Bem Vindo ao Blog do Pêga!
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
sábado, 10 de março de 2012
sexta-feira, 9 de março de 2012
Filhote de Mula engana a genética
É um acontecimento tão raro que os romanos tinham um ditado que dizia, "quando a mula der cria" que é o equivalente ao atual "quando o inferno congelar"
Larry Amos, fazendeiro de Colbran assiste enquanto o filhote faz carinho na mãe Kate, uma mula de 7 anos que deu a luz três meses atrás, ao filhote, que é considerado um milagre, e que ainda não tem nome. Testes genéticos confirmaram que o filhote é realmente de Kate. (Ed Kosmicki | Special para o The Post)
Colbran – Quando aconteceu no Marrocos cinco anos atrás, as pessoas que moravam por perto acharam que era um sinal do fim do mundo. Na Albania em 1994, pensaram que um filhote que tinha nascido de uma mula era o filho do diabo que tinha sido lançado na pequena vila.
Mas no rancho Grand Mesa, o um em um milhão, caso geneticamente impossível de uma mula dar a luz a um filhote dela mesma, apenas levantou um grande interesse da comunidade científica. E, claro, também dos curiosos, que estão aparecendo na pequena cidade de Colbran para ver e tirar fotos do filhote.
"Ninguém fugiu de medo até agora," riu Laura Amos, a dona do filhote, junto com seu marido, Larry.
O filhote está sendo considerado um milhagre porque as mulas supostamente não podem ter filhotes. Mulas são hibridas de duas espécies – da égua e do jumento – o que faz com que tenham um número ímpar de cromossomos. O cavalo tem 64 cromossomos e o jumento tem 62. A mule herdou 63. Um número par de cromossomos é necessário para se dividir em dois e reproduzir.
Mas esses números se tornaram irrelevantes em Abril quando os Amos acordaram com com o barulho que vinha do curral atrás da casa deles.
Correndo para o resgate
Eles viram que havia um filhote olhando por baixo de uma das suas mulas pretas favoritas, Kate. Eles correram para salvar o filhote dos burros que estavam tentando pisotear o pequeno, e das outras mulas que estavam tentando roubar ele.
Então os Amos começaram a se perguntar como que aquele filhote poderia existir, já que mulas são estéreis, um fenômeno primeiro descrito pelo fisósofo grego Aristoteles.
Os Amos, que tem cerca de 100 cavalos e mulas sabiam que o que eles estavam vendo era considerado sientificamente impossivel – hoje ou na grécia antiga. Eles começaram a pesquisar e descobriram que no último século foram registrados cerca de 50 casos de mulas dando cria. Apenas dois desses foram testados e provados geneticamente.
É um acontecimento tão raro que os romanos tinham um ditado que dizia, "cum mula peperit," que significa "quando a mula der cria" que é o equivalente ao atual "quando o inferno congelar".
Testes geneticos na University of Kentucky e na University of California em Davis confirmaram que Kate é sim uma mula, e que o filhote ainda sem nome é realmente dela. Com isso foram descartados alguns fatores que explicaram alguns nascimentos de filhotes que haviam sido atribuidos a mulas. Essas mulas haviam roubado o filhote, ou elasnão eram mulas realmente, eram jumentas ou éguas parecidas com mulas.
Agora os Amos estão esperando por um teste de cromossomos da University of California para determinar exatamente o que é o filhote que está crescendo no seu curral. Ele pode ter um pouco de cavalo e uma grande parte de jumento, ou ele pode ser em sua maior parte cavalo, com só um pouco dos genes do jumento.
"Ele se parece com um jumento agora, mas todos eles se parecem nessa idade," disse Larry Amos.
Descoberta Surpreendente
Dr. Oliver Ryder, sócio-diretor da divisão de Conservação e Pesquisa de Espécies em Extinção do Zoológico de San Diego, disse que a resposta de como Kate pode ter tido um filhote pode ser surpreendente. Existiam descobertas bem inesperadas – e ainda sem explicação – de quando uma mula deu a luz a dois filhotes em Nebraska em meados da década de 80. O caso teve grande repercussão local e uma grande investigação foi feita, incluindo o primeiro teste genético feito em um filhote de mula.
Ryder disse que os testes, no caso de Nebraska, mostrou que não havia nenhuma evidênciaa de que a mãe passou qualquer marcador genético do seu pai – um jumento que também era pai dos filhotes. O fenômeno é chamado "transmissão hemiclonal", que em termos simples significa que os genes da égua cancelaram os genes do macho como se eles nem sequer existissem.
Esse fenómeno tem sido observado em anfíbios, mas não em mamíferos.
"Não ocorreu recombinações. Não houve rearranjo. Olhamos marcadores em cada cromossomo", disse Ryder. "Este foi um achado extremamente inesperado."
Outro caso famoso, mas sem nenhuma documentação cientifica ocorreu em Texas A&M na década de 20. Uma mula pariu uma mulinha quando cruzou com um jumento e depois teve um potro quando cruzou com um cavalo.
Ryder diz ser "fascinado por este fenômeno" e está ansioso para aprender mais com o filhote dos Amos.
Assim como a publicação "Mules and More," que está fazendo um concurso para dar um nome ao filhote e que prometeu aos leitores dar novidades regurlamente sobre o assunto.
Os Amos ainda estão confusos. Eles não sabiam que ela estava grávida quando compraram ela e outras nove mulas de um criador em Pleasant Plains, Ark., no final do verão passado. Ela trabalhou como animal de carga por todo o inverno, e ninguém notou que ela estava grávida quando foi trazida de volta na primavera. Eles estavam todos gordos depois de um inverno com bastante comida boa.
Os Amos estão pensando em colocar Kate para cruzar novamente. Eles querem ver se o “milagre” vai acontecer uma segunda vez. Eles dizem que não tem nenhum medo de que o acontecimento vá trazer o fim do mundo.
Fonte: Nancy Lofholm, Denver Post 07/26/2007
segunda-feira, 5 de março de 2012
Burros e mulas são as principais atrações de encontro em Feira de Santana – Bahia Rural
Assista o video da reportagem do Bahia Rural em:
Fonte: Bahia Rural 04/03/2012
sábado, 3 de março de 2012
Burro moderniza produção de café na Serra da Canastra, MG
O repórter Nélson Araújo encontrou a novidade.
Globo Rural reapresenta melhores reportagens de 2011.
Berço do Rio São Francisco, a Serra da Canastra, em Minas Gerais, é conhecida por suas nascentes cristalinas, as cachoeiras cinematográficas, os vastos chapadões e o saboroso queijo tipo Canastra.
Não deve demorar muito, você vai ouvir falar também do café da Canastra, o clima local é bastante favorável ao café de qualidade. Nos últimos 10 anos, a cultura cresceu na região de dois milhões para 30 milhões de pés.
Alessandro de Oliveira é um agrônomo que virou cafeicultor e passou a ser também pesquisador por sua conta e risco nas próprias fazendas.
A tropa de passeio é consequência dos experimentos que ele desenvolve no município de São Roque de Minas. Do mesmo jeito que se une o útil ao agradável, se une o agradável ao útil. A mesma mula que leva o pessoal para passear é treinada para o serviço no café. Animal de lazer no fim de semana, em dia normal, a tropa é de trabalho.
