Bem Vindo ao Blog do Pêga!

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O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br
Mostrando postagens com marcador Alimentação. Mostrar todas as postagens
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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Saiba porque os cavalos precisam ingerir sal

 

Para os cavalos o sal é essencial para o equilíbrio dos líquidos do organismo, o que o protege da desidratação. Além disso, estabiliza o sistema nervoso, muscular e digestivo. Sua falta pode causar diminuição da capacidade de trabalho, incapacidade de transpirar e desidratação.

O cavalo que está com deficiência de sal no organismo apresenta hábitos indesejáveis, como comer fezes. Essa é uma tentativa de repor o nível de cloreto de sódio, já que a maior parte dos cavalos sabe controlar a quantidade de sal que necessita.

A quantidade de sal ingerida por dia por um cavalo depende de vários fatores como quantidade de atividade física, tipo de trabalho, condições climáticas, stress entre outros. A maioria das rações concentradas já contém sal na proporção adequada para cavalos que se exercitam pouco. Ainda assim é necessário disponibilizar uma quantidade de sal ao alcance do animal, devido a variação do desgaste físico do animal.

Um cavalo com cerca de 460kg de peso, em descanso ou trabalho ligeiro pode comer 4 colheres de sopa de sal grosso por dia, distribuídos na ração. Esta afirmação serve para cavalos que comem cereais (aveia, cevada). Se comer ração concentrada deve-se diminuir a quantidade de sal, subtraindo a quantidade já presente  descrita na ração. Os cavalos que comem cereais têm mais carência de sal.

Quando o cavalo é alimentado com ração contendo sal, pode se disponibilizar uma pedra de sal para que o cavalo lamba de acordo com sua necessidade. Caso o animal tenha a mania de morder a pedra de sal, o melhor é disponibilizar a quantidade adequada de sal grosso.

Blocos de sal que contêm outros minerais para além do cloreto de sódio não são muito aconselháveis, uma vez que este parece ser o único mineral que o cavalo sabe dosar. Nunca lhe dê blocos com melaço ou sabor  maçã ; esses paladares podem fazê-lo ingerir sal a mais – a finalidade é que ele ingira só o sal necessário.

O cavalo que transpira abundantemente perde grandes quantidades de cloreto de sódio e ainda de cálcio, magnésio e potássio. Nesse caso não aumente a dose de sal que lhe dá diariamente. Em vez disso, dê-lhe uma mistura de electrólitos bem equilibrada meia hora antes do esforço e de novo após o trabalho. No entanto deve dar-se atenção aos regulamentos das provas desportivas pois algumas delas não permitem a sua utilização.

Os electrólitos só devem ser administrados nas doses adequadas e só quando o cavalo efectua trabalho intenso.

Fonte: Portal Equisport

Adaptação: Revista Agropecuária

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Qual a qualidade da água que seus animais estão ingerindo?

 

A água é imprescindível para manter sua criação saudável

O ser humano consegue ficar 2 meses sem se alimentar, mas sem água não sobreviveria por uma semana. Essa constatação prova a necessidade que temos de ingerir esse alimento tão benéfico, e que regula vários processos no nosso organismo. Se para o homem é assim, não seria muito diferente para os animais; o gado, as aves, até os animais de estimação necessitam tanto quanto nós de se abastecer diariamente de água. Tal água deve ser de boa qualidade, sem impurezas, auxiliando na saúde do animal.

Várias doenças podem ocorrer devido à má qualidade da água que é servida aos animais. Doenças parasitárias, bacterianas ou fúngicas podem estar relacionadas à água dispostas nos bebedouros dos animais.

A purificação da água deve ser feita com desinfetantes próprios, os quais auxiliam na descontaminação, caso ela esteja sendo parasitada por algum microrganismo. Manter a água em reservatórios, após tratamentos eficazes, auxilia na manutenção da qualidade da mesma. Entretanto, algumas fazendas não possuem tal procedimento, permitindo aos animais consumirem água somente de riachos e lagos. Locais assim devem ser monitorados no intuito de verificar se existe alguma contaminação. Em caso negativo, os animais podem utilizar aquela água.

Além da necessidade de verificação da qualidade da água, deve-se sempre ter o controle do consumo de água. Se o animal ingerir mais líquido que o normal pode estar em um caso clínico de desidratação devido à temperatura ambiental, ou a ração poderá estar com mais sal que o necessário.

Por: Raquel Torres C. Bressan

Fonte: AFE

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ervas na alimentação de equinos - Vantagens e desvantagens

 

O alimento preferido dos cavalos é a erva. É também um excelente remédio para aqueles mais estressados e nervosos. Provoca um aumento do trânsito do intestino delgado. Caso seja nova, a erva provoca modificações interessantes na flora microbiana do cólon ascendente.

É rica em vitaminas e minerais, porém, fraca em valor nutritivo. Sua irregularidade, neste sentido, se deve ao tipo de solo, e à época em que o animal se alimenta dela. O melhor tipo de erva é a jovem, na Primavera, principalmente, a partir do momento em que existe a formação das gemas florais.

Porém, quando muito nova, provoca a sensação de inchaço no estômago, pois é rica em água e falta substância fibrosa, o que pode causar diarreias. É também rica em nitrogênio e fósforo, como também hidratos de carbono, e possui muito potássio, faltando-lhe magnésio e sódio.

É necessário muito cuidado com os excessos de nitrogênio, pois podem aparecer algumas irritações na pele.

O cavalo também pode se alimentar de ervas cortadas, antes da ração. Caso seja oferecida depois da ração, isso pode provocar-lhe gases.

Com o cavalo solto a pasto, é praticamente impossível se fazer a escolha da erva, por quantidade ou qualidade.

Fonte: Mundo do Cavalo

Adaptação: Escola do Cavalo

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Maneio de asininos

Obs: Em Portugal é chamam o jumento de burro, como esse artigo é de lá resolvi deixar o texto original, sem alterações.

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As necessidades imediatas de um burro são comida, água e abrigo. Os Asininos vivem cerca de 15 anos no meio selvagem e uma média de 30/35 anos como animal de companhia. Estes animais são considerados adultos cerca dos 4 anos. São considerados velhos para o trabalho sensivelmente aos 20 anos. O peso de um burro adulto varia entre os 100 kg e os 400 kg e a altura varia entre os 80 cm e 1, 5 metros ao garrote.


1. Alimentação
Tal como o cavalo, o aparelho digestivo do Burro evoluiu com adaptações para pastar. No entanto à semelhança de outros equídeos, e.g. cavalo e zebra, não são herbívoros ruminantes, pois possuem um só estômago.


Os Burros devem ser alimentados a horas regulares, pelo menos duas vezes por dia, para evitar problemas digestivos, muito comuns nestes animais. Todas as mudanças na sua dieta devem ser graduais.


As necessidades alimentares de um Burro, variam com a idade do animal, a actividade e o tipo, qualidade e quantidade de alimento que ingerem. O regime de semi-estabulação é o mais aconselhado, pois durante a Primavera, Verão e Outono os animais andam livremente e têm acesso às pastagens, espaço para se movimentarem, que lhes permite exercitar os músculos, etc.
Na manjedoura os burros escolhem, tal como o fazem nos campos de pastagem, as melhores ervas, afastando com um movimento da cabeça as menos suculentas. Quer isto dizer, que se o alimento não for de boa qualidade haverá um desperdício muito maior.


Não é de todo aconselhável dar alimentos poeirentos e bolorentos aos Burros, pois estes podem levar a doenças respiratórias sérias e/ou distúrbios intestinais.


Em termos gerais, a área mínima de pastagem deve ser de 0,5 hectares por animal. Quando as pastagens não têm pasto suficiente, ou este não é suficientemente nutritivo, por os solos serem muito pobres, torna-se necessário fornecer alimento suplementar aos animais. A aveia é um cereal muito utilizado para alimentar os equídeos. Tem muita fibra e pouca energia digerida (menos do que os outros cereais) e encoraja a mastigação, assim o excesso de comida é evitado.


As pastagens altas e suculentas podem levar a problemas como a cólica.
Cólica: A seguir à ingestão de alimentos que fermentam rapidamente, e.g. ervas ou alimentos concentrados, pode seguir-se a produção excessiva de gás no estômago, pois os burros não têm a capacidade de arrotar. Assim sendo, ao não conseguirem remover o gás do estômago, ocorre uma distensão gasosa deste órgão que pode ser potencialmente fatal e muito dolorosa (cólica). As cólicas ocorrem com alguma frequência nos burros.


1.1 - Água
É imprescindível o fornecimento diário e em quantidade suficiente de água limpa e fresca aos animais para repor a água perdida pelo corpo através da urina, fezes, transpiração, na amamentação, etc.
Durante a amamentação as necessidades de água são maiores, assim como são maiores no Verão do que no Inverno.


1.2 - Sal
Os burros têm necessidades de sal (enriquecido com minerais), que deve estar livremente disponível para lamberem.


2. Cercado
Os asininos necessitam de espaço para se movimentarem e exercitarem os músculos, pastar, espojar, jogar, fazerem as suas necessidades fisiológicas, etc.


O cercado deve ser constituído por um abrigo, bem como deve possuir vegetação que crie sombras para os animais se protegerem dos raios solares nas horas de maior calor.


A loja ou abrigo onde os burros descansam, é essencial para o conforto do animal tanto no Verão durante o dia, pois é mais fresca, como no Inverno, quando é mais abrigada. Para além disso, as moscas, só num ambiente escuro deixam de atormentar os animais, pelo que é importante que a loja seja um local escuro e arejado, mas sem correntes de ar.


Dentro da loja, as camas dos animais devem ser quentes, limpas e confortáveis permitindo ao animal deitar-se e descansar ficando isolado do frio e da humidade. Utiliza-se muitas vezes palha de centeio, pois esta não é tão boa para a alimentação e para além disso absorve bem a urina e a humidade. A palha de trigo também dá uma boa cama, quente e confortável, é fácil de manusear (guarda-se em fardos) e tem uma boa drenagem.


3. Reprodução
A reprodução de burros deve ter objectivos claros e bem definidos. É muito importante recordar que um burro como animal doméstico pode viver até aos trinta e cinco anos, ou por outras palavras, é um animal doméstico para quase toda a vida. Uma vez que já existem por todo o país demasiados burros abandonados à sua sorte, sem haver quem os acolha e quem lhes preste os cuidados mínimos que todos necessitam, há que ponderar seriamente sobre a decisão de os adquirir ou reproduzir.


As fêmeas estão prontas para a reprodução quando atingem cerca de 1,5 anos de idade, altura do primeiro estro (cio). No entanto, não é aconselhável a cobrição das fêmeas antes dos 3/4 anos, pois só nesta altura estão realmente preparadas para conceber uma cria. A duração do estro na maior parte das fêmeas é de 5 a 7 dias.


Os machos atingem a maturidade sexual aos 2 anos, mas tal como as fêmeas apenas deverão reproduzir-se a partir dos 3/4 anos.


Os jovens machos podem ser castrados a partir dos 3 meses, no entanto aconselha-se a castração apenas aos 6 meses, idade mínima para o desmame das crias.


Em relação à cria, antes de esta nascer será conveniente consultar o Médico Veterinário, pois são necessárias vacinas à nascença e o animal necessita de ser desparasitado, entre outras questões que convém estar a par. É muito importante que o recém-nascido, durante as duas primeiras horas após o nascimento, ingira o colostro, primeiro leite produzido pelas fêmeas de todos os mamíferos que contém os anticorpos essenciais (espécie humana incluída), logo após o parto. Não se deve ajudar a partir o cordão umbilical, pois o fluxo de sangue entre a mãe e a cria só é completado após o nascimento. O cordão umbilical partir-se-á naturalmente.


