Bem Vindo ao Blog do Pêga!

Bem Vindo ao Blog do Pêga!

O propósito do Blog do Pêga é desenvolver e promover a raça, encorajando a sociedade entre os criadores e admiradores por meio de circulação de informações úteis.

Existe muita literatura sobre cavalos, mas poucos escrevem sobre jumentos e muares. Este é um espaço para postar artigos, informações e fotos sobre esses fantásticos animais. Estamos sempre a procura de novo material, ajude a transformar este blog na maior enciclopédia de jumentos e muares da história! Caso alguém queira colaborar com histórias, artigos, fotos, informações, etc ... entre em contato conosco: fazendasnoca@uol.com.br

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Estrutura de Baias

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Atualmente, a criação de cavalos depende muito da qualidade das instalações utilizadas nesta atividade.

Não basta termos um cavalo de raça e o criarmos completamente solto, sujeito às variações climáticas, frio, chuvas, calor excessivo, etc. Toda a criação deve dispor de instalações para confinamento desses animais, em baias. Este tipo de instalação, conhecida como estábulo, é de grande importância para o bom desenvolvimento e a manutenção da saúde dos cavalos. Entretanto cavalos embaiados ficam estressados, nervosos, resultando em doenças

Hoje em dia sugere-se que o tamanho mínimo de baia seja de 3,6x 3,6.

Para cavalos de equitação, a área mínima em m2 é igual à altura de cernelha em metros x 2, para animais em reprodução, recomenda-se 4x4, e pôneis 3x3 e para equinos de tração, garanhões e éguas 4,3x4,3.

O tamanho ideal para uma baia é de 12m² (4x4m),

As paredes laterais devem ter uma altura mínima de 2 metros, sendo o que é mais recomendado são paredes de 3 metros.

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As janelas devem possuir dimensões de 50 por 36 cm e 1,20 de altura do chão, e podem ser feitas utilizando-se barras de ferros.

A porta da baia deve ser em duas folhas, a parte inferior deve possuir uma altura de 1,20m e a parte superior, altura suficiente para atingir o final da parede.

O piso deve apresentar uma inclinação, não superior a 2% no sentido da porta para facilitar o escoamento de urina e água na lavagem, sugerimos o piso de borracha, o qual proporciona uma superfície firme, boa resistência alem de ser silencioso, porem encarece o projeto.

A cama pode ser de maravalha, palha, serragem, deve conter as características de bom acolchoamento, não palatável, boa absorção de amônia e odores, facilidade na limpeza, disposição e custo.

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Os cochos individuais são os mais indicados, pois os animais conseguem comer todo o alimento que lhe foi destinado, o sugerido é que tenham 80 cm de comprimento, 35 cm de largura e 50-60 cm de altura, com uma profundidade de 20 cm.


Sendo instalado na parede oposta a porta da cocheira.

Os bebedouros utilizados principalmente são os automáticos em forma de concha, pois estes evitam o desperdício de água e são de fácil higienização.

O feno deve ser colocado oposto ao cocho de concentrado, e de preferência que seja colocado em redes próprias há um metro do piso da cocheira, evitando assim o desperdício e possível contaminação

Abrigo

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Os piquetes devem ser de 1000 a 2000 m2, bem gramados, com abrigo de 4x4m, cuidadosamente cercado com 3 réguas de madeira (mais recomendável).

Piquetes para éguas com crias ao pé, piquetes para éguas em gestação deve ter uma área plana para evitar possíveis acidentes com o potro

Estas dimensões devem ser respeitadas, para que o animal possa se movimentar com certa liberdade. É na baia que os cavalos deverão ser cuidados e tratados mais diretamente por seus proprietários ou tratadores. A porta do boxe ou cocheira, normalmente, é dividida em dois segmentos, que se abrem de maneira independente: a metade superior e a metade inferior da porta. Isso é feito para que os animais possam colocar sua cabeça para fora e "apreciar" o movimento fora da sua própria baia.

Um aspecto bastante importante na construção das baias é a circulação do ar: deve haver janelas ou um sistema de saídas de ar, para que haja uma boa circulação. As janelas, além de proporcionarem a circulação do ar, permitem que os animais, dentro das baias, tenham acesso à claridade e à luz solar.
Como a iluminação das baias deve ser natural, utiliza-se clarabóias, ou seja, telhas translúcidas ou "janelas" na cobertura da cocheira, para mantê-la iluminada durante o dia.

A iluminação elétrica só deve ser utilizada à noite, se necessário, quando formos alimentar os animais. Isso deve ser feito somente para que os tratadores possam enxergar, pois os cavalos vêem muito bem à noite, com muito pouca luminosidade.


Quando houver mais de uma baia no mesmo estábulo, de preferência, a separação entre os boxes deve ser feita com grades, para que os cavalos possam ver os seus "vizinhos" e manter uma convivência social. Isso é muito importante para os animais, pois a convivência com os outros afeta de maneira positiva o temperamento dos cavalos.


Para água, é comum se utilizar um cocho único, com suprimento de água constante e renovável, que atenda a mais de uma baia. Existem, também, os chamados cochos automáticos, bastante práticos. Os cochos devem ser de fácil limpeza e desinfecção, evitando-se a proliferação de fungos, principalmente. Para tal, eles devem ser removíveis e limpos constantemente. O problema mais comum decorrente da contaminação dos cochos por fungos é o aparecimento de problemas gástricos nos animais.

A higiene dentro das baias é de extrema importância para os cavalos e neste aspecto o piso tem um papel primordial. Existem vários tipos de pisos que os criadores poderão utilizar nas baias, desde o piso de cimento recoberto com serragem ou maravalha, até pisos sintéticos, de borracha ou materiais plásticos. O importante é que este piso seja de fácil limpeza e desinfecção, impedindo a proliferação de bactérias ou fungos. Não é aconselhável a utilização de piso de terra, apesar de ter um custo mais baixo, pois é o que apresenta maior probabilidade de contaminação.

Fonte: Blog Muares e Marchadores

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Rações balanceadas e diferenciadas

 

Dentre os fatores que contribuem para um bom desempenho dos animais, a nutrição tem um papel fundamental. Diante do avanço tecnológico da eqüinocultura, a conscientização dos criadores quanto às diferenças entre alimentos e nutrientes afasta obrigação de adotar aqueles “programas nutricionais” para fornecer alimentos importados, cereais que não são bem produzidos, e fenos que requerem alta tecnologia de produção. Existem técnicas no nosso sistema de produção que traçam as diversas maneiras para um melhor aproveitamento dos alimentos, tais como:


Produção de volumosos de alta qualidade
Dimensionamento dos piquetes em função das categorias do plantel; formação de pastagens; recuperação de pastagens já implantadas; feneação de gramíneas como coadjuvante do manejo das pastagens; formação e manutenção do alfafal; utilização e manejo de capineiras; controle de invasoras em pastagens; feneação de gramíneas e alfafa para comercialização; formação e utilização de culturas de inverno; dimensionamento e implantação de culturas auxiliares para produção do componente energético das rações.


Utilização de alimentos alternativos
A diferença entre alimento e nutriente não pode ser esquecida pelo criador. Os alimentos são classificados em grupos de acordo com a quantidade de nutrientes que apresentam. Na alimentação dos eqüinos essa classificação se dá da seguinte forma:


VOLUMOSOS:
- Aquosos: (pastos, capineiras e raízes) - Dessecados: fenos (gramíneas, leguminosas) e palhas
CONCENTRADOS:
- Energéticos: (grãos de cereais, seus subprodutos) - Protéicos (farelos das oleaginosas, subprodutos da indústria animal)
Os alimentos que se enquadram na categoria de volumosos são os que apresentam mais fibra e menos nutrientes digestíveis do que os concentrados.


Fornecimento de quantidades ideais de alimento
O Sistema Brasileiro de Produção de Equinos estabelece segundo o critério do “mínimo necessário” a quantidade de alimento que um cavalo deve receber por dia. O criador deve se preocupar em fornecer ao animal, via alimentos concentrados, só os nutrientes mais importantes, tais como, proteínas, macro e micro minerais e vitaminas, além de uma cota de energia digestível e nunca estabelecer uma quantidade obrigatória e invariável durante todo o ano.


