Bem Vindo ao Blog do Pêga!

Bem Vindo ao Blog do Pêga!

O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

terça-feira, 28 de junho de 2011

Burros e "mulas", e o Jumento é nosso irmão?

image

Dentre as minhas pesquisas como estudante de Técnico em Agropecuária Orgânica pelo CTUR/UFRRJ, me deparei com ricos materiais publicados, até então todos eles seriam “ricos” em informações quando se falava dos muares, logicamente, conteúdos que falavam de suas origens, do comportamento, importância econômica e cultural, além da necessidade quase exclusiva desses animais em determinadas regiões. Material esse de pesquisas cientifica e pedagógica, todos com linguagens técnicas e simples onde se podia deparar com inúmeras informações importantes para que pudessem ser utilizadas em meus conhecimentos e de colegas estudantes, pois durante o curso, nas disciplinas “Bases da Produção” e “Grandes Animais”, sendo os eqüídeos como tema principal.


Muitas foram das informações assimiladas nestes conteúdos. Até que me deparei com publicações, que pelo seu caráter informativo seriam absurdas quando se falava do tema, tais como: “Os burros são uma fonte de energia desvalorizada em grande parte do mundo” ou “As mulas são provenientes do cruzamento da égua com o burro” (o burro é um híbrido e já mais se reproduziria), além de citações como “o burro é o meio ideal de transporte para os doentes, os velhos, as crianças debilitadas e muito pequenas”, ou ainda “Os jegues estão marchando na contramão da História”. Acredito que esses “cientistas” e estudiosos do assunto não puderam ter em suas teses a visão e o respeito com tais animais, ou simplesmente, ter em suas mãos livros como “Muares: Tema Transversal para o Ensino Médio e Técnico em Agropecuária” do Programa de Pós-graduação em Educação Agrícola da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro de Valter Barbosa de Oliveira, Professor Mestre em Educação Agrícola.


Uma visão respeitosa nos foi dado em sala de aulas, talvez tenha vindo tardiamente como fonte de pesquisa para que esses “cientistas” e estudiosos pudessem mudar e entender, a pluralidade cultural dos muares. Não fazemos aqui críticas, está além de nosso conhecimento, mais observações, para que assuntos de tal natureza não caiam como “bombas” pedagógicas ou assustem com historias da “mula-sem-cabeça” estudantes e apreciadores do tema muar e se transformem em informações nocivas ao tema abordado.
Aprendemos com o tema muar, que não só o fator econômico ao logo da historia tenha sido o ponto fundamental em nosso País, pois, além disso, aprimoramos o nosso conhecimento e visões respeitosas. Ao nos deparar com um simples cidadão que usa os muares como fonte de sobrevivência e ponto de sustentação de sua família, nos faz refletir a vida como ela é.


Em minhas pesquisas e leituras, me deparei com textos e afirmações infelizes, tais como: “Os jegues estão marchando na contramão da História”, disse Geraldo de Macedo, Secretário de Agricultura de Currais Novos, no Rio Grande do Norte (Revista Época -26 de agosto, 2002), talvez ele, não foi tão infeliz em sua afirmação, pois usou do momento oportuno, a política de atualidades.


Para o antropólogo baiano Roberto Albergaria, o motivo para o abandono do jegue é mais simbólico que econômico. “O fim do jumento é o fim do mundo agrário tradicional, com seu ritmo lento. Agora é o ritmo da moto, da cidade.” Prova disso é que acabou o tempo em que presidenciáveis que se deixavam fotografar em cima de jumentos – o então candidato Fernando Henrique Cardoso chegou a criar polêmica em 1994, ao dizer que não havia montado num jegue, e sim num cavalo, fugindo do seu conhecimento Catedrático e do simbolismo cultural dos asininos.


O oportunismo de forma inteligente possa ter sido usado em 1998 pelo saudoso Engenheiro Agrimensor Drº Itagiba de Moura Brizola e o então metalúrgico Luiz Inácio, que em 1952, escapou da miséria do sertão Pernambucano, não possam ter esquecidos de suas raízes, a ponto de ignorar o jegue nosso de cada dia, e se deixaram fotografar.