Na movimentação da fazenda, o antigo e o moderno se misturam, tem muita máquina, mas a presença dos animais também é constante. O início de uma jornada cria um visual bem fora do padrão costumeiro das fazendas de café. O vai-e-vem das burradas puxando as carroças lembra um desfile de alegorias, um cortejo inusitado de engenhocas boladas e adaptadas para vários tipos de serviço.
Para a aplicação de defensivos, inicialmente os trabalhos eram feitos com uma bomba motor bem barulhenta, modelo que evoluiu para uma máquina silenciosa e simples.
Num ritmo e balanço típicos de charrete, o equipamento se embrenha leira afora na mesma toada de um trator. De baixo impacto, o produto é sistêmico e injetado debaixo da saia, no pé da planta.
A rua de café é bem estreita. No estande convencional, a distância entre as linhas de plantas é de três e meio a quatro metros para facilitar a passagem dos tratores. Aqui, a distribuição foi reduzida para dois metros e meio, para caber mais plantas por hectare. Oito mil no estreito contra no máximo cinco mil no largo. A ideia é produzir mais grãos, porém com um inconveniente: quando o café cresce, o trator não passa, daí entra a mula. Não havia no mercado animal com a velocidade e o passo requeridos e nem com a destreza para puxar equipamentos que não existiam.
Uma oficina foi instalada para desenvolver apetrechos, tralhas, ferramentas, adaptar máquinas. Um jumento foi adquirido de temperamento fogoso, mas andamento macio.
Assista ao vídeo com a reportagem completa e veja o haras que tomou corpo no meio das lavouras de café e como deve ser o perfil do animal.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Burro albino gera curiosidade em São Paulo
Animal requer cuidados com o sol, devido a pele frágil.
Chances disso acontecer são de 25%.
Um caso raro nas cocheiras de Promissão, interior de São Paulo. O cruzamento de uma égua pintada com um jumento resultou no nascimento de um burro albino. O animal precisa de cuidados especiais e chega a ser rosado de tão branco que é.
É na sombra de alguma árvore que ele passa a maior parte do dia. Cuidado que o domador toma porque já percebeu que o sol forte incomoda o animal. Apesar do tratamento diferenciado dá pra reparar que as orelhas do burro estão com feridas. Elas descascaram por causa do sol.
Todo o pelo do corpo e cascos são brancos. Em algumas partes dá pra ver a pele rosada do animal. O curioso é que apenas os olhos são escuros. O burro ganhou o nome de xodó.
No interior de São Paulo, um burro é comercializado por R$ 5 mil em média. Apesar do xodó apresentar uma série de qualidades, ele tem baixo valor de mercado.
A geração de um animal como esse só é possível quando a mãe e o pai possuem algum gene albino. Mesmo assim, a chance disso acontecer é de apenas 25%. "O animal tem o gene recessivo para albinismo. Os pais têm o gene recessivo que quando eles se unem eles podem manifestar o albinismo. Em quatro crias, uma das crias pode nascer o albino. Esses genes podem não manifestar nos pais, mas quando eles se unem manifesta o albinismo", explica o veterinário Paulo Roberto Pinto.
O veterinário explica ainda que é fundamental evitar o sol para garantir a longevidade do animal. Um burro vive até 50 anos. "A pele despigmentada não produz melanina que é essa pigmentação que protege contra os raios ultravioletas do sol. Como não tem isso, por uma falha de reação, então não pode tomar sol direto. São animais que têm uma propensão muito grande de adquirir câncer de pele".
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Mais de 200 burros e mulas desfilam em Feira de Santana, na BA
Montadores exibiram a boa forma dos animais.
Estado concentra o maior rebanho de burros e mulas do Brasil.
Video:
Os burros e mulas tomaram as ruas de Feira de Santana, na Bahia, no fim de semana. Durante um encontro de muares, os criadores aproveitaram para desfilar com os animais para incentivar a criação no estado, que já concentra o maior rebanho do país.
Este foi o terceiro encontro de criadores de burros e mulas, animais também conhecidos como muares, que é o resultado do cruzamento da égua com o jegue. Os muares estão sendo muito valorizados no interior da Bahia. A criação, que não exige muitos recursos, é mais barata e os animais são bem mais resistentes do que os cavalos.
Os animais são domesticados, bonitos e muito bem tratados como o burro Nego Rico, nome que ganhou carinhosamente do dono, o criador Carlos Alberto Souza. Nego Rico vale mais de R$ 50 mil reais.
De acordo com o IBGE e a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, o estado concentra o maior rebanho de burros e mulas do Brasil, com 291 mil cabeças, o que representa quase 23% do rebanho nacional.
Mais de 200 burros e mulas desfilaram pelas ruas de Feira de Santana em 30 quilômetros de marcha que chamavam a atenção por onde passavam. Ao som da entoada, os montadores exibiram a boa forma dos animais e se divertiram durante desfile.
Fonte: Globo Rural 27/02/2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Andarilho - Tropeiros
Programa Andarilho, exibido na TV Cultura de Itabira, sobre o tropeirismo. As gravações foram realizadas durante a Festa do Museu do Tropeiro, em Ipoema - MG. O evento é uma das principais manifestações culturais da Estrada Real.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Novas Andanças: Tração animal
Transporte e distribuição de forrageiras - Ilha de Paquetá
Temos consciência que nesta série, iremos tocar num assunto complexo, em sobremaneira, polêmico, tendo em vista, aos confrontos de opiniões de técnicos especialistas e agentes de instituições humanitárias em devesa do bem estar dos animais. Além das ações contrárias, há uma resistência a intender as necessidades de se ainda manter a utilização e o aproveitamento da força motriz de equídeos. Não somos contrários da utilização. Entendemos e respeitamos as ações contra o trabalho e utilização de animais de tração, no entanto, não podemos descartar a importância econômica das atividades. Não somos especialistas para discutir aspectos jurídicos, sociais e pedagógicos sobre o tema.
Em todo o país, a utilização de equídeos não é somente pelo grande desemprego e necessidade de alta qualificação do homem para a manutenção no mercado de trabalho, é também, por questão cultural. Sabemos que nos dias de hoje, tem-se visto aumento cada vez maior de subempregos, carroceiros e charreteiros, por exemplos. Nesta situação, é fato a “empregação” de animais como força de tração, tanto no meio rural, quanto no meio urbano, muitas vezes colocando os animais em condições inadequadas, subnutridos e mal manejados.
Para alguns, que tentam justificar e não aceitam, é uma mal necessário! É certo que não é tolerável à crueldade e os maus tratos, que por falta de orientação, proprietários colocam para trabalhar animais esquálidos e fadigados até o limite de suas forças. Outros ainda, não aceitam, a tração animal como meio legitimo de sobrevivência das pessoas pobres ou daquelas para qual no subemprego, a atividade tornou-se o único meio de vida.
Não podemos culpar somente os maus utilizadores dos animais “trabalhadores”, mais também, quem os autoriza e fiscaliza na circulação e uso. Antes mesmo de se proibir no uso, faz-se necessário à orientação técnica para o manejo. A diversidade de leis e regulamentos às vezes confundem os que apreciam ou necessitam dos animais como meio de sobrevivência. As regulamentações e fiscalizações fazem-se necessários, visando não somente a circulação, mais principalmente a sanidade e tempo de trabalho dos animais.
Além da Constitucional Federal (Artigo 225 & 1º - VII) e da Lei Federal de Crimes Ambiental nº 9605/98 (artigo 32), também podemos lembrar a Lei nº 7.291 de 19 de dezembro de 1984 (Artigo 2º “a”) - A criação de equídeo no Território Nacional compreende as medidas consideradas necessárias ao desenvolvimento das atividades agropecuárias, militares e desportivas, bem como de interesse para a economia nacional. Equídeo de serviço, aquele que se destina às lides rurais e militares, ao transporte e à tração. Existem também nos estados e municípios, distintas leis criadas que protegem os equinos dos maus tratos de seus donos. Preferimos fazer o uso do termo equídeos, pois englobam animais domesticados do gênero Equus, (equinos, asininos e os muares).
Como extensas e divergentes nas aplicações, com imposições polêmicas até, nossa série Novas Andanças – Animais de Tração, não se alongará, nem entrará no mérito dos termos das leis, pois cabe a cada um, apreciar ou contestar a aplicação de cada uma. Mostraremos nesse blog apenas como vivem e trabalham os animais (equídeos) nos municípios do Rio de janeiro (Ilha de Paquetá), Nova Iguaçu e Queimados e outros.
Antes mesmo que pudesse prosseguir com essa série, já recebemos e-mail’s e comentários contestando a utilização e o aproveitamento da força motriz de animais. Não cessaremos as postagens e não publicaremos os comentários.
Quando resolvemos postar aqui a série Novas andanças: Tração Animal, sabíamos que poderia ser um assunto delicado, se não polemico. Logicamente e se perceber, que não é contestação de abordagens que falam sobre o tema, mais cabe analisar algumas, tendo em vista á várias visões e opiniões, sobretudo, nas publicações cientificas. O tema é de grande interesse estudantil, pois nele é que se adquiri conhecimentos através da interdisciplinaridade. Segundo Sanchez (2002), na interdisciplinaridade, é exercido diferente domínio da atividade humana cientifica, técnica profissional e acadêmica.
Em Novas andanças: Tração Animal, trataremos apenas, o que pode ser chamado de “exercício da atividade técnica profissional”. Entendemos que nesse contexto, está inserida, a ênfase da importância econômica e da pluralidade cultural dos animais domesticados do gênero Equus, (equinos, asininos e os muares). A pluralidade cultural é um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/MEC). Como a sociedade brasileira é formada por diversas etnias, o desafio é respeitar os diferentes grupos e culturas que compõem o mosaico étnico brasileiro, incentivando o convívio dos diversos grupos e fazer dessa característica um fator de enriquecimento cultural econômico.
A pluralidade cultural é um tema especialmente importante. Para os muares, Oliveira (2006) opina, que em todas as modalidades e serviços o interrelacionamento e a misturas de culturas reforçam essa pluralidade, pois em todas as modalidades, tipos e serviços em que são utilizados, observam-se excelente desempenho produtivo, além da geração de milhares de empregos e riquezas, nas fabricas de insumos, de selarias, de carroças, implementos agrícolas, na lida com o gado e no transporte de variadas cargas. Estão presentes no transporte de alimentos, nas cavalgadas, feiras de exposição, concursos de marchas, romarias religiosas, no esporte, lazer e estudos científicos.
Nos grandes centros urbanos, uma das atividades que mais cresce é a utilização de equínos de tração para o recolhimento e destino do lixo e entulhos produzidos. Dessa forma, o animal de tração surge como uma ferramenta de trabalho indispensável, cuja saúde e longevidade devem ser observadas (Rezende, 2004). Como consequência, os animais são exigidos acima de seus limites naturais (Goodship e Birch, 2001).
Na atualidade, discutem-se e citam-se apenas os “equinos” na utilização de animais de tração no âmbito rural e urbano, como uma alternativa mais econômica. Nas literaturas consultadas, não foram encontrados trabalhos consistentes que englobassem os equídeos e que pudesse ser discutida a relação à sua utilização no ambiente urbano (carroceiros e charreteiros) e à interação saúde e carga de trabalho do conjunto (animal e homem). As características apresentadas por um animal de trabalho são o produto de vários fatores aos quais ele está submetido, como clima, manejo, treinamento, tipo de arreamento, superfície de trabalho e genética (Jones, 1987). A idade, a conformação inadequada, o casqueamento incorreto (Ruohoniemi et al., 1997), a nutrição, o condutor do animal e a finalidade (salto ou tração).
No Rio de Janeiro, nos “dias de hoje”, os equídeos, são utilizados até como opção no transporte regulamentado e alternativo de passageiros, como é o caso do município de Queimados. Entrega de materiais de construção nos bairros do município de Nova Iguaçu e no centro histórico de Paraty. Transporte de moradores, turistas e forrageiras para os animais de trabalho e de montaria de policiais militares, na segurança da Ilha de Paquetá.
Portanto, a importância econômica dos equídeos, não é desprezível para o desenvolvimento do país, mesmo em pleno século XXI, com todas as tecnologias. É preciso que essa importância seja vista e revista, pois ainda, no lombo dos equídeos a economia do País, caminha a passos firmes como é de suas características.
Antes mesmo de expor aqui a nossa visão da importância econômica dos Carroceiros e Charreteiros, devemos antes de tudo, fazer algumas citações para melhor ilustrar o que vamos mostrar nas próximas postagens em relação à utilização dos Equídeos como “ferramenta” de trabalho.
Como afirma o Professor Otavio Domingues (Introdução a Zootecnia, 1960), os animais domésticos vivem e se multiplicam graças às funções fisiológicas peculiares aos órgãos de que são constituídos, e algumas dessas funções podem ser utilizadas pelo homem, que passou a tirar delas determinado proveito. Essa função resulta de uma utilidade ou serviço para o homem ao longo dos tempos, desde a sua inicial existência, são chamadas funções produtivas ou funções econômicas, ou ainda, funções zootécnicas.
A função econômica ou produtiva, nada mais é do que uma função que dá margem a uma utilidade para proveito do homem. Hoje, através do avanço da ciência, respeita-se o bem estar animal, ampliando mais a utilidade do próprio animal e também ao homem. Um bom exemplo, a função da qual resulta a força motriz.
É o caso do aproveitamento do Cavalo, do Jumento e seus híbridos. Dos híbridos, os Muares como “motor vivo” para transporte ou tração. Além desses, o Boi, o Búfalo, o Camelo, a Rena e até o Cão em menor escala são empregados.
O Professor Valter Barbosa de Oliveira (Muares: Tema Transversal para o Ensino Médio e Técnico em Agropecuária, 2ª Edição – 2007) – A pluralidade cultural com os muares - Propõe a possibilidade de desenvolver uma educação com valores culturais regionais no ensino médio de nível técnico, pois é impregnada a matéria dos saberes. Dentro de um estudo multidisciplinar pode-se, por exemplo, fazer um planejamento onde a interdisciplinaridade e transversalidade proporcionem uma abordagem sobre os muares como tema transversal juntamente com as disciplinas do ensino médio, utilizando exemplos práticos de assuntos relacionados, no caso, os muares.Como bons exemplos disciplinares citados: nas Ciências da Natureza, a disciplina Matemática e suas Tecnologias, podem-se desenvolver cálculos de áreas, necessárias para a construção de instalações zootécnicas, formação de pastagens, cálculos de ração para a alimentação dos animais, evolução do rebanho e volume de água consumida; Na disciplina Química, podem-se estudar as reações de fermentação durante o transporte de forrageiras; na disciplina Física, pode-se conceituar e exemplificar os movimentos de força na tração, carga e serviços, o efeito do calor da radiação solar sobre o leite transportado em carroças e na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, a disciplina Geografia pode abordar a utilização dos muares nos contrastes topográficos, sua ocupação e também o seu desenvolvimento territorial.
Na mesma contextura disciplinar, o Professor Airton Antônio Castagna (aulas de Agroecologia/Zootecnia/FAGRAM), nos explicava que a agroecologia como produção científica, surgiu (1970) como ciência multidisciplinar, preocupada com a aplicação direta de seus princípios na organização social e no estabelecimento de novas formas de relação entre sociedade e natureza. Citava André Voisin, que dizia que a agricultura é "a ciência das condições locais" (produtividade do pasto). Quem atua neste setor, em especial são aqueles com formação específica em universidades, e não podem ignorar as peculiaridades locais, sob pena de cometerem, como muitos cometem, erros derivados da pretensão de quererem ambiente, econômico e ecológico, adaptado à tecnologia e não o contrário.
Aspectos sociais devem ser considerados e respeitados, pois deles, também, propõe-se o conhecimento dos “saberes local” e a sua conexão com conhecimentos científicos, e a utilização dos equídeos, pode ser sustentável, socialmente justo e economicamente viável.
Antes mesmo de opinar sobre a importância econômica da atividade de Charreteiros no Município de Queimados no Rio de Janeiro, cabe-nos aqui fazer uma breve transcrição da demografia desta cidade e depois colocar a nossa visão técnica.
Emancipado em 1991 do município de Nova Iguaçu e integrado a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o município de Queimados (Baixada Fluminense) ocupa uma área aproximada de 76,921 Km2, margeado pela Presidente Dutra (Km 196,5 sentido Rio x São Paulo - principal acesso), uma das mais importantes rodovias do Brasil, com sistema viário e ferroviário e dado a “proximidade” com a capital torna-se importante. Esta cidade cresce a cada dia em serviços públicos, comércio, indústria e população, por não ter divulgado a oficialização de reforma urbana (não tivemos acesso aos dados) é considerada ainda como área rural (mais não tem expressão na produção agrícola). Como qualquer outra cidade, também tem suas deficiências, como exemplo, no transporte local. Pela distancia do centro e difícil acesso para alguns bairros, por falta de pavimentação, interesse empresarial e politico, alternativas vão surgindo desordenadamente, mesmo que alguns tentam se organizar e regularizar nos moldes da lei (moto táxi e kombis). Entre as alternativas utilizadas pela população para locomoção no município de Queimados é o uso de bicicletas e transportes tracionado por equídeos (carroças e charretes).
O tradicional e mais popular que serve os munícipes, são as 60 charretes puxadas por cavalos, circulando das 03h30min às 23h30min, todos os dias, num trecho de 15 km, do centro ao bairro Nova Cidade (ida e volta), que dura em média 25 minutos, sendo atendidas (segundo os charreteiros) cerca de 500 pessoas, custando Cr$ 1,00 (Hum real) por passageiro. Este “serviço de alta rotatividade” em particular, além de importante, desperta curiosidade e tornou-se uma atração, sendo objeto e inspiração de “escritos” jornalísticos, estudantis, literários e científicos. Emboramente existente por mais de 50 anos, a atividade de Charreteiros do município de Queimados, ao contrário do que se divulgam, não tem uma regulamentação própria. É amparado apenas pela Seção V - Artigo 16 (partes I ao VII) da Lei Ordinária n° 393 de 03 de maio de 1999, que Institui o Código Ambiental do Município de Queimados.
Com o consentimento de alguns trabalhadores charreteiros, fizemos uma averiguação “oficiosa” nos animais, no que concerne ao escore corporal, tratamento utilizado para o manejo de tração, cuidados com alimentação, equipamentos e manutenção, instalações e ambiente para o repouso dos animais. Não fizemos questionários, aplicamos apenas a nossa visão técnica para melhor analisar a importância econômica da atividade naquele município. Pelo que constatamos, carece de orientações básicas para a preservação da sanidade e bem estar dos animais, a garantir a prestação do serviço e manter a tradição, pois apesar dos esforços, são aparentes algumas irregularidades, especialmente, no manejo alimentar, excesso de carga e horas de trabalho. Corrigido isso, evitaria a contestação de ambientalistas e defensores, contrários ao uso de animais para a força motriz, que não consideram os embasamentos científicos com a realidade local.
No próximo post, faremos uma breve abordagem do que apuramos do perfil sócio econômico e demográfico dos trabalhadores charreteiros do Município de Queimados e tecer alguns tópicos da caracterização dos animais, comparando e de acordo com algumas obras publicadas de dados zootécnicos e veterinários e do que apuramos no local.
Foto tirada no Texas - USA, por Richard Rowan - 1989
Não terminado ainda, a série sobre Novas Andanças-Tração animal, e mais uma vez estamos interrompendo para responder os e-mail’s recebidos. No inicio da série, já justificamos a nossa visão sobre a importância econômica e cultural do uso de equídeos utilizados como força motriz. Justificávamos também, não ser especialista para discutir aspectos jurídicos, sociais e pedagógicos sobre o tema. Para aqueles que se manifestaram contrários ao assunto, com seus comentários, sejam no mínimo, descentes em divulgar o nome e sua formação, para que a opinião seja publicada e respeitada.
Este blog é público, e diante dos conteúdos tornou-se fonte de interesse estudantil. Não somos porta-vozes de oprimidos ou daqueles que se descartam da sociedade, não escrutamos e não divulgamos assuntos que não sejam próprios e que não vá além de nossa formação (ensino médio técnico). Não temos o poder de deferir ou indeferir opiniões, somos defectíveis, por isso, temos afeição a todos que acessam este blog e que tecem também as suas opiniões, por tanto, o respeito deve ser recíproco.
Como reposta, não vejo nenhum defensor (nem apresentam soluções), além de só contestar, a aceitar que nos dias de hoje, a exploração de animais de tração pode ter decorrido das desigualdades sociais que gerou e gera pobreza. Estes, que não aceitam a tese de que esse produto é cultural e resultado de um sistema público educacional falho; que ao longo de mais dois séculos, não alcançou a todos, sobre tudo, os desafortunados; que isso poderia ter sido combatido e resolvido, se justa a distribuição de renda; se interesses e programas de governos fossem sérios; que os “ratos” não roessem os cofres públicos deste a colonização; que fosse ofertado ao homem marginalizado à possibilidade de participar dignamente do mercado de trabalho, resgatando-lhe a cidadania perdida e diminuindo, consequentemente, os índices de exclusão social.