Atendimento correto das exigências nutritivas – rações diferenciadas
Não se deve trabalhar com apenas um tipo de ração para todos os animais de seu plantel de modo a não prejudicar o correto desenvolvimento deles. Durante sua vida, o cavalo passa por diversas fases, e em cada uma necessita de um tipo específico de alimento. A categoria dos potros (até 18 meses) é dentre todas a que requer maiores cuidados nutricionais. Os eqüinos apresentam uma curva de crescimento muito acentuada no período de um ano, bastando lembrar que o potro alcança, nessa idade, 88% de sua altura final.


A qualidade ou o valor nutritivo dos nutrientes e sua concentração nas rações devem se adequar às necessidades específicas das diversas categorias do rebanho, razão pela qual o criador deve ter, pelo menos, três tipos de ração: uma para potros, uma para éguas em produção e outras para as demais categorias.

Fonte: Publicações Globo Rural - Roberto T. Losito de Carvalho e Cláudio M. Haddad

terça-feira, 27 de setembro de 2011

DEFEITOS DE APRUMOS – QUARTELAS CURTAS E FINCADAS

 

O defeito de aprumos localizado nas quartelas é bastante depreciativo, pois tem importante correlação funcional. Primeiro, com a própria integridade da estrutura óssea das quartelas. Segundo, há risco em potencial de causar afecção nos boletos, tendões e ligamentos. Terceiro, porque a quartela curta pode afetar negativamente a comodidade da marcha, especialmente se o defeito estiver associado à angulação insuficiente, o que se denomina comumente de quartelas fincadas.

As quartelas exercem um papel essencial no amortecimento dos impactos dos cascos, motivo que justifica a perda de comodidade no caso de quartelas curtas e/ou fincadas. Porém, a correlação maior é no caso da marcha batida apresentando menor grau de dissociação.

De fato, alguns animais de marcha batida diagonalizada são capazes de oferecer uma comodidade, razoável, se as espáduas e quartelas apresentarem uma angulação um pouco abaixo da média. Contudo, é importante ressaltar que a avaliação plena da comodidade é complexa, estando correlata com diversos fatores, tais como o grau de dissociação (principal fator), morfologia, qualidade do adestramento, temperamento de sela.

Uma ressalva – em alguns animais apresentando marcha batida diagonalizada, se a comodidade for melhorada pela maior angulação das quartelas, deve ser avaliado se a inclinação não é excessiva, tenho como referência a sustentação adequada dos boletos, que não podem tocar  solo.

A angulação normal das quartelas de membros anteriores oscila na faixa de 55 graus. Nos cascos posteriores oscila na faixa de 60 graus. A explicação para a diferença é que os cascos anteriores exercem a função principal de apoio, e uma força auxiliar de tração, particularmente se a marcha for M.T.A.D. – Marcha de Triplices Apoios Definidos. Os cascos posteriores exercem a função principal de gerar a força de impulsão, imprescindível para o bom equilibrio, energia e amplitude dos deslocamentos.

Os cascos anteriores estarão corretamente balanceados se a angulação das quartelas estiver na faixa de 55 graus. No entanto, há uma referência: O ângulo de inclinação das quartelas deve ser proporcional ao ângulo de inclinação das espáduas.

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Quartela fincada de membro anterior. O comprimento é normal

O defeito oposto ao de quartelas fincadas é o de quartelas derreadas, talvez até mais depreciativo, pois será praticamente impossivel preservar a integridade das estruturas dos boletos, tendões e ligamentos. Dentro de pouco tempo de utilização do animal, mesmo que somente em atividades de esforço baixo a moderado, serão desenvolvidas afecções graves.

O primeiro procedimento é criar fichas de controle do manejo de cascos, nas quais o ângulo de inclinação das espáduas deve ser anotado, como referência para todas as práticas de casqueamento durante a vida utilidade atlética.

Orientações para as correções:

Quartelas curtas – defeito genético, irreversível. Manter cascos balanceados.

Quartelas fincadas – primeiro apoio dos cascos ocorre na região das pinças. O casqueamento corretivo deve ser na região dos talões, de forma moderada. Em alguns será necessário o uso de ferraduras corretivas.

Quartelas muito inclinadas – primeiro apoio dos cascos ocorre na região dos talões. O casqueamento corretivo deve ser na região das pinças. Caso o defeito for grave, caracterizando quartelas derreadas, a correção é praticamente impossivel, sendo recomendado manter os cascos balanceados para não agravar o defeito.

Autor: Lúcio Sérgio de Andrade

Fonte: Equicenter Publicações

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

HISTÓRIA DOS MUARES NO BRASIL

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A história do muar e asinino no Brasil, não pode ser esquecida. No lombo de burros e mulas, o Brasil cresceu, evoluiu e se desenvolveu. Os muares foram utilizados desde o Brasil império e foi sobre o lombo dos resistentes burros e mulas que foram transportados alimentos, mercadorias diversas e, até mesmo, armas e munições. Seu papel foi mais extraordinário ajudando a transportar em dado momento, nossas ingentes riquezas: o ouro das minas, o açúcar dos engenhos e o café das fazendas. No tropeirismo, tiveram importante papel na formação do Brasil, em específico no Rio Grande do Sul – criando e mantendo núcleos urbanos que viviam isolados, desenvolvendo efetiva atividade econômica. Através do transporte (nos lombos dos burros e mulas) de produtos, como alimentos e utensílios, entre diferentes e distantes regiões. Os tropeiros ajudaram a consolidar as fronteiras nacionais. Desde o início do século XVII, Vacaria Del Mar era conhecida e percorrida pelos tropeiros, sendo estes contrabandistas de gado que visavam abastecer as Minas Gerais. O tropeiro de gado foi responsável pelo fornecimento de animais para o corte, passando a objetivar os rebanhos de mulas.

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Apesar de sua utilização como animal de sela nunca ser efetivamente empregada, sempre foi usado em casos de absoluta necessidade, quando o equino não tinha condições de atuar. O muar é tido como animal nobre, amigo, fiel ao homem, e por sua vez, muito hábil. A inteligência é uma das características principais dos muares, que são imbatíveis e eficazes na condução de seus cavaleiros em trilhas sinuosas, pedregosas, íngremes e montanhosas. Sua percepção aguçada, faz com que dificilmente se coloque em situação de risco, além de apresentar muito menos reação a sustos ou barulhos, ele é um animal prudente, que não manifesta reações afoitas, características que aliadas a disciplina e obediência, fazem do muar o companheiro ideal de cavalgadas e trilha, onde se é exigida uma grande resistência com percursos de aproximadamente 40 kilomêtros diários.
Outro fator curioso sobre os muares e asininos, é que por ser um animal do deserto, o jumento teve que se adaptar a este ambiente, desenvolvendo a capacidade de se manter com uma alimentação grosseira e escassa, situação esta que um cavalo dificilmente suportaria, oque novamente o torna imbatível em relação ao equino, na sua manutenção barata.

As orelhas do jumento são desproporcionalmente grandes, isto se deve ao fato que no deserto, por falta de alimentação adequada, os jumentos tinham que viver longe um dos outros, as orelhas grandes servem para ouvir sons distantes e assim localizar seus companheiros.


O rincho do jumento pode ser ouvido ate 3 ou 4 km de distância, esta é outra maneira que a natureza adaptou o jumento, desta forma eles podem se localizar em uma área bem maior.

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Um jumento vive em média 25 anos, há casos raros de 40 anos. Se você cria caprinos ou ovinos, os jumentos são excelentes guardas de rebanho contra ataques de cães, mas tenha cuidado, pois, o jumento só guardará o rebanho se estiver sozinho. Não ponha dois jumentos juntos guardando o rebanho, porque um jumento fará companhia ao outro e esquecerá do rebanho. Se quiser testar para saber se funciona, ponha um jumento num cercado pequeno com um cachorro dentro. Providencie uma saída de emergência para o cachorro... finalmente, isto é só um teste.


Atribuir aos jumentos o comportamento errôneo de desobediência e teimosia, é desprestigiar um dos animais mais fascinantes e resistentes da Terra. A idéia dessa falsa teimosia, deve-se ao fato de que os jumentos tem alto senso de perigo e e assim obrigar que eles tenham uma obediência “cega” ao comando, é perda de tempo, tudo que representar uma situação de perigo, eles não farão bem. O conceito de teimosia dos jumentos, decididamente acontece por falta de conhecimento do comportamento destes animais, da mesma forma como um mecânico que não sabe consertar um carro e põe a culpa nas ferramentas. É preciso ser mais inteligente que os jumentos para saber como lidar com eles. O fato é que os jumentos são animais muito inteligentes e dotados de um senso de sobrevivência bastante apurados.
A primeira coisa a, saber, é que os jumentos têm características físicas diferentes dos cavalos, como rapidez e potência inferiores àquelas dos cavalos. Por outro lado, os jumentos são mais resistentes e pacientes que os cavalos e se adaptam melhor aos serviços longos e rotineiros, o que o torna um amigo fiel e perfeito para os serviços de lida e de cavalgadas, ou seja, um verdadeiro companheiro de trilhas.

