Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br
Mostrando postagens com marcador Marcha. Mostrar todas as postagens
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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Marcha do cavalo é definida pelo código genético de cada raça

 

A raça pêga tem uma grande capacidade de transmitir o andar marchado. Modernização da raça campolina deixa o animal menor e mais leve.

Entre as raças marchadoras brasileiras, há uma que não é de equinos, mas de asininos, a família dos asnos, das mulas e dos burros. O berço do jumento pêga é o município de Lagoa Dourada, na região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais.

Em 1810, o padre Manuel Torquato experimentou cruzar jumentos das raças egípcia e siciliana. Depois de quase 40 anos de seleção, vendeu a tropa para o coronel Eduardo Resende que vivia na fazenda Engenho dos Cataguases. O coronel levou em frente a criação, padronizou, multiplicou a nova raça, perpetuando inclusive a mesma marca que o padre Torquato usava: o desenho de uma algema de escravos que era chamada de pêga.

O pêga guarda a marca ancestral que, na cultura cristã, lembra que o jumento é um animal sagrado. É a faixa crucial, que corta o fio do lombo do animal e desce pelos ombros. Na fuga para o Egito, Maria vai montada num jumento. O sinal cruzado seria o indicativo do xixi do menino Jesus.

Para o veterinário Rivaldo Nunes, da Associação Brasileira dos Criadores do Jumento Pêga, esta raça tem uma extraordinária capacidade de transmitir o andamento marchado. Quando se quer muar de marcha é o cruzamento recomendado. Para quem o assunto não é familiar, a gente lembra que é cruzando asinino com equino que se produz mulas e burros.

Mesmo com toda a mecanização que tem havido no Brasil nas últimas décadas, é grande ainda a demanda pelas tropas de muares. Animais de sela confortáveis e resistentes para cavalgada e todo tipo de serviço.

Campolina
Das raças marchadoras brasileiras, a maior de todas é a campolina. O nível do dorso do animal tem quase a estatura de uma pessoa mediana. O conjunto cavalo-cavaleiro passa dos dois metros de altura. O cruzamento de éguas brasileiras com reprodutores de origem europeia, no tempo do império, gerou a raça conhecida como grande marchador brasileiro.

Campolina era o sobrenome de um fazendeiro, Cassiano, que, na segunda metade do século 19, morava em Entre Rios de Minas, a cerca de 100 quilômetros de Belo Horizonte. Seu Cassiano vivia na propriedade conhecida como Fazenda do Tanque. Rico, em 1860, ele ficou desgostoso quando perdeu uma cavalhada, a tradicional batalha folclórica entre mouros e cristãos. Resolveu, então, criar uma raça de cavalos mais altos e mais fortes para se sair melhor em futuros embates. No que foi ajudado pelo Imperador, que lhe mandou de presente uma égua por nome Medeia, prenha de um andaluz. Medeia pariu um potro espetacular, o lendário Monarca que veio a ser o padreador da Campolina, cujo sangue corre até hoje nos garanhões da raça.

Doutor Múcio Salomão, veterinário há 34 anos da Associação dos Criadores de Cavalo Campolina, explica que os cruzamentos resultaram em características marcantes: uma delas a cabeça grande, acarneirada; as orelhas em forma de ponta de lança; o pescoço levemente rodado; o dorso amplo; a garupa bem musculada e, apesar do porte, muita suavidade no andamento.

Oferecendo tanto a marcha batida, de dois tempos, cujo barulho se assemelha ao trote, mas tem o conforto do tríplice apoio. Bem como a marcha picada, de quatro tempos, mais apoiada no chão. O curioso é que Cassiano Campolina fez a nova raça mas morreu antes da desforra na cavalhada. Generoso, deixou toda a fortuna para a construção de um hospital, já centenário e ainda uma referência na área de saúde em toda a região de Entre Rios de Minas.

A tropa que formou, Cassiano Campolina a deixou para um amigo, Joaquim Pacheco Resende. Foi esse outro ramo da família Resende que impulsionou a raça: fez intercâmbio com vizinhos e desenvolveu linhagens. Destacando-se entre as principais as linhagens Gás e Passatempo.

Ultimamente, o campolina vem passando por uma evolução. No Estado do Rio de Janeiro, município de Papucaia, o empresário Cláudio Cunha, um dos criadores que experimentam modernizar a raça, fez uma aposta na contramão da estética: em vez das pelagens sólidas predominantes baia e castanha, passou a selecionar só o animal pampa.

Vem trabalhando não só a cor mas, como outros criadores, também a própria estrutura da Campolina: a cabeça ficou mais leve, o pescoço menos rodado e o porte, que chegou a 1,75m de altura, ficou mais baixo. O que antes era rejeitado, virou moda. Com a tropa colorida no pasto, o criatório de Cláudio Cunha já foi oito vezes campeão nacional.

Fonte e Video:  http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2013/01/marcha-do-cavalo-e-definida-pelo-codigo-genetico-de-cada-raca.html

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Conheça os diferentes andamentos dos cavalos

 

Existem quatro diferentes andamentos do cavalo.

PASSO – andamento natural, a quatro tempos, marcado pela progressão sucessiva da lateral dos pés. No passo calmo, as patas traseiras tocam o solo, adiante das pegadas feitas pelas patas dianteiras. No andamento ordinário, os passos são mais curtos e mais elevados, e as patas de trás tocam o chão atrás das pegadas dianteiras. No prolongado, os toques traseiros acontecem antes das impressões dos pés da frente. No passo livre, todo o processo é prolongado.

TROTE – Andamento simétrico, a dois tempos, em que um par diagonal de pernas toca o solo ao mesmo tempo. Após um momento de suspensão, o cavalo salta para a diagonal. No trote, o joelho nunca avança à frente de uma linha imaginária, da cabeça do cavalo, ao chão. Há momentos em que o animal se desloca para o lado, e toca o solo, sem avançar.

CÂNTER – É um andamento a três tempos. O cavalo avança com a perna dianteira direita, quando gira para a direita, e vice-versa. Se acontecer o contrário, é chamado de “cânter falso”.

GALOPE – O mais rápido dos quatro andamentos naturais. Descrito como andamento a quatro tempos, sofre variações, conforme a velocidade. Há momentos em que todas as patas ficam no ar. Um Puro Sangue Inglês chega a galopar a 48k/h, ou mais. O pé mais avançado toca o chão, alinhado com o nariz, mesmo que estirada a perna, ao máximo, e mesmo que o pé fique no ar, à frente dessa linha.

Fonte: Cowboy do Asfalto Adaptação: Escola do Cavalo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Curiosidade

 

Existem vários tipos de marchas, os muares se destacam na picada, que é para uma viagem curta e é muito confortável e na marcha batida, em que o animal é um pouco mais duro, mas sua agilidade é incomparável. Este último é ideal para viagens longas.

sábado, 12 de novembro de 2011

Marcha Antiga

 

Mais uma vez estamos às voltas com um velho assunto: A MARCHA! De tanto ser discutido, o assunto fica mesmo repassado, surrado, VELHO. Mas a marcha, aquela boa , continua como sempre, com suas características inconfundíveis, que a tornam até motivo de... “preservação permanente” ( e viva a ecologia! ).

Trocando idéias com criadores, novos e antigos na arte de criar cavalos, percebo às vezes que existe uma referência variável entre alguns aficionados ( mais comum aos mais novos ), que se reporta ao tempo em que iniciaram seus criatórios. Desta forma encontramos pessoas que se referem à marcha como “aquela, antiga, verdadeira”, ou “a marcha antiga, macia”, ou ainda “aquela marcha antiga, equilibrada, prá frente”. Cada uma destas pessoas, na verdade, defende seu conceito de “boa marcha” com argumentos que confirmam não só uma divergência de opiniões, mas também uma idéia de que a marcha tem a idade de seu próprio criatório. Sem a pretensão de definir a “boa marcha”, vejo sim a necessidade de dar a estes criadores alguns parâmetros que os auxiliem na tradução de seus conceitos, às vezes confusos pela falta de informações.

Se estudarmos a história da Raça Mangalarga Marchador, poderemos perceber nítidas influências que nortearam temporariamente sua evolução. Basicamente três fases se passaram até que se voltasse às origens, com evidências de um ganho zootécnico considerável, apesar dos erros de percurso cometidos. Entenda-se por volta às origens a valorização de um cavalo cuja marcha retrata a época em que se usava o cavalo, o tempo em que os parâmetros de seleção visavam a comodidade, o equilíbrio, a resistência, na busca de um animal capaz de percorrer longas distâncias, quer nas viagens, nas caçadas ao veado campeiro, na lida diária com o gado, sem perder a elegância, o garbo.

Nas origens da Raça a marcha característica dos indivíduos da época despertava a atenção de todos que usavam o cavalo ( e não eram poucos). Sabe-se que não existiam animais de grande beleza estética. Eram comuns os cavalos de cabeça grosseira, frente pesada, sem refinamento. Primavam, no entanto, pelo andamento cômodo, equilibrado e avante, pela energia de movimentos e por sua resistência. Estas características marcaram os Marchadores na fase primeira de formação da Raça.

Com a necessidade de refrescar o sangue de sua tropa e mesmo comercializar seus produtos, os criadores da época passaram a freqüentar as exposições, que além de permitir uma troca de material genético, contribuíam na identificação dos indivíduos superiores, que deveriam ser usados na reprodução. Como reconhecimento pelo trabalho de seleção bem conduzido, os proprietários de tais indivíduos tinham seus animais premiados. Foi o início de uma nova era, em que outros interesses passaram a atrair criadores novos, voltados para um cavalo mais bonito, comercial. A substituição do cavalo por veículos motorizados de certo contribuiu para que fosse deturpada a visão do que seria um bom cavalo de sela. Foi então que se difundiu a idéia de “qualidade” com base na beleza estética, valorizando-se cavalos de cabeça leve, de orelhas com pontas convergentes. Teria sido uma fase muito positiva, se outros valores não fossem ignorados. A verdade é que a beleza estética não foi apenas somada à outras características, mas sim confundida com “parâmetro zootécnico” em substituição a tantos outros valores certamente mais importantes. Deixou-se de lado a busca de animais com boa estrutura corpórea, tanto óssea quanto muscular, a valorização de bons aprumos, e sobretudo foram esquecidas as virtudes funcionais do Marchador. A falta de uma conformação ideal, de membros posteriores fortes, capazes de propelir os animais com equilíbrio, energia e regularidade, permitiu o aparecimento de cavalos de marcha curta e desequilibrada, sem impulsão, animais cujos posteriores se arrastavam, e cuja vida útil se reduziu visivelmente. Constatava-se o fato pelo uso de animais (ainda que poucos ) em competições hípicas, que ao contrário de premiações, o que obtinham eram lesões em seus membros, sinais de fragilidade estrutural. Este período contribuiu de forma decisiva para a desvalorização e o preconceito contra o Marchador como cavalo de esporte.