Ninguém tem o direito de julgar os atos falhos do homem, mesmo que estes atos se tornem cultural numa sociedade. Ao mesmo tempo que oprimia com trabalho escravo a sua própria espécie, valorizavam e acariciavam os seus animais. Fizeram fortunas com as opressões, os atos falhos ainda não foram corrigidos e tornando-se históricos.
Muitos que contestam aqui a nossa opinião, estão agora se escondendo atrás de uma ONG, gabinete ou escritório, já pensando no final de semana, sair das mansões e ir para suas fazendas ou de um amigo em carros de luxo, ansiosos para cavalgar em caríssimos alazões e depois almoçar um bom churrasco, sem levar conta de que, mesmo com suas fortunas, sem os seus serviçais capacitados ou não e maus remunerados, nada teria sentido, inclusive suas opiniões.
Foto tirada em Goulimine - Marrocos, por Kate Bader - 1989
Os afortunados por seus intelectos:
"Eu tenho pelos animais um respeito egípcio. Penso que eles têm alma. Ainda que rudimentar, e que eles sofrem conscientemente as revoltas contra a injustiça humana. Já vi um burro suspirar como um justo depois de brutalmente esbordoado por um carroceiro que atestara o carro com carga para uma quadriga e queria que o mísero animal o arrancasse do atoleiro" (José do Patrocínio - 1854-1905) - citação de João Guimarães, no livro "Patrocínio, o abolicionista", Edições Melhoramentos, São Paulo, 1967.
A mulinha carregada de latões
vem cedo para a cidade
vagamente assistida pelo leiteiro.
Pára a porta dos fregueses
sem necessidade de palavra
ou chicote.
Só não entrega ela mesma a cada um o seu litro de leite
para não desmoralizar o leiteiro.
Sua cor é sem cor.
Seu andar, o andar de todas as mulas de Minas.
Não tem idade – vem de sempre e de antes –
Nem nome: é mulinha do leite.
É o leite, cumprindo ordem do pasto.
(Poema de Carlos Drummond de Andrade)
Foto tirada em Seropédica - Brasil, por Valter Barbosa- 2004
Estamos prontos para o trabalho. Branquinha, Beleza e Mestiço pastaram e comeram as suas rações, já estão no ponto esperando os passageiros. Eu ainda estou de jejum, nessa vida também sou passageiro e não estou pronto ainda para a viagem.
(Palavras de um charreteiro do município de Queimados)
Os serviços de transporte por tração animal (carroceiros e charreteiros) nas áreas urbanas nos municípios brasileiros merecem atenção especial, por sua importância econômica e social, o município de Queimados no Rio de Janeiro está nesse contexto. Classificado por alguns como ”um mal necessário” e repudiado por defensores de animais, essas atividades, especificamente, não pode deixar de ser uma questão cultural, pois é típico da sociedade, mesmo com os avanços tecnológicos e melhoramento nos tipos de transportes, mais que, no entanto, não atingem a todos, sobre tudo, pela falta de educação escolar, capacitação profissional e altos índices de desemprego. Os grandes centros sofrem com o exame de “incapacitados”, vindos dos municípios, que buscam oportunidades profissionais que não são capazes exercer. O êxodo rural contribui com esse exame, também por incapacitação e da falta de escolaridade. A agroindústria e agropecuária se expandem e há deficiência de mão de obra para esses setores, e isso é fato.
Quando visitamos os Charreteiros de Queimados, podemos confessar aqui, foi por curiosidade, diante da popularidade da atividade, mais logicamente, não podíamos deixar de aplicar a nossa visão técnica, havia um interesse em particular, pois quando estudante do CTUR/UFRRJ, os Equídeos era o tema principal, na disciplina Grandes Animais, muito da realidade nos faltou e seria importante buscar mais conhecimentos, para aprimorar os transmitidos em sala de aulas.
Então, para defender e mostrar as nossas opiniões sobre a importância econômica dos Charreteiros do município de Queimados, fomos buscar essa “realidade”, traçando o perfil desses bravos “trabalhadores” (homem x animal). Referimo-nos apenas aos que trabalham com o transporte alternativo, não há estatística do número de carroceiros que prestam outros serviços e mostrar aqui também a sua importância. Foi preciso interagir, com os charreteiros e usuários, isso nos foi permitido. Por isso mostramos aqui a nossa visão, confeccionamos gráficos, mais não mostraremos aqui as ilustrações.
Numa ordem de 100 – as divisões etárias dos Charreteiros, assim são distribuídas: 30% estão entre 30 a 40 anos; 25% entre 20 a 29 anos, 25% entre 41 a 50 anos; 15% menores de 20 anos e 5% acima dos 50 anos.
Mais de 60% possuem filhos, o que nos mostrou preocupação, 30% deles os filhos estão na faixa de 11 a 15 anos; 25% entre 16 a 20 anos. 15% dessas duas faixas trabalham e 5% na atividade de charreteiros. Os da faixa de 11 a 15 anos, mesmo frequentando a escola, 1% trabalham como charreteiros, no que contraria a lei.
Quanto à escolaridade, 35% tem ensino fundamental incompleto; 30% com ensino médio incompleto; 15% analfabetos completos; 10% analfabetos funcionais e 5% com ensino médio completo.
Quando perguntamos o porque da opção em trabalhar como charreteiro, a justificativas foram as seguintes: 35% justificou a falta de escolaridade para a capacitação para outras atividades; 40% por empregos que exigem profissionalização; 20% a falta de empregos no município e 5% alegam os baixos salários, insuficientes para o sustento de suas famílias, acrescentando a distancia da capital e o preços das passagens.
Há um grande impacto econômico da atividade, 90% tem a atividade de charreteiro como única fonte de renda para o sustento da família; 10% exercem outra atividade e como charreteiro somente nos finais de semana e feriados. Todos residem e são contribuintes de impostos no município e gastam 100% do faturamento no comércio local, inclusive com insumos de suas atividades.
Quanto aos usuários do transporte (passageiros), 100% aprovam. Foram confusas as respostas, tendo em vista, as justificativas: 50% mostram preocupação com o bem estar dos animais, mais alegam necessitar do transporte; 20% não trocariam o tipo de transporte, diante do preço da passagem e a regularidade nos horários; 15% usam, mais mostram preocupação com a segurança pela falta de manutenção das charretes; 10% acham úteis e práticos; 5% acham que deveria estender o serviço para outros bairros e gerar mais mão de obra.
Uma grande preocupação foi notar (não confessaram), o excesso de horas na jornada de trabalho e a execução em outras funções, se não o de transporte de passageiros, por um único animal para outras cargas: materiais recicláveis, mudanças, material de construção, lixos e entulhos. Isso, falaremos no próximo post.
Apesar de que muitos questionam e não ver relevância social e econômica na atividade de charretes como transporte, pelo menos, os parâmetros culturais devem ser discutidos. Não se pode intervir numa atividade, que é notória e que a cada dia vem se tornando cultural, mesmo sem apoio técnico, orientações básicas de manejo dos animais e de outras responsabilidades.
Todos os aspectos devem ser estudados, buscando soluções e colocando a prática num ajustamento de conduta, a garantir não só o bem estar dos animais, mais também, visando a importância e a sobrevivência dos trabalhadores dessa atividade; no meio turístico, em áreas rurais; no meio urbano, como transporte alternativo.
