o 7º e 10º mês de gestação e Rinopneumonite em animais jovens, além de, em alguns casos, incoordenação motora.

     Não tem tratamento específico trazendo prejuízos de ordem reprodutiva para as fêmeas e debilitando os animais jovens, comprometendo seu desempenho, além destes animais se tornarem transmissores do vírus.

Garrotilho

     É uma enfermidade infecto-contagiosa causada pela bactéria Streptococcus equi, caracterizada por inflamação no trato respiratório superior e abscedação dos linfonodos adjacentes. Esta é a maior diferença clínica observda entre o garrotilho e a influenza, o enfartamento dos linfonodos sub-mandibulares, que ocorre somente no garrotilho.

     A transmissão ocorre por contato direto ou por fômites contaminados.

     Seu tratamento é simples, através de antibioticoterapia. Porém, em casos de rebanhos eqüinos, o custo pode ser elevado, e a vacinação diminui esse custo consideravelmente. Entretanto, a vacinação com vacinas comerciais disponíveis nem sempre é muito efetiva, sendo recomendado um reforço a cada 6 meses; uma solução em um bom manejo é fazer uma auto-vacina. Coleta-se secreção de um animal infectado na propriedade e envia-se a um laboratório para confecção da auto-vacina e vacina-se o rebanho todo com este produto. Deve-se ter o cuidado de isolar o animal contaminado.

     Apesar de ser uma patologia relativamente simples, o não tratamento, que inclui repouso absoluto do animal, pode levar a conseqüências secundárias graves e complicações indesejáveis.

Raiva

     A Raiva é uma das principais doenças que devem ser prevenidas pela vacinação. Além de não ter cura, é transmissível ao homem, podendo levar tanto um como outro à morte.

     A transmissão pode ocorrer por mordida de morcegos, raposas, cães e contato com outros animais contaminados.

     Como não tem cura a única solução é o sacrifício do animal.

     Em alguns estados brasileiros a vacinação está obrigatória, sendo a GTA (Guia de Trânsito Animal) emitida somente com apresentação de atestado de vacinação.

Esquema de Vacinação

Autor: André Cintra

Fonte: Cavalo Criolo Website

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Instalações adequadas

 

Atualmente, a criação de equinos e asininos depende muito da qualidade das instalações utilizadas nesta atividade. Não basta termos um animais de raça e o criarmos completamente solto, sujeito às variações climáticas, frio, chuvas, calor excessivo, etc. Toda a criação deve dispor de instalações para confinamento desses animais, em baias ou boxes. Este tipo de instalação, conhecida como estábulo, é de grande importância para o bom desenvolvimento e a manutenção da saúde dos animais.


O tamanho ideal para uma baia é de 12m² (4x4m). Estas dimensões devem ser respeitadas, para que o animal possa se movimentar com certa liberdade. É na baia que eles deverão ser cuidados e tratados mais diretamente por seus proprietários ou tratadores. A porta do boxe ou cocheira, normalmente, é dividida em dois segmentos, que se abrem de maneira independente: a metade superior e a metade inferior da porta. Isso é feito para que os animais possam colocar sua cabeça para fora e "apreciar" o movimento fora da sua própria baia.


Um aspecto bastante importante na construção das baias é a circulação do ar: deve haver janelas ou um sistema de saídas de ar, para que haja uma boa circulação. As janelas, além de proporcionarem a circulação do ar, permitem que os animais, dentro das baias, tenham acesso à claridade e à luz solar. Como a iluminação das baias deve ser natural, utiliza-se clarabóias, ou seja, telhas translúcidas ou "janelas" na cobertura da cocheira, para mantê-la iluminada durante o dia. A iluminação elétrica só deve ser utilizada à noite, se necessário, quando formos alimentar os animais. Isso deve ser feito somente para que os tratadores possam enxergar, pois os equinos vêem muito bem à noite, com muito pouca luminosidade.