Após o nascimento de uma cria, a progenitora voltará a entrar em estro 7 a 14 dias após o parto. A opção de cobrir a burra neste período deverá ser ponderada caso a caso. Há que ter em conta factores tais como: a idade da fêmea, o seu estado físico, a sua produção leiteira, o estado físico da cria e a idade de desmame, se previamente a burra foi coberta durante este período sem que daí tenham surgido problemas, etc. Alguns criadores defendem que a burra não deverá ser coberta no primeiro estro após o parto, pois a produção de leite diminuirá e assim a cria recém-nascida deixará de poder mamar convenientemente; para além disso é importante que se permita a recuperação física da progenitora após uma gestação de cerca de 12 meses. Outros criadores defendem que o primeiro estro após o parto é o mais fértil e em que a probabilidade da fêmea voltar a ficar prenha é maior.


A cria não deve ser separada da mãe e é muito importante que possa mamar até ao desmame natural, o que poderá acontecer entre os 7 e os 12 meses de idade. Se não se interferir, será a própria progenitora, na altura que achar apropriada, a repelir a cria. As crias de burro são animais frágeis e que adoecem facilmente, por isso necessitam de acompanhamento e protecção principalmente por parte da progenitora, mas também da parte dos humanos.
Adicionalmente, há outros cuidados essenciais a prestar para o bem-estar destes animais:


• As vacinas devem estar em dia e o animal deve ser desparasitado interna e externamente com regularidade, durante todo o seu ciclo de vida.


• Os asininos apresentam frequentemente doenças nos cascos, se estes não forem alvo da devida atenção. Estes necessitam de ser limpos e verificados com regularidade. Há que ter cuidado durante a limpeza dos cascos, para não magoar o animal, pois o casco possui zonas que são sensíveis. Igualmente há que ter atenção para não levantar ou dobrar demasiado a pata do animal, fazendo com que este se desequilibre, podendo magoar-se. A área onde os animais permanecem a maior parte do tempo, bem como a loja, devem ser limpas e o estrume deve ser retirado periodicamente. O piso onde o animal se move deve possuir uma boa drenagem de forma a permanecer quase seco. Os cascos gastam-se em função do uso e do piso onde o animal se movimenta. O aparo e/ou corte dos cascos devem ser efectuados sempre que necessário, por um Ferrador ou pessoa experiente no tratamento e manuseamento dos mesmos.


• Os dentes saudáveis são um factor importantíssimo para a qualidade de vida dos Asininos. A boca do animal, incluindo os dentes, deve ser examinada regularmente por um Médico Veterinário. Alguns problemas podem passar por um mau alinhamento dos dentes, provocando dores na boca, dificuldades de mastigação e fraco aproveitamento dos alimentos ingeridos. Os dentes dos asininos têm tendência a ficar pontiagudos com a idade.


• Não é aconselhável colocar pesos ou montar um animal jovem, antes dos 3/4 anos, pois este corre o risco de ficar com a coluna vertebral deformada.

• É necessário preocupar-se com a limpeza dos cantos dos olhos. A limpeza faz-se com um pedaço de algodão húmido retirando as ramelas que se acumulam nessa zona, atraindo moscas que podem fazer com que se formem feridas nos cantos dos olhos. No nariz também pode haver necessidade de se limpar o muco que por vezes escorre para fora atraindo igualmente moscas, e provocando potenciais feridas.


• Qualquer ferida que o animal tenha deve ser bem limpa e deve-se aplicar um spray próprio e/ou um creme cicatrizante, desinfectante e insecticida ao mesmo tempo, para afastar as moscas. Estas depositam ovos no interior das feridas, onde se desenvolvem as larvas, chamadas vulgarmente de “morcões”. As larvas causam problemas sérios ao animal, se não forem retiradas. Podem ser retiradas colocando água oxigenada na ferida para que as larvas se movam e deste modo seja possível retirá-las com a ajuda de uma pinça. Se necessário a ferida deve ser tapada depois de limpa e desinfectada. Qualquer falha de pêlo deve ser vigiada e se necessário deverá consultar o Médico Veterinário.


• Por fim, nunca é demais recomendar que se deve ter sempre à mão o contacto de um Médico Veterinário habituado a diagnosticar e a tratar asininos, bem como o de um Ferrador ou pessoa familiarizada com o manuseamento dos cascos dos animais.

Fonte: Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino

sábado, 26 de maio de 2012

Alimentação de Equinos e Asininos - Cuidados no uso da Linhaça

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Sempre surge uma dúvida ao se alimentarem os equinos e asininos: alimento perfeito ou equilíbrio perfeito entre alimentos? O que se deve buscar para a dieta do animal?

Já que não existe o alimento perfeito, deve-se, então, buscar um equilíbrioperfeito entre os alimentos para que se obtenha o melhor resultado na criação, valorizando-se a sua performance. A linhaça tem sido indicada como complemento alimentar para equinos e asininos. É um excelente complemento a ser utilizado para esse fim, como a maioria dos grãos. É necessário, porém, que se justifique seu uso. Para tanto, devem-se avaliar as reais necessidades nutricionais do animal. A linhaça pode ser utilizada de três formas: grão integral, farinha e óleo.

Em pequenas quantidades, esse tipo de alimento, em grãos, é utilizado numa medida entre 20 e 50 g diários. Pode ser ingerido duas vezes por semana, como preventivo das cólicas.

Somente um erro de manejo justifica o uso da linhaça na alimentação dos equinos. Cerca de 95% das cólicas são ocasionadas por esse erro. Isso quer dizer que, adequando-se o manejo às reais necessidades do animal, ele dificilmente terá cólica (chance de 5%).

Para que a linhaça seja oferecida aos animais é necessário amolecer os grãos com água, devido à dureza de sua casca. Possui ação laxativa, quando umedecida. O ácido prússico, liberado pela linhaça umedecida, porém, impede a absorção de oxigênio pelo organismo, podendo levar à morte súbita, caso não seja bem administrada. Por isso, deve-se tomar o máximo de cuidado.

Se oferecida sob a forma de farinha ou óleo, ela pode trazer alguns benefícios, bastante interessantes ao animal, desde que sejam obedecidas as recomendações iniciais.

Texto adaptado. Fonte: Cavalo do Sul de Minas

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mulas não suportam prosperidade

 

No final de outubro do ano passado recebi um telefonema de uma das minhas clientes, Ann Mulcay. Ela tem um burro chamado Norman que comecei a tratar há 2 anos. Norman é um burro pequeno excelente, filho de uma égua Foxtrotter. Ann anda por um monte de trilhas e viaja muitas milhas com Norman. Em maio passado, ela colocou ele em vários eventos do Mule Days em Bishop. Ela realmente se divertiu preparando Norman para o Mule Days. Ann passou a maioria dos dias na sela. Como acontece com qualquer potro ela estava alimentando-o com um bom feno de alfafa e alguns grãos para manter seu nível de energia. Ela também acrescentou feno de capim. Esta era uma boa combinação de alimentação para o tipo de exercício que Norman fazia.

Depois do Mule Days era verão no Arizona. Tenho certeza que você ouviu as histórias. É tão quente que dá para fritar ovos na calçada! Isso é quase verdade. O que é verdade é que apenas os cavaleiros obstinados andam no vale durante o verão. Ann pode ter cavalgado uma dúzia de vezes ao longo dos próximos meses. Quando outubro chegou e o tempo esfriou Ann decidiu sair para um passeio de trilha agradável. Pouco tempo depois que iniciou o passeio, ela rebatizou a trilha: "Trilha Monstro" Por trás de cada arbusto e cada pedra tinha um comedor de mula.

Uma vez que Norman encontrou o primeiro comedor de mula (uma rocha preta atrás do arbusto), ele decidiu assumir o controle da situação. Cheirar e andar lateralmentea na trilha apenas dava a certeza de que ele ia estar faltando uma perna antes da viagem ter terminado. Não é preciso dizer que Ann estava andando como se estivesse passando por agulhas e tachinas a cavalgada inteira. Bastava ela relaxar que Norman encontrava outro comedor de mula. Saltando de lado, andando para trás e às vezes girando. O bom e doce Norman poderia ter sido vendido naquele dia por vinte e cinco dólares, ou melhor ainda, Ann teria pago 500 para você tirá-lo das mãos dela. Ann levou Norman para casa e pensando que ele só precisava sair mais, ela tentou passeios mais curtos algumas vezes na semana seguinte. Ann estava muito frustrada quando ela me enviou um e-mail dizendo: "O que eu faço agora? "Monstros atacaram minha mula!" Liguei para ela e ela me contou sobre os últimos passeios e como Norman não estava melhorando.

 

Eu briguei muito com ela por não ter me chamando depois da primeira viagem. Agora, os monstros tinham 10 metros de altura e estavam em todas as paredes. Uma vez que Ann se acalmou, eu perguntei o que ela estava dando para Norman comer. Feno de alfafa ela me disse. Ela ficou bem quieta no telefone por um minuto quando me respondeu. Ela disse: "Agora, eu sei o que você vai dizer. Estou alimentando ele com uma alimentação boa demais. Você me disse, diversas vezes, e eu estive em suas clínicas e eu acho que não não consigo enfiar na minha cabeça que não devo fazer isso e eu acho que você vai me dizer para mudar de alimentação." Ela estava certa. Eu disse a ela para começar a mudar de alimentação devagar, porque até mesmo muares podem ter a doença da segunda-feira. A doença da Segunda-feira é um outro nome para azotúria. Os agricultores costumavam se referir a ela dessa maneira porque os animais de trabalho, às vezes, tem um pouco de cólica na manhã de segunda-feira depois de ficar sem trabalhar no domingo. Sugeri a Ann tentar uma ração especifica para animais mais velhos ou que não trabalhem muito. Anos atrás eu não teria considerado usar essas rações na alimentação. Eu não achava que muares poderiam se satizfazer comendo uma quantidade tão pequena de comida em tão pouco tempo. Eu não sabia que as pastilhas se expandiam depois que os animais bebem água e isso lhes dá uma sensação de satisfação plena.

 

Rações industriais são ricas em nutrientes e fibras utilizáveis​​. Algumas incluem grãos, milho, farelo de trigo, farelo de algodão, etc. Estes tipos de ração são necessárias para animais de trabalho pesado. Se o animal não se alimenta de grãos suficiente, ele vai primeiro queimar a gordura corporal para energia e, em seguida, queimar tecido muscular e isso vai resultar em um muar fraco e menos eficaz para se montar. Os muares são muito fáceis de manter. Eu venho dizendo há anos que você pode alimentar duas mulas com a mesma quantidade de dinheiro que é preciso para alimentar um cavalo. Já provei minha teoria com os meus próprios testes, feitos ao longo dos anos. Eu descobri que os muares prosperam no feno de boa qualidade junto com um bloco de sal. Em 1998 eu comecei a experimentar com as rações Lakin Lite. Lakin empresa de alimentação está localizado aqui no Arizona e distribui em partes do Novo México e Colorado. Quando eu estou na Califórnia eu uso produtos de Star Milling. Star patrocina meu programa de treinamento de muares no Pierce College, em Woodland Hills, Califórnia, e do Equine Affaire Expo. Aqui está uma lista de ingredientes do pacote de ração Lite Lakin.