Em nossas andanças, vimos inúmeras irregularidades, tão aparentes, que não precisa ter conhecimento técnico para perceber. Logicamente, algumas carecem de bom censo dos utilizadores dos animais, como por exemplos, evitar “manqueira” por incorreções dos aprumos e dos cascaqueamentos mal feitos e menor frequência da troca das ferraduras gastas; não colocar em atividade animais com rigidez muscular, que provoca dor insuportável pelo excesso de peso e alta jornada de trabalho; animais tronchos, por alta infestação auricular de ectoparasitas (carrapatos). E como isso seria evitado? Com o apoio técnico, orientação com capacitação e um termo de ajustamento de conduta para se cumprir.
Segundo Hotang (1989), o cavalo não pode dizer que se sente mal, mas exprime seu estado, seja uma simples indisposição ou uma dor aguda, através de atitudes que é preciso ser reconhecida, a maioria deles mantém a cabeça baixa, o olhar melancólico e o apetite reduzido. Mostra-se particularmente fraco e fadigado no trabalho. Foi o que notamos na maioria dos animais do Município de Queimados, que não tem comportamento vivaz, são lentos nos intervalos entre as viagens, no que fica difícil diagnosticar o motivo, se por cansaço ou enfermidade. A aparência prostrada em alguns animais é digna de preocupação e exames clínicos detalhados por um veterinário, devem ser feitos para se saber as causas.
Não pudemos fazer perguntas aos charreteiros sobre o manejo profilático dos animais. Como já justificamos anteriormente, foi uma visita para reforçar no nosso conhecimento e visão técnica, não cabia formalismo, além de alguns aspectos, merecer uma assistência técnica especifica em nível superior.
Descrevemos aqui a nossa visão e comparando com conversas informais com os charreteiros, notamos que os animais com comportamento prostrado, 30% são machos, a maioria de seus donos não sabem suas idades. A aquisição desses animais, na maioria das vezes é feita em “rolos”, e são direcionados apenas para o trabalho em charretes. Quando perguntados sobre as femeas, foram reticentes nas respostas, a maioria não tem conhecimentos sobre o controle reprodutivo,“As éguas fica prenha e pari mesmo no pasto” disse um charreteiro, o que demonstra na resposta, desconhecimentos e que não há uma preocupação no processo de reprodução para fins econômicos, e os que nascem, são colocados precocemente no trabalho.
Quanto à alimentação, a nossa frente, ofertarão aos animais um tipo estranho de alimento. Perguntamos o que era aquilo, a resposta foi, “esta sopa é uma mistura que damos na hora dos descansos”.
Muitas foram as perguntas para tentar intender a demanda de irregularidades e não cabe detalhar aqui, apenas citaremos e ilustraremos com algumas fotos (abaixo do texto)), os tópicos preocupantes que comprometem o bem estar dos animais e que são necessárias as correções, para se manter aquela atividade como serviço importante a comunidade, sem questionamentos e contestações.
Não cabe aqui, fazer recomendações, mais é necessário, por parte dos charreteiros, evitar a suposição de conhecimento de manejo, pois muitas atitudes não correspondem à realidade encontrada. A prática nos parece ser, baseadas em informações adquiridas através do tempo e de fatos ocorridos por outros, no que os resultados refletem nos problemas observados, sobre tudo, na sanidade dos animais e nos equipamentos.
Condições de higienização do local de trabalho
Falta de manutenção das charretes
Local de descanso próprio ou cocheiras publicas para os animais
Cochos ou vasilhames individuais para administrar água e alimentos
Controle de ectoparasitas
Para os comentários dessa matéria agradecemos a atenção dos charreteiros e nos parênteses seus animais.
Ubirajara (Boneca); Tiago (Orelhinha); Anderson (Branquinha); Daniel (Mimoso); Mezenga (Moreno); Zé Carlos (Beleza e Brancão); Kátia (Mestiço); Liliane baixinha (Catarina); Alexsandro (Bainho); Lula (Prata); Russo (Queimadinho); Claudinho (Maria); Daniel Gomes (Estrela); Naiba (Fiel); Assis (Forró e Ceguinho); Cezar (Tiziu e Passo longo) e Eduardo Santos (Pretinha).
Novas Andanças – Tração animal - Charreteiros de Queimados e a retrospectiva da história – (Final)
Sabe-se que o século XVI foi início da colonização e desembarque dos primeiros animais domésticos em solo brasileiro. Há quem diga que em 1534, Ana Pimentel, esposa de Martim Afonso de Souza – trouxe vários na caravela "Galga". Escritos asseguram que naquela época o comandante Aires da Cunha introduzira em Pernambuco pouco mais de uma centena de equídeos (cavalos e jumentos) oriundos da Europa. Segundo historiadores, coube a Tomé de Souza, a caminho da Ilha de Cabo Verde, transportar a bordo de sua esquadra o gadovacum.
Muitas são as histórias sobre a utilização de animais, ocorridas durante a colonização brasileira, e que os motivos, eram para que esses animais fossem utilizados para a inclusão e expansão da pecuária, na lavoura, nas expedições bandeirantes e nos transportes em geral. Era com os equídeos que se atravessavam vales e montanhas. No lombo dos muares e dos jumentos, vale lembrar, os colonizadores abriram aquelas que seriam as primeiras estradas brasileiras.
Durante quase quatro séculos os equídeos ajudaram a povoar o sertão, levando o criador e o vaqueiro a se fixarem no interior, ao passo em que também tornavam-se meios de transporte. O surgimento de povoados e desenvolvimento das vilas e das cidades, portanto, muito deve ao trabalho, dos muares, dos eqüinos e dos asininos, embora esses animais nunca tivessem o justo reconhecimento por parte daqueles que lhes tanto exploraram.
Ainda no período colonial e inicio da era republicana, com a difusão dos veículos movidos a tração animal, eram comuns atos de abusos e maus tratos (desculpa de adestramento) cometidos pelos cocheiros, cavalariços e condutores, que eram impunes. Havia a indiscriminada utilização de equídeos, de instrumentos para a submissão dos animais, além das varadas e chicotadas, para que não esmorecessem em seus trabalhos. Vale lembrar, que até trinta anos antes da proclamação da República os bondes do Rio de Janeiro eram puxados por burros, e conduzidos por homens, que certamente, não deveriam ter conhecimentos técnicos dessa profissão.
Já naquela época, havia preocupação com os abusos com os animais. No inicio do século XX, foi editado pelo Governo Provisório o Decreto n. 24.645/34, proibitivo da prática de tratos aos animais. Dentre as condutas passíveis de enquadramento penal foram incluídas as seguintes: praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal, golpeando-o, ferindo-o ou mutilando; manter animais em lugares e trabalhos insalubres; abandonar animal doente ou ferido; atrelar animais, em condições irregulares, nos veículos de tração, bem como infligir-los a castigos imoderados; utilizar dos serviços de animal enfermo e, se sadio, fazê-lo trabalhar sem alimentos suficientes.
De lá para cá, outras leis e decretos foram surgindo, mostrando preocupação com os animais e nada mudou. Nos dias de hoje, alguns municípios brasileiros, impõe proibições ao tráfego de animais de tração em áreas consideradas urbanas. Outros autorizam, mais não fiscalizam, ou simplesmente, não fazem um ajustamento (código) de conduta, visualizando o bem estar do conjunto (homem e animal), no objetivo de valorizar as questões sócio-culturais. Esses objetivos seriam alcançados se todas as obrigações fossem assumidas pelas prefeituras, envolvendo ações conjuntas entre os órgãos de desenvolvimento social, de saúde e de meio ambiente.
Sem dúvidas, há necessidade de controle da circulação de carroças e charretes mediante registro e cadastramento de animais e dos condutores, bem como, também uma análise sócioeconômica das famílias que dependem dessa atividade, os cuidados para com a saúde dos animais utilizados, a coibição dos atos abusivos e, finalmente, uma educação ambiental com transdisciplinaridade e transversalidade que faça despontar em estudantes do ensino fundamental, médio e técnico, não só sentimentos de compaixão, mais entender políticas públicas de proteção ambiental e dos animais, com reflexos sociais e pedagógicos no seio da própria comunidade, inclusive, aquelas atividades que se tornaram culturais.
Não se pretendendo, com isso, proibir a circulação pública de carroças e charretes, nem criar embaraços para que pessoas simples possam sobreviver a seu modo. O que se espera, é que as municipalidades, assumam suas responsabilidades sociais para com os cidadãos que vivem do subemprego, de modo que no futuro ninguém mais precise explorar animais para garantir o próprio sustento.
Visitas técnicas às famílias dos carroceiros e os cadastramentos individuais permitiriam um diagnóstico do problema, priorizando-se a capacitação profissional do desempregado e a inclusão em programas assistenciais.
Com isso, também, se permitiria a identificação do animal usado no veículo de tração, que deverá passar por periódicas avaliações veterinárias e zootécnicas (serviço gratuito). Sua correta aplicação também desestimularia os maus tratos (voluntários e involuntários) dos animais, que por sua natureza, oferecem serviços e estão inclusos em funções produtivas (econômicas e sociais) úteis ao homem em todos os aspectos.
Fonte: tecnicoemagropecuaria.blogspot.com/
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
A hora e a vez do Burro
Valorizados no mercado, mulas e jumentos sempre tiveram papel relevante na história econômica do país
Burro sempre foge de buracos, tocos de árvores e outras “armadilhas” que aparecem em seu caminho. Memoriza trajetos já percorridos e por isso dribla, com maior facilidade, os obstáculos. Apresenta bom desempenho nas cavalgadas noturnas, possuindo senso de direção e de perigo. É perceptivo e torna-se arredio a quem o agride.
Com o perdão do termo, o burro é o filho de uma mãe que tem boas características genéticas. Pelo menos é o que acontece atualmente, na maioria dos criatórios de asininos e muares, que escolhe para o cruzamento éguas de elevada qualidade zootécnica, como as das raças mangalarga marchador e campolina, segundo José Maurílio de Oliveira, superintendente do serviço de registro genealógico da Associação Brasileira dos Criadores de Jumentos Pêga (ABCJPêga), com sede em Belo Horizonte, MG.
“Antigamente os criadores usavam éguas mais fracas”, conta.
Burro dos dias de hoje têm pai com inúmeros atributos zootécnicos. Os jumentos registrados, utilizados nos cruzamentos em criatórios, são 99% da raça Pêga, de acordo com José Maurílio.
Eles transferem aos seus filhos - burros e as fêmeas, mulas, conhecidos como muares - andamento com marcha de tríplice apoio, que é cômoda, macia e confortável; rusticidade, que favorece a adaptação em qualquer região e clima; inteligência, o que explica a memória aguçada e resistência, responsável pela performance em caminhadas de longas distâncias e nos trabalhos diários.
Como se sabe, os muares são estéreis e não têm, portanto, a capacidade de se reproduzirem, sendo gerados pelo cruzamento entre jumentos e éguas. O nascimento em “berços de ouro”, devido às características de alto padrão genético de seus pais, é um dos principais motivos para o crescimento expressivo do interesse pela criação e uso de burros e mulas.
Requisitados - Estes animais são cada vez mais requisitados para o trabalho no campo – com o gado e tração -, cavalgadas, passeios e concursos de marchas, conforme informações de José Maurílio, que é formado em Zootecnia.
O resgate dos asininos (jumentos) e muares - que já tiveram papel relevante na história do desenvolvimento econômico do país – como protagonistas em diversas atividades tem acontecido nos últimos dez anos.
Fonte: Revista Panorama Rural, por Renato Anselmi
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Revista Francesa sobre Jumentos
Enquanto pesquisava na net sobre o que escrever dei de cara com uma revista francesa que lida exclusivamente com jumentos. Aqui no Brasil já tivemos algumas edições especiais sobre jumentos nas Revistas Pedigree, Horse, entre outras… Mas que eu saiba nunca houve uma revista dedicada exclusivamente a jumentos e muares. É uma ideia interessante, há tantos criadores e muladeiros hoje em dia, tenho certeza que seria bem recebida por todos.
Para conhecer a revista Les Cahiers de L’âne (O Jornal do Jumento) siga o link:
http://www.lescahiersdelane.com/
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Noticias Antigas sobre Jumentos 2
19/11/2001 00:00
Os jumentos
O jumento é um animal muito conhecido e utilizado em todo o Brasil. Tradicionalmente utilizado para o transporte de carga e para tração, é um animal que se adapta muito bem à montaria, sendo, muitas vezes, mais indicado que os cavalos para certos trajetos.
É um animal bastante rústico e resistente. Quando há o cruzamento com uma égua ou o cruzamento de uma jumenta com um cavalo, obtemos como resultado os muares.
No Brasil, as principais raças encontradas são:
- Jumento Nordestino - chamado de jegue, é utilizado desde o sul da Bahia até o Maranhão, sendo encontrado, também na região Centro-Oeste. É um animal pouco musculoso, se comparado à outras raças, mas é muito resistente e utilizado para montaria e para o transporte de carga. Sua altura pode variar de 90cm até 1,10m.
- Jumento Pega - Raça tradicional do sul do Estado de Minas Gerais, alcança até 1,30m de altura, é bastante rústico e, além de ser utilizado para carga e montaria, também é muito usado na tração. Pode apresentar pelagem cinza, ruça (branco-sujo) ou avermelhada.
- Jumento Paulista - Esta raça que, como o nome já o diz, é de origem do Estado de são Paulo. As pelagens mais comuns são a avermelhada, tordilha e baia. Há uma semelhança com o Pega, no que diz respeito à sua aptidão para o trabalho, sendo utilizado tanto para montaria, carga ou tração. Além disso, se assemelha ao Pega, também, no porte físico sendo que além da altura semelhante, ambos apresentam lombo curto e musculoso.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Noticias Antigas sobre Jumentos 1
09/04/2008 17:33
Jumento Pega, em boa fase, tem boas expectativas na Superagro 2008
Presença tradicional na Exposição Estadual Agropecuária de Minas, o jumento da raça Pêga participa da 48ª edição do evento numa boa fase de mercado, marcada pela valorização dos preços e aumento da procura por esses animais.