Preocupados com a situação que se mostrava real quanto aos rumos tomados pela Raça, alguns criadores trataram de rever seus programas de cruzamentos, priorizando a estrutura como meta. Sem sombra de dúvidas algumas características zootécnicas importantes foram acrescidas ao Mangalarga Marchador, permitindo assim que fossem produzidos cavalos mais enquadrados no padrão de cavalos de sela. Faltava no entanto uma melhor definição dos conceitos zootécnicos, na época mal compreendidos por alguns criadores. A estrutura corpórea, óssea, tendínea e muscular, a qualidade de membros e aprumos foram então confundidos por “volume” corpóreo. Não se pode negar que esta nova fase contribuiu em muito para que se melhorasse o tronco dos animais da época, que passaram a se apresentar muito mais profundos e arqueados, melhor cobertos de musculatura, muito diferentes portanto dos animais criados na fase anterior, débeis em seu tronco e membros. A confusão que se formou permitiu, no entanto, a multiplicação de animais cuja estrutura de membros não condizia com o peso e o volume corpóreos dos indivíduos. A situação se complicou quando, acreditando que seria este volume o parâmetro de qualidade estrutural, alguns criadores trataram de superalimentar seus produtos, apresentados em pistas como verdadeiros “suínos tipo banha”. Como se não bastasse, veio a descoberta maligna dos anabolizantes, e seu uso indiscriminado produziu animais totalmente ilusórios, bolos de carne sobre membros incapazes sequer de sustentá-los em pé. Mas o pior estava por vir: caindo em desuso, os cavalos eram criados muito mais por sua conformação que para qualquer função como animal de sela. Os criadores não montavam, os animais não eram testados em sua aptidão maior. O outro lado da marcha se fez presente. Cavalos absolutamente diagonais, alguns mesmo quase ao trote, premiados em grandes exposições por sua condição “atlética”, se é que assim poderíamos defini-los. Atletas da obesidade, confinados em baias, sem nem poderem ser montados. Nos grandes haras era comum se reunir ao redor de um garanhão, apresentado imóvel ao cabresto, e tecer-se inúmeros elogios à sua conformação, sua estrutura. Suas aptidões como cavalo de sela, como marchador de fato, eram meros detalhes. Há de se comentar o temperamento linfático, por muitos apresentado, e para o qual não se dava também importância.

Alguns criadores tiveram suas origens nas raízes da raça, e seus ancestrais lhes passaram a sensibilidade e o gosto por bons marchadores de sela. Estes, quando falam de marcha, se referem à marcha pura, original, verdadeira. Outros se iniciaram na criação à época dos animais comerciais, bonitinhos, cuja marcha, no entanto, não correspondia nem mesmo à sua beleza estética. E muitos se prenderam àquela marcha, sem saber do passado. Outro grupo, ainda mais jovem no que diz respeito à criação, “nasceu” na geração “rocambole”, e aprendeu a valorizar um animal volumoso, grande e gordo, sem sustentação, e o que é pior, sem andamento. E alguns também se agarraram a este cavalo, como sendo o de boa marcha. Mas ter as origens do criatório nestas diferentes fases não é o problema. Complicado é não se ter referências do que de fato é bom, original, verdadeiro, e se prender ao que era tido como bom, sem que se abra os horizontes do conhecimento. O problema está no fato de não se conhecer aquilo que realmente foi preconizado por criadores que, nas origens da Raça, sabiam as reais virtudes de um cavalo, pela própria necessidade do seu uso.

O momento que hoje vivemos nos permite experimentar realidades que remontam ao passado inicial da Raça. O cavalo voltou a ser usado, a ser montado. Hoje os criadores buscam um cavalo marchador de fato, como era na sua origem. O ganho acrescido à raça nos oferece animais de um belo zootécnico superior, aliado à uma beleza estética que a todos agrada. E pode-se ver tudo isso nos verdadeiros marchadores, cômodos, equilibrados, enérgicos, ágeis, resistentes. Provas e mais provas são hoje disputadas com o Marchador, e os resultados são os melhores. Ganhando enduros em disputas acirradas com outras raças, provas de hipismo rural e mesmo o clássico, lá está o Marchador se fazendo vitorioso. A valorização dos técnicos em suas funções próprias e específicas, quer no serviço de registro ou nas pistas de julgamento, permitiu uma redução drástica na margem de erro dos cruzamentos, através de uma orientação pautada em conceitos realmente técnicos. Reduziu também o tempo gasto pelos criadores para atingir metas, ainda que intermediárias, no árduo ofício a que se propõem.

Quanto à marcha, aquela antiga, verdadeira, original, deve-se sua preservação a alguns poucos criadores, que não sucumbindo a modismos, souberam priorizá-la, perpetuando-a em seus criatórios pela seleção funcional. E para aqueles que se limitaram a ter como referência apenas o que era erroneamente valorizado, quando do início de seu envolvimento com a Raça, o que se vê hoje é a réplica melhorada daqueles animais da origem, que marchavam verdadeiramente, cômodos, equilibrados, enérgicos, ágeis, belos. . .

Fonte: Blog Muares e Marchadores

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Aparelho locomotor: os alicerces do seu animal!

 

Todas as utilidades que atribuímos a nossos equinos e asininos, todos os prazeres que deles derivamos, estão relacionados ao movimento. Seja trabalho, esporte ou lazer, passeios de charrete ou competições a galope, até mesmo admirar a beleza dos animais que correm livres – tudo depende da habilidade e da vontade dos nossos animais em se movimentarem.

O bem-estar dele depende da saúde de seu aparelho locomotor

Esta capacidade é potencializada por programas de treinamento e condicionamento, por um regime de manejo adequado e por um bom esquema nutricional. Mas o efeito de tudo isso será anulado por problemas de locomotor – manqueiras das mais diversas origens, denominadas de claudicações pelos clínicos veterinários. O seu efeito mais imediato e perceptível é a dor que passam a sentir seja durante determinados movimentos. E para qualquer atleta é impossível ter desempenho adequado enquanto estiver sentindo dor! Os eqüinos e asininos são muito discretos, mesmo sutis, nas manifestações de dor. Não “gritam” ou uivam de dor, como fazem os cães por exemplo, mas foram selecionados ao longo de milênios para não chamar a atenção enquanto feridos ou enfraquecidos – do contrário, se tornariam refeição fácil para os predadores de plantão.

É nossa obrigação considerar a possibilidade de “dor física” pura e simples sempre que nosso animal apresentar um comportamento indesejado ou atípico, tal como empacar, empinar, corcovear, sacudir a cabeça, etc. Além dos membros, a área dorso-lombar e também os dentes são fontes freqüentes de dores. Em animais de salto, por exemplo, o início súbito do vício de refugar obstáculos pode estar relacionado a uma claudicação em estágio inicial, que logo mais se manifestará em alterações perceptíveis dos andamentos.

A cada passo, grande impacto é sofrido por articulações, ossos e tendões das pernas.

Ainda que muitas pessoas atribuam grande importância ao condicionamento físico e ao desenvolvimento muscular de seus animais atletas, são ossos, articulações, ligamentos e tendões que precisam ser merecedores dos maiores cuidados. O desgaste do aparelho locomotor de todo atleta começa pelo sistema osteo-articular. Recordemos das lesões que têm comprometido as carreiras de jovens atletas brasileiros – Guga, Daiane dos Santos, Ronaldo Fenômeno: todos em excelente forma física nos quesitos musculatura e fôlego, mas prejudicados por lesões ósseas e articulares.

Portanto, também os tecidos duros do aparelho locomotor dos nossos cavalos devem ser merecedores de todos os cuidados. Confira abaixo mais algumas dicas para garantir uma vida útil longa e bem-sucedida aos seus atletas.

A produção de um campeão depende da atenção a muitos detalhes, e de cuidados permanentes com cascos, articulações, tendões, ossos…

FICHA DOS FATOS

1. A construção de um esqueleto forte começa na vida intra-uterina. O bom manejo nutricional das matrizes reprodutoras deve continuar ao longo da lactação. Quanto melhor a alimentação dos potros durante o primeiro ano de vida, maior longevidade atlética eles terão pelos anos afora.

2. O desequilíbrio mineral é a maior causa de ossos estruturalmente fracos, sendo que o desbalanceamento entre os minerais cálcio e fósforo é um problema presente em praticamente todos os criatórios brasileiros. O manejo alimentar precisa equilibrar volumosos, concentrados e suplementos minerais de maneira correta. Igualmente importante é a utilização de forrageiras e grãos provenientes de solos de boa qualidade. Profissionais especializados – veterinários, zootecnistas e agrônomos – devem ser consultados em todos estes quesitos.

3. Muitos criadores atribuem importância exagerada à ingestão de proteína por parte de seus animais, o que pode desenvolver a musculatura, mas não dá o substrato necessário à formação de tecido ósseo denso e resistente. Antes de apresentarem definição muscular, os potros precisam ter oportunidade de se desenvolverem estruturalmente, através de alimentação correta, não exagerada, e de um regime de vida que os deixe muitas horas por dia vivendo soltos, correndo em companhia de outros potros. Confinamento intenso e doma muito precoce são grandes inimigos da longevidade atlética de nossos animais.

4. A consistência correta do piso é um fator que nem sempre merece a devida consideração. O piso muito fofo ou profundo prejudica os tendões, enquanto solos duros, especialmente estradas de terra ou pavimentadas, causam desgastes e micro-fraturas ao longo do tempo. Quanto maior a velocidade em que o animal é levado a trabalhar, maior o potencial para lesões. Ou seja, devemos evitar as altas velocidades em estradas de terra pisada, e mesmo nos gramados e pastos quando não chove há muito tempo. (É claro que no pavimento asfáltico ou de pedra só podemos andar a passo, até por questões de segurança!)

5. Ferrageamento adequado, tanto otimizando os aprumos do animal quanto, se for o caso, utilizando palmilhas e outros recursos ortopédicos, permite a máxima utilização do potencial atlético do animal, e também prolonga sua vida útil. A profissão de ferreiro é altamente técnica, e apenas indivíduos qualificados devem ferrar os animais.

6. As lesões de esforço crônicas e progressivas, tais como osteítes e osteoartrites, são as “doenças profissionais” de esporte, e elas surgem inevitavelmente na maioria dos animais ao longo de suas carreiras, mesmo num manejo excelente, por volta dos doze ou treze anos de idade. (No entanto, podem aparecer muito antes em animais sujeitos a um regime incorreto de manejo, alimentação e treinamento!) Estas patologias em sua fase inicial não significam a aposentadoria e nem mesmo a redução das atividades do animal, desde que sejam diagnosticadas precocemente, e tratadas o quanto antes de maneira agressiva e completa, com um protocolo abrangente que inclua o uso de antiinflamatórios e ferrageamento adequado, entre outros fatores. O que nunca devemos fazer é “tapar o sol com a peneira”, atribuindo pouca importância a uma manqueira em fase inicial, na esperança de que ela melhore por conta própria. Isto não acontece, e tal atitude passiva geralmente tem o agravamento do problema por conseqüência.

Texto adaptado. Fonte: VETNIL

terça-feira, 27 de setembro de 2011

DEFEITOS DE APRUMOS – QUARTELAS CURTAS E FINCADAS

 

O defeito de aprumos localizado nas quartelas é bastante depreciativo, pois tem importante correlação funcional. Primeiro, com a própria integridade da estrutura óssea das quartelas. Segundo, há risco em potencial de causar afecção nos boletos, tendões e ligamentos. Terceiro, porque a quartela curta pode afetar negativamente a comodidade da marcha, especialmente se o defeito estiver associado à angulação insuficiente, o que se denomina comumente de quartelas fincadas.

As quartelas exercem um papel essencial no amortecimento dos impactos dos cascos, motivo que justifica a perda de comodidade no caso de quartelas curtas e/ou fincadas. Porém, a correlação maior é no caso da marcha batida apresentando menor grau de dissociação.

De fato, alguns animais de marcha batida diagonalizada são capazes de oferecer uma comodidade, razoável, se as espáduas e quartelas apresentarem uma angulação um pouco abaixo da média. Contudo, é importante ressaltar que a avaliação plena da comodidade é complexa, estando correlata com diversos fatores, tais como o grau de dissociação (principal fator), morfologia, qualidade do adestramento, temperamento de sela.

Uma ressalva – em alguns animais apresentando marcha batida diagonalizada, se a comodidade for melhorada pela maior angulação das quartelas, deve ser avaliado se a inclinação não é excessiva, tenho como referência a sustentação adequada dos boletos, que não podem tocar  solo.