Publicado na revista Época, um artigo de Tiago Cordeiro, de Salvador diz: - Durante séculos o jegue foi o animal de estimação oficial das famílias do sertão. Era o amigo, o companheiro de trabalho, o meio de transporte capaz de buscar água no riacho próximo e voltar sozinho. O patrimônio mais valioso que um pai podia deixar para o filho. Isso acabou. Hoje é possível comprar um jumento por Cr$ 1,00 enquanto uma galinha custa sete vezes mais. O jegue está tão fora de moda que seus donos agora o esquecem na beira de alguma estrada, onde acaba causando acidentes. O desprezo pelo jumento é resultado da urbanização das cidades do interior do Nordeste. Por mais pobre que seja a família, hoje se pode comprar uma moto com apenas Cr$ 60,00 mensais. Carros aposentados nas capitais, como Caravans, Brasílias e Chevettes, são negociados por Cr$ 400,00.


Os veículos (motorizados), por piores que sejam, são mais rápidos, agüentam mais peso e não empacam (mais enguiçam). Funcionários de prefeituras são destacados em grupos para recolher os jegues sem dono que vagam pela cidade. Na caatinga, o que era uma grande vantagem virou problema. O jumento sobrevive nas situações mais difíceis. As pessoas se desfazem dele, mas ele fica vadiando pela cidade e invade as lavouras.
Os bichos capturados são levados para o interior da Paraíba, onde são vendidos a preço de banana. Outras prefeituras são menos politicamente corretas – na calada da noite enchem carretas com jegues para abandoná-los na cidade vizinha, que fará o mesmo no dia seguinte. A prefeitura de Guamaré, no Rio Grande do Norte, foi mais radical: proibiu a entrada de jumentos. Nas entradas da cidade, pôs guaritas com PMs para bloquear os quadrúpedes invasores. Nas capitais, os burros praticamente desapareceram. Em Salvador, só existem na periferia, geralmente usados por pequenas lojas de material de construção. “O pessoal compra areia ou cimento para melhorar a casa e a gente faz a entrega com ele”, explica Demetrius de Brito, dono da loja O Casarão da Construção e do jegue Algodão Doce.


Em 1967, havia 2,7 milhões de jumentos no Nordeste. Hoje, existem apenas 1,2 milhão No sertão, o preço de uma galinha poedeira é de R$ 7,00 enquanto um burro pode ser comprado por apenas R$ 1,00. Não é a primeira vez que o bicho está ameaçado. Na década de 60, sua carne passou a ser exportada para a França e o Japão, onde é bastante apreciada, e o número de animais caiu pela metade em sete anos. “Tivemos de fazer uma campanha de conscientização para evitar que eles acabassem”, reclama Fernando Viana Nobre, presidente da Associação Brasileira de Criadores do Jumento Nordestino. Mas a atual crise é pior, explica outro defensor do animal, o padre cearense Antonio Batista Vieira, de 83 anos, autor do livro O Jumento, Nosso Irmão, que inspirou até música de Luiz Gonzaga. “Antes as pessoas encontravam um jegue solto na rua e já queriam vender para o matadouro. Agora, eles ficam aí, abandonados. É muito triste.” Ele explica que os bichos já não servem nem para a exportação, porque o mercado globalizado agora compra jegues africanos, ainda mais baratos que os brasileiros.


Para defender o bicho, o padre Vieira coordena, há 30 anos, o Clube Mundial dos Jumentos, que já recebeu apoio até da atriz e ecologista francesa Brigitte Bardot. “A situação é triste porque tudo o que existe neste Nordeste foi feito no lombo do jumento”, ecoa Viana. O poeta popular Patativa do Assaré homenageou o companheiro eqüídeo no poema “Meu Caro Jumento”. Em Santana do Ipanema, em Alagoas, a estátua de um jumento na entrada da cidade homenageia o bicho que buscou água no poço local antes da chegada das bombas d'água. Em Panelas, em Pernambuco, faz um festival que inclui corrida de jegues e uma cerimônia na qual o animal vencedor é coroado Rei da Cidade, fecha o artigo.


Não podemos aqui discutir ou modificar comportamentos culturais, econômicos e nem tão pouco contestar publicações cientificas e jornalísticas, não temos esse poder, podemos sim, é transmitir a verdadeira visão que os ensinamentos possam contribuir, sobretudo com o tema muar, independente de sua regionalidade.


Portanto, encantado com a diversidade do assunto e os ensinamentos, contribuirei também com as peculiaridades e curiosidades sobre diversos temas, como por exemplo, conhecer o jumento apicultor.

Autor: João Felix Vieira – Rio de Janeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário