Uma universidade no interior da Venezuela implementou um projeto inusitado para levar livros e incentivar a leitura em vilarejos remotos do interior: criou bibliotecas itinerantes em mulas, ou “bibliomulas”.
A iniciativa atende comunidades remotas na região do Vale do Momboy, no leste da Venezuela, onde fica a região andina do país.
Pelo menos duas mulas são usadas atualmente no projeto. Elas levam, amarradas ao corpo, porta-livros com títulos diversos, que agradam em cheio principalmente às crianças das cidades nas montanhas.
O projeto tem feito tanto sucesso que a instituição responsável pelo projeto, a Universidade do Vale do Momboy, já está transformando as mulas em “cybermulas”, incorporando elementos eletrônicos como laptops e projetores.
“Espalhando alegria”
O repórter da BBC James Ingham acompanhou uma das viagens das bibliomulas, visitando o vilarejo de Calembe.
A mula partiu de Trujillo, uma das cidades do Vale do Momboy, acompanhada de um guia local e de duas líderes do projeto.
Uma jornada de duas horas por meio de uma trilha seca e empoeirada levou até a vila, onde 23 crianças, alunas de uma escola local, rapidamente se aproximaram da biblioteca de quatro patas.
Em questão de minutos, as líderes do projeto estavam lendo para as crianças alguns dos títulos disponíveis.
“Espalhar a alegria de ler é nosso principal objetivo”, disse Christina Vieras, uma delas. “Mas é mais que isso. Nós estamos ajudando a educar as pessoas sobre coisas importantes, como o meio ambiente. Todas as crianças estão plantando árvores. Qualquer coisa que melhore a qualidade de vida e conecte essas comunidades.”
“É ótimo”, disse empolgado José Castillo, de 12 anos. “Eu adoro ler livros e nós ouvimos umas histórias realmente boas.”
Internet
A equipe do projeto brincou com as crianças, as ouviu ler e lanchou com os adultos de Calembe, discutindo com eles como o projeto pode ser ampliado.
Uma idéia é usar as mulas para transportar remédios, que podem ser tão difíceis de conseguir na região.
“Nós queremos instalar modems sem fio embaixo das bananeiras, para que os moradores dos vilarejos possam usar a internet”, disse Robert Ramirez, coordenador da Rede de Escolas Rurais Empreendedoras da universidade.
“Imagine se as pessoas nas cidadezinhas pobres do vale pudessem mandar e-mails dizendo quantos tomates eles vão precisar na semana que vem, ou quanto salsão.”
“Os fazendeiros poderiam responder, dizendo quanto eles poderiam produzir. Seria misturar ‘localização’ com globalização”, completou.
Blog oficial do projeto: http://bibliomulasuvm.blogspot.co.uk/
Fonte: BBC