A angulação normal das quartelas de membros anteriores oscila na faixa de 55 graus. Nos cascos posteriores oscila na faixa de 60 graus. A explicação para a diferença é que os cascos anteriores exercem a função principal de apoio, e uma força auxiliar de tração, particularmente se a marcha for M.T.A.D. – Marcha de Triplices Apoios Definidos. Os cascos posteriores exercem a função principal de gerar a força de impulsão, imprescindível para o bom equilibrio, energia e amplitude dos deslocamentos.

Os cascos anteriores estarão corretamente balanceados se a angulação das quartelas estiver na faixa de 55 graus. No entanto, há uma referência: O ângulo de inclinação das quartelas deve ser proporcional ao ângulo de inclinação das espáduas.

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Quartela fincada de membro anterior. O comprimento é normal

O defeito oposto ao de quartelas fincadas é o de quartelas derreadas, talvez até mais depreciativo, pois será praticamente impossivel preservar a integridade das estruturas dos boletos, tendões e ligamentos. Dentro de pouco tempo de utilização do animal, mesmo que somente em atividades de esforço baixo a moderado, serão desenvolvidas afecções graves.

O primeiro procedimento é criar fichas de controle do manejo de cascos, nas quais o ângulo de inclinação das espáduas deve ser anotado, como referência para todas as práticas de casqueamento durante a vida utilidade atlética.

Orientações para as correções:

Quartelas curtas – defeito genético, irreversível. Manter cascos balanceados.

Quartelas fincadas – primeiro apoio dos cascos ocorre na região das pinças. O casqueamento corretivo deve ser na região dos talões, de forma moderada. Em alguns será necessário o uso de ferraduras corretivas.

Quartelas muito inclinadas – primeiro apoio dos cascos ocorre na região dos talões. O casqueamento corretivo deve ser na região das pinças. Caso o defeito for grave, caracterizando quartelas derreadas, a correção é praticamente impossivel, sendo recomendado manter os cascos balanceados para não agravar o defeito.

Autor: Lúcio Sérgio de Andrade

Fonte: Equicenter Publicações

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A IMPORTÂNCIA DA POSTURA CORRETA DA CABEÇA

 

A postura da cabeça é um item inserido no estilo da marcha. Pouca importância ainda é dada á este aspecto, pois nota-se uma supervalorização da dinâmica de locomoção em termos de coordenação, flexão, elasticidade, energia e impulsão dos deslocamentos.

Todavia, a má postura da cabeça pode afetar negativamente cada um destes itens. O primeiro efeito negativo é na ação da embocadura nos pontos de controle, que são os seguintes:

No bridão – ponto principal de controle é nas comissuras labiais e ação secundária sobre as barras e lingua;

Freio-bridão – pontos principais de controle sobre as comissuras labiais e queixo pela ação da barbela. Ação secundária sobre as barras e a lingua;

Freio – pontos principais de controle sobre as comissuras labiais, queixo pela ação da barbela e palato pela ação da curvatura do bocal, pressionada pelo efeito alavanca das hastes;

A postura correta da cabeça é com o focinho apontado para o solo, em uma linha vertical, formando um angulo entre 45 a aproximadamente 90 graus na ligação cabeça/pescoço.  A má postura mais prevalente é a do focinho adiantado, em varios graus, até o extremo da postura popularmente conhecida como “cabeça ponteira”.  O oposto, ou seja, focinho atrasado, também ocorre em varios graus, até o extremo da postura popularmente conhecida como “cabeça encapotada”.

A má postura da cabeça pode ser causada pela flexão sub-desenvolvida da nuca, pela rejeição à embocadura, pela conformação defeituosa do pescoço ou pela equitação inadequada.

A má flexão da nuca é o erro mais comum, porque a maioria dos treinadores de animais marchadores não preparam adequadamente a musculatura do pescoço para facilitar a ação da embocadura. São duas as flexões a serem gradativamente desenvolvidas: a flexão vertical, que se dá na região da nuca, mais especificamente nas primeira e segunda vertebras cervicais, e a flexão lateral, que se dá nas duas vertebras cervicais seguintes, que permitem ao animal girar o seu pescoço sem movimentar o tronco. A flexão lateral como um todo é mais abrangente, pois também envolve o flexionamento de tronco e membros.

A rejeição à embocadura também é um erro comum. Primeiro, pelo mal uso do bridão, por tempo muito prolongado. O bridão exerce efeito elevatório da cabeça e, portanto, não é embocadura apropriada para conduzir exercicios de flexionamento da nuca, mas sim os exercicios de flexão lateral, pela sua açao de redeas diretas. O equipamento adequado para conduzir os exercícios de flexão, rotineiramente, é o hackamore apropriado aos animais marchadores. Segundo, porque a boca raramente é avaliada antes do uso da embocadura. Pontas de dentes, dente de lobo, muda de dentição, textura das barras e linguas, largura e altura do palato, ferimentos, calosidades, são os aspectos a serem avaliados. Terceiro, porque a maioria dos treinadores não fazem a adaptação de um a dois dias, deixando a nova embocadura na boca antes de acionar as redeas. Terceiro, porque as transições de embocaduras nem sempre são corretas quanto ao grau de severidade da ação.

Entretanto, é oportuno ressaltar que não existe embocadura severa em boca de animal corretamente adestrado, pois este será facilmente conduzido pelos comandos de pernas e assento, sendo as rédeas eventualmente acionadas para auxiliar na direção do movimento.

Atualmente, nota-se um numero significativo de animais portadores de pescoço apresentando inversão parcial ou total, o que dificulta a postura correta da cabeça, que tende a se manter em uma posição mais elevada e com o focinho adiantado.

Quanto ao fator má equitação, o que se nota nas exposições é um assento mais adiantado, com apoio nos estribos, não para estribar como era tipico da equitação de campo dos cavalos de MTAD – Marcha de Triplicas Apoios Definidos, mas sim para aliviar os atritos verticais da marcha excessivamente diagonalizada. O modelo de sela utilizado em exposições não favorece a equitação correta. A postura classica muito forçada de equitação que se observa foi uma herança da escola militar de equitação introduzida na ABCCMM a partir da década de 90 do século passado.

A marcha excessivamente diagonalizada requer treinamento em marcha de velocidade acima do normal, com deslocamentos exageradamente avantes e flexionados. Rapidamente, os animais são condiconados a apoiar demasiadamente na embocadura, que por sua vez não é a correta, que deveria ser o freio de primeiro ou segundo estágio, dependendo do grau de adestramento. As embocaduras mais utilizadas têm sido o bridão, que é para animais iniciantes e o freio-bridão, que é uma embocadura de transição, como o próprio nome indica. Raramente, um animal estará pronto de rédeas ( o que implica no flexionamento correto ) sem o uso do freio convencional, em alguns casos, até mesmo o freio de terceiro estágio.

A realidade é que um grande numero de animais náo se apresentam em exposições adequadamente preparados quanto à postura da cabeça. Este mal preparo pode trazer consequências ainda piores para o bom desempenho quando se trata do uso em provas funcionais de maneabilidade, de adestramento e nas cavalgadas ao longo de trilhas em regiões de topografia montanhosa.

Texto Adaptado.  Autor: Lúcio Sérgio de Andrade

Fonte: Equicenter Publicações

sábado, 2 de abril de 2011

AS MARCHAS - REFERÊNCIAS EMPÍRICAS E CIENTÍFICAS

 

A SEPARAÇÃO ENTRE OS TIPOS DE MARCHA

REFERÊNCIAS EMPÍRICAS E CIENTÍFICAS SOBRE AS MARCHAS
COMPARAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS ANDAMENTOS DOS EQÜÍDEOS

A marcha é o andamento natural de média velocidade no qual o animal não perde o contato com solo durante a passada. Ela está situada entre o trote e a andadura.


A marcha clássica é o andamento que apresenta oito apoios em uma passada completa, sendo quatro apoios triplos, intercalados sucessivamente por apoios diagonais e laterais.


Se considerarmos que o animal quadrúpede pode apresentar 15 tipos de apoios diferentes e uma suspensão completa (ausência total de apoios), vemos que as marchas podem ter inúmeras variedades, com a combinação desses 15 apoios agrupados em 4,5,6, 7 e 8 tipos de apoios, durante uma passada completa.


Os tipos de apoio possíveis são:
- 4 apoios triplos, sendo dois com os anteriores apoiados e dois com os posteriores apoiados.
- 2 apoios diagonais.
- 2 apoios laterais.
- 4 apoios simples (monopedais).
- 1 apoio duplo de anteriores.
- 1 apoio duplo de posteriores.
- 1 apoio quádruplo.


Desta forma, as marchas podem ser completas quando apresentam a seqüência típica e natural de 8 apoios sendo 4 apoios triplos, intercalados por apoios diagonais(2) e laterais(2).


As demais marchas são consideradas incompletas porque podem ter apoios triplos, substituídos por outros tipos indesejáveis à marcha completa (monos duplos e quádruplos). Isto acontece tanto nos tipos de marcha de apoios diagonais predominantes como, também, em marchas de apoios laterais predominantes, como as marchas picadas desequilibradas (guinilhas).
Com as pesquisas de análise da locomoção em mais de 1000 eqüídeos, verificando os diagramas de andamento (Gait Spectrum) produzidos pelo sistema Analoc-E, construímos a planilha da Fig. 01, relacionando os nomes técnicos e populares dos diversos tipos de andamentos do animal – do trote até a andadura,com a faixa de variação dos principais parâmetros biomecânicos da locomoção.


Os diversos tipos ou variedades de marcha, designados por caracteres alfanuméricos - D1, D2, D3 e L1, L2, L3, L4 - usados, empiricamente por algumas associações, foram relacionados aos parâmetros biomecânicos exatos de cada tipo de marcha, para esclarecer e tentar criar uma linguagem comum, evitando as interpretações de criadores e técnicos, muitas vezes contraditórias ou equivocadas.

 

Considerações e discussão:
1 - A denominação de “marcha diagonal, trotada ou transicional - D3” corresponde a uma marcha diagonal incompleta de apoios laterais nulos ou inferiores a 10% do tempo de apoio diagonal, CL = 0 até 0,1. Na prática são apoios laterais nulos ou de 3 a 5%(média). Apoios triplos inferiores a 10%. A reação é áspera, para o cavaleiro, no plano vertical.É um andamento a 2 tempos devido à dissociação dos bípedes diagonais (< 30ms) inferior a 5% e semelhante à dissociação no trote.
2 – A denominação “marcha diagonal - D2” corresponde a uma marcha batida completa, CL = 0,1 até 0,5, com apoios laterais de 15% e diagonais de 45%(média). Apoios triplos superiores a 10%. A reação é macia no plano vertical.
3 – A denominação “marcha diagonal – D1” corresponde a uma marcha batida completa, CL = 0,5 até 0,8, com apoios laterais de 25% e diagonais de 42%(média). Apoios triplos equivalentes a 30% (média). A reação é macia no plano vertical.
4 – A denominação “marcha de centro – 0 ”corresponde a uma marcha intermediária de CL= 0,8 até 1,05, com apoios laterais e diagonais equivalentes da ordem de 40%. Apoios triplos equivalentes a 20% (média). A reação é suave e macia no plano vertical.
5 – A denominação “marcha lateral – L1” corresponde a uma marcha picada completa de CL= 1,05 até 1,5, com apoios laterais de 45% e diagonais de 35%(média). Apoios triplos equivalentes a 25%(média). A reação é macia no plano vertical.
6 – A denominação “marcha lateral – L2” corresponde a uma marcha picada completa de CL= 1,5 até 5, com apoios laterais de 50% e diagonais de 30%(média). Apoios triplos equivalentes a 20%(média). A reação é macia no plano vertical e sensível no plano horizontal.
7 – A denominação “marcha lateral – L3” corresponde a uma marcha picada desequilibrada incompleta, com excesso de apoios laterais (média de 70%), conhecida como guinilha. A reação é áspera e desconfortável no plano horizontal.
8 – A denominação “andadura clássica– L4” corresponde ao andamento onde o animal tem cerca de 90% do tempo de apoios em lateral, intercalados por apoios quádruplos.
No caso da andadura desunida , o animal apresenta, ainda, breves apoios monos e triplos, devido á existência de falta de sincronismo dos bípedes laterais. A reação é desconfortável (áspera) no plano horizontal.
9 –Finalmente, o trote clássico (curto ou alongado) é o andamento saltado,a 2 tempos, que apresenta cerca de 90% do tempo de apoio em diagonal, outros apoios do tipo mono (decorrente da falta de sincronismo do bípede diagonal) e dois momentos de suspensão completa entre os apoios diagonais. Reação áspera no plano vertical. A dissociação verificada na maioria dos trotes é inferior a 5% (< 30 ms) do tempo da passada, que caracteriza o trote não-sincronizado ou desunido.
10- E por último,podemos considerar a ocorrência de sobre-pegadas, ultra-pegadas ou retro-pegadas na marcha como dependentes da conformaçao do eqüídeo. A retro-pegada é constatada no trote curto e a ultra-pegada é constatada no trote alongado.Portanto, não é característica exclusiva da marcha.