Proteína Bruta min. 11%
Gordura Bruta min. 2%
Fibra Bruta máx. 30%
Cálcio min. 0,7%
Cálcio max. 1,2%
Fósforo min. 0,2%
Cobre min. 15ppm
Selênio min. 0.2ppm
Zinco min. 50ppm
Vitamina A min. 300IU/LB 
Cinzas max 12%
Minerais adicionados max. 1%

Feno de alfafa, feno Bermuda, melaço de cana, ácido fosfórico (classe da alimentação) Sulfato de Zinco, Sulfato de Manganês, Sulfato de Cobre, carbonato de cobalto, selenito de sódio, Dihydriodide Etilenodiamina, vitamina e suplemento, suplemento de vitamina B12, suplemento riboflavina, mononitrato de tiamina, suplemento de niacina, cloridato de piridoxina, ácido fólico e D-biotina.

Qualquer alimento deve conter fibra suficiente "volumoso" para manter o aparelho digestivo do animal funcionando corretamente. Potros e desmamados precisarão ter em torno 16% de proteína, enquanto muares maduros podem precisar só de 8%. É muito difícil saber exatamente que vitaminas você está recebendo de um fardo de feno. Com rações basta você ler o rótulo. Por exemplo, selênio no solo varia muito de lugar para lugar. Consequentemente você está vendo este mineral ser adicionado nas rações e concentrados.

A maioria dos muares e cavalos ficam parados cinco dias por semana. Eles só comem, bebem e dormem e se preparam para a próxima refeição. Assim como a maioria dos americanos nos dias de hoje. A boa alimentação que temos se não for combinada com exercícios resulta em excessos e peso extra. Então em seguida entramos em uma dieta de emagrecimento. O muar  é feito para durar de 20 a 30 anos e seu grande corpo grande de cavalo deve ficar sobre os pequenos cascos que ele herdou de seu pai jumento. Quando viajo para fazer treinamentos vejo muitas mulas gordas como um boi velho pronto para o açougueiro. Não é bom encher o muar de proteína quando quando ele está em um curral sem fazer exercicio.

Quando você estiver usando seu muar de 2 a 4 horas por dia, 5 dias por semana você pode considerar colocar uma bolsa de nariz nele e adicionar uma pequena quantidade de grãos antes de você chegar na sela. Dê um monte de grãos para o muar, quando ele não está fazendo nada em uma base diária e você vai ter um foguete em suas mãos. Além disso é caro. Os potros que eu monto se alimentam bem para melhorar os ossos e músculos. Eles são usados nas montanhas e eu preciso que eles tenham muita energia. A uma mula de 450 quilos é oferecido 1 quilo e meio de grãos. Normalmente, ele não come tudo e então eu começo a trabalhar com ele, quer seja um passeio, carga, ou atrelagem. Quando tenho mulas com uma atitude triste, más maneiras, de natureza relutante, difíceis de pegar, ou que em geral não querem fazer nada além de ficar no curral sem ser incomodado, elas não ganham nada além da ração Lakin Lite. Eu já vi muares dos mais tristes mudarem de atitude. Eu acho que esses ricos fenos de alfafa e rações que nós estamos dando a nossos animais são como drogas para muares. Já me espantei em ver a mudança incrível de atitude. Uma mula, em particularl teve uma mudança surpreendente quando eu mudei de alimentação; Moisés, que pertence a Rich Fillman aqui no Arizona. Quando ele trouxe o burro até mim ninguém podia chegar perto dele. Ele era difícil de apanhar e não queria que ninguém ficasse do lado dele. Ele só queria ser deixado em paz. Então eu comecei meu trabalho de base diáriamente. Eu alimentei esta muar de 450 kilos (ele era extremamente gordo e o alto de suas costas era tão plana quanto a mesa da minha cozinha) com ração Lakin Lite duas vezes por dia medido em uma lata de café de um kilo e meio. Eu também exigia que ele fizesse algum exercício aeróbico diariamente na forma de trilhas, puxando carroças ou carga. Nos primeiros 5 dias eu vi uma tremenda diferença em Moisés. Ele começou a ficar mais disposto e ficou mais treinável. Ele tinha adquirido muitos maus hábitos nos seus 8 anos e aprendeu a recusar todos os seus proprietários durante esse tempo. Então eu não só tinha que trabalhar sua atitude, mas eu também tinha que lhe dar um treinamento paciente e consistente para construir uma boa base e para ajudá-lo a ser um bom burro. Descobri que se eu adicionasse feno de alfafa ou outro alimento quente em seu programa de alimentação, ele tinha uma mudança de atitude negativa imediata. Eu tenho treinado o Moisés à 2 meses agora. Ele esteve todo esse tempo na ração Lite Lakin. Ele tem muita energia, eu uso ele atrelado no vagão da frente, ele é um burro bom para guiar uma equipe de carga e também tenho montando ele. Ele anda por uma trilha na  montanha como se fosse terra plana.

Por favor, não mudem a dieta dos seus muares por eu ter escrito este artigo. Converse com o seu veterinário ou um bom nutricionista para ver o que funciona melhor no seu programa.

Eu gostaria de prevenir sobre uma coisa; NÃO OS ALIMENTE COM CAPIM/GRAMA PICADO (COMO EM UM APARADOR DE GRAMA). Não devem ser alimentados dessa forma por uma infinidade de razões, mas principalmente porque eles têm herbicidas e fungicidas que podem ser tóxicas para cavalos ou muares. Aparas de relva são propensos a causar asfixia porque os animais não têm que mastigar a fim de engolir.

Algumas pessoas no leste têm excelentes fenos de capim, que é a alimentação ideal para os muares. Enquanto eu estava por lá, eu vi o feno mais bonito que eu já encontrei. Muita gente achava que meus muares eram magros, mas quando eles subiam em suas mulas, a sela deslizava para o lado porque as suas mulas eram tão gordas que o corpo mal conseguia segurar uma sela. Ha!Ha.!

A razão pela qual eu comecei a experimentar diferentes alimentos foi porque eu li um livro chamado “Como ser seu próprio veterinário - Às vezes (How To Be Your Own Veterinarian - Sometimes)”, por Ruth B.James, DVM. Eu tenho esse livro dela há cerca de 5 anos e com certeza tem sido útil.

Oh, você provavelmente está se perguntando o que aconteceu com Norman. Eu andei recebendo e-mails de Ann Mulcay todos os dias dizendo que o Norman está fantástico. Ele está obedecendo ela, ele está encontrando menos monstros na trilha e Ann está muito feliz, porque ela pode relaxar na sela de novo. Ela está planejando ir ao encontro de muares no Arizona e em Bishop na Califórnia para a copa mundial.

Fonte: Steve Edwards of Queen Valley Mule Ranch, Mule Ranch

sábado, 3 de dezembro de 2011

Proteína X Energia

 

Ao calcularmos os nutrientes fornecidos pelo alimento oferecido aos cavalos, devemos lembrar que a dieta deve ser composta de volumosos (capins, fenos) e concentrados (rações, grãos). Às vezes, os teores de nutrientes dos volumosos, e a variação dos mesmos de acordo com tipo de gramínea, ou mesmo numa mesma gramínea de acordo com a época do ano, não são levados em conta na formulação de um arraçoamento equilibrado. Comprar uma “ração 12% de proteína” não significa que o cavalo estará comendo o equivalente a 12% de proteínas em sua dieta total, mas sim que, a cada quilograma de ração fornecido, o animal está ingerindo 120 g de proteína bruta. Devemos levar ainda em consideração, a qualidade desta proteína que está sendo oferecida, pois é esta qualidade que determina o valor nutricional, em aminoácidos, deste ingrediente.Acima de tudo, o concentrado precisa ser considerado complemento nutricional do volumoso, e não o inverso.

Simplificando – a ração fornece os nutrientes nos quais o pasto e o feno são deficientes – portanto, os eqüinos precisam comer o máximo possível de volumoso. O concentrado deve ser pouco, de boa qualidade e bem equilibrado nutricionalmente. Infelizmente, há em nosso país uma tendência a tentar compensar deficiência de volumoso aumentando o concentrado, bem como de achar que “muito” concentrado de qualidade inferior é melhor para os cavalos do que uma quantidade menor de ração de ótima qualidade.

Assim, ao utilizarmos volumoso rico em proteína (ex.: feno de alfafa, guandú), o complemento deve ser de baixo teor protéico. Para cavalos de esporte, não recomendo volumoso com valor protéico acima de 10-11%, pois fica difícil equilibrar a dieta.Há um “mito de proteína elevada”, onde se considera que alimento bom é aquele com valor protéico elevado. Ração com 15% de proteína é recomendada para éguas em reprodução e potros entre 18 e 36 meses de idade. Outras categorias não têm necessidade deste valor protéico na ração. O trabalho muscular é condicionado ao consumo de energia, e não de proteína. Comparativamente, o cavalo de esporte necessita de cerca de 10 a 20% a mais de proteína que um cavalo em manutenção, e 50% a menos que uma égua em reprodução. Portanto, ao se escolher a melhor dieta para o cavalo, devemos priorizar alimentos energéticos e não protéicos. Proteína, somente em qualidade, com pouca quantidade.Em relação à energia, o cavalo de esporte e trabalho tem uma necessidade energética de 25% a 100% acima do cavalo em manutenção (depende da intensidade do trabalho).

A égua em reprodução, do 1º. ao 8º. mês tem necessidade energética semelhante ao cavalo em manutenção. No 9º. mês esta necessidade se eleva em 10%, no 10º. mês em 13% (em relação à manutenção) e se eleva em 20% em relação à manutenção no 11º. mês.No estado de São Paulo, costuma-se recomendar feno de tífton e coast-cross para cavalos de esporte.

Estes fenos têm sido encontrados, especialmente nos meses de primavera, com valores superiores a 13-14% de proteína, análise feita e comprovada, e muitas vezes exigida pelo proprietário do cavalo. Neste caso, o teor é praticamente equivalente ao de leguminosas (alfafa). Ou seja, os problemas derivados do fornecimento excessivo de proteína (como no caso do uso intenso da alfafa) continuam com um feno deste tipo, ainda que seja de gramínea. As necessidades em proteína e energia são variáveis conforme a categoria animal e devem ser oferecidas de forma a suprir a necessidade do animal, sem deficiências nem excessos. Em termos nutricionais, temos 05 categorias de animais com necessidades diferenciadas, com 11 sub-categorias: Animais em Manutenção, Éguas em Reprodução (Gestação – do 1º. ao 8º. mês e terço final - e Lactação), Potros em Crescimento (Desmame aos 18 meses e dos 18 aos 36 meses de Idade), Garanhões em Monta (Leve, Média e Intensa) e Cavalos de Trabalho (Leve, Médio e Intenso).O manejo moderno de cavalos reproduz um problema muito comum da alimentação humana: ao mesmo tempo em que mundo afora milhões de pessoas não têm o que comer, a epidemia de obesidade ameaça se tornar a doença mais difundida no primeiro mundo. De maneira semelhante, muitas pessoas dispostas a investir no trato de seus animais acabam alimentando-os de maneira excessiva ou desequilibrada, originando uma série de distúrbios desde crônicos até super-agudos, sempre encabeçados pela nossa tão temida cólica. O cavalo tem capacidade de digerir, sem muitos problemas, até 30% de nutrientes além de suas necessidades. Isto vale tanto para energia como para proteína, considerando a dieta total, isto é, tudo aquilo que o cavalo ingere ou recebe em um período de 24 horas. Dietas que oferecem, diariamente, uma quantidade superior a isto podem causar desequilíbrios e levar a problemas desagradáveis.A digestão das rações, grãos e maioria dos suplementos ocorre no estômago e nas porções iniciais do intestino delgado. A capacidade volumétrica do estômago do cavalo é de cerca de 9% do volume possível de seu aparelho digestivo, ficando o Intestino Delgado (ID) com 21% (possui cerca de 20 m de comprimento) e o restante, 70%, é a capacidade do intestino grosso (IG) (ceco e cólon). O estômago e ID realizam uma digestão essencialmente enzimática e o IG uma digestão microbiana. Devido à baixa capacidade volumétrica do estômago, e mesmo do ID, o tempo que o alimento fica sofrendo o processo digestivo é relativamente curto, suficiente para uma dieta em que não haja excesso de concentrado. Quando a dieta é muito rica em grãos, o amido existente nestes grãos não é digerido totalmente nas porções iniciais do aparelho digestivo, indo parar no intestino grosso, onde sofrerá um processo de digestão microbiana. O que antes era enzimático, com ótimo aproveitamento pelo animal para suprir suas necessidades, passa agora a ter ação da microbiota natural.Porém, já que os microorganismos não são “habituados” a lidarem com amido (sendo sua função digerir os carboidratos simples presentes nos volumosos), o processo digestivo passa a ter um componente fermentativo com diversas conseqüências, tais como: * timpanismo por produção excessiva de gases;* diarréias (cavalos que ingerem excesso de óleo e energia possuem fezes mais amolecidas, o que leva à perda de nutrientes e água);* o excesso de gordura saponifica o magnésio, tornando-o indisponível ao organismo, levando a problemas neurológicos e musculares (o magnésio é calmante do sistema nervoso e responsável pelo relaxamento da musculatura);* queda do tônus digestivo levando a contrações e possíveis cólicas;* dilatação do ceco, pelo excesso de gases, levando a cólicas;* degeneração cardíaca, hepática e renal;* e, A MAIS IMPORTANTE DE TODAS: DISMICROBISMO. O dismicrobismo é uma perturbação da flora intestinal, levando a desequilíbrios, com conseqüente diminuição na absorção dos nutrientes, quadros de hepatotoxemias, e, pior de tudo, cólicas e laminites (ou aguamento). O processo ideal de alimentação do cavalo é aquele que mais se aproxima de sua natureza.Em liberdade, com livre acesso aos alimentos volumosos, o cavalo se alimenta por 15 a 18 horas diárias. Somente com feno, este tempo cai para 7 a 8 horas, e se priorizarmos o fornecimento de ração concentrada, este tempo cai para 1 a 2 horas por dia, com conseqüentes distúrbios comportamentais e físicos.Quando fica muito tempo ocioso, sem ter o que comer, o cavalo passa a ter problemas comportamentais com vícios como a pica, isto é, ingestão de substâncias não comuns a sua dieta, como areia, fezes, borracha, porta da baia, etc., Além de aumentar os riscos de cólicas, e alterações em seu humor, ficando mais irritadiço. Claro que a prevenção para isso não é dar comida demais para o cavalo, mas sim de forma equilibrada, priorizando o volumoso e os alimentos energéticos, além de adequar o manejo a esta condição, soltando mais o cavalo, trabalhando-o de forma adequada, etc.Quanto à adequação do manejo, quanto mais fracionarmos o alimento no momento de o darmos ao cavalo, melhor será sua absorção, isto é, se preciso dar 4 kg de ração, e puder oferecer em 04 refeições, o resultado será muito melhor do que se dividir em 02 ou mesmo se der em uma refeição somente. Além disso, quanto mairo for a quantidade de alimento concentrado oferecido de uma só vez, maior será o risco de cólica. Não devo jamais ultrapassar 2,5 kg de ração em uma única refeição (base para um cavalo de 500 kg; cavalos menores, menor quantidade por refeição) sendo ideal trabalhar na faixa de 1,5 kg a 2,0 kg por refeição.Da mesma forma, devo tomar cuidado na adaptação a um novo tipo de alimento. Como já falado no início, a digestão do cavalo é de duas formas, enzimática e microbiana. Cada vez que for introduzir um novo tipo de alimento na dieta do cavalo, devo fazê-lo de forma gradativa, para que a flora intestinal possa se adaptar a este novo tipo de alimento. Esta adaptação deve durar no mínimo 15 dias, podendo se estender até a 30 dias caso necessário. Isto é necessário para se prevenir problemas de cólicas, por exemplo. Por este motivo, é que somente devo modificar a dieta de meu cavalo, modificando drasticamente o volumoso ou concentrado, quando houver disponibilidade de tempo para que meu cavalo se adapte a este novo alimento, caso contrário, corro o risco de queda na performance dele no meio de um campeonato, por exemplo.Também é preciso muito cuidado na escolha de uma marca comercial de ração. A presença de aveia e milho não torna uma ração apta a ser recomendada para cavalos de alta performance. É importante considerar os níveis de garantia do produto, indicados no rótulo, além é claro da confiabilidade da empresa que a produz. Hoje mais que nunca, as aparências das rações enganam muito. Beleza, aparência, não quer dizer qualidade, e é isso que o cavalo precisa, seja de esporte, criação ou somente lazer.

André Galvão CintraMédico Veterinário

Fonte: Equitação Especial

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pastagem para Equinos

 

As pastagens por constituírem há milhares de anos o alimento natural dos eqüinos, seu complexo sistema digestivo adaptou-se anatômica e fisiologicamente para sua transformação em fonte de energia, proteína e para suprir suas necessidades de todos os nutrientes.

Com o incremento da estabulação e dos esportes eqüestres, os cavalos começaram a receber uma alimentação muitas vezes incompatível com sua capacidade de digestão e conversão, resultando como conseqüência mais grave a síndrome cólica, além das diarréias, aguamento, anemia etc.

A respeito da fisiologia digestiva, enquanto nos bovinos (ruminantes) a assimilação de toda a energia dos carboidratos fibrosos dos vegetais ocorre no complexo “rúmen”; enquanto a dos eqüinos (não ruminantes) é no intestino grosso (ceco funcional), local de abrigo dos microorganismos, destinados a realizar a digestão desses alimentos volumosos.

Por este motivo, toma-se importante a ingestão da fração fibra, responsável pelo equilíbrio e bom funcionamento do sistema digestivo. Como a forragem é a principal fonte de fibra da alimentação eqüina, associada ao bom valor nutritivo e ao custo mais baixo, não se deve desprezá-la nos mais diversos programas alimentares

A oferta de alimentos de alta qualidade, tanto de forragens quanto de suplementação concentrada, possui seus benefícios comprovados, pois garante crescimento saudável e excelente condição física dos animais. Na avaliação das espécies forrageiras para formação das pastagens para os eqüinos, devemos considerar seu hábito de pastoreio e fisiologia digestiva, que são diferentes dos outros animais herbívoros. O pastoreio dos eqüinos consiste na apreensão dos alimentos pelo lábio superior, usando os dentes para o corte da forragem, auxiliado pelos movimentos da cabeça. Nos bovinos esta apreensão é realizada pela língua que enrola a vegetação prensando-a no palato superior (céu da boca) arrancando-a com um pequeno movimento da cabeça.

Características desejáveis

Com este tipo de pastejo rente ao solo, é importante a escolha adequada de uma espécie forrageira que tenha hábito de crescimento rasteiro. Como por exemplo, as espécies de estoloníferas ou semidecumbentes, no qual o tipo de pastejo causa menor dano ao meristema apical da planta proporcionando um melhor rebrote e persistência das pastagens, uma vez que estão menos expostos, dificultando seu corte.

Forragens com crescimento cespitoso e com o meristema apical mais alto devem receber mais atenção no manejo. Neste caso, não permitir que os animais cortem muito baixo as pastagens, pois com uma desfolhação muito intensa acarretará a remoção do meristema apical, resultando na paralisação de seu crescimento. A rebrota será muito mais lenta, pois ocorrerá a partir de gemas basais ou axilares, prejudicando assim o rendimento e a duração da pastagem.

Outras características desejadas nas forragens são:
1 - Crescimento agressivo (capacidade de crescer e fechar a área rapidamente);
2 - Resistência ao pisoteio;
3 - Alto valor nutritivo;
4 - Baixa exigência em fertilidade do solo;
5 - Boa palatabilidade;
6 - Adaptável às condições climáticas da região.

Escolha da forragem

Por ser um país de proporções continentais, o Brasil possui uma diversidade de clima e fertilidade do solo, responsáveis pelas diferenças na adaptabilidade de uma mesma espécie em diferentes regiões do país.

A composição das forragens varia muito com o estádio vegetativo da planta, com a fertilidade e tipo do solo, regime de chuvas, temperatura, umidade do ar, latitude, altitude, sistema de pastoreio, praguejamento, espécie forrageira, etc.

Com essa ampla variedade de fatores influenciando a composição nutritiva e produção das forragens, pode-se afirmar que não há uma espécie forrageira ideal, e sim dentro das características desejáveis já citadas, ocorra à escolha da espécie mais adaptada a região e ao manejo adotado (adubação, rotação de pastagens, irrigação, taxa de lotação, etc.).

Preparo do solo

Antes do plantio, deve-se tomar providencias para uma melhor germinação tanto das sementes ou das mudas plantadas. A coleta de amostra do solo para análise em laboratório, tem grande importância para a determinação das suas condições de fertilidade e pH. De acordo com os resultados, recomenda-se a correção do pH do solo, de preferência 60 dias antes do plantio, e a adubação adequada para que o solo esteja apto para proporcionar o rápido crescimento e persistência da forrageira cultivada.

É também importante para o sucesso na implantação de uma pastagem fazer a retirada das plantas daninhas perenes antes da floração, para que não reproduzindo, impeça a reinfestação, possibilitando maior controle da qualidade das pastagens.

Forrageiras

Informações sobre as espécies de gramíneas para a formação de pastagens é de grande importância na alimentação eqüina.

Estrela Africana (Cynodon Plectostachyus)

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Espécie de crescimento prostrado prefere solos de textura argilo-arenosa. Extremamente resistente ao pisoteio, apresenta valor nutritivo bom e notável capacidade de cobrir terreno. Regra geral não recomendada para fenação, devido ao seu “talo” ser grosso dificultando a perda de água.

Coast – Cross (Cynodon Dactylon)

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O coast-cross é uma forrageira perene, subtropical, híbrida, desenvolvida na Geórgia, EUA, pelo cruzamento entre espécies de Cynodon (grama-bermuda). É resistente ao frio, tolerando bem geadas. Apresenta bom valor nutritivo (teor protéico: 12 a 13%), alta produção (20 a 30 t/ha/ano de matéria-seca) e alto nível de digestibilidade (60 a 70%). Por apresentar alta relação folha/haste e responder vigorosamente à adubação, constitui-se em excelente opção para fenação. Seu hábito prostrado e estolonífero lhe assegura maior persistência.

Tifton 85 (Cynodon SP)

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Gramínea do gênero Cynodon sp, híbrido estéril resultante do cruzamento da TIFTON - 68 com a espécie Bermuda Grass da África do Sul Gramínea perene estolonífera com grande massa folhear, rizomas grossos, que são os caules subterrâneos que mantêm as reservas de carboidratos e nutrientes que proporcionam a sua incrível resistência a secas, geadas, fogos e pastejos baixos. Pode ser plantada tanto em regiões frias, quanto em regiões quentes de clima subtropical e tropical, ou seja, em todo território nacional, em solos arenosos, mistos e argilosos (não alagados), devidamente corrigidos e adubados.