Quando houver mais de uma baia no mesmo estábulo, de preferência, a separação entre os boxes deve ser feita com grades, para que os cavalos possam ver os seus "vizinhos" e manter uma convivência social (jumentos não devem ser postos em baias assim). Isso é muito importante para os animais, pois a convivência com os outros afeta de maneira positiva o temperamento dos cavalos.


Dentro das baias, são colocados os cochos, recipientes utilizados na alimentação e para água. Devem ser colocados a uma altura de 30 a 60cm e os potes devem ter 20 cm de profundidade, para que os animais tenham acesso fácil, ficando em uma posição confortável. Para água, é comum se utilizar um cocho único, com suprimento de água constante e renovável, que atenda a mais de uma baia. Existem, também, os chamados cochos automáticos, bastante práticos. Os cochos devem ser de fácil limpeza e desinfecção, evitando-se a proliferação de fungos, principalmente. Para tal, eles devem ser removíveis e limpos constantemente. O problema mais comum decorrente da contaminação dos cochos por fungos é o aparecimento de problemas gástricos nos animais.


A higiene dentro das baias é de extrema importância para os animais e neste aspecto o piso tem um papel primordial. Existem vários tipos de pisos que os criadores poderão utilizar nas baias, desde o piso de cimento recoberto com serragem ou maravalha, até pisos sintéticos, de borracha ou materiais plásticos. O importante é que este piso seja de fácil limpeza e desinfecção, impedindo a proliferação de bactérias ou fungos. Não é aconselhável a utilização de piso de terra, apesar de ter um custo mais baixo, pois é o que apresenta maior probabilidade de contaminação.

Texto adaptado. Fonte: Ruralnews

sábado, 3 de dezembro de 2011

Proteína X Energia

 

Ao calcularmos os nutrientes fornecidos pelo alimento oferecido aos cavalos, devemos lembrar que a dieta deve ser composta de volumosos (capins, fenos) e concentrados (rações, grãos). Às vezes, os teores de nutrientes dos volumosos, e a variação dos mesmos de acordo com tipo de gramínea, ou mesmo numa mesma gramínea de acordo com a época do ano, não são levados em conta na formulação de um arraçoamento equilibrado. Comprar uma “ração 12% de proteína” não significa que o cavalo estará comendo o equivalente a 12% de proteínas em sua dieta total, mas sim que, a cada quilograma de ração fornecido, o animal está ingerindo 120 g de proteína bruta. Devemos levar ainda em consideração, a qualidade desta proteína que está sendo oferecida, pois é esta qualidade que determina o valor nutricional, em aminoácidos, deste ingrediente.Acima de tudo, o concentrado precisa ser considerado complemento nutricional do volumoso, e não o inverso.

Simplificando – a ração fornece os nutrientes nos quais o pasto e o feno são deficientes – portanto, os eqüinos precisam comer o máximo possível de volumoso. O concentrado deve ser pouco, de boa qualidade e bem equilibrado nutricionalmente. Infelizmente, há em nosso país uma tendência a tentar compensar deficiência de volumoso aumentando o concentrado, bem como de achar que “muito” concentrado de qualidade inferior é melhor para os cavalos do que uma quantidade menor de ração de ótima qualidade.

Assim, ao utilizarmos volumoso rico em proteína (ex.: feno de alfafa, guandú), o complemento deve ser de baixo teor protéico. Para cavalos de esporte, não recomendo volumoso com valor protéico acima de 10-11%, pois fica difícil equilibrar a dieta.Há um “mito de proteína elevada”, onde se considera que alimento bom é aquele com valor protéico elevado. Ração com 15% de proteína é recomendada para éguas em reprodução e potros entre 18 e 36 meses de idade. Outras categorias não têm necessidade deste valor protéico na ração. O trabalho muscular é condicionado ao consumo de energia, e não de proteína. Comparativamente, o cavalo de esporte necessita de cerca de 10 a 20% a mais de proteína que um cavalo em manutenção, e 50% a menos que uma égua em reprodução. Portanto, ao se escolher a melhor dieta para o cavalo, devemos priorizar alimentos energéticos e não protéicos. Proteína, somente em qualidade, com pouca quantidade.Em relação à energia, o cavalo de esporte e trabalho tem uma necessidade energética de 25% a 100% acima do cavalo em manutenção (depende da intensidade do trabalho).