Na marcha é bom que o eqüídeo as possua, mas não são condições essenciais para a ocorrência da marcha. Ela depende muito mais de estímulos cerebrais e fatores biológicos e genéticos que, em última análise, influenciam o dissincronismo do bípede diagonal.


Texto adaptado. Autor: A.P.Toledo – engenheiro, criador de eqüinos, coordenador do sistema Analoc-E e autor dos livros: Mecânica de Sustentação e Locomoção dos Eqüinos e Tecnologia Não Invasiva para a Análise da Locomoção dos Eqüídeos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

A Marcha Verdadeira

MTA - A Marcha Verdadeira - Lúcio Sérgio Andrade
Lúcio Sérgio Andrade

Lendo a revista Horse edição nº 95, deparei-me com uma matéria cujo titulo é: "Afinal, marcha trotada ou marcha batida ?". Alguns esclarecimentos precisam ser feitos, para não confundir ainda mais os leitores, principalmente porque o tema "MARCHA" já se reveste de imensa polêmica. Mas não deveria. Sob a luz da Zootecnia, as marchas autênticas não deixam dúvidas quanto à suas definições.


Já a qualidade de marcha, o ANALOC-E ( Computador Analisador de Andamentos ) é por demais objetivo ao estabelecer os parâmetros aceitáveis e aqueles inaceitáveis.


A terminologia Marcha Trotada, que define o andamento no Padrão Racial oficial da raça Mangalarga, não está errada. Como também não estaria a denominação Trote Marchado. Ao contrário, a terminologia "Marcha Diagonalizada" está incorreta, sendo mais apropriada para caracterizar a Marcha Batida da raça Mangalaga Marchador. O problema é que em um significativo numero de exemplares em exposições da raça Mangalarga Marchador, já não existem diferenças visuais da marcha batida em relação à Marcha Trotada da raça Mangalarga, o que talvez tenha influenciado algumas conclusões inseridas nesta matéria da revista Horse. Este fato é mais do que explicável ( apesar de incompreensível ), tendo em vista o expressivo número de matrizes e reprodutores de sangue Mangalarga largamente utilizados em planteis de elite da raça Mangalarga Marchador a partir do final do século passado. Como resultado, já na primeira geração de produtos, a antiga marcha batida de tríplice apoios aproximou-se da marcha trotada.


A origem da denominação Marcha Trotada tem relação com o trote bem articulado e alçado da raça Alter, que foi o pilar genético da formação da raça Mangalarga. Como já existia a marcha de tríplice apoios bem antes da década de 30 do século XX, período da fundação da ABCCM, a definição de Marcha Trotada na recém-criada raça Mangalarga serviu para distinguir claramente os andamentos, o que foi, inclusive, motivo da posterior fundação da ABCCMM.


Portanto, o andamento do cavalo da raça Mangalarga não se caracteriza pela marcha batida, tendo em vista que esta apresenta momentos de apoios tripedais, sempre intercalados pelos apoios duplos laterais e duplos diagonais, necessários para as trocas de apoios tripedais, ora de dois cascos anteriores e um casco posterior, ora de dois cascos posteriores e um casco anterior, e assim sucessivamente.


Em ralação aos cavalos de trote convencional, os cavalos da raça Mangalarga apresentam melhor comodidade, porque não ocorrem os momentos de suspensão nítida entre as trocas de apoios duplos diagonais. Desta forma, ocavaleiro/amazonas não será lançado para cima. Mas ainda assim recebe atritos verticais, como resultado dos apoios quase que simultâneos dos bípedes diagonais. Ao contrário, nas marchas autênticas, de tríplice apoios freqüentes em cada passada completa, SEMPRE INTERCALADOS ora por um duplo lateral ora por um duplo diagonal, a comodidade será realmente incontestável, pelo fato óbvio da neutralidade total ou parcial dos atritos verticais.


O fato do ANALOC-E ter demonstrado que nas trocas de apoios duplos diagonais de cavalos da raça Mangalarga ocorrem com frequencia os apoios quadrupedais e/oumonopedais, em substituição aos momentos de suspensão dos quatro cascos, sòmente vem comprovar que este tipo de mecânica de locomoção enquadra-se nas assimetrias de apoios, tendo em vista que os apoios tecnicamente considerados normais para uma marcha autêntica e, consequentemente, apoios desejáveis, são os tripedais, bipedais diagonais e bipedais laterais.


Vamos discutir mais detalhadamente as conclusões dos resultados de estudos doANALOC com animais da raça Mangalarga:
¤ A conclusão de que a marcha é diagonalizada e não trotada, porque não foi constatada suspensão total dos membros não procede. A andadura é um andamento classificado como marchado, e apresenta apoios quadrupedais para a troca de apoios bipedais laterais.


Quando os quadrupedais são substituídos pelos apoios monopedais, sem definir uma frequência regular de apoios tripedais, o andamento será uma ANDADURA DESUNIDA. E quando define com frequência regular os apoios tripedais, o andamento será uma marcha picada.


Analogamente, poderíamos definir a marcha trotada como "trote desunido", mas nunca de marcha diagonalizada, porque além da falta de definição regular dos momentos de tríplice apoios, também faltam os apoios duplos laterais. O próprio resultado do estudo com o ANALOC mostrou um % pouco significativo de 6% de apoios laterais, sendo que em vários animais estes apoios foram de 0%.


SEM APOIOS LATERAIS NÃO É MARCHA. Os tríplice apoios regulares somente ocorrem havendo a alternância regular entre apoios duplos diagonais e duplos laterais.


¤ A conclusão de que a troca de apoios não é efetuada através de um momento mínimo de suspensão, como estabelece na definição de andamento do Padrão Racialnão é verdadeira. Esta característica dinâmica é por demais influenciada pela velocidade do andamento. Quanto mais lento, mais evidente será o momento de suspensão.


Quanto mais rápida a marcha, mais freqüentes serão as trocas de diagonais através de apoios monopedais e quadrupedais.


¤ Finalmente, a conclusão da inexistência de atritos verticais no andamento do cavalo da raça Mangalarga é uma inverdade. Sòmente através de uma mágica, será possível que dois bípedes diagonais, tocando o solo quase que em sincronismo 100% perfeito, não gerem algum grau de atrito vertical sobre o assento do cavaleiro.


É bem verdade que as marchas de tríplice apoios vêm sofrendo ataques constantes, até mesmo dentro das próprias associações. No momento atual da ainda rica equideocultura brasileira de marchadores, critico principalmente para a raçaMangalarga Marchador em têrmos de perda da essência do andamento marchado, é preciso que haja uma consciência nacional do resgate deste patrimônio nacional representado pela M.T.A.D. - MARCHA DE TRIPLE APOIOS DEFINIDOS.


Este é o andamento universal dos "pleasure horses" ( cavalos de passeio ), aquele andamento que proporciona aos cavaleiros e amazonas uma comodidade real, plena, impessoal. Caso isto não aconteça, continuaremos a ler matérias como esta da revista Horse em sua edição de nº 95, que confunde marcha batida com marcha trotada.


Felizmente o parâmetro das exposições não é termômetro da preferência pela maioria dos usuários de cavalos de passeio.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Variações de Marcha

 

Muito tem-se discutido sobre as variações da marcha. A polêmica se acirra quando estão em jogo as marchas batida e picada.

A lista de discussões acessada via internet tem sido palco de polêmicos debates sobre a marcha e suas variações, sendo também esta a razão da escolha deste tema pela ABCCMM, que sente-se no dever de se posicionar a respeito, levando a seus Associados uma referência mais concreta e objetiva de sua postura neste assunto.

A título de esclarecimento, os termos “marcha picada”  e “marcha batida” foram substituídos no vocabulário técnico da Associação por marcha lateralizada, marcha de centro e marcha diagonalizada. Enquanto aqueles termos sugeriam, cada um, um tipo específico de marcha, as novas expressões definem melhor o que ocorre quando variações se apresentam, de acordo com as alterações nos tempos de apoio laterais e diagonais, promovidos pelo animal.

Para melhor compreendermos estas possíveis variações, vamos definir corretamente a marcha:

Andamento marchado ( no qual o animal se mantém  em permanente contato com o solo ), simétrico, regular, a quatro tempos ( em um ciclo completo as batidas dos cascos no solo são distintas, gerando quatro sons também distintos ), com apoio alternado dos bípedes laterais e diagonais, sempre intercalados por momentos de tríplice apoio.

Na marcha clássica o animal deve promover oito apoios diferentes, conforme esquema abaixo:

TAD >  TRÍPLICE ANTERIOR DIREITO

DD  >  DIAGONAL DIREITO

TPE  >  TRÍPLICE POSTERIOR ESQUERDO

LE   >  LATERAL ESQUERDO

TAE  >  TRÍPLICE ANTERIOR ESQUERDO

DE  >  DIAGONAL ESQUERDO

TPD  >  TRÍPLICE POSTERIOR DIREITO

LD  >  LATERAL DIREITO

As variações na marcha clássica vão ocorrer de acordo com o tempo que o animal se mantém em cada uma destes oito apoios.

Até há pouco tempo, pensava-se que a marcha lateralizada tinha tempos de apoio laterais maiores que os diagonais. Por sua vez, a marcha diagonalizada tinha os tempos de apoio diagonais maiores que os laterais. Definiu-se como marcha de centro a marcha que apresentava tempos de apoio laterais e diagonais iguais.

Analisando detalhadamente filmes de animais em marcha, constatou-se que praticamente em todas as variações, os tempos de apoio diagonais são sempre maiores que os laterais. Interessa, neste caso, o quanto maior é o tempo de apoio diagonal sobre o lateral. Definiu-se então as variações da seguinte forma:

  1. marcha diagonalizada: ocorre quando os tempos de apoio diagonais são muito maiores que os laterais;
  2. marcha de centro: ocorre quando os tempos de apoio diagonais são maiores que os laterais;
  3. marcha lateralizada: ocorre quando os tempos de apoio diagonais são pouco maiores que os laterais.

Observou-se que quando os tempos de apoio laterais se igualam aos diagonais, o animal se encontra na transição entre a marcha e a andadura.