Fonte: Mulas e Burros

terça-feira, 20 de setembro de 2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Casco : características e preservação

"A boa conformação da pata é essencial para as atividades normais do cavalo. Não importa o quanto a conformação das outras partes seja boa, se a pata for fraca o cavalo não será um animal útil".

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O casco é o estojo córneo que recobre a parte terminal do membro locomotor do cavalo. O anterior é maior e mais oblíquo que o posterior. É uma parte insensível que tem a denominação de escudo do pé e indica que esta função protetora necessita de uma completa estrutura anatômica para que, por muito tempo, atenue as pressões e reações.


O casco dever ser simétrico e ter as partes anterior e inferior mais largas; a pinça deve ter o dobro do comprimento dos talões e formar um ângulo de cerca de 50º com a horizontal; o períoplo, reto e inclinado de diante para trás; a face plantar, larga; sola côncava; ranilha volumosa, bem feita, elástica e forte; lacunas largas e bem acentuadas.

A matéria córnea do casco deve ser escura, rija e dotada de certa elasticidade, apresentando superfície lisa, íntegra e brilhante. Na ranilha, deve ser mole, elástica e forte.

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Para ter uma boa conformação, um cavalo deve ter uma conformação dos membros razoavelmente boa, visto que a pata reflete a má conformação dos membros. Existe muita variação na qualidade de estrutura das patas dos cavalos.


A parede do casco deve ser espessa para suportar o peso do cavalo, ser resistente, flexível e possuir qualidades normais de crescimento. Deve ser mais espessa na pinça e adelgaçar-se gradualmente em direção aos talões, mostrar desgaste igual nos lados medial e lateral.


A sola também deve ser espessa o suficiente para resistir a irregularidades do solo. Deve ser ligeiramente côncava de medial para lateral e da pinça para os talões. Não deve haver nenhum contato primário entre o solo e a sola, pois ela não é uma estrutura que suporta o peso.


As barras devem apresentar bom tamanho e a ranilha dever ser grande e bem desenvolvida, com um bom sulco central, ter consistência e elasticidade normais e não apresentar umidade; deve dividir simetricamente a sola em duas partes e seu ápice deve apontar para o centro da pinça.

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A pata dianteira deve se circular e larga nos talões; o tamanho e a forma dos talões devem corresponder ao tamanho e a foram da pinça.


A pata traseira deve apresentar uma aparência mais pontiaguda na pinça e a sola geralmente mais côncava que a dianteira.


O eixo da pata, visto de frente e de perfil, é uma linha imaginária que passa através do centro da quartela. Esta linha deve dividir as falanges proximal e média em partes iguais. Visto de perfil, deve ser contínuo com o eixo da quartela e seguir o mesmo ângulo. O eixo normal das patas dianteiras deve ter um ângulo de 45° a 50°, a das traseiras de 50° a 55°.Uma pata nivelada indica que as paredes medial e lateral são do mesmo comprimento. Para determinar se uma pata está nivelada o membro deve ser seguro de modo que a superfície de contato com o solo possa ser vista ao longo do eixo longitudinal.


Uma linha imaginária dividindo o eixo do osso da canela, boleto e quartela cortada por uma linha transversal que toque a superfície de contato com o solo de cada talão deve resultar em ângulos de 90° na intersecção. Uma pata nivelada indica que o animal está desgastando uniformemente o casco e o movimento da pata em suspensão deve descrever um arco normal e regular, com o cavalo tocando o chão uniformemente sobre toda a pata. Os talões devem arriscar logo antes da pinça e o centro do peso deve ser localizado na ponta da ranilha. Na pata normal, o casco atinge o pico do arco de suspensão quando passa pelo membro de apoio oposto.

Ferrageamento

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Com os estudos da biomecânica da locomoção dos eqüínos ficou comprovado que os métodos de aparação de cascos de ferrageamento, empíricos e que não respeitam a condição anatômica ideal dos cavalos, mantêm as pinças compridas e os talões baixos . Este método de aparação utilizado por falta de conhecimento ou por modismo é prejudicial à vida útil dos vários tecidos que compreendem o sistema locomotor, diminuindo a performance e a vida útil dos cavalos atletas.


As estatísticas mostram que, de cada 100 problemas diagnosticados nos locomotores, 80% estão nos membros anteriores e a grande maioria do joelho para baixo. A grande causa é a falta de alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta com a horizontal.


A pinça longa e os talões baixos, ocasionados pelo ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta ou escápula, provoca um esforço maior de sustentação nos tendões flexores, ou seja, um braço de alavanca maior para suportar o peso de cima para baixo, que tenta jogar o boleto até o chão.
O recorte dos cascos deve ser realizado a cada quatro a cinco semanas e deve-se reposicionar as ferraduras dos animais que as utilizam também com a mesma freqüência.O objetivo da aparação é tornar o formato, o ângulo do eixo e o nível da pata tão próximos do normal quanto possível. No entanto uma aparação muito entusiástica que objetiva criar um eixo da pata perfeita é desaconselhada, pois qualquer alteração radical poder provocar alterações patológicas.O caso deve ser recortado de modo que a quartela e a pata fiquem com seus respectivos eixos formando uma linha contínua. O cavalo deve ser observado em repouso e em movimento , para melhor determinar os ângulos da pata mais adequados para cada animal. A finalidade deste exame é avaliar a forma da pata e da sua relação com o membro em repouso e em movimento. Além disso deve-se observar se a pata está equilibrada no eixo correto.Se for lembrado do que cada cavalo é um caso particular e possui a sua maneira própria de se locomover, que está diretamente relacionada a conformação, torna-se evidente que as práticas de recorte e ferraçào devem ser modificadas para se adaptarem a cada caso. Após a observação, a parte deve ser limpa com um limpador de cascos. As porções mortas da sola e ranilha devem ser cortadas com a rineta. Realiza-se apenas cortes superfi ciais, pois a ranilha normal e as camadas protetoras da sola não devem ser removidas. Mantendo-se em mente os ângulos adequados para este cavalo em particular, a parede do casco deve ser aparada com o torquês.

Normalmente o recorte é iniciado em um talão e termina no outro, ou recortam-se os talões em direção a pinça.A parede normalmente deve ser aparada até o nível da ranilha, mas nunca além da sola. Deve-se estar bem atento ao ângulo da torquês, evitando que se criem irregularidades na superfície da parede do casco que se apoia no solo. As barras devem ser aparadas apenas até o nível da parede do casco na região dos talões e não removidas. Deve-se utilizar uma grosa para nivelar a superfície inferior da pata alisando-a após a aparação correta A grosa deve ser segura de modo plano e nivelado, para que não se rebaixe uma parede mais do que a outra. A abertura dos talões ou corta-se a parte larga da ranilha entre a barra e a própria ranilha, pode ser feita. O recorte da ranilha nesta região é necessário para que ela limpe a si mesma, o que auxilia na prevenção de infecções da mesma. As bordas externas da parede do casco devem ser grosadas em cunha até o limite externo da linha branca , nas paredes do casco mais grossas, para diminuir a probabilidade de fendas ou rachaduras da parede do casco.É também importante que se preste atenção ao comprimento da parede do casco. Esta distância medida auxiliará a manutenção do mesmo comprimento da pinça da pata oposta ou membros pélvicos.

Procedimentos para Ferrageamento

1 - Conheça o ângulo da paleta do seu cavalo antes de se aventurar cortando o casco. Apare os cascos anteriores (mãos) e tente colocá-los com o mesmo ângulo da paleta. Confira o ângulo dos cascos com um gabarito angulador de casco. Os ossos digitais devem ser alinhados, de forma que colocando-se uma linha reta do meio do boleto e meio da quartela (falanges) ela deve passar pelo emio do casco, alinhada com as suas cânulas naturais (linhas verticais do casco). No casco achinelado as linhas do casco não concindem com este alinhamento da quartela , porque o casco tem ângulo menor do que a paleta e a linha é quebrada para baixo (lado do chão).