Tifton 68 (Cynodon sp)

O tifton 68 é uma gramínea forrageira tropical obtida a partir de melhoramentos genéticos realizados com o gêneroCynodon nas universidades da Geórgia e da Flórida, nos Estados Unidos. Apresenta as mesmas características o tifton 85 apresentado acima.

Braquiárias

Capins do gênero brachiaria devem ser evitados na formação de pastagens para eqüinos, pois algumas espécies (brachiaria decumbens) são rejeitas pelos animais. Algumas causam fotossenbilização hepatógena principalmente nas partes despigmentadas dos animais (brachiaria humidicola), além de apresentarem alto teor de oxalato, que seqüestra o cálcio tornanndo-o indisponível para o animal.

A doença conhecida como “cara inchada” (hiperparatireoidismo nutricional secundário), é caracterizada por um inchaço bilateral dos ossos da face, e é causada pelo alteração da relação Ca:P. Para tentar restabelecer a quantidade de cálcio no sangue o organismo libera o PTH (hormônio da paratireóide), que mobiliza o cálcio dos ossos para a corrente sanguínea.

O cálcio retirado dos ossos é substituído por um tecido cicatricial fibroso, que provoca aumento de volume dos ossos da face. Embora irreversíveis, essas lesões podem ser controladas quando detectadas.

Outras espécies como o capim kycuiu (pennisetum clandestinum), Setaria anceps cv. Kazungula, Panicum maximum cv. Colonião, Digitaria decumbens cv. Transvala também devem ser evitadas pelo seu alto teor de oxalato.

Fonte: ABQM

Autores: Felipe Pereira dos Santos e Humberto Pena Couto

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A importância do sal para os equinos

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Uma alimentação adequada para os eqüinos é fator vital para o bom desenvolvimento da criação. Sem uma dieta correta, estes animais podem apresentar os mais diversos problemas. Nesse contexto, os minerais têm importante participação na formação do esqueleto e nos processos fisiológicos que acontecem durante toda a vida de um eqüino.A ração de cavalo típica, composta de forragens e grãos, não provê de uma quantidade razoável de sais para o seu animal. Esta necessidade torna-se mais crítica em tempos quentes e úmidos, principalmente em cavalos de esportes, mas serve como alerta até mesmo para cavalos a pasto. Assim, não deixe de dar sal para seu cavalo. Geralmente, observamos cristais salgados secos, em cima da garupa dos cavalos inativos ou em pasto. Esta perda de sal deve ser reposta. A insuficiência de sal também pode levar o cavalo a adquirir hábitos indesejáveis, como por exemplo o de comer as fezes, numa tentativa de repor o nível de cloreto de sódio e ainda perda de apetite e pêlos, cabelos ásperos e opacos, crescimento reduzido e baixa produção. Em dias quentes e úmidos os cavalos também podem parecer facilmente cansados e não executar funções que normalmente desempenhariam, ocasionados pela deficiência salina. Com temperaturas elevadas, umidade e intensidade de exercícios, os cavalos suam mais portanto, perdem mais sais minerais. O sal também é eliminado na urina e pelas fezes . Um cavalo com cerca de 460kg de peso, em descanso ou trabalho ligeiro pode comer 4 colheres de sopa de sal grosso por dia, distribuídos na ração. Esta afirmação serve para cavalos que comem cereais (aveia, cevada). Se comer ração concentrada convém diminuir a quantidade de sal, subtraindo a quantidade já presente na dita ração. Os cavalos que comem cereais têm mais carência de sal.Mesmo administrando sal na ração é aconselhável providenciar uma pedra de sal na boxe a não ser que o seu cavalo tenha o vício de comer o bloco de sal à dentada, ingerindo sal em excesso o que provocará problemas. Também, use sal mineral junto com o sal branco. Minerais em pequenas quantidades são essenciais. Coloque a mistura de sal mineral e sal comum em um lugar seco fora da chuva. Faça os cavalos terem uma provisão de água limpa e fresca. O consumo de sal aumenta o de água. Não dê sal em excesso. Não há nenhuma necessidade de acrescentar mais do que 1% de sal do total da ração de grão. Sal “ad-libitun” (para consumo voluntário) também é recomendado. cavalo que transpira abundantemente perde grandes quantidades de cloreto de sódio e ainda de cálcio, magnésio e potássio. Nesse caso não aumente a dose de sal que lhe dá diariamente. Em vez disso, dê-lhe uma mistura de electrólitos bem equilibrada meia hora antes do esforço e de novo após o trabalho. No entanto deve dar-se atenção aos regulamentos das provas desportivas pois algumas delas não permitem a sua utilização. Os electrólitos só devem ser administrados nas doses adequadas e só quando o cavalo efetua trabalho intenso.

Fonte: Equitação Especial

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Rações balanceadas e diferenciadas

 

Dentre os fatores que contribuem para um bom desempenho dos animais, a nutrição tem um papel fundamental. Diante do avanço tecnológico da eqüinocultura, a conscientização dos criadores quanto às diferenças entre alimentos e nutrientes afasta obrigação de adotar aqueles “programas nutricionais” para fornecer alimentos importados, cereais que não são bem produzidos, e fenos que requerem alta tecnologia de produção. Existem técnicas no nosso sistema de produção que traçam as diversas maneiras para um melhor aproveitamento dos alimentos, tais como:


Produção de volumosos de alta qualidade
Dimensionamento dos piquetes em função das categorias do plantel; formação de pastagens; recuperação de pastagens já implantadas; feneação de gramíneas como coadjuvante do manejo das pastagens; formação e manutenção do alfafal; utilização e manejo de capineiras; controle de invasoras em pastagens; feneação de gramíneas e alfafa para comercialização; formação e utilização de culturas de inverno; dimensionamento e implantação de culturas auxiliares para produção do componente energético das rações.


Utilização de alimentos alternativos
A diferença entre alimento e nutriente não pode ser esquecida pelo criador. Os alimentos são classificados em grupos de acordo com a quantidade de nutrientes que apresentam. Na alimentação dos eqüinos essa classificação se dá da seguinte forma:


VOLUMOSOS:
- Aquosos: (pastos, capineiras e raízes) - Dessecados: fenos (gramíneas, leguminosas) e palhas
CONCENTRADOS:
- Energéticos: (grãos de cereais, seus subprodutos) - Protéicos (farelos das oleaginosas, subprodutos da indústria animal)
Os alimentos que se enquadram na categoria de volumosos são os que apresentam mais fibra e menos nutrientes digestíveis do que os concentrados.


Fornecimento de quantidades ideais de alimento
O Sistema Brasileiro de Produção de Equinos estabelece segundo o critério do “mínimo necessário” a quantidade de alimento que um cavalo deve receber por dia. O criador deve se preocupar em fornecer ao animal, via alimentos concentrados, só os nutrientes mais importantes, tais como, proteínas, macro e micro minerais e vitaminas, além de uma cota de energia digestível e nunca estabelecer uma quantidade obrigatória e invariável durante todo o ano.


Atendimento correto das exigências nutritivas – rações diferenciadas
Não se deve trabalhar com apenas um tipo de ração para todos os animais de seu plantel de modo a não prejudicar o correto desenvolvimento deles. Durante sua vida, o cavalo passa por diversas fases, e em cada uma necessita de um tipo específico de alimento. A categoria dos potros (até 18 meses) é dentre todas a que requer maiores cuidados nutricionais. Os eqüinos apresentam uma curva de crescimento muito acentuada no período de um ano, bastando lembrar que o potro alcança, nessa idade, 88% de sua altura final.


A qualidade ou o valor nutritivo dos nutrientes e sua concentração nas rações devem se adequar às necessidades específicas das diversas categorias do rebanho, razão pela qual o criador deve ter, pelo menos, três tipos de ração: uma para potros, uma para éguas em produção e outras para as demais categorias.

Fonte: Publicações Globo Rural - Roberto T. Losito de Carvalho e Cláudio M. Haddad

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Alimentação dos Reprodutores

 

Necessidades Energéticas

     As necessidades do reprodutor em manutenção são as mesmas para qualquer animal nesta condição.

      As necessidades energéticas do reprodutor em período de monta são superestimadas pelos criadores, para os quais, um estado corpóreo um pouco acima do normal, é sinal de força, de saúde e orgulho para si próprio. Portanto, a obesidade ou robustez excessiva compromete, inicialmente, a longevidade do reprodutor, pois o excesso de peso fatiga as articulações, favorece a artrose e dificulta o salto, além de tornar um animal já agitado, mais nervoso para se manejar.

     Em período de estação de monta, a função reprodutora é relativamente pouco exigente em Energia, sendo cerca de 30% acima da manutenção, semelhante a um animal em trabalho leve, mas é necessário um excelente equilíbrio alimentar.

      Sobretudo, há comprometimento da fertilidade. Ocorre diminuição do nível hormonal e da libido (por fixação dos hormônios sexuais com o tecido adiposo – gorduroso).

     Inversamente, o emagrecimento afeta certos reprodutores muito nervosos, que perdem o apetite. É necessário oferecer alimentação concentrada e variar o regime alimentar para se manter um bom estado corpóreo, vigoroso e fecundo.

      O fornecimento de ácidos graxos essenciais é importante para a fertilidade. Devemos ressaltar aqui a utilidade dos produtos como milho, aveia, germes de trigo, soja, sempre presentes em produtos concentrados balanceados.

     Necessidades Protéicas

      Os aportes protéicos ultrapassam um pouco as necessidades de manutenção, em cerca de 20%, para ativar a produção das glândulas sexuais. Mas os excessos são particularmente prejudiciais, pois elevam a reabsorção intestinal de aminas (composto tóxico formado a partir da quebra de proteínas), podendo contribuir para alterar o vigor e a sobrevida dos espermatozóides.

      Uma complementação mineral é necessária para se evitar carências de fósforo, zinco, manganês, cobre, iodo e selênio, que são importantes para a fertilidade e que, normalmente, podem ser deficientes nas forragens.

     Necessidades Vitamínicas

      A suplementação vitamínica consiste, em primeiro lugar, em Vitamina A que garante a integridade do epitélio germinal.

      A Vitamina E é de igual interesse para a fertilidade pela proteção anti-oxidante dos ácidos graxos essenciais e da Vitamina A.

      O restante do complexo vitamínico é essencial para o bom equilíbrio do organismo do reprodutor.

    Arraçoamento Prático dos Reprodutores

     O arraçoamento prático dos reprodutores prioriza o equilíbrio alimentar, prevenindo-se a superalimentação.

     As necessidades do animal variam de 1,5 %, em manutenção, a 2,3% , em estação de monta intensa, de matéria seca em relação a seu peso, isto é, para um animal de 400 kg deve varias de 6 a 9,2 kg de matéria seca por dia, com as quantidades de energia e proteína adequadas, além do sal mineral específico e água fresca e limpa à vontade.

      Particularmente o feno de alfafa, que expõe o animal a excessos protéicos e a aveia, quando em excesso, desequilibra a ração e favorece a produção de sêmen diluído e pouco fértil.

      Fora do período de monta, um regime de manutenção é suficiente, através do fornecimento de capim ou feno de qualidade, uma suplementação mineral e, eventualmente, o fornecimento de concentrado, pode ser necessário para se manter um estado corpóreo satisfatório.