Definindo didaticamente estas variações, criou-se o seguinte diagrama:

ANDADURA <<L4<<L3<<L2<<L1<CENTRO>>D1>>D2>>D3>>D4>>TROTE

Entre a andadura e o trote se encontra a marcha com suas variações:  D1, D2, D3 e D4 são gradações de marcha diagonalizada, variando de D1, próximo à marcha de centro, a D4, marcha extremamente diagonalizada, próxima do trote; Do outro lado, L1, L2, L3 e L4 são gradações de marcha lateralizada, variando de L1, próximo à marcha de centro, a L4, marcha extremamente lateralizada, próxima da andadura. Os termos “marcha picada” e “marcha batida” não nos dão a dimensão destas possíveis variações da marcha.

A marcha clássica à qual nos referimos acima é exatamente a que apresenta as oito possibilidades de apoio descritas, na mesma seqüência do esquema. É possível ocorrer a supressão de um ou mais apoios no ciclo, ou mesmo sua substituição por um apoio monopedal. Quando isto ocorre, não se pode afirmar que o animal não está marchando, mas sim que a marcha não é de total qualidade, não é clássica. Ocorrendo algum momento de suspensão total, aí sim estará descaracterizado o andamento marchado. Da mesma forma o animal não estará marchando, se ocorrer apoio e avanço exclusivos de bípedes laterais, intercalados por apoios quadrupedais. Neste caso, o andamento caracteriza-se como andadura.

A marcha de centro reúne todos os pontos positivos de forma plena, incluindo a comodidade, o equilíbrio, o estilo. Especificamente é esta a variação da marcha que mais preenche o padrão, e portanto a que vem sendo valorizada nos concursos, tanto quanto no momento do registro. Ocorre, no entanto, que as variações de marcha lateralizada e marcha diagonalizada apresentam limites bem mais amplos que os da marcha de centro. Dificilmente encontramos animais precisamente de centro, pelos limites estreitos que definem esta variação.

Correndo o risco de ferir a ética, mas evitando citar nomes para minimizar este risco, gostaria de me reportar à Exposição Especializada de Caxambu, promovida pela ENA no inicio deste ano, quando da reciclagem dos árbitros. Naquela ocasião, num determinado concurso de marcha, tivemos a felicidade de nos deparar com um animal tipicamente de marcha de centro. Por todas as qualidades que apresentava, além de seu gesto genuíno, e realmente de centro, este animal não só obteve o título de campeão de marcha, como foi extremamente elogiado pelo árbitro em seu comentário. Foi unanime a opinião dos presentes, inclusive criadores defensores da marcha lateralizada, quanto às qualidades expressas por aquele animal, que foi inclusive montado por curiosos depois de sua premiação. Como integrante do trio responsável pelo julgamento naquela ocasião, sinto-me à vontade para tecer este comentário, confirmando que apesar de pouco comum, sempre que animais desta natureza se apresentarem em pista, sua classificação será superior. Não existe determinação em contrário.

Considerando a marcha picada, ou lateralizada, onde os tempos de apoio diagonais são apenaspouco maiores que os laterais, o ponto de equilíbrio do animal oscila consideravelmente, no sentido lateral, deslocando seu peso de um lado para o outro. Isto força o cavalo a compensar tais oscilações mobilizando de forma acentuada o pescoço, o que interfere negativamente no estilo de marcha. A estabilidade do tronco fica comprometida, tanto quanto o equilíbrio, pelas oscilações citadas. A necessidade de retomada constante de equilíbrio promove um desgaste físico acentuado no animal. Ao longo de uma prova de marcha, este desgaste é significativo, levando o animal a alterar seu gesto, interferindo negativamente na regularidade. Ainda que não oferecendo atritos verticais ao cavaleiro, esta variação da marcha promove um atrito lateral, que é percebido em cavalgadas longas. Além do atrito lateral, o desequilíbrio é fator de desconforto para o cavaleiro, pela insegurança gerada ao executar figuras, como também pela dificuldade do animal em fazer transições, como a partida ao galope, por exemplo. Ainda sobre a marcha lateralizada, é comum que os animais que apresentam esta variação sejam limitados quanto ao rendimento. Sabe-se que a propulsão nos eqüinos é promovida pelos membros posteriores. Passadas curtas com o posterior significam pouco rendimento, e esta característica acontece com freqüência também pelo deslocamento acentuado do ponto de equilíbrio, no sentido lateral. Para melhor compreendermos o que ocorre, façamos uma comparação do cavalo com um barco, no qual o canoeiro usa um remo, sentado na parte posterior do barco. Ao remar por exemplo, do lado esquerdo, o canoeiro promove um deslocamento do barco para a frente, além de direcionar a porção dianteira do barco para a direita:

Comparando o descrito acima com um cavalo, ocorrem duas situações diferentes, conforme seja mais diagonalizado ou lateralizado o animal. Vejamos:

Caso seja diagonalizado, ao promover a distensão do posterior esquerdo, por exemplo, o cavalo estará apoiado também em seu anterior direito, que irá canalizar a força de propulsão para a frente, impedindo um desvio do ponto de equilíbrio para a direita ( que ocorre com o exemplo do barco).

Caso seja o animal lateralizado, ao promover a distensão do posterior esquerdo, o anterior esquerdo estará também apoiado, enquanto o anterior direito se encontrará em suspensão. Desta forma, o ponto de equilíbrio do cavalo será deslocado para a frente e para a direita, como no barco.

Se o animal lançar mão de todo seu potencial para promover uma passada longa, seu ponto de equilíbrio irá deslocar tanto do eixo central, a ponto de não mais ser possível recuperar o equilíbrio. Este animal, certamente, cairá.

Desta forma, mesmo que tenha recurso suficiente para dar passadas longas, este animal deverá conter sua elasticidade, promovendo passadas curtas, consequentemente de pouco rendimento. Esta tese poderia ser rebatida ao se considerar o exemplo dos animais puxadores de “aranha”, que são pequenas charretes puxadas por animais de andamento totalmente lateralizados, numa prova de velocidade em que o animal lança mão do máximo de sua elasticidade para imprimir velocidade em seu deslocamento. Ocorre neste caso que a troca de apoio de um bípede lateral para o outro acontece por um momento de suspensão total. Neste caso, o centro de gravidade do animal é lançado para cima, durante a troca de apoios laterais, o que mantém seu equilíbrio mais estável, sem grandes oscilações laterais.

Para que sejam competitivos em relação aos animais de centro, ou mesmo aos de marcha um pouco diagonalizada ( D1 ), cavalos lateralizados precisam se mostrar superiores em todas as características naturais da marcha. Precisam ter temperamento de sela extraordinário, grande qualidade de impulsão, se superar no equilíbrio, para que possam dar passadas longas e executar figuras e transições com facilidade, ter qualidades extremas de proporções e angulações de membros, além de perfeitas regiões zootécnicas ligadas à dinâmica eqüina. Além disso, é indispensável que se apresentem plenamente adestrados, para que possam explorar e evidenciar todas estas qualidades. Tudo isto nos faz entender que é difícil se encontrar um animal lateralizado que preencha todos estes requisitos, a ponto de competir em igualdade de condições com animais de maior equilíbrio, e que por este motivo apresentam performance melhor pontuada. Quando, no entanto, eles se apresentam, com certeza são bem classificados.

Além do que foi posto até aqui, existe outro fator que normalmente leva os criadores a pensar em discriminação em relação à marcha picada. Os animais lateralizados, em esmagadora maioria, apresentam esta variação da marcha não por qualidades, mas sim por defeitos de conformação. Limitações de angulação e proporção de membros, problemas de aprumos, ou mesmo deficiências em regiões zootécnicas diretamente ligadas à dinâmica, levam quase sempre a esse tipo de andamento, desequilibrado, irregular, de pouca impulsão, baixo rendimento, enfim, de qualidade inferior. Nestes casos, o registro é também dificultado, já que somam-se limitações de conformação a outras de andamento. Deve-se lembrar, inclusive, que para ser registrado em definitivo, o animal deverá obter no mínimo 50 % da pontuação destinada ao andamento.

Se fizermos uma avaliação estatística, certamente iremos concluir que muito poucos são os animais lateralizados que obtiveram boas colocações em concursos de marcha ou mesmo o registro definitivo. No entanto, esta verdade não acontece por discriminação à marcha picada,nem mesmo por uma determinação da Associação a seu quadro de técnicos de registro ou de árbitros. Ocorre sim por problemas de conformação que apresentam a maioria de animais lateralizados, além da dificuldade de outros lateralizados em superar de forma compensatória as limitações criadas pelo desequilíbrio característico da dinâmica lateralizada.

Como autor deste texto, concluo dizendo que seu conteúdo expressa não somente meu ponto de vista como técnico, mas também a posição oficial da ABCCMM  em relação às críticas quanto a discriminação em relação à marcha picada, e que por esta razão também assina este artigo.

O conteúdo acima expressa a opinião do autor sobre o assunto. Caso você deseje complementar ou até mesmo discordar do tema sua opinião técnica também será publicada aqui.

Autor: Roberto Naves . Árbitro da ABCCMM Fonte: Empório do Criador

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Treinamento para Concurso de Marcha

 

Após o animal de marcha ter passado pelo adestramento básico, seguindo o Método LSA de Adestramento, o treinamento para concursos de marcha será por demais facilitado. O treinador precisará apenas corrigir detalhes do estilo, buscar incrementos no rendimento da marcha, estabilizar o diagrama da marcha, e o aspecto mais demorado que é o desenvolver da resistência, para suportar provas de marcha de 40 minutos de duração em um ritmo intenso de marcha.

Os ganhos de resistência devem ser moderados, a cada semana, jamais aumentando simultaneamente a distancia e o tempo de treinamento. O animal estará bem condicionado para competir quando suportar bem um treinamento de uma hora de duração, em dias alternados. O melhor método é o treinamento intervalado, alternando seções de exercício de baixa, média e alta intensidade.

Os exercícios de pista devem ser intercalados com exercícios de estrada. A natação é um bom exercício para desenvolver a capacidade respiratória e circulatória, além de proporcionar um rápido fortalecimento muscular, especialmente dos músculos torácicos, das espáduas, braços e ante-braços.

O galope lento é um bom exercício para melhorar o rendimento da marcha, vigor, impulsão, equilíbrio dinâmico. O passo livre é um exercício imprescindível para relaxar o animal, recuperar as taxas respiratórias(15 fluxos/minuto) e cardíacas (30 batidas/ minuto ).

Os exercícios de marcha em figuras de serpentina, de oito, círculos à direita e à esquerda, favorecem o equilíbrio e a coordenação da marcha, desenvolvem a força de impulsão, fortalece e flexiona a musculatura geral – pescoço, tronco e membros, as articulações, tendões e ligamentos. As transições de andamentos contribuem para um melhor posicionamento da cabeça ( força a flexão da nuca ) e o fortalecimento da musculatura que se distribui ao longo da grande região dorso-lombar.

O aquecimento, durante 5 minutos, e o desaquecimento, após o trabalho, são essenciais para manter a integridade do animal. Muitos animais são arruinados na integridade muscular caso estas duas fases não sejam adequadamente conduzidas. O melhor andamento para a fase do aquecimento é o passo médio e a marcha reunida. Como o animal geralmente sai da baia com reservas de energia, pode não encarta o passo médio, apenas de contato de rédeas, permanecendo por um ou dois minutos no passo reunido. Quanto ao desaquecimento o melhor andamento é ao passo livre. Não conseguindo, o passo médio é a segunda alternativa.

Fonte: Mundo Equino

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Andamentos

image

Marcha trotada: Observar o sincronismo perfeito na movimentação dos bípedes diagonais. Os tempos de suspensão, necessários para as trocas dos apoios bipedais diagonais, são mínimos. Ao contrário, no trote convencional, estes tempos de suspensão dos quatro cascos no ar são bem definidos. nas marchas trotadas mais cômodas, os tempos de suspensão são substituídos por tempos de apoios monopedais ou quadrupedais.