2 - Limpe a sola, abra os 3 canais da ranilha de forma a deixar passar o dedo mínimo para entrar ar , obtenha a concavidade da sola e não corte jamais as barras, pois ela são a continuidade da muralha de sustentação e garantem 30% da sustentação do cavalo.

3 - Assegure que os cascos estão balanceados no sentido médio-lateral ( largura) e ântero-posterior ( comprimento). As metades do casco esquerdo, por exemplo, devem ser iguais, assim como os comprimentos desde a pinça até cada um dos talões. Depois confira para que os cascos dianteiros sejam iguais entre si. Quando aparar os cascos traseiros, siga as mesmas instruções. Assim, quando o cavalo coloca o casco no chão ambos os talões apoiam no chão ao mesmo tempo e o casco rola a pinça no meio, o desgaste da ferradura ocorre exatamente na frente e o vôo ou breakover é elegante e para a frente (avante).

4 - Escolha a ferradura de acordo com as necessidades do cavalo e ajuste-a ao casco bem aparado. A ferradura deve proteger toda a muralha de sustentação, apoiando-se até o final do talão, sem obstruir os canais da ranilha e possibilitando expansão da muralha nos quartos e talões. Nos posteriores, a ferradura pode ter ligeiro sobrepasse de talões, nos animais de talões fracos ou escorridos, de forma a dar maior base de sustentação para o cavalo. A mesa da ferradura é escolhida de acordo com a atividade do cavalo. Mesa estreita (filete) para corrida, mesa média ( 17mm) para trabalho, treinamento e lazer e mesas mais largas para esbarro( 25mm) ou tração. O material da ferradura ( aço, alumínio puro, liga de alumínio, poliuretano com alma de alumínio e outros metais especiais), bem como os demais acessórios ( guarda casco, agarradeiras, palmilhas, talonetes e até rampão) devem ser escolhidos de acordo com a atividade , de preferência com conhecimento, para não prejudicar a performance doanimal.

5 - Fixe a ferradura com o cravo adequado, escolhido de acordo com a espessura da ferradura e com o canal ou craveira, de forma que a cabeça do cravo fique totalmente embutida na concavidade do buraco ou canal da ferradura. Os dois últimos cravos a serem pregados não devem ultrapassar a "linha do juízo do ferrador", ou seja, a linha imaginária que une o final dos médios do casco, antes dos talões. Complicado? Não. Imagine o meio da ranilha, com o casco levantado, e trace uma linha para os dois lados. Ela passará sobre a muralha de sustentação (onde a ferradura apoia) exatamente no lugar dos últimos cravos, em cada lado da ferradura. Esta é a " linha do juízo do ferrador".

6 - Depois de bater os dois primeiros cravos (ombros) e os dois últimos ( talões) da ferradura, bata o guarda casco (se houver). Apoie o casco com a ferradura no chão e observe se a linha imaginária que passa pelo meio do boleto, da quartela e do casco (eixo ântero-posterior do digital) está reta. Se estiver tudo bem, pregue os demais cravos, lembrando que uma boa ferradura terá, no mínimo, 5 furos de cada lado e furos nos talões para colocar agarradeira ou cravar talonetes , calços para corrigir aprumos ou palmilhas. Ferradura barata com três ou quatro furos de cada lado nem sempre atende as necessidades do seu cavalo.

7 - Por último, mas não menos importante, depois de acabar de fazer o serviço, não esqueça de repor o verniz dos cascos com o CASCOTÔNICO, para devolver também a flexibilidade, incentivar o crescimento e proteger a sola, paredes e ranilha contra as brocas , frieiras e podridão.
Erros de Ferrageamento

Em se tratando de cavalos domesticados, a grande maioria tem sido vítima dos métodos empíricos e antinaturais de aparação de cascos e ferrageamento, com características que contrariam o processo natural de sustentação mecânica do cavalo. Os prejuízos resultantes, comumente enquadrados nas afecções ou contusões do sistema locomotor, chegam, hoje, à cifra de 80% nos anteriores, que sustentam cerca de 65 a 70% do peso vivo do animal. Em certas fases da locomoção, o animal é suportado por apenas um dos locomotores e os efeitos naturais da concussão e compressão, causadas pelo peso do submetido ao locomotor, são danosos às bases inadequadas do cavalo.As estatísticas conhecidas comprovam a importância de dar ou devolver ao cavalo a sua condição anatômica ideal. Nem sempre o casco aparado empiricamente ou o ferrageamento conseqüente estão dando ao cavalo condições ideais de sustentação, e, os seguintes pecados capitais podem ser identificados:

Não conhecer a condição anatômica ideal de cada cavalo antes de inicia a aparação de casco e o ferrageamento. Esta condição é dada pelo ângulo da paleta (escápula) com a horizontal, medida pelo nível de escápula ou artro-goniômetro.


O eixo ântero-posterior do sistema digital (linha imaginária que divide ao meio o boleto, a quartela e o casco) é quebrado para baixo e não reto como deveria ser, para que o digital suportasse a força de concussão do casco com o solo. Esta característica é o resultado de cascos compridos de pinça longa e t alões baixos (achinelados), que provocam pressão intensa na parte anterior das articulações dos ossos digitais ( falanges), distenção constante de tendões flexores, compressão excessiva da área do osso navicular e alteração do vôo do casco.


As barras são, em geral, cortadas pelos casqueadores, que desconhecem as suas funções. Elas são a continuação da muralha de sustentação e têm a finalidade de transmitir o peso para a perifieria do casco e de constituir um escoramento ideal para impedir o estreitamento dos talões e bulbos. A ausência de barras concentra o peso sobre os talões e ranilha.
As solas do casco, com os problemas vistos anteriormente, perdem a concavidade, são grossas e planas, sem muita flexibilidade e capacidade para absorver choques e sustentar o peso. A falta de concavidade diminui as ações de expansão e contração do cascos.


Como a angulação do casco e sistema digital não é medida e comparada com a condição anatômica ideal do cavalo que é dada pelo ângulo da paleta (escápula), o animal, muitas vezes,não tem o plano de sustentação ideal, colocando o casco de forma inadequada no solo.Esta condição aliada à condição de termos cascos desbalanceados, com metades desiguais, é conhecida como desbalanceamento médio-lateral. A parte do casco que tóca o solo por último é a que se desgasta mais, porque recebe maior esforço e atrito durante o movimento.O desbalanceamento é a causa de cascos tortos, dos vícios de movimentação dos locomotores e dos problemas de aprumos.O casco balanceado deve ter as metades iguais e os comprimentos entre cada talão até a pinça também iguais.


A abertura dos canais da ranilha (lateral, central e medial) é fundamental para o arejamento da sola (maior entrada de ar), e facilidade para o movimento de abre e fecha dos talões do casco e do trabalho de junta de dilatação da ranilha.O canal central da ranilha quando fica fechado é foco de frieira ou pododermatite exudativa que amolece a ranilha, provoca mau cheiro e prejudica a performance do animal, sobretudo em piso de areia.


Não repor o verniz das partes raspadas pela grosa ou outras ferramentas usada na aparação do casco. O verniz é a proteção que garante a taxa de evaporação e a umidade necessária ao casco. A falta de verniz provoca o ressecamento e as rachaduras, devido a deficiência de keratina. O único produto que incorpora a tecnologia de devolver o vitrificado das partes raspadas é o Cascotônico, que penetra na matéria córnea devido à sua forma líquido-oleosa, tendo, ainda, ação bactericida, fungicida e de enrigecimento controlado do casco e ranilha.O Cascotônico possui em seu principio ceras e óleos vegetais e animais que incentivam o metabolismo de crescimento e renovação dos tecidos.


A Limpeza dos Cascos

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Comece pelo membro dianteiro ,posicionando-se corretamente, ou seja, se você vai limpar as patas dianteiras, fique em pé do lado do cavalo. Quando o cavalo já estiver acostumado, ele logo erguerá a pata ao sentir o toque de suas mão em seus membros. Uma prática segura é empurrar a espádua do cavalo com seus ombros para que ele desloque seu peso para as outras patas. Uma vez que a pata estiver levantada segure-a com uma mão e limpe com a outra.

