Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

segunda-feira, 25 de março de 2013

Comportamento Social

 

Obs: Em Portugal é chamam o jumento de burro, como esse artigo é de lá resolvi deixar o texto original, sem alterações.

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Os burros são animais sociais. A um grupo de burros chama-se “burrada”. São animais que possuem uma estrutura social flexível, isto é, nenhum dos membros do grupo é dominante a título permanente. Os machos lutam pelas fêmeas em estro (corresponde ao cio nos machos).

São animais de temperamento dócil, forte e muito inteligentes, que não perdem a sua integridade e personalidade no contacto com os humanos. Segundo alguns especialistas, comparando com a espécie humana, comportam-se como uma criança inteligente de 5/6 anos.


Embora os burros sejam animais independentes, a companhia das pessoas é fundamental e rapidamente criam laços afectivos fortes com os humanos, se lhes for dispensada a atenção de que necessitam.


1. Comunicação visual

Os burros são comunicadores visuais sofisticados, transmitindo muita informação através de pequenas alterações na postura.
Como qualquer aproximação de outro animal pode ser uma potencial ameaça, eles adoptaram alguns comportamentos destinados a apaziguar e a tranquilizar os seus congéneres.


A posição das orelhas é uma parte importante da linguagem corporal do burro. Por exemplo numa ameaça branda, para morder os burros colocam as orelhas para trás e esticam o pescoço em direcção ao oponente, enquanto que durante o cortejo as orelhas estão em pé e viradas para a frente.
Na postura de cumprimento, as orelhas estão em pé e voltadas para frente e geralmente segue-se um toque com o nariz (nariz com nariz), no pescoço, no ombro ou no flanco do animal cumprimentado.


Quando os Burros estão infelizes ou cansados pode-se observar que as suas orelhas ficam deitadas de lado, (na posição horizontal em relação ao corpo).

2. Vocalizações
O tipo de vocalização, que emitem com maior frequência, é um característico Hi-Hõ – o zurro. Mas para além do zurro possuem um reportório variado de vocalizações, nomeadamente, uma espécie de grunhido, considerado uma vocalização agonística (os comportamentos agonísticos têm a função de alterar a distância entre os membros do grupo). Possuem também um tipo de vocalização particular para mostrar desgosto, excitação ou aflição, entre outras.


O zurro ouve-se a uma distância considerável. A título de curiosidade, no México, os Burros são apelidados de “os canários da montanha”, pelos seus zurros que ecoam por toda a montanha.


As funções do zurro são diversas, por exemplo, juntar o grupo, procurar um animal perdido ou advertir sobre o estatuto. As fêmeas em estro zurram com frequência. Os burros também zurram quando em regime de estabulação ou semi-estabulação (o mais aconselhado), acontece um atraso na hora de lhes fornecer alimento.


3. A Resposta de Flehmen
Os burros têm uma via olfactiva secundária que é usada para testar odores, mostrando um comportamento específico, a chamada “resposta de Flehmen”.
Durante a resposta de Flehmen os burros ficam com o pescoço levantado, frequentemente virado para um dos lados, enquanto o lábio superior é puxado e esticado para cima e o lábio inferior é puxado para baixo. Os maxilares inferior e superior ficam juntos com os dentes da frente a descoberto.
Os burros cheiram tanto a urina como as fezes uns dos outros, apresentando de seguida, com frequência a resposta de Flehmen, presumindo-se assim que estas excreções tenham uma função social relevante. É provável que a urina destes animais contenha informações como a receptividade da fêmea, identidade, estatuto, etc.


4. Cuidados prestados à pele e ao pêlo

Os Burros dedicam uma pequena parte do dia a cuidar da pele e do pêlo.
Conseguem chegar a grande parte do corpo por eles próprios. Para cuidar das partes inacessíveis têm estratégias tão interessantes como o grooming ou o acto de se espojar ou ainda o acto de se coçarem e.g. nos troncos/ramos das árvores, nos cantos das paredes de pedra, etc.


4.1 Grooming
Um dos enormes prazeres de ver dois burros juntos é vê-los fazer grooming mútuo.


Uma sessão de grooming mútuo é iniciada por uma aproximação de apaziguamento, em que o animal apresenta as orelhas apontadas para a frente e ocasionalmente a boca ligeiramente aberta tocando no pescoço do companheiro/a. Os dois animais colocam-se lado a lado, em direcções opostas mordiscando as costas um do outro ao longo da coluna vertebral, no pescoço, na crina e noutras partes inacessíveis sem um parceiro. Este ritual pode durar desde alguns minutos até mais de meia hora.


Para além de cuidar da pele, este comportamento afiliativo, dá conforto e tem a função de aproximar os membros do grupo. Os comportamentos afiliativos englobam o acto de cumprimentar, o jogo e o grooming.


Às vezes um dos parceiros faz grooming sem receber. Dois exemplos disso são, quando as progenitoras prestam cuidados ao pêlo da cria ou quando um macho durante o cortejo faz grooming à fêmea.


Estes cuidados prestados apenas num sentido têm tendência a ter uma duração mais curta.


4.2 Comportamento de espojar
O comportamento de espojar consiste em colocar o dorso em contacto com o solo virando-se sucessivamente para um e para outro lado, cobrindo-se de terra/poeira. Tem a função de remover o pêlo que está na muda e eliminar os ectoparasitas (parasitas externos) e com certeza, pelo prazer de coçar as costas. Gostam de fazê-lo em grupo e é frequente ver mais do que um burro a espojar-se ao mesmo tempo. Normalmente têm sítios seleccionados para o fazer.


Se observar um burro a escavar com uma das patas da frente um pedaço de solo nu, pode ter a certeza que instantes depois estará a espojar-se nesse local.


5. Comportamento sexual
As fêmeas dos asininos têm um comportamento sexual muito explícito. A fêmea em estro mostra-se irrequieta, urina mais do que o normal, frequentemente agita mais a cauda, faz um movimento de abrir e fechar a vulva e masca quando em presença ou ao ouvir o zurro de um macho.
O comportamento de mascar, semelhante a um movimento exagerado de mastigação, no qual os lábios superior e inferior nunca se tocam, é um comportamento de submissão (comportamento de aceitação, que serve para manter a ordem no grupo e evitar lutas). A fêmea move as maxilas para cima e para baixo com os dentes maioritariamente cobertos e os cantos da boca puxados para trás. As suas orelhas posicionam-se deitadas de lado e o pescoço fica esticado horizontalmente. A fêmea solicita ser montada colocando-se de costas em direcção a outros burros, fazendo pequenos movimentos de saltos com os quadris.


Um macho testa a receptividade de uma fêmea cheirando os seus genitais e descansando a cabeça nos seus quadris ou empurrando o seu peito contra a garupa (zona compreendida entre a inserção da cauda e o dorso do animal) da fêmea. Os machos também tentam montar fêmeas não receptivas.
Durante a cópula os machos frequentemente mordem o pescoço da fêmea, podendo feri-las com alguma gravidade. Por vezes é necessário ajudar o macho a encaminhar o pénis na direcção certa.


6. Vínculação
Logo após o nascimento forma-se entre a progenitora e a cria um vínculo muito forte, que é essencial para a sua sobrevivência. É com a criação deste vínculo que a progenitora vai prestar cuidados parentais à sua cria e não a outras crias quaisquer. Nos primeiros meses, a progenitora mantém um contacto físico muito próximo com a sua cria. No entanto, o vínculo da cria em direcção à progenitora leva uns dias a estabelecer-se, sendo que durante este período a progenitora posiciona-se sempre entre a cria e os restantes animais, não a deixando entrar em contacto com os outros.


Os cuidados parentais começam logo após o nascimento e prolongam-se até a cria completar aproximadamente um ano ou mais se mãe e cria permanecerem juntas. Estes cuidados incluem deixar a cria mamar, prestação de cuidados à pele e ao pêlo, e.g. grooming, protecção, etc.
Quando as crias são pequenas, enquanto descansam, as progenitoras permanecem junto delas. Quando crescem passam a ser as crias a tomar a iniciativa de permanecer junto da progenitora.

 

Fonte: Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino

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