    Trote. Nota-se um sincronismo perfeito no deslocamento dos bípedes diagonais, com momentos de suspensão dos quatro cascos, facilmente identificados a olho nú. Simultaneamente aos impactos dos cascos no solo, o cavaleiro sente um forte atrito vertical. O trote é um andamento perfeitamente simétrico na mecânica de locomoção.

    Marcha batida. Existe um maior predomínio nos tempos de movimentação dos bípedes diagonais (elevação, avanço e apoio) em relação aos tempos de movimentação dos bípedes laterais, a dissociação entre o anterior esquerdo, na metade da fase de avanço, e o posterior direito, ao final da fase de elevação. Quanto mais cômoda for a marcha batida, maior tende a ser a dissociação entre os membros diagonais, resguardando-se condições favoráveis de aprumos, treinamento e equitação.

    Marcha Picada. O mecanismo é o inverso àquele descrito anteriormente para a marcha batida. Notar que o posterior direito acaba de tocar o solo, sendo seguido pelo anterior direito. Voltando um pouco, seria visualizado um nítido apoio lateral. Quanto maior for a lateralidade, mais próximo o animal estará da andadura, que é um andamento indesejável, de sincronismo perfeito entre a movimentação dos bípedes laterais, provocando sobre o assento do cavaleiro diversos tipos de abalos, ou atritos: verticais, laterais e longitudinais.

    Marcha de Intermediária - É definida pela nítida dissociação na movimentação dos bípedes diagonais e laterais, dificultando a identificação de um bípede dominante. É uma marcha intermediária, justamente por estar situada em um ponto central, entre a marcha picada e a marcha batida, mantendo uma equidistância dos extremos da andadura e do trote. A marcha de centro é a modalidade que melhor exprime a alternância de deslocamentos na dinâmica de movimentação dos autênticos marchadores. Na verdade a marcha de centro nada mais é do que o passo em velocidade rápida. A sequência e tipos de apoios são idênticos.

Fonte: Haras Garden

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Marcha Antiga?

 

Mais uma vez estamos às voltas com um velho assunto:  A MARCHA! De tanto ser discutido, o assunto fica mesmo repassado, surrado, VELHO. Mas a marcha, aquela boa,  continua como sempre, com suas características inconfundíveis, que a tornam até  motivo de... “preservação permanente” ( e viva a ecologia! ).

Trocando idéias com criadores, novos e antigos na arte de criar cavalos, percebo às vezes que existe uma referência variável entre alguns aficionados ( mais comum aos mais novos ), que se reporta ao tempo em que iniciaram seus criatórios. Desta forma encontramos pessoas que se referem à marcha como  “aquela, antiga, verdadeira”, ou  “a marcha antiga, macia”, ou ainda “aquela marcha antiga, equilibrada, prá frente”. Cada uma destas pessoas, na verdade, defende seu conceito de “boa marcha” com argumentos que confirmam não só uma divergência de opiniões, mas também uma idéia de que a marcha tem a idade de seu próprio criatório. Sem a pretensão de definir a “boa marcha”, vejo sim a necessidade de dar a estes criadores alguns parâmetros que os auxiliem na tradução de seus conceitos, às vezes confusos pela falta de informações.

Se estudarmos a história da Raça Mangalarga Marchador, poderemos perceber nítidas influências que nortearam temporariamente sua evolução. Basicamente três fases se passaram até que se voltasse às origens, com evidências de um ganho zootécnico considerável, apesar dos erros de percurso cometidos. Entenda-se por volta às origens a valorização de um cavalo cuja marcha retrata a época em que se usava o cavalo, o tempo em que os parâmetros de seleção visavam a comodidade, o equilíbrio, a resistência, na busca de um animal capaz de percorrer longas distâncias, quer nas viagens, nas caçadas ao veado campeiro, na lida diária com o gado, sem  perder a elegância, o garbo.

Nas origens da Raça a marcha característica dos indivíduos da época despertava a atenção de todos que usavam o cavalo ( e não eram poucos). Sabe-se que não existiam animais de grande beleza estética. Eram comuns os cavalos de cabeça grosseira, frente pesada, sem refinamento. Primavam, no entanto, pelo andamento cômodo, equilibrado e avante, pela energia de movimentos e por sua resistência. Estas características marcaram os Marchadores na fase primeira de formação da Raça.

Com a necessidade de refrescar o sangue de sua tropa e mesmo comercializar seus produtos, os criadores da época passaram a freqüentar as exposições, que além de permitir uma troca de material genético, contribuíam na identificação dos indivíduos superiores, que deveriam ser usados na reprodução. Como reconhecimento pelo trabalho de seleção bem conduzido, os proprietários de tais indivíduos tinham seus animais premiados. Foi o início de uma nova era, em que outros interesses passaram a atrair criadores novos, voltados para um cavalo mais bonito, comercial. A substituição do cavalo por veículos motorizados de certo contribuiu para que fosse deturpada a visão do que seria um bom cavalo de sela. Foi então que se difundiu a idéia de “qualidade” com base na beleza estética, valorizando-se cavalos de cabeça leve, de orelhas com pontas convergentes. Teria sido uma fase muito positiva, se outros valores não fossem ignorados. A verdade é que a beleza estética não foi apenas somada à outras características, mas sim confundida com “parâmetro zootécnico” em substituição a tantos outros valores certamente mais importantes. Deixou-se de lado a busca de animais com boa estrutura corpórea, tanto óssea quanto muscular, a valorização de bons aprumos, e sobretudo foram esquecidas as virtudes funcionais do Marchador. A falta de uma conformação ideal, de membros posteriores fortes, capazes de propelir  os animais com equilíbrio,  energia e regularidade, permitiu o aparecimento de cavalos de marcha curta e desequilibrada, sem impulsão, animais cujos posteriores se arrastavam, e cuja vida útil se reduziu visivelmente. Constatava-se o fato pelo uso de animais (ainda que poucos ) em competições hípicas,  que ao contrário de premiações, o que obtinham eram lesões em seus membros, sinais de fragilidade estrutural. Este período contribuiu de forma decisiva para a desvalorização e o preconceito contra o Marchador como cavalo de esporte.

Preocupados com a situação que se mostrava real quanto aos rumos tomados pela Raça, alguns criadores trataram de rever seus programas de cruzamentos, priorizando a estrutura como meta. Sem sombra de dúvidas algumas características zootécnicas importantes foram acrescidas ao Mangalarga Marchador, permitindo assim que fossem produzidos cavalos mais enquadrados no padrão de cavalos de sela. Faltava no entanto uma melhor definição dos conceitos zootécnicos, na época mal compreendidos por alguns criadores. A estrutura corpórea, óssea, tendínea e muscular, a qualidade de membros e aprumos foram então confundidos por “volume” corpóreo. Não se pode negar que esta nova fase contribuiu em muito para que se melhorasse o tronco dos animais da época, que passaram a se apresentar muito mais profundos e arqueados, melhor cobertos de musculatura, muito diferentes portanto dos animais criados na fase anterior, débeis em seu tronco e membros. A confusão que se formou permitiu, no entanto, a multiplicação de animais cuja estrutura de membros não condizia com o peso e o volume corpóreos dos indivíduos. A situação se complicou quando, acreditando que seria este volume o parâmetro de qualidade estrutural, alguns criadores trataram de superalimentar seus produtos, apresentados em pistas como verdadeiros “suínos tipo banha”. Como se não bastasse, veio a descoberta maligna dos anabolizantes, e seu uso indiscriminado produziu animais totalmente ilusórios, bolos de carne sobre membros  incapazes sequer de sustentá-los em pé. Mas o pior estava por vir: caindo em desuso, os cavalos eram criados muito mais por sua conformação que para qualquer função como animal de sela. Os criadores não montavam, os animais não eram testados em sua aptidão maior. O outro lado da marcha se fez presente. Cavalos absolutamente diagonais, alguns mesmo quase ao trote, premiados em grandes exposições por sua condição “atlética”, se é que assim poderíamos defini-los. Atletas da obesidade, confinados em baias, sem nem poderem ser montados. Nos grandes haras era comum se reunir ao redor de um garanhão, apresentado imóvel ao cabresto, e tecer-se inúmeros elogios à sua conformação, sua estrutura. Suas aptidões como cavalo de sela, como marchador de fato, eram meros detalhes. Há de se comentar o temperamento linfático,  por muitos apresentado, e para o qual não se dava também importância.

Alguns criadores tiveram suas origens nas raízes da raça, e seus ancestrais lhes passaram a sensibilidade e o gosto por bons marchadores de sela. Estes, quando falam de marcha, se referem à marcha pura, original, verdadeira. Outros se iniciaram na criação à época dos animais comerciais, bonitinhos, cuja marcha, no entanto, não correspondia nem mesmo à sua beleza estética. E muitos se prenderam àquela marcha, sem saber do passado. Outro grupo, ainda mais jovem no que diz respeito à criação, “nasceu”  na geração “rocambole”, e aprendeu a valorizar um animal volumoso, grande e gordo, sem sustentação, e o que é pior, sem andamento. E alguns também se agarraram a este cavalo, como sendo o de boa marcha. Mas ter as origens do criatório nestas diferentes fases não é o problema. Complicado é não se ter referências do que de fato é bom, original, verdadeiro, e se prender ao que era tido como bom, sem que se abra os horizontes do conhecimento. O problema está no fato de não se conhecer aquilo que realmente foi preconizado por criadores que, nas origens da Raça, sabiam as reais virtudes de um cavalo, pela própria necessidade do seu uso.

O momento que hoje vivemos nos permite experimentar realidades que remontam ao passado inicial da Raça. O cavalo voltou a ser usado, a ser montado. Hoje os criadores buscam um cavalo marchador de fato, como era na sua origem. O ganho acrescido à raça nos oferece animais de um belo zootécnico superior, aliado à uma beleza estética que a todos agrada. E pode-se ver tudo isso nos verdadeiros marchadores, cômodos, equilibrados, enérgicos, ágeis, resistentes. Provas e mais provas são hoje disputadas com o Marchador, e os resultados são os melhores. Ganhando enduros em disputas acirradas com outras raças, provas de hipismo rural e mesmo o clássico, lá está o Marchador se fazendo vitorioso. A valorização dos técnicos em suas funções próprias e específicas, quer no serviço de registro ou nas pistas de julgamento, permitiu uma redução drástica na margem de erro dos cruzamentos, através de uma orientação pautada em conceitos realmente técnicos. Reduziu também o tempo gasto pelos criadores para atingir metas, ainda que intermediárias, no árduo ofício a que se propõem.

Quanto à marcha, aquela antiga, verdadeira, original, deve-se sua preservação a alguns poucos criadores, que não sucumbindo a modismos, souberam priorizá-la, perpetuando-a em seus criatórios pela seleção funcional. E para aqueles que se limitaram a ter como referência apenas o que era erroneamente valorizado, quando do início de seu envolvimento com a Raça, o que se vê hoje é a réplica melhorada daqueles animais da origem, que marchavam verdadeiramente, cômodos, equilibrados, enérgicos, ágeis, belos. . .

O conteúdo acima expressa a opinião do autor sobre o assunto. Caso você deseje complementar ou até mesmo discordar do tema sua opinião técnica também será publicada aqui.

Fonte: Empório do Criador. Autor: Roberto Naves

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Tipos de Marcha – Equitação e Diagramas

TIPOS DE MARCHA – EQUITAÇÃO E DIAGRAMAS
A.P.Toledo – Engenheiro, criador de cavalos marchadores, autor dos livros: Mecânica de Sustentação e Locomoção dos Eqüinos, A Locomoção dos Eqüídeos – O Livro da Marcha e Tecnologia Não Invasiva para a Análise da Locomoção dos Eqüídeos.
Coordenador do Analoc-E.