No membro traseiro o processo é parecido com o das patas dianteiras, mas talvez um pouco mais complicado devido a conformação do animal (anatomia do jarrete). Primeiro levanta a pata para frente, somente depois vire-a para trás. Para pegar a pata traseira, fique de pé ao lado da garupa na altura da anca do cavalo. É importante ficar bem perto, pois caso o animal tente dar coice, será mais fácil esquivar-se. Apóie as duas mãos na garupa do animal e depois vá descendo por trás do quarto traseiro do animal. Quando suão mãos atingirem a canela faça leve pressão até que ele dobre seu jarrete e estenda-o para frente (antes de vira-lo para trás).


Segure a pata de seu cavalo distante do chão para que ele perceba que você quer mantê-la em suas mãos. Faça com que perna, joelho e jarrete dobrem naturalmente.


Quando a perna estiver em suas mãos, ou em seu colo, e o cavalo não estiver mais puxando, comece a limpeza do casco. Para a sua segurança, nunca limpe enquanto o cavalo estiver puxando, ou tentando estirar.
O material usado é um limpador de metal, normalmente coberto com borracha onde você segura. Mas, a maioria prefere o modelo de plástico ou ferro. Existe alguns que ainda tem uma escova acoplada para fazer a limpeza dos entulhos mais fácil.

Medidas de Segurança
Com um cavalo novo ou irrequieto amarre-o ou tenha alguém para segura-lo. Com um cavalo novo ou irrequieto amarre-o ou tenha alguém para segura-lo.Nunca mexa, ou tente levantar a pata sem antes manter um contato com a parte superior do corpo do animal, pois os mesmos podem reagir dando coices ou pulando de surpresa.Nunca sente no chão para limpar os cascos de um cavalo. Você fica sem mobilidade caso o cavalo queira se mexer ou dar coice.Nunca casqueie um cavalo quando estiver descalço, pode ser perigoso.Caso moscas sejam o problema, passe um spray repelente em seu cavalo, antes mesmo de segura-lo, para evitar que o incomodem.

Fonte: Centran Toledo

domingo, 18 de setembro de 2011

DEFEITOS DE APRUMOS – EMBOLETAMENTO

                                              

As irregularidades de aprumos são defeitos de conformação, de origem variada, com base em fatores que atuam de forma independente ou integrada: fatores genéticos, deficiência nutricional do feto, sistema intensivo de criação, casqueamento mal conduzido, excesso de esforço físico e tipo inadequado de terreno no qual o animal é exercitado.

Infelizmente, a pressão de seleção para aprumos ainda é muito fraca nas raças de cavalos de marcha. Garanhões portadores de deficiências de aprumos são repetidamente acasalados com éguas também portadoras de irregularidades nos aprumos. Alguns fatores não genéicos que contribuem para o desenvolvimento de defeitos de aprumos:

Nutrição - A má nutrição das éguas gestantes, em especial durante o terço final do periodo gestacional, ainda é prática usual de manejo em muitos haras.

Criação em baias - O confinamento completo de potros e potras abaixo dos 12 meses, seja sem motivo algum, seja visando o preparo para exposições e leilões, é uma falha de manejo que vem contribuindo para o desenvolvimento vários tipos de desvios de aprumos.

Casqueamento incorreto - A prática do casqueamento, seja de manutenção ou corretivo, geralmente não é praticada por especialistas, provocando defeitos na conformação dos cascos, desbalanceamento, médio-lateral ou ântero-posterior.

Condicionamento fisico inadequado - Na ânsia de alcançar um maior desenvolvimento da musculatura, os treinadores excedem nos exercícios, alcançando os limites da capacidade física dos animais jovens, nos quais a estrutura óssea ainda não atingiu a maturidade.

Tipo de terreno para o treinamento - O mais inadequado é o piso de areia fofa, muito comum em redondéis utilizados para a guia. O próprio redondel, que força o animal a se locomover em círculos, sobrecarregando tendóes, ligamentos e articulações, é desaconselhavel para marchadores de M.T.A.D. – Marcha de Tríplices Apoios Definidos. O correto é utilizar um “ovalel”, medindo em torno de 18 a 20m de comprimento 12 a 14m de largura.

O defeito de aprumos denominado de emboletamento é um dos mais frequentes a serem desenvolvidos, pois raramente o potrinho (a) nasce emboletado. Este defeito é caracterizado pelo deslocamento adiante do boleto, resultando em traumas aos tendões, ligamentos e até mesmo na estrutura óssea. Se a quartela é curta e/ou fincada, o defeito será ainda mais grave.

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emboletamento do membro anterior esquerdo

O emboletamento é mais prevalente em potros e potras que apresentam uma taxa de crescimento mais rápida, notamente na faixa etária entre 12 a 24 meses de idade. Geralmente, os membros posteriores crescem mais rápido, posicionando-se mais atrasados, o que se denomina de acampar. Este tipo de posicionamento força a verticalidade das quartelas e, consequentemente, o emboletamento.

A correção do defeito de emboletamento é muito dificil. A recomendação é o descanso, mantendo o animal em um piquete de terreno plano e regular. O confinamento é contra-indicado, podendo agravar o defeito.

Na seleção, Registro Genealógico e nos julgamentos, o emboletamento é um defeito que merece atenção especial, e a devida penalização, até mesmo para o bem estar do próprio animal, que deveria ser mantido em descanso e tratamento para recuperação.

Autor: Lúcio Sérgio de Andrade

Fonte: Equicenter Publicações

sábado, 17 de setembro de 2011

Raças de Jumentos Oficialmente Reconhecidas

 

Acabei de entrar no site do DAD-IS (http://dad.fao.org/) e descobri que hoje em dia já existem 189 raças de jumentos oficialmente reconhecidas. Estou disponibilizando a listagem abaixo por país com links para as raças (as informações estão em inglês).

Afghanistan: Donkey

Albania: Comune

Algeria: Algerian

Armenia: Armyanskaya

Australia: Australian Donkey, English Donkey, Irish Donkey

Azerbaijan: Azerbaidzhanskaya

Barbados:Green

Belgium: Ane wallon, Poitou ezel

Botswana: Tswana

Brazil: Caninde, Cardao, Nordestina, Paulista, Pega

Central African Republic: l'Ane Africain

Chad: l'âne africain

Chile: Asno

China: Biyang, China North, Dezhou, Guangling, Guanzhong, Huaibei, Jiami, Jinnan, Kulun, Liangzhou, Linxian, Qinghai, Qingyang, Shanbei, South-west, Subei, Taihang, Tibetan, Xinjiang, Yangyuan, Yunnan

Croatia: Istarski magarac, Primorsko dinarski magarac, Sjeverno jadranski magarac

Cuba: Asnal Criollo, Asno Americano

Cyprus: Cyprus

Djibouti: Somali

Egypt: Egypt Baladi, Egyptian, Hassawi, Masri, Saeidi, Saidi

El Salvador: Burro Criollo, Burro Kentucky

Eritrea: Kassala, Somali Wild Ass

Ethiopia: Abyssinian, Jimma, Nubian Wild Ass (extinct), Ogaden, Sennar, Somali Wild Ass

France: Áne de Provence, Áne des Pyrénées, Áne du Bourbonnais, Áne du Cotentin, Áne Grand Noir du Berry, Áne Normand, Poitevin

Georgia: Georgian Ass

Guyana: Creole

Haiti: BouriK

Honduras: Burro Kentucky

India: Indian, Indian Wild Ass, Kiang

Iran (Islamic Republic of): Anger, Benderi, Hamadan, Iranian, Iranian Onager, Kashan

Ireland: Donkey

Israel: Damascus, Syrian

Italy: Asino Albino, Asino dell'Amiata, Asino dell'Asinara, Asino di Pantelleria, Pantesco, Asino Grigio Siciliano, Asino Sardo, Asino Sardo Grigio Crociato, Baio Lucano, Cariovilli (extinct), Grigio viterbese (extinct), Martina Franca, Ragusano, Romagnola (extinct), Romagnolo, Sant'Alberto (extinct)

Jordan: Black, Qubressy

Kazakhstan: Chigetai, Kazakhskaya, Kulan

Kenya: Masai, Somali

Kyrgyzstan: Kirgizskaya

Libyan Arab Jamahiriya: Libyan

Madagascar: Áne locale

Mali: Áne du plateau Dogon, l'âne du Gourma, l'âne du Miankala, l'âne du Sahel, l'âne du Yatenga, Native of North Africa

Mauritania: Native of North Africa

Mexico: Burro

Moldova, Republic of: Moldavian Local

Mongolia: Khulan

Morocco: Moroccan

Nepal: Tibetan

Netherlands: ezel

Nicaragua: Burro

Niger: Asin

Pakistan: Ass

Peru: Criollo

Romania: Romanian Ass

Russian Federation: Abkhazskaya, Dagestanskaya, Hamadan, Kakhetinskaya

Saint Kitts and Nevis: Donkey

Senegal: Native of North Africa

Serbia: Cyprus, Domaci balkanski magarac, Italian

Somalia: Somali, Somali Wild Ass

Spain: Asno Andaluz, Asno Balear, Asno de las Encartaciones, Catalana, Majorera, Zamorano-Leonés

Sri Lanka: Mannar, Puttalam Buruwa

Sudan: Dongolawi, Etbai, Riffawi, Sudanese Pack, Toposa

Suriname: Grey

Syrian Arab Republic: Damascus, Syrian, Syrian Wild Ass (extinct)

Tajikistan: Tadzhikskaya

Tanzania, United Republic of: Masai, Muscat

Togo: Anes

Tunisia: Tunisian

Turkey: Anatolian, Karakaçan, Merzifon

Turkmenistan: Kulan, Maryiskaya, Meskhet- Dzhavakhetskaya, Turkmenskaya

Uganda: Donkey

United States of America: Burro, Mammoth Jack Stock, Miniature, Spotted, Standard

Uzbekistan: Kara-Kalpakskaya, Meskhet-Dzhavakhetskaya, Uzbekskaya

Venezuela: Asno criollo, Brasil, Búlgaro, Jack Norteamericano, Mula, Peruano

Yemen: National Genatic, Qirmani, Sibiani, Somali

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Curiosidade

 

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O número de jumentos no mundo está diminuindo continuamente: entre 1995 e 2000 o número total de jumentos encontrados caiu de 43,730 milhões para 43,472 milhões. Em 2006  foram encontrados apenas 41 milhões de jumentos.  Em 1995 haviam 77 raças de jumentos reconhecidas globalmente, em 2000 já eram 91 raças. No momento, existem 185 raças de jumentos registradas na DAD-IS. Os eforços aumentaram, especialmente na Europa, para descobrir raças, dar-lhes caracteristicas e conseguir reconhecimento oficial para elas. A população real e as informações das raças nem sempre refletem a realidade pois estes dados são baseados em dados oficiais do estado e, muitas vezes são generalizados. Nos continentes economicamente menos desenvolvidos o número de animais a ser encontrado é muito superior, mas o número de raças, no entanto, é relativamente pequeno. O oposto é encontrado na Europa, América do Norte e no Oriente Médio, onde o número de raças em relação ao número de animais é elevada. Isto está relacionado com a imagem do jumento nas várias regiões: nos países pobres agricultura sem jumentos é impensável. É possível que os animais sejam de raça pura, mas isso é irrelevante para os proprietários e também muitas vezes desconhecido por eles, principalmente porque eles estão interessados ​​na capacidade de trabalho e não no pedigree. Em regiões mais prósperas, em contraste, a reprodução é mais interessante.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Aparelho Genital Externo de Jumentos

Alguns aspectos biométricos do aparelho genital externo de jumentos doadores de sêmen da raça Pêga


RESUMO
O presente estudo foi conduzido com seis jumentos reprodutores  da  raça Pêga, com pe so médio de  272±34,9 (231-326kg), sendo subdivididos em adultos (J1, J2 e J3, média 15 anos) e jovens (J4, J5 e J6, média 3,5 anos).

Os reprodutores apresentavam histórico normal de fertilidade à monta natural e, após realização de exame andrológico, foram classificados como aptos à reprodução. Foram realizadas 180 coletas de sêmen. Os reprodutores apresentaram parâmetros seminais considerados normais para a espécie. De agosto/2006 a fevereiro/2007, após a realização do exame andrológico, cada reprodutor foi submetido a três ou quatro mensurações do aparelho genital externo para: comprimento testicular (CT - crânio caudal), altura testicular (AT – dorso ventral), largura testicular (LT – médio lateral) e espessura do funículo (FUN – terço médio). Os dados de biometria testicular foram utilizados para o cálculo do índice testicular (IT) e volume testicular (VT). O IT médio observado foi de 7,4 (5,9 a 9,6), e o VT esquerdo foi de 155,5 ± 14,4mL, enquanto o direito foi de 149,3±14,9. A medida de FUND foi de 25,3±3,3mm (20,3a 30,8mm), e de FUNE foi 24,6±1,5mm (22 a 26mm). Jumentos, mesmo com IT menor do que o proposto para garanhões;  se apresentaram mais eficientes que os últimos para a produção espermática. O volume espermático, associado ao IT, pode ser usado como ferramenta auxiliar na estimativa da constatação de normalidade para testículos de jumentos. A mensuração in vivo do funículo espermático pode ser uma nova variante na utilização do exame andrológico de jumentos. Os dados descritos podem servir de valores de referência e valores práticos quanto à biometria do aparelho genital externo de jumentos

INTRODUÇÃO
No Brasil, o principal interesse em jumentos se resume na doação de sêmen para a produção de muares, embora exista no país plantéis asininos de elevado padrão genético, em que esse reprodutor é usado para a produção da própria espécie. A raça Pêga é uma raça asinina nacional criada em quase todos os Estados da federação, sendo largamente usada em cruzamentos com éguas puras e mestiças para produção de muares marchadores (NUNES, 2007), necessitando, dessa forma, de avaliação precisa da qualidade seminal e do aparelho reprodutivo para possível predição da fertilidade e normalidade andrológica. Destaca-se, nesse ponto, o exame andrológico por ser importante ferramenta auxiliar de predição da capacidade reprodutiva do macho, sendo de relevância para a aplicação de biotecnologias do sêmen, na rotina dos haras, bem como em pesquisas (LOVE, 2007), auxiliando na melhoria da eficiência reprodutiva (KENNEY et al., 1983).


No Brasil, as normas e os padrões da avaliação andrológica e do sêmen foram estabelecidos pelo Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA, 1998). Porém, o reprodutor asinino não foi incluído nos padrões estabelecidos por essa entidade. Desse modo, experimentos e levantamentos de campo devem ser realizados para sejam estabelecidos os padrões de exame andrológico para essa espécie (CANISSO et al., 2008a). A biometria testicular deve ser um requisito obrigatório nessa avaliação, uma vez que fornece informações úteis em termos de comparação do tamanho normal e, principalmente, previsão quanto à produção espermática (KENNEY et al., 1983).


A partir das biometrias testiculares, podem ser realizados cálculos de índice e volume testicular. O índice testicular pode ser utilizado como ferramenta no estabelecimento da condição de normalidade reprodutiva do órgão e como auxiliar na estimativa da produção espermática diária e assim auxiliar na predição do número de éguas e ou jumentas a serem cobertas e/ ou inseminadas com sêmen de um dado reprodutor durante a estação de monta (MORAIS, 1990). O objetivo deste estudo foi avaliar alguns aspectos da biometria do aparelho genital externo de jumentos reprodutores da raça Pêga considerados aptos à reprodução pelo exame andrológico.


MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi desenvolvido durante o período de agosto/2006 a fevereiro/2007. Foram utilizados seis reprodutores da raça Pêga, com peso médio de 272±34,9 (231-326kg) e idade média de 109 meses, no início do experimento. Os animais pertenciam a um haras de criação comercial de asininos e muares, localizado no Município de Guaraciaba, Zona da Mata de Minas Gerais. Foram subdivididos em dois grupos: adultos (J1, J2 e J3 16,14 e 16 respectivamente) e jovens (J4, J5 e J6 todos com média de 3,5 anos).

Todos os reprodutores apresentavam histórico de boa fertilidade à monta natural com éguas em estações de monta anteriores.

 
Os jumentos foram mantidos em baias de alvenaria individuais com acesso a bebedouro, sal mineralizado comercial específico para equídeos, além de feno de gramínea (Cynodon dactylon da cultivar ‘Tifton 85’), com acesso irrestrito durante todo o período do dia. Foram oferecidos 20kg animal -1 de capim fresco picado (Pennisetum purpureum da cultivar  ‘Elefante’), divididos em dois tratos: um pela manhã e outro pela tarde. Além disso, pela manhã, antes do primeiro trato, foi fornecida diariamente a todos os reprodutores uma dose de 20mL de um suplemento líquido polivitamínico e microminerais para equídeos, de acordo com a recomendação do fabricante.


Antes do início dos procedimentos, realizouse exame clínico andrológico de acordo com as recomendações de KENNEY et al. (1983) para sêmen de garanhões e de CANISSO et al. (2008a), em revisão sobre exame andrológico em asininos; sendo todos os animais classificados como aptos à reprodução.


Durante o período decorrido entre as mensurações, foram realizadas 180 coletas de sêmen para avaliação dos parâmetros seminais e constatação da normalidade andrológica. Para as coletas, se fez uso de uma vagina artificial modelo Botucatu; fazendo a coleta com uso de égua em estro como descrito por CANISSO et al. (2008b, 2010). Imediatamente após a coleta, foram feitas avaliações dos parâmetros físicos (volume, motilidade, motilidade progressiva, vigor, concentração) e morfológicos do sêmen, de acordo com a metodologia de KENNEY et al. (1983).


Ao longo do período experimental, cada reprodutor foi submetido a três ou quatro mensurações, em que cada órgão foi mensurado individualmente, utilizando-se um paquímetro, conforme descrito por GEBAUER et al. (1974) e adaptado por GEBER (1995) para asininos, após a coleta de sêmen. Foram mensurados o comprimento testicular (CT - crânio caudal), a altura testicular (AT – dorso ventral) e a largura testicular (LT – médio lateral) em ambos os testículos. Além disso, realizou-se a medição da espessura do funículo (FUN – terço médio) em ambos os antimeros corporais, em cada mensuração.

Foram feitas várias medidas sequenciais até a coincidência de três resultados iguais de cada item, para só então ser considerado o resultado válido.


As mensurações testiculares foram utilizadas para se obter o “índice testicular”, como preconizado por KENNEY (1989) apud MORAIS (1990)
de acordo com a fórmula: IT= (CTE x LTE x ATE) + (CTD x LTD x ATD)/100, em que: IT = índice testicular; CTE = comprimento testicular esquerdo; LTE = largura testicular esquerda; ATE = altura testicular esquerda; CTD = comprimento testicular direito; LTD = largura testicular direita; e ATD = altura testicular direita. Foi realizada a estimativa do volume testicular (cm) empregando a fórmula preconizada por EL WISHY (1974) para testículos de jumentos e garanhões de acordo com a fórmula: Y vt = *33,57X – 56,57, sendo Y vt igual ao volume testicular; “X” representa a altura testicular (cm); e os números 33,57 e 56,57 representam os fatores de correção constantes.

Para as análises, empregou-se o programa estatístico SAEG 9,1 (SAEG –UFV, 2007). Foram efetuados cálculos da média aritmética, do desvio padrão e do coeficiente de variação dos resultados obtidos para cada variável avaliada, por reprodutor e para o grupo experimental. Para as variáveis qualitativas, efetuaram-se os testes de Lillinfors e Cochan e Bartllet para verificar a normalidade dos dados e homogenicidade das variâncias dos grupos, nessa ordem. Os dados que não atenderam a premissa da ANOVA foram submetidos à análise não paramétrica, e as médias foram comparadas pelos testes de KrussKall Wallis ou Wilcox, com probabilidade de erro de 5%. As variáveis que atenderam a pelo menos uma premissa foram submetidas à análise de variância por ANOVA, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, com 5% de probabilidade de erro. Foram realizados testes de coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis.

RESULTADOS   E   DISCUSSÃO
Os valores médios registrados dos principais parâmetros seminais estão sumarizados na tabela 1. Os valores registrados para os parâmetros físicos do sêmen e morfológicos estiveram incluídos dentro da faixa considerada normal por outros estudos com jumentos da raça Pêga (MORAIS, 1990; COSTA, 1991; GEBERS, 1995; GASTAL et al., 1996).

Os valores de biometria testicular para ambos os órgãos encontram-se sumarizados na tabela 2. Foram diferentes entre os dois grupos (P<0,05).

Provavelmente, porque os animais jovens (idade média 36 meses) ainda estavam em fase de desenvolvimento corporal e testicular. Gebers (1995) registrou que CTD apresenta correlação alta e positiva com emissão diária de espermatozoides (r=0,80), enquanto que no presente estudo a correlação foi positiva e baixa (r=0,26). Foi registrada por COSTA (1991), assim como neste estudo, relação linear positiva (r=0,68) entre peso corporal e CTD. Porém, não houve diferenças no peso médio entre os grupos(P>0,05). O CTE,  para o grupo de adultos, foi superior da média do grupo de jovens (P<0,05). A CTE e CTD médias foram semelhantes (P>0,05).


Os valores da ATD foram superiores para o grupo dos animais jovens (P<0,05), provavelmente ATD se desenvolva mais precocemente que as demais características testiculares quando o órgão estiver em fase de crescimento. O valor médio de LTD não apresentou diferenças entre os grupos (P>0,05). O jumento J6 apresentou elevado LTD, o que aumentou a média do grupo de jovens. Contudo, esse parâmetro é o menos influenciável por erros de metodologia, uma vez que a mensuração é médio-lateral e não envolve o epidídimo; porém, apesar de os experimentos anteriores terem empregados a mesma raça, as condições de criação e manejo foram diferentes, o que pode ter interferido no desenvolvimento testicular dos reprodutores. É importante ressaltar que, no presente experimento, teve-se o cuidado de realizar a mensuração, empregando-se a contenção dos reprodutores em tronco específico para equídeos. Entretanto, os demais parâmetros e as médias para ATE e LTE foram maiores, porém não diferentes para adultos em relação aos jovens (P>0,05). Isso, provavelmente, devido ao fato de os adultos terem completado o desenvolvimento testicular em oposição aos demais que ainda estavam em fase de desenvolvimento.

 
Tabela 1 - Valores médios ± desvio padrão de parâmetros seminais de seis asininos doadores de sêmen da raça Pêga (agosto/2006 – fevereiro/2007).

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Tabela 2 - Médias e desvio padrão (mm) das biometrias do testículo direito e esquerdo (comprimento, altura e largura) de seis reprodutores asininos adultos e jovens da raça Pêga

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*Médias e Desvio Padrão seguidas por letras minúsculas diferentes na mesma coluna diferem entre si (P<0,05) para o Teste de KruskalWallis

Os  valores registrados para o índice testicular encontram-se sumarizados na tabela 3. O índice testicular (IT) médio observado foi de 7,45, e as variações ficaram entre 5,94 e 9,64, sendo inferiores ao mínimo (IT=8) preconizado para garanhões por Kenney (1989) apud MORAIS (1990). No entanto, todos os reprodutores apresentavam histórico reprodutivo de boa fertilidade em pelo menos uma estação reprodutiva, e os parâmetros seminais se apresentaram na faixa considerada normal para asininos.

Valores superiores ao presente estudo foram registrados por MORAIS (1990) em seis reprodutores asininos, com valores de IT de 8,24 a 12,73. Calculandose o IT a partir dos dados mensurados por COSTA (1991) e GEBERS (1995), foram obtidos os valores de 7,90 e 8,12 para IT em jumentos Pêga, andrologicamente normais. Provavelmente, as diferenças de tamanho corporal, bem como as condições de criação dos reprodutores, possam ter sido responsáveis pelas diferenças nas características de biometria testicular e, consequentemente, no IT.


O valor referido por Kenney (1989) apud MORAIS (1990) para garanhões, quando aplicado a jumentos, deve ser reconsiderado, de modo que se
constata que o valor de 8,0 é muito alto para a espécie em questão, em que neste estudo, apesar de valores de 7,45 de IT, os animais apresentaram-se normais quanto à eficiência na produção espermática, manifestada pelo número de espermatozoides totais (Tabela 1), presentes no ejaculado dentro da faixa considerada normal para a espécie (KREUCHAUF, 1984; MORAIS, 1990, COSTA, 1991, GEBERS, 1995), e superior aos registrados para garanhões (KENNEY et al. 1983). Entretanto, no presente estudo, o valor de IT foi semelhante entre os grupos (P>0,05).

 
Os jumentos, mesmo  apresentando  IT menor, possuem entre todos os animais domésticos a maior eficiência espermatogênica por grama de
parênquima testicular (NEVES, 2001). Assim, novos experimentos devem ser conduzidos para ser possível estabelecer o valor ideal para reprodutores asinino doadores de sêmen.