      No período de monta, uma suplementação extra com concentrado (ração) se faz necessário para complementar as necessidades energéticas, dependendo da freqüência dos saltos e do estado corpóreo do animal.

      A complementação protéica é, em média, semelhante àquelas de animais em trabalho médio, cerca de 11 a 12% de proteína bruta.

      Uma preocupação constante deve ser a qualidade destas proteínas oferecidas (alimentos com teores adequados de lisina e metionina), além de se manter um equilíbrio alimentar adequado, através de suplementação extra de vitaminas e minerais sempre que necessário.

Texto adaptado. Autor: André Cintra. Fonte: Cavalo Criolo Website

sexta-feira, 6 de maio de 2011

ENTREVISTA: MITOS E VERDADES NA NUTRIÇÃO DE CAVALOS

 

Linha fina: Alfafa é o melhor feno para cavalos? E aveia é melhor do que ração comercial? Estas e muitas outras dúvidas são comuns entre proprietários e criadores de cavalos. Conversamos com o médico veterinário André Cintra, um dos maiores especialistas brasileiros em nutrição de eqüinos, sobre este e outros temas.

     HORSE BUSINESS: Qual o melhor capim para quem esteja querendo formar pastagens ou capineiras?

     ANDRÉ: O melhor capim para cavalos em termos de manejo (depois de formado) e nutrientes é o tífton. Existem outras variações de bermudas, como jiggs, flora-kirk, etc, mas o princípio é o mesmo, pois são todos parentes, inclusive o coast-cross.

      Na verdade o melhor será aquele que se adaptar melhor à sua região. Deve-se levar em conta condições climáticas, geográficas, qualidade de solo, pisoteamento, etc.

      O tanzânia, assim como qualquer capim que se prolifera por sementes, tem a facilidade de plantio, porém tem o inconveniente de ter um ciclo pré-definido. Após a florescência, com liberação de sementes, diminui-se sua qualidade nutricional, por encerrar um ciclo. Além disso, os capins do tipo "elefante", (Panicum sp, como napier, colonião, tanzânia, etc.) têm o inconveniente de entoucerar, e devido ao grande comprimento de suas folhas, poucas plantas nascem ao redor da planta principal. O que parece se ganhar em massa verde pelo tamanho das folhas, perde-se pela quantidade de espaço não coberto pela plantação.

      Os capins plantados através de mudas, ao contrário, não têm ciclo fechado, crescendo indefinidamente até morrerem se não colhidos ou "comidos" pelos animais. Têm o inconveniente da forma de plantio, porém cobrem muito melhor o terreno produzindo tanta massa quanto outros capins mais altos. Além disso, seu valor nutricional é superior, e possuem ainda a conveniência de poderem ser utilizados para feno se não pastejados.

      Recomendo a divisão desta área em 3 ou 4 partes para melhor otimizar seu aproveitamento e rotacionar o uso, ficando cada piquete em uso por 7-10 dias e descansando por 20 dias, ao menos (o ideal de descanso é 32-36 dias, que é o ciclo completo do capim em seu valor nutricional máximo). Além disso, dividindo-se os piquetes, se estiver sobrando capim em um piquete em uso, e o outro estiver em ponto de corte, pode-se fazer feno e armazaná-lo para o inverno, ou mesmo vendê-lo e obter uma fonte de renda interessante.

      Lembre-se apenas de que pasto é cultura, como qualquer outra plantação. Deve-se avaliar o valor nutritivo da terra e do capim anualmente para se verificar a necessidade de suplementar a terra para se obter um alimento de alto valor biológico.

     HORSE BUSINESS: Algumas pessoas falam que é preciso haver intervalo de tempo entre o fornecimento de volumoso e de concentrado aos cavalos. Qual a sua opinião a respeito?

     ANDRÉ: Pode haver vantagem em evitar oferecer o feno logo após a ração. Isto acontece porque a digestão do feno, essencialmente bacteriana, ocorre no ceco do cavalo, isto é, nas porções finais do aparelho digestivo; enquanto que o processo digestivo da ração é essencilamente enzimático, iniciando-se no estômago e finalizando no intestino delgado.

      O volumoso oferecido logo após a ração "empurra" a mesma para o ceco, onde ela sofrerá digestão microbiana, com perda de qualidade na absorção de seus nutrientes,por falta de enzimas. O tempo de espera (01 h/kg de ração) é suficiente para otimizar muito a absorção dos nutrientes da ração.

     Por outro lado, há quem diga que o ideal é disponibilizar o volumoso ao cavalo sempre que ele quiser, da mesma forma que ele ingere na natureza. Porém, neste caso o cavalo não está confinado numa baia de 3 por 4 m. Nesta condição, o tédio o leva a "inventar" coisas para fazer, com alguns animais espalhando o alimento pela baia com muito desperdício. Por isso recomendo dividir o feno em 3 a 4 refeições ao dia, nas quantidades adequadas às necessidades de cada animal, que podem variar conforme o peso e atividade, entre outros.

     HORSE BUSINESS: Sempre ouvimos que o melhor alimento para cavalos é a alfafa, e há quem a utilize como única fonte de volumoso. Um argumento é que os cavalos adoram comer alfafa. O que você tem a dizer sobre isso?

     ANDRÉ: A alimentação do cavalo atleta é baseada no fornecimento de ENERGIA e não de PROTEÍNA. A alfafa por excelência, é um alimento protéico. Claro que todo alimento fornece energia e proteína, entretanto, conceitualmente, aquele nutriente que é preponderante no alimento, determina a característica dele (protéica, energética, mineral ou vitamínica).

      A alimentação de um cavalo atleta jamais deve ultrapassar 14% da proteína na Dieta Total, ou seja, tudo aquilo que o animal ingere no período de 24 hs, sendo ideal ficar ao redor de 12%.

      A alfafa tem uma média de 17-18% e até mais de proteína. Como o volumoso não deve ser inferior a 60% da dieta total do cavalo, como volumoso único a alfafa fornece cerca de 1430 g de proteína (8 kg de alfafa 17% ao dia), sendo as necessidades do cavalo atleta de 500 kg em trabalho médio (salto, por ex) de 984 g, portanto somente a alfafa está com um excedente de 444 g (ou 45%), com possibilidades de complicação. Isso sem contar a proteína que a ração fornece. Se for uma ração com 12% de proteína, sendo oferecido 6 kg ao dia, ofertamos + 720 g de proteína, totalizando 2.150 g de oferta, contra 989 g de necessidade - dá um excesso de 117%, quando o tolerado é de 30% além das necessidades do animal.

      A utilização de fenos de gramíneas, com teores de proteína de cerca de 9 a 11%, além de muito mais BARATA, é muito mais SAUDÁVEL para o animal. Se por acaso a dieta que você está utilizando não está de acordo com as necessidades do animal, deve ser revista, mas não utilizando-se alfafa. Esta é um ótimo alimento para éguas em reprodução e potros em crescimento, e ainda assim deve ser fornecida com restrições, e não à vontade.

      Jamais fiz uma dieta onde precisasse utilizar mais de 5 kg de ração para um animal. Fiz dietas para cavalos de CCE no preparo para a Olimpíada de Sydney, para cavalos de Enduro no Mundial da França, para cavalos olímpicos de salto, e em nenhum destes casos foi necessário utilizar alfafa ou mais de 5 kg de ração.

      O que se pode e deve fazer é utilizar uma ração mais energética. Se isso não for suficiente (cavalos em trabalho muito intenso), utiliza-se suplementos energéticos nas doses individuais necessárias para suprir as necessidades ENERGÉTICAS do animal.

      Não se preocupe com as necessidades protéicas. Se utilizar matéria prima nobre, as necessidades protéicas de seu animal serão plenamente satisfeitas. Existe uma cultura maléfica no meio eqüestre (herdada dos animais de corrida) onde pensa-se que quanto mais proteína oferecida ao animal, melhor será o seu desempenho.

      Quanto à preferência por alfafa, meus filhos adoram balas e sorvetes, e não é por isso que os deixo comer estes “alimentos” à vontade.

     por isso deixo-os "ad libitum" com estes "alimentos".

      Quanto a saber o quanto oferecer de alfafa, como agrado para os animais,deve-se procurar balancear com o restante da dieta para não desequilibrar a mesma.

     Recomendações nutricionais para diversas categorias animais

     HORSE BUSINESS: Como deve ser alimentado um potro entre a desmama e a idade de doma? Parece que esta é uma idade onde os animais são deixados muito ao léu, quando é uma fase tão importante em termos de crescimento e desenvolvimento ponderal...

     ANDRÉ : Para o potro dos 6 aos 18 meses o mais indicado é uma complementação com ração de boa qualidade de 17 a 18% de proteína. A base do volumoso deve ser gramínea (feno ou pasto, ou mesmo capim picado) e pode ser complementada com 1 a 2 kg de alfafa diários.

     A quantidade de ração deve ser na base de 0,7 a 1,0 kg por 100 kg de potro, dependendo é claro, da qualidade desta ração e da qualidade e disponibilidade do volumoso. Pode ainda ter uma suplementação com vitamínico mineral de qualidade.

     As variações de quantidades dependem de algumas variações individuais do animal, que deve ser constantemente acompanhado para ver se suas necessidades estão sendo supridas na quantidade certa. Deficiências levam a um baixo rendimento (reprodutivo ou de desenvolvimento). Excessos levam a problemas reprodutivos, como dificuldade no parto e nascimento de um potro frágil e a problemas no crescimento e desenvolvimento, como as Doenças Ortopédicas Desenvolvimentares.

     A partir dos 18 meses a ração já deve passar para 15% de proteína até os 36 meses, quando será definida a função do animal e oferecida a ração adequada a esta função.

     Claro, além disso nunca pode faltar sal mineral específico para eqüinos e água fresca e limpa à vontade. Outros suplementos devem ser avaliados conforme as necessidades individuais de cada animal. Estas recomendações valem para todas as categorias de eqüinos.

     HORSE BUSINESS: E quanto às reprodutoras? Vemos por aí éguas ganhando muita comida no início da gestação, parindo gordas e depois perdendo muito peso durante a lactação... Quais as suas recomendações?

     ANDRÉ: Éguas no último trimestre de gestação devem receber 1,5 a 2,0% de seu peso vivo (em Matéria seca) por dia, dividido em no máximo 40% de concentrado com 15% de proteína bruta e 3 a 4 % de extrato etéreo, mais, no mínimo, 60% de volumoso de boa qualidade com cerca de 8 a 11% de PB (preferencialmente gramínea).

     Para as éguas em lactação, vale: 1,8 a 2,9% do peso vivo (em Matéria seca) por dia, dividido em, no máximo, 50% de concentrado com 15% de proteína bruta e 3 a 4 % de extrato etéreo, mais, no mínimo, 50% de volumoso de boa qualidade com cerca de 8 a 11% de PB (preferencialmente gramínea).

     HORSE BUSINESS: Quando dar aveia ao cavalo?

     ANDRÉ: De minha parte, quase nunca. Somente quando a dieta assim o exigir. A resposta ficou vaga, mas é para dar idéia de quão vaga é a alimentação praticada por aí. Em suma, se você utilizar volumoso de boa qualidade, sal mineral específico, água fresca e limpa, complementar com uma ração balanceada e equilibrada de boa qualidade e específica para o animal e sua atividade, o máximo que você pode precisar é de um suplemento, que pode ser desde vitamínico mineral a aminoácidos, ou ainda energético.