CONSIDERAÇÕES:
A opinião de equitadores experientes sobre as marchas é muito importante para fazermos uma comparação subjetiva e técnica entre os tipos principais de MARCHA TROTADA, BATIDA COMPLETA E PICADA. Desta forma, pedimos a opinião de cavaleiros experientes e estudiosos da locomoção dos eqüídeos sobre essas marchas e juntamos a subjetividade do equitador com os subsídios técnicosque explicam as diferenças entre cada tipo, por meio de diagramas de marcha fornecidos pelo sistema Analoc-E.
Acreditamos que a tecnologia da análise da locomoção e arte da equitação poderão trazer algum esclarecimento aos criadores, profissionais e estudantes da equideocultura sobrecomo sentir e explicar as marchas dos cavalos e  outros equídeos.

MARCHA TROTADA – É um andamento marchado em 2 tempos, com predominância de apoios diagonais, apoios triplos inferiores a 10%, apoios laterais inferiores a 5% e possibilidade de ocorrência de apoios monopedal ou quádruplo durante a passada.
(Obs.) os percentuais são sempre referentes ao tempo de duração de uma passada completa, que na marcha a 12 k/h é equivalente4 a 600ms (milésimo de segundo).

Ponto de vista do equitador:
1 – Dr. Lúcio Sérgio Andrade: na marcha trotada é inevitável que o cavaleiro sinta atritos verticais, porém de melhor comodidade em relação ao trote convencional. Em cavalgada, somente os bons equitadores conseguirão sentir conforto continuo, como acontece nas marchas picada equilibrada, marcha de centro e batida clássica (completa).
2 – Dr. Ricardo Wuekert: A marcha trotada proporciona para o cavaleiro a sensação de  deslocar-se em um veículo que rola sobre 2 cilindros de sessão transversal elíptica, paralelos entre si e transversais ao sentido do deslocamento. O assento do cavaleiro descreve uma linha ondulada, ao longo do eixo do deslocamento.
3 – Dr. Sérgio Lima Beck: marcha trotada, em 2 tempos, sem suspensão, acho que é a mais saborosa, pois os 2 tempos são fáceis de serem acompanhados pelo movimento ritmado da nossa coluna se não contraída.

COMENTÁRIOS:

1 – Observa-se que os dois apoios triplos do diagrama são muito pequenos e inferiores a 6%, com pequena prevalência do triplo com dois posteriores (P1, P2, M1) com duração de 3,4% contra  2,5% do triplo com anteriores (M1, M2, P1).
2 – A dissociação é mínima e não pode ser avaliada por qualquer observador a olho nú (1,7% para M1-P2 e 0,8% para M2-P1), que caracterizam um apoio diagonal sincronizado em 2 tempos. Assim, a marcha é incompleta, simétrica e com reações ásperas no plano vertical, como sugere o Handicap de 4,38.
3 – A ausência de apoios laterais e a ocorrência de apoios diagonais de 94% caracterizam uma marcha trotada, transicional para trote (CL=0).
4 – O Diapasão que representa a relação entre apoio e suspensão dos quatro cascos durante a passada é de 1,06, mostrando que o tempo total de apoio dos cascos é equivalente ao tempo de vôo ou suspensão.

MARCHA PICADA – É uma marcha completa de oito apoios em 4 tempos, com predominância de apoios laterais sobre os diagonais, apoios triplos superiores a 20% e ausência de apoios indesejáveis; tais como mono, duplo de anteriores ou posteriores e quádruplo.

Ponto de vista do equitador:
1 – Dr. Lúcio Sérgio Andrade – marcha picada equilibrada a comodidade será igual à da marcha completa intermediária ou de centro, sem atritos. Se for com excesso de lateralidade o assento oscilará lateralmente, em um grau tanto maior quanto maior for a lateralidade dos deslocamentos.
2 – Dr. Ricardo Wuekert - a marcha picada proporciona para o cavaleiro a sensação de deslocar-se em um veículo que tem 4 rodas elípticas, posicionadas entre si com defasagem angular em relação ao eixo vertical imaginário que passe pelos seus centros. Na marcha picada, o assento do cavaleiro descreve uma linha, aproximadamente, helicoidal alongada ao longo do eixo do deslocamento.
3 – Dr. Sérgio Lima Beck – A marcha picada equilibrada tende a ser muito agradável também, mas trata-se de uma sensação diferente da marcha de 2 tempos, pois nessa de 4 tempos a sensação é de passividade, apenas observando a paisagem passar, como deslizar num tobogam; já que os tempos são muitos (4) e não são passíveis de serem acompanhados por nenhum movimento voluntário e ritmado da coluna do cavaleiro.

COMENTÁRIOS:

1 – Observa-se que os apoios triplos no diagrama são bem equilibrados (equivalentes em duração) com predominância dos triplos com posteriores (P1, P2, M1 e P1, P2, M2) com duração de 23,1% contra  17,6% dos triplos com os anteriores.
2 – A dissociação equilibrada em ambos os bípedes diagonais (26,4% para M1-P2 e 26,4% para M2-P1) que proporcionam uma PERFEITA assimetria de 0,0%. O equilíbrio da marcha está garantido pela dissociação equivalente em ambos os lados do deslocamento, caracterizando uma verdadeira marcha simétrica e cômoda como sugere o ótimo Handicap de 10,3.
3 – A proporção entre apoios laterais e diagonais caracteriza uma marcha picada de alta qualidade, com os apoios laterais superiores em 56% aos apoios diagonais (CL=1,56).
4 – O Diapasão que representa a relação entre apoio e suspensão dos quatro cascos durante a passada é de 1,51, mostrando que o tempo total de apoio dos cascos é 51% superior ao tempo de suspensão.

MARCHA BATIDA COMPLETA – É uma marcha completa de 8 apoios em 4 tempos, com predominância de apoios diagonais sobre os apoios laterais; apoios triplos superiores a 20%, dissociação do bípede diagonal superior a 10%, com ausência de apoios indesejáveis tais como, mono, duplos de anteriores ou posteriores e quádruplo.
Ponto de vista do equitador:
1 – Dr. Lúcio Sérgio AndradeA marcha batida completa  tem discretos atritos verticais, sem afetar a comodidade em cavalgadas de media a longa distância, com a vantagem da maior amplitude de passadas em relação à marcha picada. 
2 – Dr. Ricardo Wuekert - A marcha batida proporciona para o cavaleiro a sensação de deslocar-se em um veículo onde os eixos teriam sessão transversal circular. Nesse caso, o assento do cavaleiro descreve uma linha reta ao longo do eixo do deslocamento.
3 – Dr. Sérgio Lima Beck - Na marcha batida completa, a sensação também é muito agradável, com uma passividade, devido aos 4 tempos, que não permitem acompanhamento voluntário ritmado da coluna do cavaleiro.

COMENTÁRIOS:
1 – Observa-se que os apoios triplos do diagrama são bem equilibrados (equivalentes em duração) com ligeira predominância dos triplos com dois posteriores (P1, P2, M1 e P1, P2, M2) com duração de 18,4% contra 17,5% dos triplos com os anteriores.
2 – A dissociação equilibrada em ambos os bípedes diagonais (20,4% para M1-P2 e 19,4% para M2-P1) que proporcionam uma excelente assimetria de 1,0%. O equilíbrio da marcha está garantido pela dissociação equivalente em ambos os lados do deslocamento, caracterizando uma verdadeira marcha simétrica e cômoda como sugere o Handicap, até agora inigualável, de 12,72.
3 – A proporção entre apoios laterais e diagonais caracterizando uma marcha batida de qualidade, com os apoios diagonais equivalentes ao dobro dos apoios laterais (CL=0,5).
4 – O Diapasão que representa a relação entre apoio e suspensão dos quatro cascos durante a passada é de 1,44, mostrando que o tempo total de apoio dos cascos é 44% superior ao tempo de suspensão.

CONCLUSÕES:
1 - As marchas completas de 8 apoios em 4 tempos podem ser batidas, nas quais prevalecem os tempos de apoios diagonais sobre os laterais; intermediárias ou de centro - que têm tempos de apoio diagonais equivalentes aos de apoios laterais, com CL variando entre 0,8 e 1,05; e picadas equilibradas, nas quais prevalecem os tempos de apoios laterais sobre os diagonais, com CL variando entre 1,05 até 5. O parâmetro handicap acima de 6,0 comprova a comodidade do deslocamento.
2 – As marchas completas são aquelas que têm 4 apoios triplos intercalados por apoios diagonais e laterais sucessivos. Elas têm dissociações nítidas dos bípedes diagonais, que possibilitam a ocorrência dos referidos apoios triplos proporcionais de anteriores e de posteriores, responsáveis pela comodidade e regularidade da marcha.
3 – A ocorrência de dissociação equivalente em ambos os bípedes diagonais garante a assimetria nula ou muito pequena (inferior a 5%), que proporciona na marcha, a ausência de movimentos parasitas e o correspondente atrito para o cavaleiro no plano médio-lateral.
4 – A morfologia e os impulsos cerebrais, aliados à saúde e ao preparo físico do animal, proporcionam rendimento e velocidades médias da marcha em cada raça. Todo indivíduo tem a sua velocidade ideal de deslocamento, durante a qual ele apresenta o seu maior desempenho e qualidade da marcha (handicap). No cavalo marchador a velocidade média está em torno de 12 k/h. Nas raças de maior porte como o Campolina, o Mangalarga e os muares cruzados com éguas da raça campolina, a velocidade média está em torno de 13 k/h.
(Ref.) – Analoc-E – 1990 – 2009.
5 – Observamos nas opiniões dos equitadores que o ponto comum entre eles é que:
5.1 - Nas marchas completas equilibradas, devido aos 4 tempos, o Centro de Gravidade (CG) do conjunto cavalo e cavaleiro têm deslocamento mínimo nos planos vertical e médiolateral, com sensação cômoda de avanço no plano anteroposterior. Essas marchas, portanto exigem menor grau de equitação do cavaleiro.
5.2 - Na marcha trotada em 2 tempos o CG do conjunto tem maior atrito nos planos vertical e anteroposterior, exigindo maior grau de equitação do cavaleiro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Origem da Marcha Picada no Mundo e no Brasil

 

A teoria mais provavel da origem da marcha picada no mundo é a de que tenha surgido a partir de mutações genéticas sofridas pelos cavalos Bérberes nos desertos do norte da África. Estas mutações resultaram na Andadura, como forma de adaptação à dificil locomoção nas dunas de areia fofa.

O melhor exemplo é o andamento dos camelos, a andadura exclusiva, andamento rasteiro, com apoio quadrupedal entre as trocas de apoios sincronizados dos pares laterais de cascos. Neste tipo de movimentação os cascos praticamente arrastam-se na areia fofa. Ao contrario, no trote, os pares diagonais de de cascos afundam-se para, em seguida, os quatro cascos elevarem-se no momento de suspensão, necessario às trocas de apoios duplos diagonais. Obviamente, no trote na areia fofa a progressão do andamento é menor, e o desgaste fisico é maior.

O rebanho brasileiro de éguas nacionais formado pelos colonizadores portugueses era, predominantemente, de sangue Bérbere, Sorraia e Garrano. A raça Bérbere foi formada nos desertos do norte da Africa, tendo sido montarias famosas nas guerras. Há registros históricos, em figuras, de cavalos Bérberes em movimentação caracterizando a andadura classica e desunida (quando ha uma discrete dissociação entre os pares de membros laterais).

A partir dos cruzamentos aleatórios entre garanhões trotadores de origem nas raça Altér Real (sangue Andaluz/Luzitano) e éguas de andadura da raça Bérbere, a marcha picada começou a ser produzida. Como o trote é geneticamente dominante em relação à andadura, a escala de produção de animais de marcha picada era bem inferior à produção de animais de marcha batida.