 
Os  valores registrados  para o volume testicular encontram-se sumarizados na tabela 3. Não foram observadas diferenças nas comparações de VTE e VTD para um mesmo animal (P<0,05). Ao comparar estudos com jumentos da raça Pêga, envolvendo o volume testicular, reportado por MORAIS (1990) (VTE: 201,36±36,38mL e VTD:182,34±32,58mL {n=6}); e a partir do cálculo aproximado do volume testicular com uso dos valores biometricos de animais da mesma raça reportados por COSTA (1991)(VTE: 174,78mL e VTD: 181,49 mL {n=103}), e por GEBERS (1995)(VTE: 184,51 e VTD: 181,15mL {n=6}) com o presente estudo, os dados aqui se mostrarão ligeiramente inferiores, porém superiores aos reportados para a raça Nordestina (volume testicular médio 127,45mL; GASTAL, 1991).


Isso se deve provavelmente a diferenças de tamanho corporal entre os estudos. A mensuração do volume testicular pode ser uma ferramenta útil na avaliação andrológica e na predição da produção espermática, uma vez que propicia dimensões globais do órgão e facilitaria a comparação entre animais sob condições variadas de criação. Na  comparação dos resultados das características de biometria testicular de jumentos da raça Pêga do presente experimento com as demais raças, observa-se que estes, por serem animais de médio-grande porte dentro da espécie, apresentam características de biometria testicular superiores àquelas relatadas para jumentos da raça Nordestina por GASTAL (1991) e para animais mestiços de origem africana relatados por KREUCHAUF (1984).

Tabela 3 -  Médias e desvio padrão (mm) do índice testicular e volume testicular esquerdo e direito, obtidos a partir de mensurações testiculares de seis reprodutores da raça Pêga.*

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*Médias e desvio padrão seguidos por letras minúsculas diferentes na mesma coluna diferem entre si (P<0,05) para o Teste de KruskalWallis. IT: índice testicular; VT; volume testicular

O peso médio relatado pelos autores nesses dois experimentos foi de 162kg e 150kg, enquanto que, nesta pesquisa, a média foi de 272kg. Em uma comparação das características do presente experimento com outros autores (MORAIS, (1990) e GEBERS, (1995) que realizaram biometria testicular em jumentos da raça Pêga, observou-se diferença média de até 130kg, a qual pode ser explicada pela inferioridade em quase todos os parâmetros de biometria testicular avaliados neste experimento em relação aos estudos com jumentos da raça Pêga (MORAIS, 1990; COSTA, 1991, GEBERS, 1995) e pela superioridade dos resultados deste em relação aos demais, em que foram utilizadas raça e animais de menor porte em relação ao jumento Pêga (GASTAL, 1991).


Os valores médios registrados para a largura do terço médio do funículo espermático direito e esquerdo encontram-se sumarizados na tabela 4. O valor médio da largura do terço médio do funículo espermático direito e esquerdo foi semelhante ao valor preconizado como normal para garanhões por KENNEY et al. (1983). Não foram verificados estudos na literatura consultada envolvendo as dimensões do funículo espermático de jumentos.. Essa estrutura se faz relevante, pois é por ela que são conduzidos os nutrientes ao testículo para que seja possível a realização da esperma togênese, o transporte de hormônio masculino e também o mecanismo de resfriamento do sangue arterial (THOMPSON, 1992).

NORONHA et al. (2001) realizaram estudo da morfologia do funículo espermático de jumentos da raça Pêga e registraram diferenças em relação a todas as demais espécies domésticas e silvestres estudadas, sendo caracterizada no estudo a presença de um tecido subcapsular entremeado com tecido muscular que pode ser responsável pela facilitação do retorno venoso do testículo e, consequentemente, maior eficiência no processo de drenagem, facilitando a espermatogênese.


Ao realizar-se a avaliação entre jovens e adultos, os valores para FUNE foram semelhantes (P>0,05) (Tabela 4), em oposição ao órgão direito (FUND), em que foram observadas diferenças entre os grupos de adultos e jovens (P<0,05), e o primeiro grupo apresentou valor superior ao segundo grupo, provavelmente por estarem em processo de desenvolvimento corporal e testicular

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Registrou-se, no presente experimento, correlação alta e positiva entre FUND e CTD (r2 =0,86), enquanto que, para os órgãos do lado esquerdo, a correlação foi baixa. Sugere-se que a mensuração do funículo espermático seja incluída na avaliação andrológica de jumentos, pois pode ser um parâmetro auxiliar na interpretação dos resultados do exame
andrológico.

 
CONCLUSÃO
Os jumentos do presente estudo, mesmo com IT menor que o proposto como normal para garanhões, apresentaram-se mais eficientes que animais da espécie equina para a produção espermática.


Maior número de animais deve ser avaliado para que se possa estabelecer o IT normal para asininoscriados nas condições brasileiras. O volume espermático, associado ao IT, pode ser usado como objeto auxiliar na estimativa da normalidade para testículos de jumentos. A mensuração in vivo do funículo espermático pode ser uma nova variante na utilização do exame andrológico de jumentos. Os dados aqui descritos podem servir de valores de referência e valores práticos frente à escassez de dados para a biometria do aparelho genital externo de jumentos.

Fonte: Ciência Rural, Santa Maria, v.39, n.9, p.2556-2562, dez, 2009

Autores: Igor  Frederico  Canisso, Giovanni  Ribeiro  de  Carvalho, Erotides  Capistrano  da  Silva, Aline  Luciana  Rodrigues, Pedro  Game  Ker, José  Domingos  Guimarães

terça-feira, 13 de setembro de 2011

DESCOMPLICANDO O USO DA CONSANGUINIDADE

A consanguinidade é um método de seleção, que tem como finalidade fixar caractetisticas desejáveis no plantel, sendo definida como sendo o grau de parentesco entre animais que têm ancestrais em comum.

Todavia, muito se comenta quanto aos riscos da prática subjetiva da consanguinidade, sem embasamento zootécnico. De fato, os resultados tanto poderão ser positivos, com base na fixação de caracteres desejáveis, de acôrdo com o programa seletivo, como também resultados negativos, com base na exteriorização de defeitos.

Geralmente, os defeitos manifestam-se em estado de homozigose recessiva. Como a consanguinidade favorece o emparelhamento de genes semelhantes, o resultado tambem poderá ser o emparelhamento dos genes recessivos.

O quanto um filhote é consanguíneo é determinado pela medida do Índice de consaguinidade (I.C.), o qual pode ser calculado através da seguinte formula:

. ........................ (NP + NM)
I.C. = soma de (½) (np+nm) x (½)

NP - numero de gerações paternas, entre o pai do animal até o ancestral comum

NM – numero de gerações maternas, entre a mãe do animal até o ancestral comum que serviu de referência para o calculo do NP

O Índice de Consanguinidade (I.C.) amentará no caso de ser identificado na genealogia mais de um ancestral em comum. Neste caso, os cálculos do NP e NM devem ser feitos em separado para cada ancestral em comum, e o I.C. será o somatório.

Os acasalamentos consanguineos frequentemente praticados estão relacionados na tabela abaixo:

TIPO DE ACASALAMENTO

image

Como pode ser notado pela análise da tabela anterior, o Índice de Consanguinidade geralmente será metade do grau de parentesco, exceto nos casos de haver no pedigree mais de um ancestral em comum.
Vejamos como exemplo o parentesco entre pai e filha que é de 50%, porque a filha recebe 50% da bagagem genética do pai e 50% da bagagem genética da mãe. Porém, o I.C. será de 25%. Este mesmo exemplo é ilustrado na árvore genealógica abaixo e aplicando a fórmula de cálculo do I.C.
                D
        B
                C
A
                E
          C
                 F

NP = 1  
NM = 0 
             (1 + 0)
I.C. =   ½             X   ( ½ )
I.C. = ¼ = 25%

image

Os riscos da consanguinidade não podem ser 100% evitados, mas podem ser minimizados, através de um programa de acasalamento zootecnicamente analisado. O mérito genético dos ancestrais deve ser considerado como um todo – morfologia, marcha, docilidade, treinabilidade, fertilidade.

Em paralelo, o grau de parentesco dos animais envolvidos no processo reprodutivo também deve ser avaliado, tendo como objetivo evitar a prática de consanguidade estreita.

Em casos de plantéis consanguineos, o método de seleção deve ser o oposto, ou seja, com base na heterose, pelo menos em uma ou duas gerações sucessivas.

Infelizmente, devido ao mal uso da consanguinidade, um numero significativo de selecionadores não alcançam resultados satisfatórios no melhoramento das proles anuais.

Autor: Lúcio Sérgio de Andrade

Fonte: Equicenter Publicações