A égua em reprodução, do 1º. ao 8º. mês tem necessidade energética semelhante ao cavalo em manutenção. No 9º. mês esta necessidade se eleva em 10%, no 10º. mês em 13% (em relação à manutenção) e se eleva em 20% em relação à manutenção no 11º. mês.No estado de São Paulo, costuma-se recomendar feno de tífton e coast-cross para cavalos de esporte.

Estes fenos têm sido encontrados, especialmente nos meses de primavera, com valores superiores a 13-14% de proteína, análise feita e comprovada, e muitas vezes exigida pelo proprietário do cavalo. Neste caso, o teor é praticamente equivalente ao de leguminosas (alfafa). Ou seja, os problemas derivados do fornecimento excessivo de proteína (como no caso do uso intenso da alfafa) continuam com um feno deste tipo, ainda que seja de gramínea. As necessidades em proteína e energia são variáveis conforme a categoria animal e devem ser oferecidas de forma a suprir a necessidade do animal, sem deficiências nem excessos. Em termos nutricionais, temos 05 categorias de animais com necessidades diferenciadas, com 11 sub-categorias: Animais em Manutenção, Éguas em Reprodução (Gestação – do 1º. ao 8º. mês e terço final - e Lactação), Potros em Crescimento (Desmame aos 18 meses e dos 18 aos 36 meses de Idade), Garanhões em Monta (Leve, Média e Intensa) e Cavalos de Trabalho (Leve, Médio e Intenso).O manejo moderno de cavalos reproduz um problema muito comum da alimentação humana: ao mesmo tempo em que mundo afora milhões de pessoas não têm o que comer, a epidemia de obesidade ameaça se tornar a doença mais difundida no primeiro mundo. De maneira semelhante, muitas pessoas dispostas a investir no trato de seus animais acabam alimentando-os de maneira excessiva ou desequilibrada, originando uma série de distúrbios desde crônicos até super-agudos, sempre encabeçados pela nossa tão temida cólica. O cavalo tem capacidade de digerir, sem muitos problemas, até 30% de nutrientes além de suas necessidades. Isto vale tanto para energia como para proteína, considerando a dieta total, isto é, tudo aquilo que o cavalo ingere ou recebe em um período de 24 horas. Dietas que oferecem, diariamente, uma quantidade superior a isto podem causar desequilíbrios e levar a problemas desagradáveis.A digestão das rações, grãos e maioria dos suplementos ocorre no estômago e nas porções iniciais do intestino delgado. A capacidade volumétrica do estômago do cavalo é de cerca de 9% do volume possível de seu aparelho digestivo, ficando o Intestino Delgado (ID) com 21% (possui cerca de 20 m de comprimento) e o restante, 70%, é a capacidade do intestino grosso (IG) (ceco e cólon). O estômago e ID realizam uma digestão essencialmente enzimática e o IG uma digestão microbiana. Devido à baixa capacidade volumétrica do estômago, e mesmo do ID, o tempo que o alimento fica sofrendo o processo digestivo é relativamente curto, suficiente para uma dieta em que não haja excesso de concentrado. Quando a dieta é muito rica em grãos, o amido existente nestes grãos não é digerido totalmente nas porções iniciais do aparelho digestivo, indo parar no intestino grosso, onde sofrerá um processo de digestão microbiana. O que antes era enzimático, com ótimo aproveitamento pelo animal para suprir suas necessidades, passa agora a ter ação da microbiota natural.Porém, já que os microorganismos não são “habituados” a lidarem com amido (sendo sua função digerir os carboidratos simples presentes nos volumosos), o processo digestivo passa a ter um componente fermentativo com diversas conseqüências, tais como: * timpanismo por produção excessiva de gases;* diarréias (cavalos que ingerem excesso de óleo e energia possuem fezes mais amolecidas, o