Naquela época não haviam estudos determinantes da qualidade dos andamentos, ou seja, qualquer tipo de dissociação lateral era aceita. Atualmente, a marcha picada de qualidade é que chamo de “marcha picada de centro”, ou seja, quando ha um bom equilibrio entre os tempos de apoios duplos laterais e duplos diagonais. 

Os registros históricos da raça Mangalarga Marchador relatam que a marcha picada começou a ser selecionada no Sul de Minas com mais critério (em especial o que se refere ao “equilibrio”) entre o final do século IXX e inicio do século XX. Esta modalidade de marcha era o andamento predominante nos criatórios localizados na proximidade do Rio das Mortes, onde a atividade econômica predominante era a mineração. A exigencia não era, prioritariamente, de animais velozes e ageis, como era o foco da seleção para animais esportistas (de caçadas dos veados campeiros). Nos criatórios localizados em regiões de mineração bastavam aos cavalos de marcha picada a comodidade em andamentos de baixa a media velocidade.

Todavia, o andamento preferencial da região do Sul de Minas foi, e ainda é, a marcha batida. De fato, não há registros históricos de reprodutores notáveis do passado citados como sendo cavalos de marcha picada.

Mesmo na atualidade, poucos são os criatórios sul mineiros que se dedicam à seleção prioritaria da marcha picada, o que é mais uma comprovação de que a tradição sul mineira foi a seleção da marcha batida.

As próprias linhagens pilares consolidadas no Sul de Minas, como também as linhagens antigas sediadas no Sul de Minas, não estabeleceram como meta de seleção a marcha picada.

A única linhagem antiga que priorizou a seleção da marcha picada foi a “Passa Tempo”, que teve como sede a Fazenda Campo Grande, localizada na região mineira dos Campos das Vertentes. A seleção de marcha picada nesta linhagem teve inicio na segunda metade do século 19, atraves do Cel. Francisco Teodoro de Andrade, que era amigo particular do “Barão de Alfenas” (precursor da raça Mangalarga Marchador)

Na linhagem antiga sufixo “Herdade”, de localização próxima à serra da mantiqueira, tambem consolidada fora da região do Sul de Minas, foi produzido um maior numero de animais de marcha picada. Mas este andamento não foi meta de seleção da linhagem Herdade, mas sim a marcha batida classica. A explicação é que o andamento da “tropa Herdade” era mais marchado, ou seja, apresentava um grau de dissociação maior, relativamente à media de andamento das linhagens pilares. O grau maior de dissociação na genetica dos sementais da linhagem Herdade resultava em uma variação desejavel na produção das modalidades de andamento – marcha batida classica, marcha de centro e marcha picada. Estas são as tres modalidades autenticas da marcha triplice apoiada.

As marchas transicionais, como a batida diagonalizada e marcha trotada, não podem ser classificadas como marchas triplice apoiadas, mas sim de apoio duplo diagonal predominante, ou exclusive, o que jamais foi meta de seleção dos antigos criadores sul mineiros da primeira metade do século 20, tanto os que fundaram a ABCCMM como os que se afiliaram naquela época. Assim o fizeram, por não concordarem, exatamente, com o sincronismo duplo diagonal do andamento dos animais da raça Mangalarga, registrados na Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga (Mangalarga “Paulista”).

Interessante é que, atualmente, a marcha picada é um andamento mais prevalente na região do nordeste, principalmente na Bahia e Pernambuco. Prova incontestavel é a estatistica dos resultados de julgamentos de animais de marcha picada nas exposições nacionais. Mesmo fora do circuito das exposições oficiais da raça no nordeste, o que se nota nos concursos regionais de marcha, e nas cavalgadas, é um numero significativo de animais de marcha picada. Esa contastação tambem é valido para as regiões interioranas, particularmente as do sudeste e centro-oeste.

A marcha batida diagonalizada, e marcha trotada, prevalentes nos julgamentos nas exposições oficiais da ABCCMM é andamento restrito a um nicho menor de mercado, o de expositores. Todavia, o nicho bem maior de mercado é o dos usuarios de cavalos de passeios e cavalgadas.

A marcha picada é um produto de exportação, sendo o tipo de marcha de maior demanda na America do Sul, considerarando os rebanhos de Paso Fino e Paso Peruano nos demais paises; na América Central; na América do Norte e em alguns paises da Europa, principalmente a Alemanha.

No mundo há apenas tres raças de marcha batida e mais de dez raças de marcha picada.

O fato é que a marcha picada conquista a preferência pela elegância do alçar dos membros anteriores, razão do nome “marcha picada”; pela agradavel e inconfundivel melodia do som das batidas dos cascos – taca, taca, taca, taca, ……  ; e pela comodidade inigualavel, garantindo a satisfação plena no lazer de passeios e cavalgadas;

Autor: Lúcio Sérgio de Andrade, escritor, pesquisador, mais de 30 livros escritos, mais de 50 dvds produzidos, arbitro internacional de equideos marchadores.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Conversa sobre Marcha

 

As conversas sobre marcha são as mais polêmicas. Hà os que gostam da marcha picada, marcha batida, marcha trotada. Hà os que defendem a marcha de centro, mesmo sem saberem exatamente como se define esta modalidade moderna de marcha. Hà tambem os que preferem a marcha mais diagonalizada, achando ser esta uma modalidade de marcha, quando na verdade é uma modalidade de trote, academicamente denominado de trote desunido.

O fato é que a marcha é um tema fascinante, pela diversidade de deslocamentos entre a andadura e o trote. Os puristas, defensores da marcha autentica, admitem apenas a M.T.A.D. - Marcha de Triplices Apoios Definidos. Os que não tem compromisso com a marcha original da formação das raças, aceitam qualquer andamento entre a andadura e o trote, mas geralmente discriminam os extremos proximos a andadura e valorizam os extremos limitrofes ao trote. É a chamada cultura da marcha diagonalizada, ou melhor da marcha trotada, porque os triplices apoios, quando ocorrem, são indefinidos e apenas de dois cascos posteriores e um caso anterior, sem ocorrencia de apoios duplos laterais.

Fonte: Mundo Equino

sábado, 11 de dezembro de 2010

Que vença a marcha!!!

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As associações e criadores das diversas raças de equideos marchadores, durante décadas, vem selecionando seus exemplares embasados em estudos e muita dedição, visando promover a evolução das raças. A mudança do biotipo dos animais e o grande salto na qualidade do andamento das tropas - na maioria das raças - nos dá um diagnóstico da nobreza do processo evolutivo de nossos cavalos e muares, como marchadores zootecnicamente evoluídos, e melhor enquadrados no tipo sela.


As exposições, copas, feiras e agora as to frequentes "festas do cavalo" são eventos que objetivam fomentar a equideocultura nacional, e acima de tudo enaltecer as qualidades das diversas raças, além de nortear os criadores e permitir a troca de experiências entre os diferentes criatórios.


Com a crescente evolução das criações, e o profissionalismo empregado na seleção, treinamento, alimentação, saúde e tecnicas de reprodução, as tropas a cada dia que passa estão melhores e mais competitivas. Assim, no universo das competições, sejam oficiais ou não, a concorrência  está cada vez mais acirrada e que não perdoa erros. De tal forma, até aquele indivduo que tem um ou dois animais quer brigar de igual para igual, ou pelo menos "ter o seu lugar ao sol". Resumindo, a luta pela vitória, que indicará o melhor animal em determinado evento ou categoria. De tal forma, diante do nível e quantidade de animais apresentados em uma competição a interferência do apresentador se torna fator decisivo.


Logicamente, quando o árbitro entra em uma pista  com o objetivo de selecionar os melhores marchadores, mas não podemos esquecer que além da influência do apresentador, o animal é um ser vivo, e como tal sente dor, indisposição, etc. Mas nos atentando especificamente ao apresentador, figura indispensvel que treina e leva seus animais à pista, devemos tratar de alguns pontos importantes. É muito comum, nas competições, encontrarmos bons animais, de muito potencial, sendo mal apresentados e com isso sendo prejudicados nas classificações dos concursos, e outros, que talvez não tenham as mesmas qualidades, sendo favorecidos por uma bela apresentação. Portanto, esse assunto é bastante complicado, e quem fica responsável por tudo é o árbitro. Acima de tudo, o árbitro deve encarar uma competição como um concurso (como o próprio nome já diz) onde o "candidato" deve terminar o concurso e ter preenchido de forma mais eficiente os quesitos de avaliação do jurado. Contudo, o árbitro não pode esquecer que além de um vencedor do concurso, ele está afirmando que naquela ocasião aquele indivíduo foi o melhor, e quando falamos de raça isso  é muito sério, pois podemos estar formando opnião e quem sabe dando as diretrizes dos cruzamentos e tipos de animais desejáveis. Agora vejam a situação do árbitro!!!


O que deve ficar claro é que em julgamentos de marcha o árbitro separa mentalmente os grupos de animais em "cabeceira", "meio" e "fundo", e assim, conduz toda metodologia de julgamento. Portanto, teoricamente, estão aptos a se sagrarem campeões os animais que estão no grupo da "cabeceira", principalmente se todos estiverem muito próximos quanto  à qualidade. É aí que entra a figura do apresentador, o qual deve saber extrair de seu animal suas qualidades, saber mostrar e guardar seu animal na hora certa, tendo a consciência de que quem decide a classificação é o árbitro, e não o público, portanto sua atenção deve estar toda dentro da pista. Mas no caso de um bom animal estar mal equitado, esse infelizmente é prejudicado pois por mais que ele tenha potencial o árbitro no pode ser injusto com os demais, que estando no mesmo grupo (cabeceira) tem qualidades para tal, mas estão expressando melhor suas qualidades devido a uma boa apresentação.


É muito comum encontrarmos animais mal apresentados, mas com potencial, e quando da montada do árbitro esse animal nos dá uma surpresa boa, assim como, aquele animal muito bem apresentado mas que quando montado pelo árbitro nos dá uma surpresa desagradável.  Da mesma forma como é muito comum nos depararmos com um animal ótimo e daqui a alguns dias ele estar bem pior, ou ainda melhor. Isso também é muito importante, pois por exemplo: uma pessoa compra um animal campeão, que era alimentado, ferrado, treinado, etc de um jeito, e ao comprálo ele muda de ambiente, de alimentação, de ferrador, de treinamento, etc, aí fica a pergunta: quantos dos cavalos comercializados que você conhece permaneceu do mesmo jeito de que foi visto campeão ou antes de ser vendido??? Tal acontecimento deve ser tratado com muita cautela, pois sabemos das diferenças entre os animais e entre o nível de equitação de cada um de nós, assim, considero mais justa a avaliação dos animais no momento, ponderando suas qualidades e senes, e esquecendo de outras ocasiões ou competições. O mais importante é que se sagrem campeões animais exímios marchadores, que tenham gesto e diagramação naturais e que se apresentarem bem no momento e sem artificialidades, sendo que o árbitro, certamente têm condições de averiguar tais situações, e saber o grau de interferência do apresentador ou de artificialismos.


Concluindo, a apresentação é muito importante numa prova de marcha, e se tratando de animais muito parelhos pode ser decisiva, mas é fundamental que sejam respeitados fielmente todos os quesitos da avaliação de um concurso que são o Gesto de Marcha (Gesto e Diagrama), a comodidade, a regularidade, o estilo, o rendimento, para que ganhe a marcha e não exclusivamente a qualidade da apresentação, se não, marcharemos na contramão, favoreceremos um exímio cavaleiro montado em um cavalo trotão ao invés de premiarmos um exímio marchador montado por uma criança ou um cavaleiro inexperiente.

Texto Original: Bruno de Souza Lima, Zootecnista / Arbitro da ABCCMM