“O mercado está em plena expansão e há criadores que já têm encomenda até 2010”, informa João Lucas Mansur Campos, membro do conselho deliberativo técnico da Associação Brasileira de Criadores de Jumento Pega (ABCJPêga).
Com o mercado favorável, a associação tem boas expectativas para a participação dos animais da raça na Exposição. Em 2008, os expositores pretendem superar os recordes dos anos anteriores, oferecendo maior número de animais e lotes para leilão. De acordo com Campos, os organizadores esperam um aumento de 40% no faturamento com as vendas durante o 5° Leilão dos Associados ABCJPêga, agendado para 7 de junho. Em 2007 o leilão da raça alcançou R$ 484 mil, com média de R$ 9 mil para cada animal. Em 2008, a expectativa é chegar à casa dos R$ 800 mil.
Na Exposição Agropecuária deste ano, a Associação terá 22 expositores de Minas e de outros estados, que apresentarão cerca de 150 animais. Serão disponibilizados 50 lotes para o 5° Leilão. “A Exposição Agropecuária é importante porque viabiliza maior intercâmbio entre criadores e usuários, além de fomentar negócios”, destaca Campos. Ele ressalta que o diferencial da raça está na versatilidade, resistência e no resgate do tropeirismo. “O Pêga é um animal usado para trabalho, concursos de marcha, cavalgadas, lazer e provas funcionais. As mulas campeãs de marcha chegam a faturar até R$ 70 mil por ano em prêmios”, relata.
A Exposição Estadual Agropecuária de Minas vai reunir cerca de 3 mil animais de diversas raças, entre bovinos, eqüinos, caprinos, ovinos e bubalinos. Além das provas funcionais, julgamentos e negócios de compra e venda, a Exposição terá agenda de oito leilões, incluindo bovinos e eqüídeos. O evento faz parte da Superagro Minas, com realização de 2 a 8 de junho. Além da Exposição, a Superagro terá a 11ª. Expocachaça, o 17º. Congresso Brasileiro de Apicultura e uma feira das cadeias produtivas do agronegócio. A promoção é do governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) com a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas (Faemg), Sebrae Minas e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=10287
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Defensor do Jumento
Zé Clementino integrou trilogia cultural
ZÉ CLEMENTINO formou com Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga o movimento “Trilogia do Ciclo do Jumento”
ANTÔNIO VICELMO
Crato (Sucursal) — A morte do compositor José Clementino consternou o Cariri. Ao lado de Luiz Gonzaga, Padre Antônio Vieira e Patativa do Assaré, Zé Clementino fez parte da “Trilogia do Ciclo do Jumento”, um movimento idealizado em Crato, em defesa do jegue. A iniciativa tomou dimensão nacional através da música e da poesia dos quatro defensores do jumento. A campanha ganhou mais intensidade na década de 80, quando os quatro se encontraram na Exposição Agropecuária do Crato (Expocrato), sob a presidência de Henrique Costa. Padre Vieira chegou ao palanque, onde se encontravam Luiz Gonzaga, Patativa e Zé Clementino, montado num jumento.
PADRE ANTÔNIO Vieira foi um dos idealizadores do movimento em prol do jumento
Ao lembrar este fato, o jornalista Huberto Cabral destaca que Zé Clementino foi um dos mais vigorosos músicos do Ceará. É o autor de autênticos clássicos da música nordestina, tendo sido interpretado por alguns dos grandes nomes da MPB, dentre os quais o “Rei do Baião” — Luiz Gonzaga. Funcionário público aposentado, Zé Clementino, que já morou em Crato, quando trabalhava no INSS, integrou-se à vida boêmia da Princesa do Cariri, fazendo parcerias com outros artistas cratenses, entre os quais, Correinha e Hildelito Parente.
Com o “velho Lua”, o talento de Zé Clementino ganharia destaque nacional, ao passo que, por outro lado, a inventiva produção artística do compositor varzealegrense proporcionaria vitalidade e renovação à obra musical de Luiz Gonzaga. O “batismo” fonográfico da parceria Luiz Gonzaga-Zé Clementino procedeu-se, de certa forma, quando o “Rei do Baião” atravessava um longo período de ostracismo e mesmo de indefinição quanto à continuidade da carreira artística. No seu trabalho anterior, o ilustre “sanfoneiro de Exu” mostrava-se desestimulado e cético quanto aos possíveis rumos de sua até então vitoriosa trajetória musical. Numa de suas canções mais emblemáticas da época, Luiz Gonzaga lamentava: “Pra onde tu vai, Baião? / Eu vou sair por aí / Mas por que, Baião? / Ninguém me quer mais aqui...”. De fato, o Baião, assim como outros ritmos nordestinos, havia perdido o forte apelo comercial que gozara no passado, particularmente em virtude do surgimento de novos movimentos musicais — a Bossa Nova e a Jovem Guarda. Nesse panorama, foi lançado o álbum “Luiz Gonzaga – Óia Eu Aqui de Novo”, o qual continha três canções compostas por Zé Clementino. Uma delas, o “Xote dos Cabeludos”, uma bem humorada crítica à estética ‘hippie’ que conquistava a juventude de todo o mundo, tornou-se uma das músicas mais executadas do país no verão de 68, trazendo o ‘Rei do Baião’ de volta à mídia e despertando o interesse das novas gerações pelo riquíssimo acervo musical do artista.
Naquele mesmo ano, Zé Clementino confere uma legítima e emotiva dádiva à sua cidade natal, quando compõe a letra do Hino Oficial de Várzea Alegre. No seu álbum seguinte, Luiz Gonzaga grava “O jumento é nosso irmão”, uma homenagem à luta, encampada pelo Padre Vieira, em prol da preservação da espécie asinina. Em 1976, fazendo proveito do mesmo tema, o Rei do Baião gravaria “Apologia ao jumento”, uma espécie de discurso inflamado em que, com muito bom humor, exalta as benesses do “pobre e castigado” animal. Registra ainda o xote “Capim Novo”, outra canção do compositor varzealegrense, cuja letra sugere uma “discutível” alternativa terapêutica e afrodisíaca para os homens que enfrentam os “percalços” da terceira idade.
Em 1978, o Trio Nordestino, na época o campeão em vendagem de discos no segmento de música regional, grava “Chinelo de Rosinha”, uma parceria de Zé Clementino e Paulo César Clementino. Em 1983, o Brasil vê-se tocado pela sensibilidade musical do prodigioso varzealegrense Serginho Piau, que executa a comovente canção “Simplesmente Zé”, de autoria de Zé Clementino, em alguns programas televisivos. Por fim, os anos 90 marcaram o processo de revitalização estética e musical do forró, e o cearense Sirano, um dos mais bem sucedidos artistas do Ceará. Entre as suas músicas estão: “Xote dos cabeludos” , “O jumento é nosso irmão”, “Apologia ao jumento”, “Contrastes de Várzea Alegre”, “Capim novo”, “Sou do banco Xeêm”, “Chinelo de Rosinha”, “Jeito bom”, “Hino Oficial de Várzea Alegre”, e “Simplesmente Zé”. Ele faleceu vítima de enfarte no Hospital de Várzea Alegre, aos 69 anos de idade.
Texto: Diário do Nordeste 8/3/2005