      A aveia não deve ser utilizada como suplemento energético para não incorrermos nos problemas do excesso de amido. Quer aumentar a energia da dieta de seu cavalo? Primeiramente verifique se você já está utilizando uma ração adequada (alta energia), em seguida, se realmente for necessário, pode-se utilizar um suplemento energético extrusado ou mesmo peletizado, ou ainda óleo vegetal, ou mesmo a farinha de linhaça. Porém verifique sempre a real necessidade de seu animal. Faça este aumento gradativo e pense na dieta como um todo. Sempre falo a meus alunos que se deve ter um pensamento espacial, não para viver no mundo da lua, mas para pensar em todos os nutrientes de uma dieta, pois ao se mexer no nível de um nutriente, deve-se verificar a necessidade de aumentar algum outro (p. ex, vitamina é fundamental para absorção de energia, e assim por diante).

Autor: André Cintra

Fonte: Cavalo Criolo Website

sexta-feira, 1 de abril de 2011

UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS ALTERMATIVOS NA ALIMENTAÇÃO DE EQUINOS

 

Os cavalos são animais que desempenham atividades sócio-econômicas importantes e a nutrição desempenha papel fundamental no sucesso da criação, condicionando programas de alimentação peculiares à sua fisiologia digestiva e objetivo da eqüinocultura.

      A utilização de alimentos concentrados na alimentação de eqüinos é um dos fatores que mais onera custos de criação; desta forma, a busca de alimentos alternativos para compor rações para esta espécie, no sentido de diminuir os custos de alimentação, torna-se, atualmente, fator limitante na criação dependendo do objetivo do criador ou uso do animal. Dessa forma, a constante busca pelos nutricionistas em formular rações mais eficientes e economicamente viáveis aumenta a necessidade de pesquisas concernentes à composição química e valores energéticos dos alimentos, permitindo que os objetivos almejados na formulação de rações possam ser atendidos.

      A energia presente nos alimentos é um produto resultante da transformação dos nutrientes, pelo metabolismo, sendo um dos fatores mais importantes na nutrição animal. É consenso entre os nutricionistas que a energia é um dos fatores limitantes do consumo, sendo utilizada nos mais diferentes processos, que envolvem desde a mantença, reprodução e alta performance, permitindo assim o máximo potencial produtivo.

      Os cavalos são animais herbívoros que tem certa particularidade onde caracteriza a espécie como não-ruminantes de ceco-colon funcional e a criação desta espécie envolvem o conhecimento peculiar de sua estratégia digestiva, capacitada ao aproveitamento de nutrientes de alimentos alternativos.

      Assim, pesquisas de avaliação de alimentos utilizam ensaios metabólicos de consumo voluntário e digestibilidade como ferramenta interpretativa, que respaldam a elaboração de estratégias nutricionais para eqüinos. Nesse sentido, os subprodutos agroindustriais como casca, resíduo de soja, casca de trigo e casca de milho, resíduos da produção agrícola e da agroindústria necessitam de estudos para serem mais bem aproveitados na alimentação dos animais domésticos, possibilitando a utilização de alimentos alternativos viáveis nutricionalmente e economicamente.

      O conhecimento da fisiologia da digestão dos eqüinos é essencial para práticas nutricionais eficazes e faz – se necessário conhecer não somente como o trato digestivo funciona, mas o quão eficiente o seu funcionamento pode vir a ser, para que tenhamos êxito nas diversas atividades eqüestres, relacionadas com cada estágio fisiológico do animal ou com os objetivos do criador. Um ponto muito importante refere-se à avaliação da ingestão dos diferentes alimentos pelos animais, devido aos aspectos morfofisiológicos do trato gastrintestinal de cada espécie. Assim a caracterização dos alimentos também é fundamental para que se tenha êxito na utilização adequada dos mesmos na alimentação dos animais. No processo de caracterização dos alimentos é importante conhecê-los quanto à composição químico - bromatológica, presença de fatores anti - nutricionais ou outras características que possam limitar o uso na alimentação animal.

      Neste processo de caracterização avalia-se também a capacidade que os alimentos têm em disponibilizar seus nutrientes para os processos metabólicos do organismo animal. Isto é feito, através da determinação da digestibilidade dos componentes nutricionais do alimento, ou seja, proteínas, carboidratos e lipídeos, além de vitaminas e minerais. A digestibilidade dos nutrientes nos alimentos, teoricamente, se expressa como porcentagem do nutriente que desaparece no balanço entre a ingestão e a excreção por uma determinada espécie animal. Existe uma série de fatores que podem influenciar a digestibilidade dos alimentos para eqüinos, tanto devido ao animal em função das características genéticas ou individualidade, quanto em função das características intrínsecas dos alimentos, especialmente como composição química - bromatológicas, quantidade consumida, tamanho de partícula, teor em água, quantidade de fibra e procedimentos analíticos laboratoriais, entre outros.

      Atualmente, os subprodutos da agroindústria são grande fonte de interesse para pesquisadores e produtores que buscam a cada dia a maximização do desempenho animal associado a baixo custo.

      Desta forma, a casca de soja possui um alto teor de fibra, sendo este altamente digestível por possuir baixo teor de amido, proporciona uma baixa taxa de fermentação e reduz os problemas de acidose nos animais, doença que pode levar ao aparecimento de outra doença a laminite. Apresenta, em sua composição, teor de PB ao redor de 11%, comparável aos fenos de gramíneas de elevada qualidade e ainda apresenta alta disponibilidade energética. Assim, a casca de soja surge como promissor alimento a ser utilizado na alimentação dos eqüinos, sendo utilizada na substituição total e parcial do milho e de fontes protéicas, assim como na subtituição de fontes de volumosos como fenos de alfafa e gramíneas devido sua característica bromatológica peculiar.

      A inclusão da casca de soja em substituição ao feno de Tifton 85 aprenta valores de coeficientes de digestibilidade bons e podem ser explicados pelo alto teor de pectina contido neste alimento, constituindo a pectina um carboidrato de parede celular de alta digestibilidade quando comparado a parede celular de fenos de gramíneas.

      Apesar de rico em parede celular a casca de soja, apresenta pouca lignina, teor considerável de pectina e proteína ligada à mesma, indicando que o enriquecimento em nutrientes da digesta que alcança o intestino grosso poderá melhorar o aproveitamento dos carboidratos estruturais. Os coeficientes de digestibilidade apresentaram valores que variaram de 62,48 a 82,77% para os níveis crescentes de inclusão de casca de soja. Estes valores podem ser considerados satisfatórios para estudos de digestibilidade em dietas para eqüinos. Além de não se verificaram efeitos negativos de ingestão e/ou palatabilidade no uso das rações com casca de soja, como também, não foram observados distúrbios gastrointestinais e que as dietas para eqüinos podem ser formuladas com substituição parcial e total do feno pela casca de soja sem afetar adversamente a digestibilidade da proteína bruta e alterando positivamente a digestibilidade da matéria seca, fibra bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido.

      Outro subproduto utilizado é o resíduo de soja, apresenta em sua constituição, fragmentos de plantas, grãos quebrados, imaturos, atacados por insetos e/ou doenças, "ardidos", danificados por intempéries, sementes de plantas invasoras e torrões e parte da casca dos grãos de soja que se solta após a secagem dos grãos. Este resíduo vem sendo intensamente utilizado na alimentação de ruminantes, principalmente em rações para confinamento, pelos produtores ou pecuaristas das regiões produtoras de soja.

      O resíduo de pré-limpeza da soja como também é conhecido apresenta: matéria seca 87%, nutrientes digestíveis totais 76%, proteína bruta 30%, fibra bruta 17,5% e extrato etéreo 10%. Observa-se que a presença de grãos de soja é de 42,20%, mostrando que se trata de um subproduto com elevado valor nutritivo. Menor umidade no momento da colheita da soja pode ocasionar maior quebra de grãos, aumentando sua porcentagem no resíduo. Alta infestação por plantas invasoras deverá produzir um resíduo com maiores porcentagens de sementes e outras partes dessas plantas.

      De acordo com seus teores de proteína bruta e fibra bruta o Resíduo de Soja pode ser classificado como concentrado protéico. O teor de extrato etéreo é relativamente alto e reflete a alta porcentagem de fragmentos de grãos. O teor de cinza também é alto e provavelmente seja devido à contaminação com terra. Quanto à proteína bruta, observa-se que o resíduo de soja tem proteína de alta degradabilidade.

      Dentre os ingredientes não convencionais, pode se destacar o farelo de germe de milho desengordurado como uma opção para substituir o milho. Este alimento é um subproduto da industrialização do milho para retirada do amido por via úmida. Durante o processo, o milho é umedecido para amaciar a semente e facilitar a separação do glúten, proteína e germe. Após a remoção do germe de milho, restam apenas o glúten, o amido e a casca do milho. Porem não foram encontrados estudos referente a espécie eqüina, principalmente com casca de milho este subproduto oriundo de do beneficiamento dos grãos de milho, no caso mais especifico a produção de farinha de “biju”, denominação regional para alimento de consumo humano, a retirada da película que envolve o grão também é necessária para não fazer parte constituinte do produto final. Da mesma forma como os outros subprodutos, geralmente é utilizado de forma empírica na alimentação de ruminantes na forma de resíduo de milho ou incorporado ao “misturão”, o qual trata-se de um “pool” de subprodutos e alimentos que o compõem.

      A casca de trigo é um subproduto originário do beneficiamento do grão de trigo, geralmente, incluído no farelo de trigo, e este nível de inclusão determina a qualidade do farelo, pois se trata da película que envolve o grão. Sua retirada é necessária para produção de farinha de trigo convencional, de uso na alimentação humana. Desta forma, assim como o farelo de trigo, a casca de trigo, também vem se destacando como possível substituto a alimentos convencionais. Na prática de criação de eqüídeos, a alimentação tem sido responsável pela maior parte dos custos, sejam esses animais criados confinados ou extensivamente. É, pois, de fundamental importância conhecer os princípios básicos sobre os alimentos em si e seu balanceamento ao formular rações, buscando novos alimentos que tenham potencial de uso correlacionado com a espécie.

      O trigo é o principal cereal produzido no mundo e, diferentemente do milho, é usado prioritariamente na alimentação humana, sendo que o seu beneficiamento gera valiosos subprodutos para os animais domésticos. Na obtenção da farinha de trigo, 28% do grão não é aproveitado, originando o farelo de trigo, um dos mais populares alimentos para o gado leiteiro, e com potencial de uso na alimentação de eqüinos fornecido, geralmente, em alimentos mais ricos em proteína. Nos moinhos o farelo e o farelinho de trigo (casca de trigo) correm em bicas separadas; entretanto, no mercado brasileiro, a rotina é o emprego dos dois, formando um produto único com o nome de farelo de trigo comercial. De modo geral, contém cerca de 16,79% de proteína bruta e 72,74% de Nutrientes digestíveis totais (NDT), constituindo boa fonte de energia para herbívoros como os ruminantes e os que apresentam ceco-cólon funcional.

      O farelo de trigo é rico em fibras e seu consumo melhora a fisiologia intestinal do animal. Entretanto, seu consumo demasiado pode provocar um efeito laxante indesejável para o animal, sendo necessário conhecer bem a interação desse subproduto com os demais ingredientes da ração animal, para balanceá-la adequadamente em função do peso e da espécie consumidora.