que leva à perda de nutrientes e água);* o excesso de gordura saponifica o magnésio, tornando-o indisponível ao organismo, levando a problemas neurológicos e musculares (o magnésio é calmante do sistema nervoso e responsável pelo relaxamento da musculatura);* queda do tônus digestivo levando a contrações e possíveis cólicas;* dilatação do ceco, pelo excesso de gases, levando a cólicas;* degeneração cardíaca, hepática e renal;* e, A MAIS IMPORTANTE DE TODAS: DISMICROBISMO. O dismicrobismo é uma perturbação da flora intestinal, levando a desequilíbrios, com conseqüente diminuição na absorção dos nutrientes, quadros de hepatotoxemias, e, pior de tudo, cólicas e laminites (ou aguamento). O processo ideal de alimentação do cavalo é aquele que mais se aproxima de sua natureza.Em liberdade, com livre acesso aos alimentos volumosos, o cavalo se alimenta por 15 a 18 horas diárias. Somente com feno, este tempo cai para 7 a 8 horas, e se priorizarmos o fornecimento de ração concentrada, este tempo cai para 1 a 2 horas por dia, com conseqüentes distúrbios comportamentais e físicos.Quando fica muito tempo ocioso, sem ter o que comer, o cavalo passa a ter problemas comportamentais com vícios como a pica, isto é, ingestão de substâncias não comuns a sua dieta, como areia, fezes, borracha, porta da baia, etc., Além de aumentar os riscos de cólicas, e alterações em seu humor, ficando mais irritadiço. Claro que a prevenção para isso não é dar comida demais para o cavalo, mas sim de forma equilibrada, priorizando o volumoso e os alimentos energéticos, além de adequar o manejo a esta condição, soltando mais o cavalo, trabalhando-o de forma adequada, etc.Quanto à adequação do manejo, quanto mais fracionarmos o alimento no momento de o darmos ao cavalo, melhor será sua absorção, isto é, se preciso dar 4 kg de ração, e puder oferecer em 04 refeições, o resultado será muito melhor do que se dividir em 02 ou mesmo se der em uma refeição somente. Além disso, quanto mairo for a quantidade de alimento concentrado oferecido de uma só vez, maior será o risco de cólica. Não devo jamais ultrapassar 2,5 kg de ração em uma única refeição (base para um cavalo de 500 kg; cavalos menores, menor quantidade por refeição) sendo ideal trabalhar na faixa de 1,5 kg a 2,0 kg por refeição.Da mesma forma, devo tomar cuidado na adaptação a um novo tipo de alimento. Como já falado no início, a digestão do cavalo é de duas formas, enzimática e microbiana. Cada vez que for introduzir um novo tipo de alimento na dieta do cavalo, devo fazê-lo de forma gradativa, para que a flora intestinal possa se adaptar a este novo tipo de alimento. Esta adaptação deve durar no mínimo 15 dias, podendo se estender até a 30 dias caso necessário. Isto é necessário para se prevenir problemas de cólicas, por exemplo. Por este motivo, é que somente devo modificar a dieta de meu cavalo, modificando drasticamente o volumoso ou concentrado, quando houver disponibilidade de tempo para que meu cavalo se adapte a este novo alimento, caso contrário, corro o risco de queda na performance dele no meio de um campeonato, por exemplo.Também é preciso muito cuidado na escolha de uma marca comercial de ração. A presença de aveia e milho não torna uma ração apta a ser recomendada para cavalos de alta performance. É importante considerar os níveis de garantia do produto, indicados no rótulo, além é claro da confiabilidade da empresa que a produz. Hoje mais que nunca, as aparências das rações enganam muito. Beleza, aparência, não quer dizer qualidade, e é isso que o cavalo precisa, seja de esporte, criação ou somente lazer.

André Galvão CintraMédico Veterinário

Fonte: Equitação Especial