     Realizando uma avaliação dos alimentos alternativos em ensaios de metabolismo com eqüinos, encontramos valores médios dos coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes de 65,87% sendo o maior coeficiente de digestibilidade obtido com a dieta contendo casca de milho com valor de 68,05%. Estes valores encontram em uma faixa aceitável, mostrando se bons valores. Para a digestibilidade da proteína bruta, o melhor valor foi observado com a dieta contendo casca de trigo cujo valor médio situou-se em 56,56%. Para a digestibilidade do extrato etéreo (gordura), o melhor valor foi observado com a dieta contendo Resíduo de soja, cujo coeficiente médio situou-se em 64,50%.

     Para a digestibilidade da fibra em detergente neutro, o melhor valor foi observado com a dieta contendo casca de milho, cujo coeficiente para fração fibrosa situou-se em 84,32% e o para a dieta contendo casca de soja com valor médio de 60,62%.

      Assim, estudos com subprodutos agroindústrias tem ainda mostrado se relativamente uma área pouco explorada, principalmente com a espécies eqüídeas, devido a dificuldade de encontrar materiais sobre o assunto. Existe certo receio quanto ao uso de subprodutos na alimentação de eqüinos, principalmente devido a uma “elitização” da espécie e uma idéia erronia de causarem distúrbios alimentares com cólica. Desta forma existe uma relutância quanto ao uso e uma dificuldade em utilizar. Porém, a utilização de alimentos alternativos na alimentação de animais que constituem a tropa de trabalho em fazendas de criação de gado, animais de passeio que não requerem uma alimentação não muito energética, podem ser uma alternativa de suplementação alimentar a um baixo custo.

Autores: Leonir Bueno Ribeiro e Paula Konieczniak

Fonte: http://www.cavaloscrioulos.com.br/

quinta-feira, 24 de março de 2011

ASPECTOS RELACIONADOS A QUALIDADE NUTRICIONAL DE FENOS

 

Segundo Lewis (2000) a alimentação representa, cerca de 70% dos custos de criação de eqüinos caracterizando um dos principais fatores para o sucesso da atividade, e as dietas para eqüinos devem ser elaboradas respeitando-se a fisiologia digestiva para se obter uma melhor eficiência alimentar e, deste modo, evitar desde transtornos gastrintestinais agudos a distúrbios digestivos crônicos. Portanto, é importante o estudo de métodos de processamento que possam melhorar o valor nutritivo dos alimentos fornecidos aos animais e desta maneira reduzir os custos da alimentação.

      Desta forma, o objetivo deste resumo é reunir algumas informações relacionados a qualidade nutricional, produção, escolha e compra dos fenos utilizados na alimentação de eqüinos.

      O valor nutritivo das plantas é afetado por fatores fisiológicos, morfológicos, ambientais e por diferenças entre espécies, sendo que, no caso das plantas forrageiras, o declínio do valor nutritivo associado ao aumento da idade, normalmente é explicado como o resultado da maturidade da planta e conseqüentemente aumento da lignificação das plantas, afetando principalmente a digestibilidade (Vilela, et al. 2005). Contudo, a digestibilidade de dietas completas pode ser influenciada principalmente em função das características intrínsecas dos alimentos utilizados, especialmente como composição química, a quantidade consumida, o tamanho de partícula, o teor em água, a quantidade de fibra, entre outros (NRC, 1989; Van Soest, 1994).

      O propósito da fenação é obter uma forragem desidratada de alta qualidade, sendo que para produzir um feno de alta qualidade algumas condições são necessárias, primeiramente a forragem a ser cortada deve ser de boa qualidade e posteriormente a secagem deve ser feita com um mínimo de perda de nutrientes, que se consegue com uma secagem rápida que leva a planta à sua inatividade (Vilela, et al 1983).

      Forrageiras, comumente utilizadas para produção de fenos, durante a fase de crescimento vegetativo, apresenta 75 a 85% de água (15 a 25% de matéria seca), e com o aumento da idade, durante a fase de floração apresenta cerca de 65 a 75% de água podendo chegar a teores de 55% de água, e o estágio de crescimento da planta é que determina o seu valor nutritivo. Plantas forrageiras durante o crescimento vegetativo apresentam alto valor nutritivo e à medida que passam do crescimento vegetativo para o reprodutivo (floração) este valor decresce acentuadamente, contudo cortar plantas muito jovem não é interessante, devido a baixa produção de matéria seca (Vilela, et al. 2005).

      O processo de secagem começa quando a planta é cortada, portanto, secagem mais rápida, determinará menores perdas na respiração e conseqüentemente obtêm-se uma forragem conservada com valor nutritivo mais elevado. A composição química e o valor nutritivo de uma forragem em um determinado momento é o resultado dos fatores do meio (fertilidade e umidade do solo) e do potencial genético da planta forrageira. Os fatores genéticos determinam as espécies de plantas, os cultivares dentro das espécies, o tipo de crescimento e à resposta a determinados fatores do meio, como clima, solo, manejo, pragas e doenças e precipitação média (Vilela, et al 1983; Vilala, et al. 1997).

      A planta forrageira durante o crescimento vegetativo tem uma alta proporção de folhas, com alto conteúdo de umidade, proteína, minerais, e baixo teor de fibras e lignina (substância presente na parede vegetal praticamente indigestível pelos herbívoros), ao passar do estágio de crescimento vegetativo para reprodutivo sofrem várias alterações como alongamento do caule, queda das folhas e aumento de produtos fotossintéticos e aumentam os constituintes fibrosos e tornam-se mais lignificados. A qualidade de uma planta forrageira é representada pela associação da composição bromatológica, da digestibilidade e do consumo voluntário, enquanto seu baixo valor nutritivo é determinado pelo reduzido teor de proteína bruta e mineral, pelo alto conteúdo de fibra e pela baixa digestibilidade (Cunha, 1991; Frape, 1992).

      A variação da qualidade nutricional pode se apresentar da seguinte forma, em gramíneas (Tifton e Coast Cross), em função do estágio vegetativo de desenvolvimento da planta, apresenta variação entre matéria seca (de 25 para 35%), fibra bruta (de 21 para 35%), proteína bruta (de 13 para 5%), semelhantes variações são observadas nas leguminosas (Alfafa), redução em proteína de 32 para 13% e aumento na porcentagem de fibra bruta de 15 para 38%, de lignina de 5 para 8%, demonstrando assim a redução do valor nutritivo (Vilela, et al 1983).

      A produção de matéria seca cresce com a idade da planta enquanto, o valor nutritivo decresce quando a planta passa da fase de crescimento vegetativo para reprodutivo. Cortes no início da fase de crescimento vegetativo trariam como desvantagens, menor rendimento forrageiro e ainda alto teor de umidade da forrageira, porém cortes durante a fase de crescimento reprodutivo teriam como desvantagens, maior lignificação das células e menor digestibilidade da proteína e energia. A época ideal de corte das plantas para produção de feno, seria aquela em que a forrageira estaria proporcionando melhor relação entre aspecto qualitativo e quantitativo (maior produção de matéria seca em relação com melhor perfil nutricional da forrageira), sendo que o intervalo entre cortes não pode ser definida em termos de crescimento ou de datas pré-fixadas, mas sim em períodos de descanso da cultura, condições locais do meio, aspectos econômicos. Convém, portanto enfatizar que a qualidade da forragem à época do corte é de importância primária na qualidade do feno (Resende, et al 1999; Vilela, et al 2005).

      O horário do dia escolhido para realização do corte da forragem também afeta o conteúdo de umidade do material a ser fenado. A porcentagem de matéria seca é alta durante o dia (entre meio dia e 15 horas) e é menor durante a noite e pela manhã, ou seja apresentando um maior teor de umidade na planta (Resende, et al 1999).

      Outra dica interessante é quanto a escolha do dia a ser realizado o corte das plantas, deve-se optar por dias que apresentem previsão de tempo bom (sem precipitação pluviométrica), pois muitas vezes o material cortado pode levar mais de um dia para estar em ponto de enfardamento. Como já comentado um feno de boa qualidade deve ser desidratado o mais rapidamente possível, e desta forma o material que recebe uma carga de chuva após o corte tende a ficar com aspecto visual ruim e perder qualidade nutricional.

      O processo de secagem começa quando a planta é cortada assim partes da planta diferem quanto a resposta à perda de água sendo que as folhas de leguminosas secam mais rápido do que o caule e isto contribui para a queda das mesmas e perdas subseqüentes da parte mais nutritiva (Vilela, et al 1983).

      Desta forma, o uso de bons equipamentos contribui para redução do custo de mão de obra e para melhorar a qualidade do produto, assim para uma secagem mais rápida, o material deve ser distendido e espalhado, evitando o aparecimento de montes ou leiras, mesmo que estas sejam espalhadas e frouxas. Quanto maiores forem as leiras, tanto mais lento será o processo de secagem. No entanto, o feno segue mais rapidamente estando espalhado, não é aconselhável curá-lo totalmente dessa forma, pois se realizando a cura total desse modo, as folhas se tornam secas e quebradiças muito antes que as hastes estejam suficientemente secas. No caso de leguminosas, haverá grande perda de folhas ao ser manipulado.

      Segundo Vilela, et al (1983) para preparar um feno de qualidade algumas dicas seguem: primeira, deve-se ceifar (cortar) pela manhã, bem cedo, pois não há necessidade de retardar o corte por causa do orvalho. As forrageiras ceifadas logo cedo, embora úmidas pelo orvalho apresentam-se mais secas à tarde do que as ceifadas em horas mais avançadas do dia; segundo; remover o material quantas vezes necessárias (mínimo de duas passagens); terceira deixar a forragem espalhada por algumas horas, até que ela fique parcialmente curada; quarta dica ceifar apenas a quantidade que se puder manejar convenientemente, sob as condições comuns de tempo; quinta antes que haja perigo de desprendimento das folhas, a forragem deve ser amontoada, em pequenas leiras, frouxas, de preferência, com um ancinho de descarga lateral; sexta caso o tempo esteja propício à fenação, a cura deverá prosseguir nessas leiras (lembrando que as leiras devem ser removidas durante o dia), sendo o feno daí enfardado.

      Para o enfardamento do feno deve se optar por recolher o material a ser enfardado das próprias leiras com a enfardadeira, e é necessário que a umidade do mesmo esteja entre 20 e 22%.

      Da mesma forma que destacamos a importância de se produzir um bom feno (escolha de espécie forrageira, escolha do período e dia de corte, processo de secagem e enfardamento), o armazenamento deste material produzido é de extrema importância e alguns cuidados devem ser tomados, como: conservar e guardar em lugar abrigado da chuva, em local seco e arejado, a uma altura de aproximadamente 10 cm do solo, de tal forma a possibilitar ventilação evitando o aparecimento de umidade.

     Tabela 1. Apresenta composição química média dos principais tipos de fenos utilizados na alimentação de eqüinos.

     Fonte: VALADARES FILHO, S.C.

     1. Matéria seca; 2. Proteína bruta; 3. Extrato etéreo (gordura); 4. Matéria mineral; 5. Carboidratos totais (carboidratos estruturais + carboidratos solúveis).

      Desta forma, podemos concluir que conhecendo alguns aspectos relacionados à produção de fenos, pode nos auxiliar na escolha e compra deste tipo de material. A produção de feno abrange muitos mais aspectos que os citados neste resumo, e diversos pesquisadores têm buscado cada vez mais informações a respeito do assunto.

Autoras: Leonir Bueno Ribeiro e Paula Konieczniak

Fonte: http://www.cavaloscrioulos.com.br/